Capítulo 4

Assim que Mel se certificou de que não estava sendo observada, sentou diante do volante e permitiu que o sorriso do gato de Ana que sentia profundamente dentro de si se espalhasse em seu rosto. Uma indigna dancinha do Snoopy a fez balançar o traseiro no couro macio.

— Já não era sem tempo — sussurrou para si mesma.

O elegante duque era seu ingresso para a alta sociedade. Desde a fundação da Alliance, ela imaginava clientes como Otavio Miller procurando seus serviços — homens ricos que precisavam arranjar uma esposa para poder riscar o item da lista de coisas a fazer antes de morrer. Ela encontrava esposas para homens que não tinham tempo ou vontade de encarar o jogo do namoro. Eles não estavam procurando amor, apenas companhia. Alguns homens queriam uma esposa para que suas amantes parassem de cobrar compromisso. Até aquele momento, ela tinha muitas referências pessoais que a ajudavam a construir seu negócio e uma renda estável para se sustentar.

Com Miller e seu potencial lucro estimado, ela poderia pagar sua maior despesa por uns bons dois ou três anos. Pelo menos, era o que esperava.

Milionário por esforço próprio, Miller não precisava do dinheiro de seu falecido pai. Mas, se ele permitisse que uma fortuna suficiente para comprar um pequeno país desaparecesse na caixinha de caridade ou nas mãos do primo que Otavio havia mencionado, seria uma pena. Com toda a corrupção e os escândalos associados a instituições de caridade, não era preciso dizer onde o dinheiro acabaria ou que bolsos engordaria. Mel sabia muito bem como o dinheiro de altruístas muitas vezes caía em mãos gananciosas.

A situação de Miller traria obstáculos que ela nunca havia enfrentado. Seu título poderia ser o maior problema a superar. Ela teria que examinar as possíveis candidatas para ter certeza de que não tinham o sonho pueril de se tornar duquesas. Anos de contos de fadas da Disney eram difíceis de combater, e, combinados com a beleza de Miller, as mulheres teriam que ser cegas para não querer mais dele do que seu dinheiro ou seu título.

As fotos que ela vira de Miller não lhe faziam justiça. Ela sempre precisava olhar para cima para conversar com os homens, com seu um metro e sessenta e cinco de altura, mas Otavio tinha um e oitenta e cinco em dias ruins, e seus ombros eram ondulados de músculos. Ela tinha visto fotos dele em tabloides em uma praia do Taiti, as quais sugeriam o corpo escondido sob o terno. Quando ele entrou no café, todos os olhares se voltaram para ele, mas Otávio nem percebeu. Ele simplesmente perscrutou o salão procurando por ela. Com qualquer outro cliente, ela teria se levantado no segundo em que ele batera a porta atrás de si, mas, com Otavio, Mel precisara de um minuto para se recompor. Seu maxilar firme e robusto e os impressionantes olhos cinzentos penetraram sua carapaça normalmente tranquila e fizeram seu coração pular.

A aparência dele poderia ser uma distração. Seria melhor para todos os envolvidos se a mulher que ele escolhesse como esposa morasse em um país, e ele, em outro. Passar muito tempo com Otavio deixaria qualquer mulher com sangue nas veias tentada a ir para a cama com ele.

Mel tirou o celular da bolsa e ligou para sua assistente.

— Alliance, Aline, pois não?

— Oi, sou eu.

— Como foi? — Aline perguntou, sem rodeios.

— Perfeito. Você acessou os arquivos e fez as ligações?

— Sim. Joana é a única que não está disponível no momento.

Mel pensou na morena alta.

— É mesmo? Por quê?

— Parece que está namorando.

 É, isso tendia a estragar o casamento com outro homem. Sem Joana, havia três candidatas perfeitas. A menos que Otavio tivesse algum problema com mulheres bonitas, ela arrumaria uma esposa para ele até quarta-feira.

E ainda era segunda.

— Azar o dela.

— Você vem para cá?

— Tenho uma coisa para fazer, depois vou.

— Traga almoço.

Aline e Mel eram amigas havia bastante tempo, muito antes de a relação comercial entre elas decolar.

— Como sua chefe, não é você que deveria pegar o meu almoço? — brincou Mel.

— Não quando a minha patroa de tendências escravagistas não fica no escritório nem por tempo suficiente para atender o telefone.

Escritório... que piada! Mel usava o quarto extra de sua casa como sede da empresa. Rindo, ela disse:

— Chego aí em meia hora.

— É melhor ligar para a Moonlight primeiro.

Mel se aprumou no banco.

— Por quê? Aconteceu alguma coisa?

A preocupação a fez sentir um nó no estômago, causando um familiar sentimento de pânico.

— Nada urgente. A Joyce não está comendo muito bem. Eles acham que você devia passar lá e falar com ela.

Melissa soltou um longo suspiro e forçou seus ombros a relaxarem.

— Tudo bem.

Seus planos para a tarde se complicariam tendo que ir à clínica onde sua irmã mais nova estava internada. Da última vez em que Joyce parou de se alimentar, acabou no hospital com uma infecção que se espalhou pela corrente sanguínea. Mel esperava que sua irmã só estivesse deprimida, não doente. Era triste que fossem esses os principais motivos para Joyce não estar comendo.

Mas o que mais haveria? A depressão havia levado Joyce a tentar o suicídio, o que resultara em um acidente vascular cerebral, em vez da morte.

 — Eu vou me atrasar, mas, se puder esperar, eu levo o almoço.

— Me avise se for ficar presa.

— Aviso. Obrigada.

 Mel desligou, deu partida no carro e rumou para a Moonlight Villas. A clínica particular custava mais de cem mil por ano, e era a razão pela qual Melissa precisava da renda que um acordo com Otavio Miller propiciaria. Ela estava um mês atrasada com suas contas pessoais e sempre entregava os cheques da Moonlight uma semana ou duas após o vencimento. A última coisa que Mel queria era desmoronar sob a pressão financeira e acabar tendo que colocar Joyce em uma clínica pública. Ela seria negligenciada nesses lugares e provavelmente acabaria com escaras e infecções incuráveis em um mês. Não; Mel seria capaz de morar no próprio carro se fosse preciso, para evitar que isso acontecesse.

Pensando no duque, Mel sabia que as coisas não acabariam assim. Ele perderia cerca de trezentos milhões de dólares da herança de seu pai se não se casasse até o fim do mês. Otavio provavelmente pagaria à mulher uma bolada, portanto daria à Alliance o suficiente para quitar as contas por algum tempo. Tudo o que Mel precisava fazer era colocar as mulheres em fila e se certificar de que nenhuma delas apertasse o botão do pânico.

Fácil, fácil. Pelo menos, era o que ela esperava.

Aline Vasques melhor amiga e assistente de Melissa Gandhia

Joyce Gandhia irmã mais nova de Melissa , está internada na clínica por problemas de depressão

Mais populares

Comments

Luzia Ribeiro

Luzia Ribeiro

Nossa a Joyce é lindíssima a mais linda de todas as fotos até agora

2024-04-29

0

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!