O ancião

Aisha: Parece que a prata não me faz mal como faz a vocês e um dia Sander apareceu com um machucado feio na perna, sua irmã fez uma encomenda de ervas na loja e eu fui deixar e ajudei a preparar esse foi o favor.

*Mais uma vez eles ficam surpresos*

Donna: Como assim não faz mal como a nós?

Alba: (Pegue a faca e faça um corte superficial na mão, vai sarar rapidamente)

Aisha(Não vai doer?)

Alba( Só um pouco)

*Pego a faca na minha bota e faço o que alba pediu, todos olham incrédulos, mesmo que saia um pouco de sangue logo o ferimento se fecha, nem eu sabia poder curar assim*

Cronus: Agora entendeu que realmente precisamos levar ela até o ancião?

Wolfgang: Porque você foi ajudar aquele desgraçado?

*Mesmo que haja todo o ódio entre eles, acho que ele não precisava ficar assim, está claro pelo que conto que Sander nunca me fez mal*

Alba: (Idiota, ele está com ciúmes)

Aisha: Co... Com ciúmes?

*Eu fico corada ao perceber que disse em voz alta e Wolfgang pela primeira vez desvia o olhar dos meus, como se quisesse esconder o sentimento*

Wolfgang: Não seja ridícula, só tenho nojo daquele tipo

Donna: Vamos logo ao ancião

*Wolfgang acente e nos leva ao terceiro andar, estranhamente o cheiro do tal ancião é de velho mesmo, mas também sinto cheiro de sangue. Paramos em frente a porta ao lado uma mesinha com água e copos*

Wolfgang: Fiquem aqui, eu vou entrar e ver se ele está acordado primeiro.

*Assim fazemos Wolfgang entra e fecha a porta atrás de si, Donna e Cronus põe o ouvido na porta assim que ele fecha, acabo pegando um copo para ouvir melhor e me juntando a eles*

Cronus: Realmente é ardilosa

Donna: Shiii quero ouvir

*Então começamos a ouvir atrás da porta*

Wolfgang: Alfredo? Consegue ouvir-me?

*É a primeira vez que ouço Wolfgang falar com alguém com cuidado*

Alfredo: Jovem líder, eu... Eu queria mesmo o ver, me ajude a sentar

*A voz dele além de revelar sua idade parece dolorida*

Wolfgang: Não precisa, sei que sua perna dói, estou ouvindo.

Alfredo: A Deusa me abençoou com uma última visão, já não sirvo de nada, minha velhice e agora minha perna que não irá sarrar, mas fico feliz de por uma última vez poder transmitir o desejo da nossa Deusa

Wolfgang: Não diga isso, sua sabedoria nos livrou de muitas armadilhas, mesmo que não tenha mais visões ou corra tão rápido sua presença sempre será uma honra para a matilha

*Ele parece tão carinhoso, realmente outra pessoa com a matilha*

Alfredo: Obrigado meu jovem, mas ouça você já não será mais sozinho, a Deusa lhe mandou um anjo, de pele escura como a noite com cabelos brancos como a própria lua. Ela é o caminho para o fim da guerra, mas ela não está presa à matilha, haverá muitas possibilidades, seja sábio e gentil com ela. A sua mãe era doce e gentil para acalmar o espírito raivoso do seu pai, você, porém foi abençoado com uma parceira com um espírito como o seu, para que aprenda como os seus se sentem e vocês possam melhorar um com o outro. Não esqueça que há muitas possibilidades você precisa agir com sabedoria o fim está próximo suas ações vão ditar se o final será de morte ou de paz.

