Capítulo 02 : Sentimentos Não Correspondidos

PAULO ALMEIDA...

Entreguei a chave do carro para o manobrista do restaurante e entrei no local, a recepcionista se aproximou com um sorriso perguntando se eu tinha reserva, mas ao ver Mattia sentado em uma das mesas me dispensei educadamente e fui em direção ou mesmo que me esperava.

— Espero não ter feito você esperar meu amigo.

— Nada disso, não faz muito tempo que cheguei também.

— Então, como foi o seu vôo? Imagino que os seus pais estão felizes por você ter voltando da sua ação humanitária. Cheguei a pensar que você não voltaria mais, que até tinha encontrado alguém por lá.

— Meu único interesse lá era ajudar as pessoas, e não me envolver amorosamente com alguém. Me diz, como estão as coisas, como está a Sophie?

— Por que perguntar dela?

— Ela é a sua esposa, não é?

— Por pouco tempo, já pedi o divórcio e logo assinaremos os papéis. Estarei livre desse casamento de fachada.

Chamei o garçom para fazer os nossos pedidos e uma taça de vinho para acompanhar, mas Mattia dispensou a bebida por está no seu horário de trabalho então pediu apenas uma taça de suco, mas diferente dele nada me impedia de beber já que eu não precisava lidar com pacientes.

— Ainda acho que você deve pensar melhor sobre esse assunto. Pode está se precipitando com essa história de divórcio.

— Não tenho nada para pensar, eu amo a Sabrina e não quero que nada mais atrapalhe o nosso amor.

— Você já está casado com a Sophie, estão nesse relacionamento a um ano e ela gosta de você de verdade, será que não percebe isso?

— O que está dizendo? Acha que a Sabrina não gosta de mim de verdade?

— Só acho que não deve se precipitar com esse assunto de divórcio, seus pais sempre falaram que a Sabrina não passava de um capricho seu e pode ser verdade. Por isso te obrigaram a se casar com a Sophie, por saber que ela pode ser a mulher que você precisa ter ao seu lado.

— Por favor não vamos falar dos meus pais e nem da Sophie, ambos os assuntos não me interessam — falei brevemente irritado bebendo o vinho em minha taça.

— Você que sabe, depois não venha dizer que eu não avisei sobre isso. Vai voltar atrás nisso, pode ter certeza.

— Até parece que você sabe algo sobre a Sabrina que eu não conheço.

— Eu apenas concordo com os seus pais.

— Motivo deles te adorarem. Então, vamos mudar de assunto, a Veronica foi com você para essa ação humanitária?

— Dessa vez não, ela estava ocupada em Roma e não pode ir dessa vez, apenas no ano que vem.

Veronica Marino, a irmã mais nova do Mattia. Uma mulher linda exatamente como a mãe dela, e assim como o irmão um exemplo de pessoa. Continuamos a conversar sobre a sua viagem até os nossos pedidos chegarem, Mattia era meu melhor amigo, um irmão que eu não tive. Podia confiar nele para qualquer coisa assim como ele podia confiar em mim.

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SOPHIE...

O almoço foi difícil de engoli, mas por sorte não havia ninguém para notar a minha situação. Voltei para o escritório depois até a hora de ir me arrumar para a festa da Raissi.

Estava quase pronta quando Paulo entrou no quarto, ele foi direto para o banheiro sem notar a minha presença no closet, guardei as minhas coisas e fui para o meio do quarto. Raissi mandou algumas mensagens perguntando se eu estava a caminho, confirmei que estava saindo de casa e peguei uma bolsa pequena para guardar o celular.

Pensei se deveria avisar que estava saindo, mesmo que ele não se importasse onde eu iria ou estaria. Deixei a vontade de lado e deixei o quarto, ao descer as escadas ouvi uma breve conversa e ao chegar na sala não pude acreditar no que estava vendo. Sabrina estava em pé no meio da sala olhando envolta, ela estava usando um vestido preto colado de apenas uma alça, ele chegava no meio das suas coxas e os seus cabelos loiros presos num coque atrás da nuca deixando alguns fios escaparem na frente do rosto. Os seus olhos azuis se destacavam na maquiagem escura envolta dos seus olhos.

— Oi Sophie, você está muito bonita. Vai sair?

— Sim, vou a uma festa.

— Seu vestido é muito bonito, combina com você.

Como o Paulo teve a coragem de trazer essa mulher para essa casa, como a sua esposa essa casa também é minha e ele teve a cara de pau de trazer a amante aqui. Ele realmente não tinha um pingo de consideração por mim.

— O que está fazendo aqui?

— Paulo vai me levar para jantar, hoje é o meu aniversário — ela abriu um sorriso cínico no rosto. — Você deveria ir também, o Mattia também vai.

Me virei em direção a cozinha de onde Mattia vinha com um copo d'água em mãos. Ele estava usando uma roupa social bem elegante. Mattia era o melhor amigo do Paulo e o filho do senhor Marino, diretor do hospital Marino em que fui ontem, ele era um médico-cirurgião muito conhecido, não era qualquer um que podia pagar pelos seus serviços. Ele entregou o copo para Sabrina que agradeceu com um sorriso.

