Duas semanas se passaram desde que retornei para São Paulo. A rotina estava longe de ser tranquila. A procura por emprego se tornou um desafio cada vez maior. Minha ficha criminal era como uma marca indelével que me acompanhava, afastando os possíveis empregadores. A frustração começava a se instalar, e era difícil não deixar a desesperança tomar conta.
Todas as manhãs, eu dedicava horas à busca incessante por vagas e ao envio de currículos para todos os tipos de funções. Naquela tarde em particular, após mais um dia de portas fechadas e olhares julgadores, decidi fazer uma pausa em uma lanchonete de esquina. Precisava de um momento para respirar, espairecer e reunir forças para continuar a batalha.
Enquanto saboreava meu suco e acendia um cigarro de thc, meu olhar caiu sobre um anúncio colado na parede, destacando um site de currículos. A ideia de tentar uma abordagem diferente, utilizando a tecnologia, me animou. Rapidamente, peguei meu celular e acessei o site. Comecei a preencher o currículo online, destacando minha experiência em marketing, as habilidades adquiridas durante os anos no Paraná.
Eu era determinada a mostrar que minhas escolhas passadas não definiam minha capacidade de evoluir e fazer a diferença. Ressaltei cursos, treinamentos e projetos que havia participado, buscando convencer os recrutadores de que eu merecia uma oportunidade.
Com o currículo enviado, a sensação era agridoce. Eu tinha esperança, mas também estava ciente das probabilidades. Afinal, a rejeição era algo com o qual eu já estava familiarizada. Porém, algumas horas depois, quando cheguei no loft recebi uma notificação em meu celular que me surpreendeu. Uma empresa tinha respondido, interessada em agendar uma entrevista. Era uma chance, uma brecha de luz no meio da tempestade.
A animação se misturava à ansiedade. Era o momento de provar meu valor, de mostrar que as circunstâncias do passado não me definiam. Eu estava determinada a agarrar essa oportunidade e mostrar ao mundo que Layla Martins não era apenas uma mulher de um passado turbulento, mas alguém que poderia brilhar e fazer a diferença no presente e no futuro.
Eu sabia que precisava causar uma boa impressão. No dia seguinte acordei mais cedo que o normal, me dediquei a me preparar para a entrevista. Separei minha melhor roupa, aquela que me fazia sentir mais confiante, e a deixei impecável. Cada detalhe era importante, cada escolha que fazia refletia a mulher que eu queria mostrar ser.
Cuidei de minhas unhas e cabelos, dando atenção especial a cada detalhe. Era como se estivesse pintando a tela da minha própria transformação, deixando para trás o passado e abraçando um futuro que eu mesma estava esculpindo. A ansiedade era palpável, mas a determinação era ainda maior.
O endereço da empresa no edifício do grupo SIMPAR Corporate, era gravado em minha mente, um ponto de virada que eu almejava há tempos. Era a maior transportadora do país, com uma vasta frota de ônibus que prestava serviços para o governo de todos os estados de São Paulo, e com sede na capital, além de uma enorme empresa de locação de carros, e com a maior frota de caminhões do país fazendo logísticas para o Brasil e o exterior, tendo outros pontos nos Estados Unidos e na Europa. A vaga era para assistente de marketing, responsável pelas redes sociais da empresa.
Enquanto me preparava, admito que tive que dar uma 'maquiada' em minha trajetória profissional. Alguns detalhes foram modificados, certos projetos foram exagerados, e habilidades foram um pouco amplificadas. Sabia que a competição era acirrada, e, às vezes, na vida, era preciso moldar a verdade para criar a oportunidade que almejava.
O trajeto até a sede da empresa seria um desafio. O prédio imponente ficava na Avenida Paulista, coração pulsante do centro de São Paulo. E eu, morando no Tatuapé, precisava enfrentar a jornada de metrô.
A adrenalina por ir nessa entrevista pulsava em minhas veias enquanto calçava o par de sapatos de salto alto, escolhido para me dar a confiança necessária para enfrentar o mundo corporativo. Eu sabia que pegar um ônibus e depois o metrô seria uma maratona de sua própria maneira, especialmente usando salto, mas nada poderia me deter naquele momento.
Cada estação do metrô era um lembrete das mudanças que estava buscando. Enquanto o trem seguia seu curso, eu me perdia nos meus pensamentos, visualizando um futuro onde eu conquistaria meus objetivos. Lembrei-me da luta que me trouxe até aqui, das adversidades que enfrentei, e como cada desafio tinha me moldado.
Ao desembarcar na Avenida Paulista, o cenário imponente dos prédios e a energia agitada da cidade me envolveram. Era o momento de mostrar o melhor de mim, de superar as expectativas e conquistar meu espaço, mesmo tentando de todas as formas chegar no horário, eu consegui me atrasar, tentei caminhar o mais rápido possível. Minhas pernas tremiam um pouco com a combinação de nervosismo e o esforço de andar com saltos pelo asfalto. Mas nada me faria recuar.
Errei o endereço, pois fiquei muito confusa com os enormes prédios, mas enfim, cheguei ao imponente prédio do grupo SIMPAR Corporate. Seus vidros reluziam sob a luz do sol, refletindo o céu azul de São Paulo. Era um lembrete tangível de que essa era a minha chance de tentar. Com cada passo que dei em direção à entrada, senti minha confiança se fortalecer. Não era apenas uma entrevista; era um rito de passagem, uma nova etapa de vida prestes a começar.
Enquanto eu chegava à recepção da empresa, percebi que a empolgação do momento era compartilhada por muitos. Havia uma fila de pessoas ansiosas para usar os elevadores. O relógio era meu inimigo, e eu estava atrasada. Olhava ao redor, avaliando as opções, até que me chamou a atenção um homem alto, uma presença imponente que todos pareciam ceder espaço.
Sem hesitar, decidi segui-lo. Era minha chance de evitar a espera e chegar ao andar da entrevista a tempo. Ele adentrou o último elevador disponível e, antes que pudesse perceber, eu estava ao seu lado. As portas começaram a se fechar, e percebi que os outros funcionários na recepção estavam observando com curiosidade, mas nenhum deles se juntou a nós.
O elevador era diferente dos demais. Dourado, como se banhado a ouro, com um espelho enorme que refletia a ansiedade em meu rosto. Meu companheiro de viagem era um homem lindo, aparentando seus quarenta anos. Seus olhos tinham uma profundidade intrigante, e o jeito como ele me olhava denotava curiosidade.
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Atualizado até capítulo 79
Comments
New Biana
Muito boa a história
2024-09-24
0
Maria De Fatima Carvalho
já estou gostando sei que suas histórias são maravilhosas vamos ver está
2024-07-03
0
Fatima Gonçalves
acho que é o elevador do chefão que ela entrou
2024-03-14
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