Capítulo 1

Atriz da foto representa a personagem principal Ayla Martins.

...Ayla...

Londres 🇬🇧

Acordo no meio da madrugada com o telefone tocando, não entendo porque tanta insistência. Mas atendo de imediato.

Cell 📱

Ayla - Alô. -Digo ainda meio sonolenta.

Carmen - Ayla querida, é você?

-Reconheço a voz da minha tia do outro lado da linha, não sei porque. Mas sua voz me assusta um pouco, ela parece nervosa.

Ayla - A senhora foi ver o meu pai? - Pergunto, já que é o único motivo que penso para ela estar me ligando essa hora.

- Descobriu porque ele não está atendendo e nem respondendo minhas mensagens? - Continuo.

Carmen - Descobri sim querida, mas quero que fique calma.

Ayla - Aconteceu alguma coisa? -Pergunto preocupada.

Carmen - Eu não sei como te dizer isso, mas o seu pai não se encontra muito bem. Ele está internado a quase três meses e se encontra inconsciente. Eu não sabia que ele.... eu não sabia da doença. - Ela chora do outro lado da linha. E foi nesse momento que minha vida mudou.

Ayla - O que ele tem? -Pergunto nervosa.

-Porque ele não me contou? -Eu pergunto uma coisa atrás da outra.

Carmen - Olha querida, você devia voltar e eu te conto tudo.

Ayla - Tia só responde, eu preciso saber. -Lágrimas rolam em meu rosto.

Carmen - Ele está com um tumor cerebral, e não sei porque ele não nos contou. Só fiquei.. sabendo hoje também. -Ela faz uma pausa, antes de continuar. -Quando você volta?

Ayla - Estarei no primeiro Voo para o Rio.

Carmen - Ok querida, estarei te esperando. Trás Evelin com você, temos que conversar com as duas.

Ayla - Tudo bem, eu vou leva-la. -Digo antes de encerrar a ligação.

Estou arrumando minhas malas quando escuto um barulho vindo da sala.

Evelin - Não faça barulho, Ayla está dormindo.

Hugo - Ela não tinha sono pesado?

Fico totalmente envergonhada quando encontro o dois quase nus no sofá.

Ayla - Dá para vocês se vestirem! -Digo irritada.

Evelin - Você está acordada? -Ela me olha surpresa.

-Achei que fosse dormir cedo, já que começa no seu novo cargo amanhã. -Ela se ajeita colocando suas roupas as pressas.

Ayla - Preciso conversar com você. -Digo voltando para meu quarto.

Evelin - Onde você está indo a essa hora? -Ela aponta para as malas e meu passaporte.

-Você chorou? - Ela me olha perdida.

-O que aconteceu?

Ayla - Meu pai... -É tudo que consigo dizer antes de desabar em lágrimas.

Evelin - Vem aqui. -Ela me abraça.

-Olha tenta ficar tranquila, se acalmar e então me diz o que aconteceu.

Ayla - Ele está doente, e não se encontra nada bem. Ele não me contou nada do que estava acontecendo com ele, eu sabia que tinha algo de errado desde a última vez que nos falamos e mas eu não achei que... não achei que fosse grave. -Não consigo controlar o que sinto, me sinto tão desesperada e culpada. Tudo que sei é que choro incontrolávelmente nos braços da minha prima.

Evelin - Eu sei, só se acalma. Vai ficar tudo bem, tio Antony é forte. Ele vai se recuperar logo.

Ayla -Eu não sei Eve, a tia Carmen falou... -Soluço. - Ela falou que ele não está nada bem.

Evelin - Você sabe como minha mãe tende a exagerar.

Ayla - Dessa vez não é exagero, ela disse que é um tumor. O que eu vou fazer se eu perder o meu pai? Ele é tudo que eu tenho.

Evelin - Fica calma, vamos dar um jeito. Podemos contratar os melhores médicos e melhores tratamento. Você vai ver que meu tio vai ficar bem. -Ela tenta me consolar.

