CAP07- A BRUXA TÁ SOLTA

_ Muito obrigada pela jóia, são muito delicados.

_ Mandei fazer exatamente como me lembrava do pingente do seu colar, espero ter acertado. Aceita uma taça de vinho?

_ Ficou impressionantemente igual. Aceito, obrigada.

_ Lizzie, quero ser direto e deixar claro que meu interesse por você vai muito além de trabalho e não tenho intenção de esconder mais.

_ Você sabe que isso, toda essa nossa situação pode ser muito complicada pra mim.

_ Nada é complicado pra mim quando se refere a algo que eu quero Lizzie, nada, se eu quero, eu tenho, a não ser que diga não.

_ Jura? Se não me fala eu não iria perceber, senhor dono de tudo.

_ Sou dono das minhas vontades, poucas não satisfaço.

_ E eu sou uma delas agora?

_ Muito mais que capricho Lizzie, já que é isso que esta querendo dizer. Esse tempo trabalhando juntos eu estava respeitando sua decisão de não querer nada, só isso.

A noite segue agradabilíssima e por incrível que pareça conseguimos nos manter sem um tirar o outro do sério. Não tinha notado antes mas temos muitas coisas em comum, passamos um longo tempo rindo de como nos conhecemos na boate e volta e meia nossos assuntos se voltavam pro nosso dia a dia no escritório, em tudo que almejamos no profissional, ele é assustadoramente inteligente e sexy. Pra conversa não tomar um rumo desagradável eu optei por não citar o episódio com Sther, além do mais ele disse claramente que não se relaciona com ninguém, ela não parece ser algo pelo qual eu precise me preocupar.

_ Com sua Licença Sr Hardman.

_ Pois não?_ Um garçom nos interrompe com um balde e uma garrafa de Champagner dentro.

_ Cortesia enviada para o casal._ percebo pela cara do Mateo que algo está acontecendo quando ele olha um pequeno bilhete com remetente e busca ao redor do restaurante alguém. Acompanhando o olhar dele, na mesa logo adiante, dentro do restaurante, Sther levanta uma taça nos cumprimentando, o clima pesa, as palavras somem.

_ Obrigado. Pode deixar aqui.

_ Pois não Senhor Hardman, Se me dão Licença.

Enquanto o garçom acomodava a cortesia na mesa, sentia um calafrio tomar conta do meu corpo, podia sentir daqui o tom de deboche que acompanhou a bebida. Estava sendo uma noite muito tranquila pra ser verdade. Aproveitei o silêncio constrangedor que pairou enquanto éramos servidos, peço licença e procuro o banheiro. Se eu não sair daqui um pouco vou explodir.

_ Lizzie?

Escuto Mateo me chamar, mas prefiro fingir que não ouvir e decido seguir procurando o banheiro pra recompor meus pensamentos. Qual a real dessa mulher, ou ela não tem dignidade ou ela é completamente obcecada por ele, ou os dois, vai saber. Respiro fundo e retoco meu batom quando a porta do banheiro abre e vejo a única pessoa que eu não queria ver nesse momento.

_ Então é você o novo passatempo dele?

_ Está falando comigo? _ Sigo retocando meu batom sem olhar diretamente pra ela.

_ Está vendo mais alguma desavisada por aqui?

_ Quando citou passatempo supus que estivesse se referindo a você mesma. Talvez pensando alto, não sei. Porque ao que se refere ser passatempo de alguém, essa conversa não é comigo. Se me dá licença. _ pego minha bolsa, guardo o batom e procuro o rumo da porta. Mas pra testar minha boa postura, paciência e educação, a princesa das trevas me segurou pelo braço com uma força significativa falando:

_ Lizzie, ainda vou rir muito da sua cara, você vai se lembrar de hoje quando isso acontecer, não esquece que eu tentei te avisar, já vi esse filme todo antes fofa, você não é a primeira.

_ Sther.. _ Respiro fundo. A próxima vez que encostar a mão em mim não serei gentil, e você também vai se lembrar de hoje, que tentei te avisar.

A mão apertada em volta do meu braço afrouxa quando solavanco pra sair de perto dessa lunática, não existe adjetivo pra descrever o que essa mulher é. Minha cabeça sói de raiva. De longe Mateo observa a porta do banheiro, mas pra mim essa noite deu. Sther sai logo atrás de mim e com certeza ele sabe do que ela é capaz, não preciso dar muitas explicações.

_ Mateo muito obrigada por esse jantar, não precisa pedir seu motorista que me leve em casa. Eu prefiro encerrar nossa noite.

_ Lizzie, espera, Lizzie vem aqui. Garçom ?

Escuto ele chamando garçom pra encerrar o jantar e apresso o passo para saída já chamando um carro de aplicativo. Eu preciso de tudo menos de problema dos outros pra mim. Eu acho que não nasci pra disputar homem, não preciso disso, se ela tato quer que leve, faça bom proveito. Caminho para o estacionamento para esperar o motorista que chamei, chegar. A noite fria não consegue amenizar a agitação do meu corpo, que mulherzinha viu.

_ Lizzie? Lizzie, me espera. _ Mateo se aproxima.

_ Lizzie me deixa te levar em casa. Vamos conversar.

_ Mateo eu …

Ele abafa minha voz com um beijo demorado, intenso. Seu perfume toma conta de tudo ao meu redor. Meu corpo se excita sentindo o dele pregado ao meu, o calor de nossos corpos é muito intenso. _ Lizzie, vem comigo, vamos conversar. Eu não vou te deixar ir embora assim.

Suas mãos gigantes apertam minhas bochechas .

_ Eu sei que tem muitas perguntas, ela não significa nada na minha vida, e ela sabe disso a muito tempo, quero que você saiba também, mas se não me deixar falar vai ser impossível.

Ele pega o celular da minha mão e cancela o carro que tinha acabado de solicitar.

_ 10 minutos, só isso e te deixo ir se quiser.

Ele chama Júlio e pede pra que avisem na recepção pra abrirem o apartamento da cobertura do hotel onde fica o restaurante que estávamos.

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