— Boa noite senhorita Azeredo — um dos costumes de Mattia, ele nunca me chamava pelo sobrenome do Paulo. — Está de saída?

— Aniversário de uma amiga. Espero que se divirtam, eu preciso ir, boa noite.

— Boa noite Sophie, se divirta.

— Tome cuidado senhorita Azeredo — disse gentilmente.

Deixei os dois sozinhos na sala. Entrei no meu carro e segui para a praia com uma vontade enorme de gritar presa na minha garganta. Quando cheguei na praia segui até o restaurante da avó da Raissi, alguns restaurantes que se encontravam na praia também estavam abertos e com bastante movimentação.

Entrei no restaurante que já estava cheio de convidados da Raissi, notei a presença de alguns conhecidos e acenei para os mesmo antes de ir atrás da aniversariante que se encontrava atrás do balcão.

— Parabéns pra você...

— Sophie, você chegou — a morena saiu detrás do balcão e me abraçou. — Cheguei a pensar que você tinha desistido.

— Sozinha em casa eu não ficaria.

— Vou te servi uma bebida.

— Fico feliz com um suco — falei me sentando em uma das cadeiras do balcão. — Estou dirigindo.

E também estava grávida, mas eu não contaria isso agora.

— Pede pro Paulo te pegar, nem para isso esse marido miserável serve?

— Ele vai está bem ocupado essa noite. Nem vai voltar para casa provavelmente.

— Não deveria voltar também — ela colocou um copo de suco na minha frente. — Devolve o troco na mesma moeda.

— Como se ele fosse se importar.

— Nada incomoda mais um homem, do que suspeita que está levando chifre.

— Quem foi que pisou no seu calo heim?

— Terminei com o Fernando.

— Você adora uma montanha-russa né? O que aconteceu dessa vez?

— Aí amiga — Raissi apoiou o queixo em uma das mãos fazendo uma cara de tristeza. — Porque os homens têm que ser tão complicados?

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PAULO ALMEIDA...

O restaurante estava lotado, calmo, mas com todas as mesas ocupadas. Escolhi trazer a Sabrina para passar o aniversário no melhor restaurante de Santa Catarina, pedi ao chefe para preparar um bolo para bater os parabéns mais tarde. Ela estava muito animada e eu adorava ver um sorriso estampado no seu rosto.

Mattia teve que atender uma ligação importante então só estava Sabrina e eu na mesa aproveitando os nossos pedidos.

— Obrigada outra vez meu amor, esse lugar é lindo. Tem tanta gente importante, tudo aqui é tão chique.

— Você merece, hoje é o seu dia então aproveite o máximo.

— Estou aproveitando, para ficar melhor ainda só faltava você me pedi em casamento.

— Sabrina, eu já pedi para você ser paciente.

— Meu amor não fica com raiva — ela se aproximou tocando meu braço. — Eu só quero ficar com você, ser a sua esposa.

— Espero mais um pouco, os papéis já estão prontos e logo irei assinar-los. Meu acordo com a Sophie é assinar no fim de semana e assim que ela assinar, você será a minha noiva.

— Me diz que a sua família não vai mais nos impedir de viver o nosso amor, não quero que eles encontrem outra esposa para você.

— Dessa vez, nada vai me impedi de me casar com você. Você será a senhora Almeida em breve.

Um largo sorriso surgiu nos seus lábios os quais os beijei carinhosamente.

— Julgo que voltei numa hora ruim — Mattia falou ao se aproximar.

— Algum problema? Pareceu urgente.

— Meu vôo para Itália, foi adiado apenas isso. Não estraguei nada, não é?

— Não se preocupa Mattia, não estragou nada — Sabrina disse repousando a cabeça no meu ombro. — Você só está olhando para a futura senhora Almeida.

O olhar de Mattia recaiu sobre mim receoso. Não gostava quando ele me olhava assim, pós sempre quando ele me lançava esse olhar era por causa da Sabrina, mesmo sendo meu amigo ele não escondia o desprezo que sentia por ela.

— Já fez o pedido?

— Ainda não, mas irei fazer em breve. Vou fazer uma pequena reunião na minha casa após assinar o divórcio e eu quero que seja o meu padrinho de casamento, é um irmão para mim e eu quero que esteja ao meu lado nesse momento.

— Claro que eu aceito, fico muito lisonjeado com o pedido.

— Já vai se preparando, Paulo e eu vamos nos casar no fim do mês.

— Mas tão rápido assim? Pensei que iriam aproveitar o noivado, preparar um casamento grande como sonhava, Sabrina.

— Não me importo com uma festa, a única coisa que me interessa é ser a esposa do Paulo. Eu também quero me casar antes da barriga aparecer.

Mattia olhou para mim e depois para Sabrina que sorria lindamente, ele parecia raciocina sobre as palavras da Sabrina. Conhecia Mattia muito bem para notar um pingo de lamentação no seu olhar, mas não sabia dizer o por quer. Ele parecia feliz com o meu casamento, mas também parecia mal com alguma coisa.

— Você... Você...