Ayla - Eu preciso voltar para o Brasil, eu preciso voltar agora. -Digo voltando a fazer minhas malas.

Evelin - Você está muito nervosa, tenta se acalmar primeiro, deixa que eu faço nossas malas.

Ayla: Ok.

********

Avião 🛫

Evelin - Não acredito que estamos viajando na classe econômica.

Ayla - A primeira classe estava lotada e quero chegar no Rio o quanto antes.

Evelin - Pelo menos conseguimos sentar juntas e você devia tentar dormir um pouco.

Ayla - Acho que não consigo.

Evelin - Você precisa dormir, nem que seja um pouco. Eu tenho calmante na bolsa, você sabe odeio andar de avião. Então eu vou tomar um para dormir durante o voo. Você devia fazer o mesmo, assim você vai conseguir descansar e são quase 12 horas de voo.

Ayla - Tudo bem, você tem razão. -Digo pegando um de seus comprimidos. Leva alguns minutos para o calmante fazer efeito, mas quando ele faz. Logo caio no sono, quando acordo falta um pouco de 5 horas para chegarmos no Rio. Eve ainda dorme como um bebê e assim permanece até pousarmos.

********

Brasil 🇧🇷

Evelin - Está fazendo o que?

Ayla - Chamando um uber para o hospital.

Evelin - Acho que devíamos deixar nossas malas em casa primeiro.

Ayla - Depois damos um jeito, eu só quero ir para o hospital agora.

Evelin - Ok, como quiser.

*********

Hospital 🚑

Quando chego no hospital vou direto para a recepção, dou o nome do meu Pai, a recepcionista digita algumas coisas no computador antes de falar comigo.

Recepcionista - O senhor Carlos Martins se encontra no quarto 312, porém como filha dele. Devo lhe informar que sua conta hospitalar não é paga a alguns meses e vem crescendo bastante ultimamente. A senhora deve efetuar o pagamento o quanto antes, caso não seja realizado até o final dessa semana. Infelizmente teremos que transferir o paciente para um hospital público.

Ayla - Como assim a conta não foi paga?

Recepcionista -O cartão cadastrado em nosso sistema não passou.

Carmen - Querida finalmente você chegou. -Minha tia me abraça.

Ayla - Tia não estou entendo nada, essa senhora está me dizendo, que meu pai deve meses de tratamento hospitalar.

Evelin - Mãe a senhora podia ter pago e resolvido logo isso. Assim não teríamos que passar por essa vergonha.

Carmen - Vamos até a cantina, preciso falar com vocês duas.

Ayla - Primeiro vamos pagar a conta, não quero que meu pai seja transferido para um hospital público. A senhora pode passar nesse cartão? -Entrego um de meus cartão de crédito para a Recepcionista, mas ela me devolve dizendo que foi recusado e isso acontece com todos os cartões que apresento.

Evelin - Como assim todos foram recusado? Tenta passar no meu. -Ela está preste a entregar o seu cartão, mas minha tia interrompe.

Carmen - Ele não vai passar, todos foram cancelados.

Evelin - Como assim cancelados? Eu usei ele tem poucos dias.

Carmen -Nós sabemos, eu e seu pai cancelamos recentemente.

Evelin - Por que?

Ayla - Porque estamos falidos, não é isso? Por isso os cartões não passaram e por isso a despesas do hospital não está sendo paga. Estou certa?

Evelin - Muito engraçado, mas você não devia fazer piadas sobre isso. Não podemos ter falido, eles teriam nos contado, não teriam mamãe?

Carmen - Sua prima está certa, a empresa faliu a quase um ano. Seu pai e seu tio fizeram de tudo para salva-la, mas foi em vão. Por fim eles tiveram que vender todas as propriedades que ainda estavam em seu nome e com esse dinheiro pagaram a dispensa dos funcionários e o que sobrou foi o suficiente para comprarmos uma casa simples e terminar de pagar os estudos de vocês. Decidimos não contar nada até vocês concluírem seus estudos, não queríamos preocupa-las.

