Capítulo 09 : Coração Acelerado

— Quando ela mencionou eu fiquei completamente sem saber o que dizer.

— É a primeira conclusão de todo mundo não é?

— E o que foi que você fez?

— O mesmo que você, eu não desmentir. Eu iria até ela dizer que a minha mãe está chegando no fim de semana.

Encarei Mattia com a minha torrada com geleia de morango parada no meio do caminho, café especial que pedi para Elena fazer, estava com muita vontade.

— Sinto que eu causei uma confusão na sua família.

— Claro que não, Sophie. Eu estou muito feliz que você está aqui, eu que me sinto mal pelo que está acontecendo. Deveria ter tido a Veronica a verdade.

— Não, era algo que aconteceria mais cedo ou mais tarde. Acho que ainda podemos esclarecer as coisas com sua família, também vou aproveitar esse momento para contar aos meus pais, isso já está chegando longe demais.

Depois do café subi para o meu quarto e coloquei sobre a cama o que já havia comprado para o meu bebê, o carrinho estava guardado no closet, ainda não havíamos montado assim como o bebê conforto. Os meus olhos marejaram ao ver tudo arrumadinho sobre a cama, passei as mãos pela barriga a acariciando imaginando quando poderei ver o rostinho, senti as mãozinhas, a boquinha abrindo ao bocejar. Estava louca para ter o meu bebê nós braços, senti o seu cheirinho, ouvi o seu choro, pensando apenas nisso eu acabei esquecendo que isso poderia chegar aos ouvidos de outra pessoa. Estava pensando apenas em mim e esqueci do Mattia, eu não sabia como essa situação podia afeta-lo, se eu já estava começando a ser um estorvo e agora todos estão achando que o meu filho é dele.

— Sophie.

Me virei em direção a porta, Mattia se aproximava lentamente e parou ao olhar as roupinhas em cima da cama. Os seus olhos pareceram brilhar com o que viam e algo apertou o meu coração.

— Já compramos tanta coisa, mas ainda sim, parece pouco para mim.

— Eu tomei uma decisão, Mattia, eu... — ele me interrompeu.

— Sophie, eu quero assumir essa criança. Quero dar o meu nome a ela, eu sei que parece repentino, mas não é. Eu apenas não sabia como te dizer isso, não queria que você se sentisse ofendida ou algo do tipo, eu sei que você que ir embora agora por pensa que vai me trazer algum problema, mas você não vai. Por favor Sophie, eu não quero que você vá embora, fica e deixa as coisas como estão.

— Mattia, isso é errado. Não posso fazer isso com você, muito menos com a sua família. Engana-los.

— Eu sei que parece isso, e me desculpa pelo que vou dizer, mas eu me sinto responsável por vocês dois, e o único motivo é porque eu quero vocês do meu lado. Não é mentira e nem enganação se é como eu me sinto, eu quero dar o meu nome a esse bebê, quero ser o pai dele e também quero ser algo a mais para você.

Meu coração acelerou violentamente a medida que Mattia se aproximava.

— Eu gosto de você a muito tempo Sophie, mas era pelo Paulo por quem você estava apaixonada então eu só me afastei e tentei fazer com que ele enxergasse a mulher que tinha ao lado dele. Eu não suportava te ver sofrer pelo desprezo dele e tentei de todas as maneiras fazer com que ele deixasse a Sabrina só para te ver feliz. E quando voltei ao Brasil tentei uma última vez...

Ele tentou fazer com que o Paulo mudasse de idéia?

— Então voltei do Brasil disposto a te conquistar. Disposto a fazer você esquecer o Paulo, eu te amo Sophie, por isso não quero que você vá embora, por isso estou ao seu lado por isso não me incomodo que falem que esse bebê é meu, porquê é o que eu sinto também.

— Eu... Eu não sei o que dizer agora...

Não tinha nada que eu conseguisse pensar. Meu coração estava acelerado e lágrimas caiam pelo meu rosto, tudo estava uma bagunça na minha cabeça e tudo que eu precisava agora era ficar sozinha, mas não tinha coragem de dizer isso depois do que tinha acabado de ouvir.

— Vou te deixar sozinha, não precisa responder agora. Eu conheço os seus sentimentos, sei o quanto era e ainda é apaixonada pelo Paulo. Não vou te forçar.

Não desci para almoçar, mas Elena trouxe para mim no quarto. A noite quando Mattia chegou eu também não desci para jantar, ele também não veio falar comigo e dormi pela primeira vez naquela casa foi desagradável, eu sentia que devia algo ao Mattia, que precisava dizer algo, mas ainda não sabia o que dizer pós eu não tinha pensando sobre os seus sentimentos antes, e não entendia o que eu estava sentindo no momento. Eu precisava de tempo para pensar.