— Eu estou grávida. Paulo e eu vamos ter um filho.

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RAISSI...

Estava me despedindo dos meus amigos que tinham começado a ir embora e ainda precisava lidar com o meu celular vibrando a cada cinco minutos em meu bolso. Quando me despedir dos últimos grupos de amigos vi Sophie encostada na varanda olhando para a praia, parecia perdida em seus pensamentos.

— Sophie, tá tudo bem?

A vi passando as mãos no rosto para enxugar as lágrimas que caiam. Aquilo partia o meu coração.

— Só um pouco sensível.

— Paulo?

— Aí Raissi... Por que? Por que eu tinha que ter sentimentos por ele? Por que nesse um ano de casados ele nunca demonstrou um interesse por mim? Por que eu não consegui fazer ele esquecer aquela mulher? Eu só queria poder continuar com ele, queria que ele me amasse de volta.

— Não chora — me aproximei a puxando para um abraço e Sophie não conseguiu segurar as lágrimas que voltaram a cair. — Não fica assim, eu não gosto de te ver sofrendo. Isso tudo vai passar, você vai ver, ele vai se arrepender de todo o sofrimento que fez você passar, de cada lágrima que fez você derramar. Ele vai se arrepender de não ter te dado o devido valor, o valor que você merece.

— O erro foi meu por me apaixonar por alguém que já tinha entregado o coração a outra pessoa.

— Nada disso é culpa sua Sophie, você não tem culpa nenhuma de ter se apaixonado, de ter amado alguém que não soube corresponder. Que não soube valorizar. Eu vi como tentou salvar o seu casamento, como cuidou dele mesmo ele sendo um frio com você. Não se culpar por ter um coração bondoso com alguém que só te tratou mal.

Continuei a abraçando por um longo tempo até ela se acalmar e as suas lágrimas pararem de cair. Sophie me ajudou a fechar o restaurante e depois fomos caminhar pela areia perto das ondas. Queria a distrair daquele assunto então comecei a falar sobre a nossa infância, sobre as nossas travessuras em casa enquanto as nossas mães trabalhavam. A lembrei do seu amor da infância o qual ela sempre vinha correndo me contar desde a entrada no colégio até a saída. Me lembro que ela havia feito uma carta se declarando para ele.

Uma vez ela se trancou no quarto sofrendo por ele ter saído da escola, eu fui a única que conseguiu fazer com que ela destrancasse a porta do quarto, essas lembranças sempre me faziam sorrir.

— Raissi — ela virou-se para mim. — Eu... Eu estou grávida…

Um silêncio instalou-se entre nós por um segundo. Logo lágrimas tomaram o seu rosto e eu a abracei outra vez sentindo meu peito pular de alegria.

— Eu vou ser tia? Sério? Sério isso? Quando descobriu?

— Fiz o exame ontem.

— Parabéns Sophie, nem acredito nisso — ela se afastou pegando minhas mãos. — Já vou avisando, serei a madrinha.

Sophie tinha um sorriso nós lábios, mas os mesmos não chegavam aos olhos.

— O Paulo sabe?

— Não, não acredito que ele vá se importar. Vai dizer que eu engravidei para evitar o divórcio ou algo semelhante.

— Vamos comemorar — comecei a arrasta-la pela areia. — Tem uma pizzaria italiana aqui perto, você vai amar.

— Raissi, já está tarde.

— Vamos comemorar a chegada da minha afilhada ou afilhado. Para isso não existe hora, já temos que acostumar o bebê a gostar de pizza.

Eu não conseguia conter a alegria que corria por todo o meu corpo e aquele era mais um motivo para arrancar um sorriso do rosto de Sophie. Ela estava gerando uma vida dentro dela e eu seria a primeira pessoa a apoia-la com essa gravidez, não que os pais dela não a apoiariam, não precisa pensar muito para saber que eles ainda não tinham conhecimento sobre a gravidez, a família de Sophie era muito ligada a família do Paulo, então logo eles sairiam correndo para dar a notícia sobre o neto.

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MATTIA...

Encarava o sinal vermelho enquanto pensava sobre a notícia que Paulo e Sabrina haviam me contado, a gravidez seria mais um motivo para ele se divorciar da Sophie para se casar com aquela mulher. Ele estava cego e com o filho a caminho nada o faria enxergar a verdade, desde o seu noivado eu tentei fazer com que ele se interessasse pela Sophie a pedido dos seus pais, pós os mesmos pensavam que eu conseguia convencer-lo. Até eu mesmo pensei que conseguiria.

Desviei o olhar do semáforo e do outro lado da rua em uma pizzaria vi Sophie acompanhada de outra mulher, elas estavam conversando e pelo sorriso em seu rosto parecia ser uma conversa divertida e agradável, ao vê-la daquele jeito não pude evitar o sorriso bobo que se formou em meus lábios. Não conseguia acreditar que o Paulo não conseguia ver a mulher que tinha ao seu lado, a mulher que claramente o amava, que era doce e gentil. Ele estava prestes a perde a melhor coisa que poderia ter acontecido com ele, ser amado pela Sophie.

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