Ayla - Como a senhora concordou com isso?

Carmen - Nós sabíamos se contassemos sobre nossa atual condição, vocês voltariam e não iam concluir seus estudos.

Evelin - Por que a senhora não contou? Deixou que eu gastasse dinheiro com bobagens. Você e o pai não deviam fazer isso.

Carmen - Nós só queríamos o melhor para vocês, e eu não sabia que meu irmão estava doente. Não entendo como não percebi. Ele sempre nos visitava com frequência, mas houve um tempo que ele parou com as visitas. Ele disse que estava trabalhando para uma pequena empresa, e que não poderia nos visitar por alguns meses. E quando você ligou dizendo que ele não atendia o telefone a uma semana, eu fiquei preocupada. E foi quando eu descobri, ele havia se internado aqui.

Ayla - Como ele pode fazer isso? Porque ele não me contou que estava doente?

Carmen - Eu também não sei querida e sinto muito não ter percebido antes. -Ela me abraça.

-Eu tenho algumas econômias, posso te ajudar com a conta hospitalar.

Ayla - Eu ainda devo ter algum dinheiro em conta, mas prometo devolver a senhora assim que arrumar um emprego.

Evelin - Eu também devo ter alguma coisa aqui, mesmo que não seja o suficiente já é alguma coisa. -Ela me entrega seu cartão de débito.

- E também pretendo trabalhar, aqui no Rio tem firmas de Advocacia boas. Vou começar a mandar o currículo hoje mesmo, eu vou te ajudar com as despesas. Então não se preocupe.

Ayla - Muito Obrigada, mas eu vou cuidar disso sozinhas. Prometo devolver a vocês o valor que me emprestaram.

******

Recepcionista -A senhorita já pode entrar para vê-lo.

Quando entro no quarto ele está desacordado, sento ao seu lado e começo a conversar com ele. Eu queria sentir raiva por ele ter mentindo, por ele ter escondido tudo que passou de mim. Mas tudo que sinto é culpa, odeio vê-lo assim. Odeio pensar na ideia de perde-lo, pois ele é tudo que tenho e tudo que me restou. Pois não cheguei a conhecer minha mãe, ela faleceu no meu parto, foi uma gravidez de risco e meu pai me criou muito bem e com muito amor. Acho que toda criança que ao nascer e por consequência da vida causa a morte de sua mãe se sente culpada por isso de alguma forma. Eu já me senti assim algumas vezes, houve épocas que não gostava de comemorar meu aniversário. Mas sabe o que o meu pai me disse uma vez? Querida, você é o presente mais precioso que sua mãe me deixou. Tenho certeza que ela não estaria nada feliz em ouvir você dizer essas coisas, ela gostaria que fosse feliz. E você será feliz e eu vou garantir isso. -Choro ao lembrar de suas palavras.

Ayla - Papai você não pode me deixar! -Choro ainda mais.

-Não estou preparada para perde-lo, não estou nem um pouco. Então acorde! Acorde logo! -Os aparelhos começam a apitar e eu me vejo como naqueles filmes. Onde todos entram na sala para tentar salvar o paciente e como a protagonista desse filme. Me vejo em total desespero, é assustador, é angustiante, é doloroso. Entre meus gritos e choro vejo seu batimento voltar ao normal.

O médico responsável por seu tratamento me chama em sua sala, ele me olha com pena. Talvez seja pelo meu estado caótico, e por ter chorado muito nas últimas horas.

Noah - Eu sou o doutor Noah Fernandez, tenho acompanhado o quadro do seu pai a seis meses. Imagino que seja a famosa Ayla Martins.

Ayla - Famosa?

