Alba

No caminho de volta a loja vou absorvendo tudo que Alexsander me disse, nem nas aulas de história, nem nas conversas nunca ouvi ninguém falar de uma guerra aqui a pesar da Alice também ter dito que a sua família viveu aqui antes deles nascerem, nunca me dei tão bem com ninguém desta cidade quanto com eles em todos os anos que estive aqui, ainda tem o sonho esquisito com aquela mansão e aquele lobo, tudo isso é muita coisa pra assimilar. Deuses! Sinto falta de quando eu só corria, colhia flores, aproveitava a companhia de Hilda e cuidava da loja. Não sei porque, mas sinto que isso tudo só está começando.

*Perdida em meus pensamentos vejo a loja fechada, mas ainda faltam alguns minutos para o horário de fechar, porque será que Hilda fechou cedo? Entro na loja preocupada, mas não a encontro, sigo para cozinha de casa. Hilda salta quando acendo a luz e começa a cantar parabéns, há um bolo cor de lavanda na mesa, Hilda sabe que é minha cor favorita, não deixo de sorrir enquanto bato palmas e canto com ela, apesar de tudo Hilda sempre está aqui pra mim, sou muito feliz por tê-la como mãe*

Hilda: Venha querida, sopre as velas e faça seu pedido!

Aisha: Obrigada Hilda, você é incrível

*Sopro as velas e desejo que todas as dúvidas de minha cabeça se esclareçam, Hilda me mostra uma pequena caixa*

Hilda: No dia que encontrei você minha filha, isso estava junto ao seu cesto, um pequeno folheto dizia para que eu te entregasse quando você chegasse aos 18 anos.

*Abro a caixa e vejo um cordão de prata com um pingente de lua*

Aisha: Obrigada por guardar isso Hilda

*Hilda me ajuda a colocar, depois olha pra mim e diz*

Hilda: Agora você já é uma mulher minha pequena, eu sei que ultimamente você tem se perguntado sobre seu passado e fico triste por não saber muito, mas eu entendo que se pergunte sobre

Aisha: Fico feliz que pense assim, acho que você me mandou para a casa daquele rapaz de propósito, não foi?

Hilda: A sim, queria que você tivesse um momento com ele, acho que ele preferiu ser cuidado por você do que por uma velha como eu

Aisha: Foi interessante, mas sander me contou que a muito tempo atrás sua família vivia aqui e que perderam muitos em um tipo de guerra, nunca ouvi sobre guerra aqui, nem de você nem na escola porque?

*Hilda suspira e senta na cadeira*

Hilda: Ninguém gosta de falar sobre histórias tristes minha querida, quando aquela menina me falou o endereço imaginei que eles fossem daquela pobre família, mas não pensei que o rapaz fosse se abrir tanto com você afinal é a segunda vez que te vê

Aisha: Então houve mesmo uma guerra aqui? E ninguém nunca fala sobre ou nem mesmo ensinam sobre?

Hilda: No mundo as guerras acontecem por disputa de território, aqui foi mais uma guerra entre famílias. A família do rapaz era de caçadores, eles sempre traziam as melhores carnes, peles de animais, mas mesmo com a caça não sei como eram tão poderosos, tinha outra família igualmente poderosa só que eles viviam da terra, claro alguns tinham trabalhos na cidade, mas ambas as famílias eram muito discretas, ninguém sabia muito deles, um dia um dos caçadores morreu, nada foi descoberto, mas acho que eles culparam a outra família que deixava muito claro que odiava as caçadas extravagante deles, dia a pois dia alguém das famílias morria, todos pensavam a mesma coisa, mas ninguém se atrevia a se meter. Um dia depois da lua de sangue pela manhã, quando fui colher as flores como todo dia, vi muito sangue e muitos corpos, das duas famílias espalhados em uma parte da floresta, as vezes ainda hoje tenho esse pesadelo, chamei a polícia, eles mandaram eu ir pra casa, no outro dia um policial e o prefeito bateram em minha porta, os familiares que não morreram sumiram da cidade, eles não queriam alarmas os cidadãos e também não queriam grande mídia para nossa pequena cidade, então queimaram os corpos e pediram para que eu nunca mais falasse sobre o que eu vi.

*Uma lágrima escorre pelo rosto de Hilda, eu seguro sua mão, não consigo falar agora, é muita coisa para absorver, parece que quanto mais procuro respostas mais encontro perguntas, minha cabeça não aguenta mais*

Aisha: Desculpe ter que trazer à tona um passado doloroso

*Hilda limpa as lágrimas e olha nos meus olhos com um sorriso triste*

Hilda: Na época eu fiquei muito mal querida, a prefeitura me pagou um psicólogo, mas não melhorava, foi o pior ano da minha vida, mas quase um ano depois, eu encontrei você naquele cesto, por isso digo que você foi um presente, você salvou minha vida minha pequena

Aisha: E você salvou a minha, sem você eu teria morrido naquela floresta, não sei quem me gerou e sinceramente não quero saber, acredito que ninguém teria feito como você

* Nós nos abraçamos e terminamos a noite comendo bolo e relembrando a minha infância com Hilda, depois de umas horas nós fomos para cama*

*Na verdade fiquei acordada me aprontando para sair, preciso ver àquela mansão hoje, talvez encontre respostas lá. Visto-me inteira de preto para não chamar atenção

...****************...