Depois desse dia não voltamos a conversar sobre o que ele havia me dito, apenas continuamos iguais como antes.

___________________________________________________________

Veronica voltou a nós visitar pelo resto da semana até o dia de voltar para Roma, Mattia e eu a levamos para o aeroporto. Os fins de semana eram os meus dias preferidos, Mattia me levava para jantar aos sábados e nos domingos pedíamos delivery, já havia virado uma rotina desde a minha primeira vez aqui. Em um dos fins de semana saímos bem cedo de casa e fomos para Toscana aproveitar o fim de semana nas belas praias da região, durante a noite saíamos para conhecer a cidade e jantar fora do hotel, assim como dançar. Tudo era muito lindo e Mattia fazia de tudo para eu me divertir nos nossos passeios, até mesmo precisei mudar os nossos caminhos, pós sabia que se passássemos na frente de uma loja infantil ele entraria e compraria alguma coisa, se duvidasse levaria a loja conosco.

Percebi que antes mesmo dele se declarar, ele se mostrava muito carinhoso e atencioso comigo e sempre que ele não estava por perto ou trabalhando, eu sentia a sua falta e esperava ansiosa pelo jantar, e depois do café eu sempre o acompanhava até o portão quando ele ia para o hospital. Eu não tinha percebido quando meus sentimentos estavam começando a mudar, e não era um sentimento novo, era como se ele já existisse ali e apenas estava contido.

— O evento vai ser realizado em um salão de festas que fica próximo ao hospital, alguns fotógrafos irão registrar a ocasião.

— Dever ser interessante.

— Eu não tenho muito interesse nesses eventos, quando mais novo eu pedia ao meu pai para ficar em casa, as vezes ele deixava e outras não. Quando eu estava no Brasil Veronica ia representando a família.

— Ela parece gostar desse tipo de evento.

— Gosta, até mesmo começou a discursar antes do que o papai esperava. Já eu, sempre fui um desastre em fazer discursos motivadores.

Mattia abriu um meio sorriso. Estávamos deitados sobre uma toalha estendida sobre a grama do Parque Sempione, estávamos desde o fim de tarde quando saímos para fazer um piquenique e agora já havia chegado a noite e estávamos aproveitando o clima mais frio como outros moradores e turistas. A lua estava cheia e brilhava lindamente, era para ela que eu tanto olhava enquanto conversávamos. Enquanto tentava organizar meus pensamentos.

— Então não pretende ir ao evento?

— Não estou muito animado para ir, talvez apareça lá apenas para cumprimentar as pessoas e depois voltar para casa. Veronica vai está lá com certeza, ela está mais acostumada com essa parte.

— Deveria ir, se não podem dizer que você não é capacitado para dirigir os assuntos da sua família, isso acontece muito sabia?

— Acho que você está vendo é muita novela.

— Na verdade, não — me virei para ele. — As vezes eu leio os livros em que preciso fazer a ilustração das capas, para me ajudar na hora de desenhar, as vezes funciona e outras acabo me distraindo com a leitura.

— E qual é o livro que está lendo agora?

— Quer mesmo saber?

— Você sempre me pergunta algo sobre o hospital, também quero saber como são as coisas dentro de uma editora.

— Eu não trabalho diretamente na editora, não é sempre que eu fico interessada em pegar um livro para criar a capa.

— Então me conta como foi que você começou a ilustrar.

Mattia parecia muito interessado e isso de alguma forma me deixava feliz, era bom ter alguém interessado em saber coisas sobre você. Até mesmo os mínimos detalhes, era algo que eu também não tinha notado antes.

— Na verdade, eu comecei escrevendo, acho que eu tinha uns quinze anos. Vendia os livros com pseudónimo, os meus pais não reclamavam, mas sempre diziam que eu deveria usar o meu nome para assim ganhar o reconhecimento que os meus livros tinham. Quando completei dezessete deixei de escrever e comecei a faculdade de design, foi quando eu pedi a minha mãe para ilustrar um dos livros. O autor e o editor adoraram o desenho então comecei a pegar alguns livros para ilustrar.

— Não sente vontade de escrever de novo?

— As vezes, foi um momento bom para relaxar a mente e colocar as minhas criatividades para fora. Não acho que desejo voltar a escrever.

— Se voltar, eu gostaria de ler.

Quando chegamos em casa ficamos na sala conversando mais um pouco e depois eu subi para o meu quarto, fazia um tempo em que não me sentia tão bem, que não me divertia tanto em uma simples conversa antes de dormi. Ficar ao lado do Mattia me fez conhecer um homem que não tive muita oportunidade de descobri sobre, sempre o vi um pouco distante quando estava com o Paulo, não me chamava pelo sobrenome de casada e nem pelo meu primeiro nome e agora posso entender o motivo, talvez o machucasse quando me chamavam pelo sobrenome de casada.