*Eu fico tocada pela forma que ele fala, exatamente como Sander falou da mulher que ele pensou ser minha mãe. Donna e Cronus olham para mim*

Alfredo: Agora eu sinto, ela está aqui não está? Entrem e parem de ouvir atrás da porta crianças

*Cronus abre a porta e entramos todos um pouco constrangidos por sermos desmascarados assim, o cômodo é um quarto tem uma grande cama coberta por um tecido desde o teto, o que não nós permite olhar para o ancião, Wolfgang agora me olha pensativo*

Wolfgang: Ela tem visões como as suas e não é atingida pela prata como nós. Preciso saber se ela é confiável

Alfredo: Interessante, aproximasse criança eu não enxergo, mas posso tocar suas mãos

*Eu vou até o lado de Wolfgang onde a cortina da cama está aberta, um homem já de idade com cabelos brancos olhos completamente azuis parece cego e ele está com faixas ensanguentadas na perna*

Alfredo: Como se chama menina? Dê-me a sua mão

*Ele estende a mão para que eu a toque, eu olho para Wolfgang e ele acente com a cabeça me incentivando a dar a mão ao homem assim eu faço*

Aisha: Me chamo Aisha senhor

*Ele toca minhas mão, me sinto um pouco desconfortável, mas permito*

Alfredo: Você é o melhor dos 2 mundos a solução para tudo querida, você nasceu do início da guerra e dará fim a ela, a Deusa gosta muito de você

Wolfgang: Como assim? Nasceu da guerra e dará fim a ela?

Alfredo: infelizmente o seu coração não está pronto para a resposta jovem líder, mesmo que eu diga que ela é confiável você não confiará. Nenhum de vocês dois, na verdade

*Nós nos olhamos, infelizmente acho que ele está certo, não serei capaz de confiar 100% nele e também não posso cobrar que ele confie em mim*

Alfredo: Precisam selar a conexão, só assim um conhecerá o coração do outro o suficiente para confiarem. Você tem algo para me perguntar, não tem Aisha?

Aisha: Preciso saber como esta guerra começou

Alfredo: Infelizmente você terá que descobrir sozinha, mas tenho um aviso para você jovem. O amor é lindo, mas a linha tênue entre o amor e o ódio é muito fina, quando corações colidem a frustração pode causar catástrofes e a história se repetirá até que as coisas voltem ao seu curso natural ou até que não haja mais nada. Lembre-se disso

*No momento eu penso em Sander e Wolfgang, Alba instintivamente se sente atraída por Wolfgang e eu gosto muito da forma que Sander me treta, mas o velho disse que a história se repetirá será que a guerra começou por alguém que não compreendia os sentimentos também?*

Wolfgang: Não gostaria de selar conexão num momento como esse, mas se a Deusa acredita ser a chave para tudo que assim seja

*Wolfgang me puxa pela cintura contra ele e põe a mão no meu rosto erguendo para encontrar com o dele, por um momento sinto cada um de seus músculos grudados no meu corpo, quando percebo que ele vai me beijar instintivamente o empurra com um pouco mais de força que o planejado ele bate na parede*

Aisha: O... O que pensa que esta fazendo!?

*Cronus caí na risada e Wolfgang me olhou incrédulo escorado na parede*

Donna: Não se agarra uma mulher desta forma do nada wolfgang

Wolfgang: Ora do nada, vocês disseram que tínhamos que selar a conexão e como você ousa me empurrar dessa forma

Cronus: hahaha seu idiota, ela não teve matilha como nós provavelmente nem sabe o que é isso

Alfredo: Eu avisei que fosse gentil jovem líder

*Eu devo estar vermelha como um tomate agora, não acredito que ele me agarrou dessa forma na frente de todos sem nenhum pudor. Eu ando até a saída, mas Wolfgang segura o meu pulso, só então ele olha em meus olhos e percebe que estou envergonhada*

Wolfgang: Desculpe, para nós isso é normal eu não quis constranger você, não lembrei que você não sabe muito sobre tudo isso

*É a primeira vez que ele é gentil comigo, ele fica muito melhor agindo assim, mas mesmo assim quero ir para casa já está quase amanhecendo e eu tenho muito o que pensar*

Aisha: Tudo bem, mas eu quero voltar para casa já está quase amanhecendo e eu ajudo a minha mãe com a loja. Também tenho muito o que pensar

