O CEO E A GOLPISTA
Meu nome é Layla Martins, tenho 23 anos e estou a caminho de São Paulo, minha cidade natal, após seis longos anos no Paraná. A viagem de ônibus é uma jornada de retorno, não apenas geograficamente, mas também emocionalmente. A estrada parece mais longa do que lembro, talvez porque cada quilômetro traga à tona lembranças da vida que deixei para trás, sinto lágrimas escorrendo em meu rosto, embora eu lute de todas as formas para não chorar.
Tudo começou quando eu tinha dezessete anos, conheci Daniel, um rapaz lindo, intrigante e cheio de promessas. Nosso encontro foi daqueles que mudam o curso das coisas, uma centelha que acendeu um fogo em meu coração. Eu o amei intensamente como nunca antes na minha vida, e, por amor, fiz escolhas que me levaram ao Paraná. Fui morar com ele em Curitiba, uma cidade que eu mal conhecia, deixando para trás minha irmã caçula e a vida que eu estava construindo em São Paulo.
Daniel, no entanto, tinha um lado obscuro que eu demorei para conhecer. Ele se envolveu em atividades ilegais, desafiando a lei e a ética. Eu o amava tanto que me vi envolvida em suas escolhas erradas, justificando suas ações e assumindo as consequências ao seu lado. Juntos, enfrentamos momentos difíceis e perigosos, acreditando que o amor poderia superar qualquer desafio.
Mas, infelizmente, o destino parecia ter outros planos. Um dia, descobri que Daniel estava me traindo com minha própria amiga, que era nossa vizinha. Aquela descoberta dilacerou meu coração. A dor da traição foi insuportável, e percebi que precisava dar um basta naquele ciclo de autodestruição.
Decidi então voltar para São Paulo, minha infância foi marcada pela falta de uma família estável. Meus pais faleceram cedo, deixando-me aos cuidados de minha avó, uma mulher austera e cruel que nunca foi o pilar amoroso que eu necessitava.
Minha avó criou uma fachada de responsabilidade, mas, por trás dela, escondia seu verdadeiro eu.
Desde cedo, ela me apresentou para o seu patrão e permitiu que ele abusass* de mim por alguns anos, tive que suportar suas exigências e seu tratamento impiedoso. Minha irmã caçula, Júlia, estava com seus 16 anos, eu sempre trabalhei muito para que ela não enfrentasse o mesmo tormento que eu tive que suportar, o dinheiro que eu enviava possibilitou que minha avó comprasse e reformasse sua casa. Ela construiu um loft nos fundos, para alugar, porém, estava vazio e agora seria meu refúgio, pois na casa da minha avó não havia espaço para mim. Minha estada no Paraná, foi uma fuga das garras opressivas daquele lugar.
Infelizmente, meu desejo de liberdade me levou por caminhos obscuros, o dinheiro que ganhei ajudando Daniel em suas ações, eu enviava para minha irmã, para garantir que ela tivesse um lar, mesmo que eu não tivesse. Enquanto o ônibus avançava pela estrada, eu sabia que estava prestes a enfrentar um desafio ainda maior: reconstruir minha vida a partir do zero, já chorei mares e rios, mas não afogo não.
São Paulo estava à minha frente, com suas lembranças e cicatrizes. Era hora de transformar aquelas experiências negativas em força, em determinação para me erguer e trilhar um caminho melhor.
Não dormi direito a viagem inteira, meus pensamentos não me davam um minuto de paz, quando cheguei na rodoviária tietê, desembarquei e peguei minhas duas malas com as únicas coisas que consegui trazer comigo. Chamei um carro de aplicativo e fui direto para a casa que já foi meu lar anos atrás, mas que agora era um lugar que eu visitava com um sentimento ambíguo de dever e lembranças amargas. Ao chegar à casa de minha avó, a senhora Margareth, a tensão no ar era palpável. A mala pesada em minhas mãos era um lembrete físico da bagagem emocional que eu carregava.