___________________________________________________________

Olhava o meu reflexo no espelho encarando o vestido preto de alça fina e uma fenda do lado direito deixando a minha perna a amostra. Os meus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo alto e eu usava um bracelete no pulso direito. Ouvi dois toques na porta que chamaram a minha atenção e logo deixei entrar, os passos se aproximaram em direção ao closet e pelo reflexo do espelho vi Mattia encostando o corpo no batente da porta. Ele estava usando um terno preto sem gravata e o blazer estava aberto deixando a camisa social branca a amostra. Seus olhos me encararam de cima abaixo e meu corpo estremeceu quando seu olhar encontrou o meu.

— Estou atrasada?

— Não, imagina. Ainda está cedo, só quis vim aqui te entregar uma coisa.

Mattia se aproximou tirando as mãos detrás das costas e vi que nas suas mãos havia uma caixa de veludo vermelha, ele se colocou ao meu lado abrindo a caixa me mostrando o lindo colar que havia guardado ali. Um colar prateado com uma lua minguante com três estrelas pendendo debaixo da lua.

— Na nossa viagem para Toscana você me disse o quanto adorava ver a lua a noite, então fiquei procurando por um presente para te dar. Um presente com um significado especial para você.

— É muito lindo, não precisava. Não é meu aniversário nem nada.

— Não preciso de motivo para te presentear. Quero que use essa noite, vai ficar perfeito em você.

Abri um sorriso e me virei de costas para Mattia, logo vi o colar descendo em direção ao meu pescoço e senti o meu corpo arrepiar quando os seus dedos tocaram a minha pele. Logo os seus dedos se afastaram e o senti soltando meus cabelos, me virei para ele notando o quanto estávamos perto, as suas mãos desciam pelos meus cabelos colocando algumas mechas para frente dos ombros.

— Fica ainda mais bonita com os cabelos soltos. Eu vou descer, a Veronica está para chegar.

— Eu não demoro muito.

Retribuir ao sorriso que Mattia me oferecia, o meu coração estava batendo forte contra o meu peito e eu implorava para que ele não conseguisse o ouvir. Mattia estava tão perto que podia sentir as nossas respirações se encontrando, era como se uma corrente elétrica percorre-se por todo o meu corpo. Uma das suas mãos largou a mecha do meu cabelo e começou a acariciar a minha bochecha, a minha boca secou ao senti o toque inesperado enquanto o meu peito subia e descia fora de ritmo. Mattia não parecia muito diferente enquanto o seu olhar alternava entre os meus lábios e os meus olhos que desceram em direção aos seus lábios e se fixaram naquele ponto, até que Mattia o juntou aos meus em um beijo sedento que retribuir.

Entrelacei as minhas mãos atrás da sua nuca o puxando ainda mais aprofundando o nosso beijo. Mattia mordeu levemente me lábio inferior antes de voltar a me beijar. Meu corpo parecia está entrando em combustão, mal conseguia raciocinar direito, a única coisa que eu queria era continuar a sentir os lábios de Mattia nos meus. Senti as suas mãos deslizando sobre o meu corpo me acariciando, fazendo meu corpo se arrepiar com um mínimo toque.

Sentia seus beijos descendo pelo meu pescoço enquanto eu puxava levemente os seus cabelos. O som da campainha tocando chamou nossa atenção fazendo com que nossos lábios de afastassem, meu coração estava mais acelerado que antes quando Mattia se afastou. Ambos estávamos eufóricos pelo que tinha acontecido. Não estávamos mais no closet, nem mesmo havia percebido quando Mattia me deitou na cama. Ele não estava mais com o seu blazer e os botões da sua camisa estavam abertos revelando seu corpo em forma. Me sentei na beira da cama ajeitando as alças do vestido que caiam pelos meus ombros.

— ... Deve ser a Veronica... Eu vou descer — Mattia olhou envolta e depois foi em direção ao closet voltando com seu blazer nós braços enquanto abotoava novamente sua camisa. — Te espero lá em baixo.

Mattia saiu do quarto sem falar mais nada. Fiquei na cama tentando acalmar minha respiração, mas meus pensamentos não ajudavam. Ainda podia senti seus lábios aos meus e o calor do seu corpo. Não conseguia dizer o que tinha acabado de acontecer, mas sabia que não queria que tivesse sido interrompido.

Voltei para o closet depois de me recompor, resolvi não prender os cabelos, os escovei e os deixei caírem sobre meus ombros. Deixei o quarto e me juntei aos irmãos Marino que conversavam na sala, Mattia não me olhou, apenas seguiu para a porta sem dizer nada, parecia distante, mais distante do que a primeira vez que nós vimos.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!