Wolfgang: Volte amanhã.. Hoje, na verdade o mesmo horário que você veio

*Eu confirmo com a cabeça, ele pede para Donna me levar até próximo da minha casa, assim ela faz e vamos conversando no meio do caminho*

Donna: Sabe ele não é ruim só está muito nervoso com a guerra, nós perdemos muitas pessoas importantes para o ódio dos caçadores, Wolfgang só quer matar eles e acabar com isso

*É impressionante como ambos os lados falam de matar sem nenhum remorso ou consciência sobre a outra vida, eles estão tão cegos que não veem que estão continuando uma guerra que nem se lembram porque começou, isso me faz pensar será que o velho disse que eu era o melhor dos dois mundos porque estou de fora e consigo entender que não tem mais sentido continuar a matar se nem se lembram o porque isso começou*

Aisha: Porque continuar uma guerra que nem sabe o porquê começou?

Donna: Sabe eu não era dessa matilha desde o começo, na verdade, eu era de uma pequena família de lobos solitários, demos abrigo a matilha de Wolfgang que estava fugindo dos caçadores, eles ficaram uma semana na fazenda dos meus pais, eu e Cronus tivermos uma conexão assim que nos vimos, ele até pensou em ficar na fazenda criar raízes, mas no dia que a matilha ia seguir em frente os caçadores atacaram, eles mataram meus pais e atearam fogo na fazenda, só eu sobrevivi. Então não se trata de como começou e sim de honrar a morte de quem amamos

*É triste ver como todos estão afogados no ódio e cada um tem seu motivo pra isso*

Aisha: Eu não vejo vocês honrando a vida de quem amam, só vejo vocês honrando a morte com mais morte, parece um ciclo sem fim de ódio

Donna: Hum.. Você não entenderia.

Aisha: Realmente, eu nunca tive pais lobos ou matilha, fui largada para morrer na floresta e por sorte Hilda achou-me, nunca fui bem tratada ou acolhida por ninguém dessa cidade. Hilda sempre me deu amor e carinho, mesmo com as outras crianças me isolando por ser diferente de todos, Hilda sempre esteve comigo e eu sou grata por isso.

*Olho para Donna e uma lágrima escorre pelo seu rosto enquanto ela olha pra mim *

Aisha: Ora não me olhe assim, sou grata aos Deuses por Hilda e sou muito feliz de poder todos os dias trabalhar com ela e caminhar pelas florestas, eu gosto da vida tranquila que tinha apesar de agora tudo estar uma loucura

Donna: Nós lobos temos o instinto de estar em unidade e em família, como você conseguiu viver todos esses anos sendo rejeitada pelos outros? Mesmo assim consegue ser feliz?

Aisha: Sempre achei que me rejeitavam por ter essa aparência, mas Hilda sempre disse que me afastavam por eu ser sempre a melhor e aumentar as expectativas em relação aos outros, não sei qual é a verdade, mas Hilda também me ensinou que mesmo que as pessoas me mostrem o pior delas só estão pondo pra fora o que está dentro e isso não diz nada sobre mim, também não pode ditar a minha felicidade

*Donna para e olha para mim como se eu estivesse dizendo algo extraordinário*

Donna: Agora entendo o que o velho quis dizer com você é o melhor dos 2 mundos, não sei se você vai conseguir, mas se mostrasse isso a todos acho que a guerra acabaria

Aisha: Isso é uma responsabilidade muito grande

Donna: Você ouviu o ancião, você é a chave para o fim da guerra e a Deusa gosta muito de você, então você vai ter muita responsabilidade. Enfim, sinto o cheiro do caçador, melhor eu ir. Boa sorte

*Donna corre de volta e eu ando até mais próximo de casa, meu corpo está exausto, o sol está quase raiando e eu não dormi nada todo o cansaço me pega, sinto o cheiro de Sander, mas não conseguiria pular o muro de qualquer forma, ele ainda está vigiando a casa quando me vê corre em minha direção*

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