A parte norte é a mais longe da minha casa, mas corro para lá com empolgação, quando chego perto tento ir com mais cautela, não que eu acredite que aquele lobo vá aparecer, mas tento me prevenir, de frente para mansão

Pulo o murro, fico surpresa como tudo é exatamente igual ao sonho, mas para minha surpresa tenho que me esconder atrás de um arbusto ouço pessoas na mansão, observo do arbusto. Da porta principal sai um homem, alto, forte, de cabelos extremamente pretos, vestido todo de preto, ele é lindo.

Também parece muito sério, ele olha para os lados, como se também sentisse minha presença, seu olhar para sobre o arbusto que estou, meu coração acelera, quando parece que ele vem em minha direção, alguém parece chamar ele de dentro da mansão, ele entra, essa é minha chance, pulo de volta para rua e corro sem olhar para trás.

A frustração me pega em cheio, como vou achar respostas se tudo que me dão e mais perguntas, quanto mais pareço avançar sempre dou de cara com perguntas, estou cansada disso. Só queria que esses sonhos parassem e eu pudesse viver a minha vida tranquila de novo, isso me dá tanta raiva. Frustrada começo a correr mais rápido não sei para onde e sinceramente não me importo só preciso descarregar, entro na floresta e corro com toda a frustração acumulada, os meus pulmões queimam a procura de ar e eu paro quando fico de frente pra um lago com uma cabana abandonada, ponho as mãos no joelho tentando recuperar o ar.

Voz feminina: (Chegou a ora pequena)

Aisha: O que!? Quem está aí?

*Viro para todos os lados, mas não há ninguém. No entanto, a voz parece tão próxima, eu devo estar ficando louca é a mesma voz do meu sonho*

Voz feminina: (Sou parte de você, sempre fui, mas agora podemos nos conhecer)

Aisha: Como assim parte de mim? Pare com isso? Saia de onde você está!!

Voz feminina: (Vá para cabana nos encontramos)

*Ela não parece estar na cabana, parece estar dentro da minha cabeça, meu Deus não tenho opção, melhor tentar resolver logo isso, ando até a cabana. Na hora que abro a porta e entro tudo some, olho para baixo pareço entrar sobre a água, vejo o meu reflexo e o meu redor está tudo escuro*

Aisha: Não é possível, só posso estar louca!!

Voz feminina: (Você não está louca)

Aisha: Onde está você??? O que quer comigo?

Voz feminina: (Você nunca reparou que era especial? Realmente? Sempre as melhores notas, Sempre a mais rápida, mais forte, ofato mais aguçado, você sempre foi diferente das outras crianças Aisha)

Aisha: Sim, nunca a mais delicada, nunca a mais feminina, sempre a mais estranha, sempre excluída

Voz feminina: (As pessoas temem o que não compreendem Aisha, você nunca foi estranha sempre foi melhor, você não precisa ser delicada, sua força atrairá quem realmente tem que estar ao seu lado)

Aisha: Não sei do que você está falando, vai aparecer ou não

Voz feminina: (Como quiser)

*Uma loba 2 vezes maior que eu anda ao meu redor e senta na minha frente, os seus pelos são brancos como a neve e seus olhos azuis brilhantes, ela é linda, não me assusta como o lobo negro, pelo contrário, não sei como ou porque parece que conheço ela a muito tempo*

Voz feminina: (É porque você conhece, sempre estive dentro de você, sou Alba sua loba)

Aisha: Espera ai... loba?? E você acabou de ler minha mente??

Alba: (Teoricamente nós estamos dentro da sua mente, mas hoje você completou 18 anos e eu já posso sair)

Aisha: Você está dizendo que eu sou...

Alba: Acho que os humanos chamam de lobisomem, apesar de não gostar do termo

Aisha: Eu... eu não compreendo, só posso estar ficando louca, isso não existe

Alba: As vezes você é muito lenta para sua inteligência, você sonhou, conheceu Sander, ouviu Hilda, foi a mansão e ainda não entendeu isso

Aisha: Não é como se você estivesse me apresentando algo científico, pra mim isso sempre foi folclore

Alba: Você não precisa crer é só sentir, depois que eu sair você verá, agora me deixe sair

Aisha: Como faço isso?

Alba: Você vai acordar, vai tirar a roupa e vai sair da cabana, vai sentir um pouco de dor já que é a primeira vez, mas será só na primeira, então eu vou sair e você verá como nós somos de verdade

Aisha: Mas... Eu vou ter que sair nua?!

Alba: Não há ninguém por perto, eu sentiria e se não tirar suas roupas vão rasgar

Aisha: Acho que vou me arrepender disso, mas tudo bem vamos lá

*Eu pisco os olhos e estou de volta a cabana, relutante tiro minha roupa o cordão que Hilda me deu e ponho em cima de uma mesa, saio da cabana está muito frio fico arrepiada*

Alba: (Fiquei tranquila, tente não resistir a dor vai ser rápido)

Aisha: Não estou sentindo na...