Ao entrar, escutei a voz autoritária de minha avó, carregada de crítica e desdém. Ela não perdia a oportunidade de desferir palavras duras, e dessa vez não era diferente.
- Layla, você não é mais bem-vinda aqui! Veio arrastando seu fracasso de volta para esta casa! Não tem lugar para uma bandida como você - gritava, suas palavras me atingindo como flechas afiadas.
Mas, dessa vez, eu não permaneci em silêncio, absorvendo suas palavras como fiz durante anos. Eu estava diferente, fortalecida pelas lições duras que a vida me ensinara. Respondi, com firmeza, sem me deixar abater.
- Eu não vim aqui por você, velha porca. Vim ver minha irmã e encontrar um lugar para mim. Isso não é mais sua decisão. Que eu me lembre, foi eu quem paguei por essa casa e toda a reforma, então posso muito bem ficar aqui, se eu quiser!
Minha irmã Julia, que observava a cena com olhos brilhantes de saudade, correu para me abraçar. Foi um momento de alívio e calor humano no meio da tormenta emocional que era estar na presença de nossa avó. Julia estava feliz por me ver, e isso me deu forças para enfrentar a situação. Afinal, eu precisava ser um exemplo para ela, mostrar que era possível resistir às injustiças e seguir em frente.
- Que saudade irmã, fico tão feliz que você voltou, senti muito a sua falta– Júlia disse
- Eu também estava com saudades irmã, não vou me afastar nunca mais, eu prometo – Falei a abraçando com força
- Só voltou para trazer mais problemas para essa casa – Margareth gritava
- Pode reclamar à vontade, eu me perdi sim pelo caminho, mas não vou parar e vou conseguir dar um jeito na minha vida, você não tem nada a ver com isso, nunca foi exemplo para mim, e nunca me deixou ter oportunidades de ser uma pessoa melhor, sua cafetina de menores – Eu gritei de volta
- Você não tem prova nenhuma contra mim, eu te ensinei o que eu aprendi da minha vida e você poderia ter se dado muito melhor, mas quis se envolver com bandido – Margareth disse subindo as escadas para o seu quarto.
- Não liga para ela irmã, você sabe como ela é tóxica – minha irmã Júlia disse chamando a minha atenção para si
- Júlia, um dia ela vai ter o que merece – Eu disse beijando a testa dela
- Eu sei, mas agora vai descansar da viagem, eu limpei e arrumei o loft para você, também preparei um almoço – Júlia disse puxando minha mão e me levou em direção aos fundos.
O loft modesto, com um quarto, cozinha americana e banheiro, se tornaria meu refúgio. Era a luz no fim do túnel, onde eu poderia recomeçar minha vida e proporcionar a Julia um exemplo de amor, força e superação. A casa que um dia me abrigou agora não era mais meu lar, mas eu estava determinada a criar um novo lar para mim e minha irmã, um lar onde o amor e o apoio mútuo fossem as fundações sólidas. Me perdi pelo caminho, mas não vou parar, preciso reconstruir os meus castelos.
*Recado da Autora: Quero pedir muito o apoio de vocês meus amores, curtam, dê presentes, comentem e se possível compartilhem essa obra para me ajudar a engajar, por favor! eu amo vocês **❤️🙏🏻*
Julia Martins, 16 anos é a irmã caçula de Layla, muito estudiosa e vive para limpar, cozinhar, lavar, passar e fazer tudo o que sua avó pede.
Essa é Margareth Gomes, 60 anos, avó materna de Layla e Julia. Ex-empregada doméstica, agora é aposentada e recebe auxílio do governo.
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Atualizado até capítulo 79
Comments
Naizete Bezerra
começando 18 11 24 /Rose//Rose/
2024-11-19
0
Fatima Gonçalves
cara de bruxa
2024-03-14
0
Márcia Bitencourt da Silva
Cara de má!
2024-01-26
0