Noah - Seu pai fala muito bem de você, ele me contou que você estava estudando Arquitetuda em Londres. Imagino que já tenha se formado?

Ayla - Sim, me formei tem alguns meses.

Noah - Pelo seu estado posso ver que ele não te contou sobre sua atual condição.

Ayla - Não, eu só fiquei sabendo hoje pela madrugada. Peguei o primeiro voo para o Rio.

Noah - Sinto muito por tudo, mas agora que está aqui. Devo ser Franco com a senhorita, seu estado não é nada bom. Ele se recusou a fazer a cirurgia, é algo arriscado. Mas pode salva-lo. Ele me contou sobre sua atual condição financeira, o coloquei em uma lista de espera pelo sistema único de saúde. Mas você sabe como é a saúde pública, isso pode levar meses e sendo bem Franco com a senhora. Ele não tem todo esse tempo, seu quadro piorou bastante ao decorrer desses meses. Ele precisa operar o quanto antes, e essa cirurgia pelo nosso hospital sairia um pouco mais de 50 mil reais, fora o tratamento pós operatório. Soube que a senhorita só conseguiu pagar 2 meses das contas em atraso, você acha que consegue arcar com sua cirurgia?

Ayla - Infelizmente no momento não consigo.

Noah - Então recomendo que peça ajuda a alguém para conseguir esse valor, a senhorita não tem nenhum parente?

Ayla - Infelizmente não, mas eu vou dar um jeito. Eu vou fazer o que estiver ao meu alcance para salva-lo. -Até um tempo atrás eu diria que 50 mil não passa de nada, eu já gastei esse valor em apenas um dia no shopping. E agora que não tenho nem metade desse dinheiro em conta, vejo como é difícil ser uma pessoa normal.

*******

Evelin - O que o médico falou?

Ayla - Meu pai precisa fazer uma cirurgia, ele está na lista de espera para fazer pelo sus. Mas isso pode levar meses e ele não tem esse tempo.

Evelin - A saúde pública é uma droga.

Ayla - É eu sei, preciso dar um jeito de conseguir esse dinheiro.

Evelin - Não vai ser fácil, você desistiu de uma vaga muito boa. Por agora você só vai conseguir estágios e o salário de um estagiário não é muito alto.

Ayla - Eu sei, mas eu posso dar um jeito. Eu devo ter algumas joias. Isso deve ajudar, eu posso vende-las.

Carmen - Sinto muito querida, mas seu pai as vendeu.

Evelin - E as nossas mamãe? Podemos vender.

Carmen - Tivemos que vender todas também, sinto muito.

Ayla - Ainda tenho algumas que levei para o exterior , e também tem as roupas de marcar. Vou ver o que consigo online.

Evelin - Eu também tenho algumas joias e roupas novas. Eu vou te ajudar.

Ayla - Não quero que se desfaça das suas coisas, eu vou dar um jeito. Não se preocupe.

Evelin - Somos família, eu vou te ajudar sim.

Ayla - Obrigada Eve.

Carmen - Pensamos nisso depois, vocês devem estar com fome, vamos para casa deixar essas malas e amanhã cedo voltamos.

Ayla - Eu estava pensando em ficar, ele pode acordar.

Carmen - O médico disse que ele está estável e você precisa comer alguma coisa, seu pai me mataria se soubesse que você não está seguindo sua dieta.

Ayla - Eu sei mas...

Carmen -Sem mas, você vai ficar na nossa casa por enquanto.

Evelin - A mamãe está certa, você precisa se cuidar. Em Londres em dias de provas, eu tinha que ficar no seu pé para você comer.

Ayla - Ok, tudo bem. Eu vou ficar com vocês.

Personagens:

...Evelin (Prima e melhor amiga de Ayla).☝🏽...

...Carmen ( Tia de Ayla e Mãe de Evelin).☝🏽...

...Noah (Médico)☝🏽...

PS: Fotos representativas.

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