*Antes de terminar a frase sinto meus ossos se expandirem e minha pele se rasgar dói muito eu caio no chão*

Alba: (aguenta só mais um pouco)

*Sinto meu corpo crescer, minhas mãos se transformam em grandes patas, no lugar de meu nariz um focinho e meus dentes se tornam grandes presas afiadas, quando a dor passa olho para as minhas patas meus pelos são brancos como a neve, quando me levanto parece que sinto a terra a quilômetros, sinto os esquilos caminhando por ela, sapos e cobras, puxo o ar e consigo sentir o cheiro de cada rosa, cada orvalho e folha que cai das árvores, ouço cada pássaro e abelha que voa, o som do rio e do lago ao meu lado. Tudo se intensifica

Aisha: Isso é incrível Alba, você é incrível

Alba: Nós somos, estou com sede

*Vou até o lago e depois de beber vejo meu reflexo, alba é maior que vi em minha mente e mais bonita é majestosa*

Aisha: Aquele homem de cabelos negros é como a gente?

Alba: Sim, seu cheiro é como o nosso e toda sua matilha também

Aisha: matilha? Ele tem um grupo?

Alba: Sim, a maioria tem, não é grande, mas acredito que um dia tenha sido. Lembra o que Hilda disse? Acho que a família era inteira uma matilha

Aisha: Então Sander é um caçador de lobisomens

Alba: Sim, cheiro de prata confirma. Prata nos machuca, se ele quiser mata, mas não tenho medo de Sander seu cheiro é bom, mas o coração está envenenado

Aisha: Também acho Alba

*Quando termino de beber água sinto passadas se aproximando*

Alba: Cheiro bom, Aisha parceiro se aproxima

*Um cheiro forte de orvalho, misturado com café, aquilo me atrai, aguça meus sentidos, alba fica louca, enquanto o cheiro se aproxima*

Aisha: Alba, o que é isso?

*Um lobo grande pula da floresta, o lobo negro de olhos vermelhos, o cheiro vem dele, mas seus olhos não parecem de raiva, na verdade ele parece hipnotizado*

Lobo negro: Quem é você??

*Não sai som de sua voz, mas consigo entender o que ele quer dizer, não sei porque isso acontece, mas ele é como eu, pela primeira vez não me sinto sozinha ou estranha, tudo na minha cabeça agora faz sentido por isso nunca fui normal, eu só era excluída por não estar entre os meus, me aproximo dele empolgada*

Lobo negro: Fique longe!! Quem é você?

*Ele rosna e eu recuo, como sou tola ele nem me conhece porque me trataria bem*

Aisha: Meu nome é Aisha, e você?

Lobo negro: Wolfgang. Você é de que matilha? Porque está aqui? Meu território

*Ele continua rosnando e começa a me rodiar, aquilo me irrita, ele nunca esteve aqui, tem a audácia de dizer que este território é dele, não sei porque pensei que ele era como eu, não passa de um babaca*

Aisha: Não tenho matilha

Wolfgang: Exilada, suma agora e não volte mais!

Alba: (Desgraçado! avançar para proteger lar! agora! machuque-o!)

*Instintivamente começo a rosnar para ele também, como ele pode falar assim comigo, acabou de chegar nessa cidade*

Aisha: Esta é minha casa! Cresci aqui, você é novo, suma você!

* Ele parece ficar surpreso quando digo que cresci aqui, mas não recua, eu também não. Sinto outros se aproximando, isso é ruim ou saio daqui agora ou vou ficar em desvantagem*

Alba: (Fugir, agora ou não conseguir mais depois)

Wolfgang: Vai ficar, me acompanhar responder perguntas á matilha

*Ele rosna enquanto dá a ordem*

Aisha/Alba: Não!! Não obedecemos a você nem a ninguém

*Sinto uma energia fluiu pelo meu corpo, naquele momento sou um com Alba*

Wolfgang: Fica por bem ou por mal

*Ele avança, da um salto em minha direção aproveito e momento perfeito para ir por baixo, corremos antes que outros cheguem, ele me é tão rápido quanto eu, mas não conhece o terreno uso isso de vantagem sei em quais árvores posso usar para salta e quais não, sei onde há buracos e valas. Faço a volta em uma árvore que sei que não aguenta muito peso, ele tenta usar ela para pegar impulso, mas ela parte-se, me dando a vantagem que preciso para despistar ele, corro para a cidade. Quando chego em casa, salto o muro com facilidade, sinto-me tão esgotada que volto ao meu corpo e ando até o meu quarto*

Alba: (Estou cansada Aisha)

Aisha: Somos duas então

* Nua e suja me jogo na cama e adormeço*

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Comments

Albertina Sacramento

Albertina Sacramento

só estou achando um pouco confuso!

2025-01-23

1

Maria Nice Grudgen

Maria Nice Grudgen

Cada capítulo uma emoção 🥰

2024-11-23

0

Pamfagundesss

Pamfagundesss

tô bem curiosa

2024-10-29

0

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Atualizado até capítulo 64

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