Como último recurso, Paterson pediu aos pais das moças fotos delas em vida, todos os pais as forneceram, ainda de luto, com a dor de perder suas filhas de maneira tão cruel. Entre as fotos estava a de Adrián.
Paterson visitou novamente Patty, desta vez levava consigo as fotos, caso ela reconhecesse alguém.
Os médicos alertaram que não havia muitos avanços com ela, que o nível de tortura havia sido brutal, que ela não tinha resposta para nada, sua mente estava perdida. Paterson, como sempre, com voz suave e relaxada, cumprimentou Patty,
- Olá Patty, espero que estejas melhor.
O olhar de Patty estava perdido, completamente fora desta realidade, Paterson com cuidado, tirou do bolso as fotos das moças, mostrou-as a Patty.
Conforme Paterson lhe mostrava as fotos, uma a uma, não via reação em seu rosto, até que chegou à foto de Adrián, ela arregalou muito os olhos, ela o havia reconhecido! Paterson percebeu que Patty reagiu à foto, então continuou falando com ela.
- Patty, você conhece esse rapaz? Ele foi quem te machucou? - perguntou suavemente, como num sussurro para que a moça não se exaltasse.
Patty ainda não falava, mas tentava, começou a chorar silenciosamente, suas lágrimas eram muito amargas, como se algo dentro dela acordasse.
A moça aos poucos começou a fazer ruídos, no início eram como gemidos, depois se transformaram em palavras... suas lágrimas rolavam por suas bochechas.
- E-ele me ajudou..., eu escapei..., ele... ele o matou.
Depois de dizer isso, desabou num choro tão profundo e doloroso, parecia um animal ferido.
Os médicos que estavam fora supervisionando a entrevista entraram no quarto, tentaram acalmar Patty, mas ela continuava com seu choro profundo.
Paterson pensou que neste estado emocional não poderia continuar, então com a mesma voz suave do início se despediu dela
- Patty, sinto ter te incomodado, preciso ir, mas espero que em breve possamos conversar novamente, se você concordar.
Patty se acalmou um pouco, quando Paterson estava à porta, prestes a sair, sentiu um puxão na manga de seu casaco. Virou-se, era Patty, que com passos trôpegos o havia impedido.
Os médicos lhe passaram uma cadeira, ela ainda estava muito fraca e mal conseguia ficar de pé, o que significava que ela havia feito um grande esforço para dar esses passos e deter Paterson.
- Patty, se estás pronta, podemos continuar, mas só se concordar.
Patty assentiu com a cabeça, os médicos saíram novamente, sempre vigilantes atrás de um vidro.
Ela sinalizou para Patterson que lhe desse a foto do rapaz, pegou a foto com ambas as mãos e a levou ao peito, abraçou-a com muita força.
Sua vozinha fraca começou a sair, era quase inaudível, Paterson teve que se esforçar muito para prestar atenção no movimento de seus lábios para poder entender o que a moça traumatizada dizia.
- Ele me ajudou, sem ele eu teria morrido, nunca soube como se chamava… cortaram sua língua e o bateram muito, mas mesmo assim ele lutou por mim... - nesse momento, ela rompeu novamente em choro, mas desta vez era mais sonoro, como se sua alma estivesse se despedaçando.
Paterson então percebeu que Adrián foi uma vítima do mesmo assassino, com voz alarmada, disse a Patty
- Seu nome é Adrián, me diga o que lembrar, por favor, talvez possamos ajudá-lo, sua família está muito preocupada, eles desejam de todo o coração vê-lo novamente.
Ela continuou falando, sua voz cada vez mais sonora e clara.
- Ele me capturou, quando eu estava indo para casa, me puxou para uma caminhonete, tinha um cheiro muito desagradável, como de adubo animal... - soluçou... - me deu uma pancada na cabeça, comecei a sangrar... desmaiei; quando acordei, tinha uma dor aguda na cabeça. Ele estava muito irritado, disse que as borboletas devem ser bonitas, não rebeldes, então me limpou cuidadosamente, tinha sangue seco no cabelo, e não conseguia tirá-lo, ficou muito irritado... - soluçou...
Um longo momento de lágrimas e soluços incontroláveis. Tentou controlar sua enorme aflição e continuou falando lentamente, como se fizesse um levantamento de suas memórias.
- ...depois ele desamarrou minhas mãos, deixou que eu me limpasse, disse "se fores boa, então tudo ficará bem." onde eu estava havia mais moças, mas estavam como adormecidas, à distância, estávamos em um jardim com paredes e teto de vidro, cada moça estava em uma jaula de vidro, algumas estavam limpas, outras estavam sujas com roupas gastas.
Quando ele entrava no quarto, pegava uma das moças, dizia "seja uma boa Borboleta ou cortarei suas asas", as arrastava, algumas não retornavam, outras voltavam mutiladas, era horrível!, o cheiro de sangue e putrefação invadia todo o lugar.
Quando vi esse rapaz pela primeira vez, já estava muito machucado, ele dizia "por que forçaste meu anjo a ir a esse lugar repugnante?", "você e essa vagabunda da Cameron!" "a perseguem, a incomodam!", "oh, pobre do meu anjo", "diz seu nome... diz pra mim!" "agora!" depois o seguia batendo, o rapaz estava muito assustado, o torturou muito, pensei que já estava morto quando o vi jogado no chão cheio de sangue; com cada pergunta o rapaz tinha o rosto cada vez mais confuso, acho que não sabia a quem se referia, quem era seu anjo daquele louco.
Paterson se levantou e pediu que alguém lhe trouxesse um pouco de água, o que Patty estava dizendo era cru demais, muito pior do que ele poderia ter imaginado que um ser humano pudesse fazer a outro.
Alguém lhe trouxe um copo com água que Paterson colocou nas mãos de Patty, ela bebeu alguns goles e continuou.
- Um dia ele me arrastou para um quarto, havia muitas ferramentas, uma mesa e algumas cordas, me assustei ao ver que esse era o quarto de tortura, ao fundo tinha uma lousa com várias fotos, algumas eram sustentadas com pregos de borboletas, outras tinham pregos de besouros e apenas uma tinha um prego de anjo, a nenhuma delas reconheci, lá estava esse rapaz, jogado no chão coberto de sangue, era o mesmo que estava numa foto junto a uma moça de cabelo loiro. Aparentemente ele também a viu, em seu rosto parecia que já tinha entendido quem era o anjo por quem esse louco tanto perguntava...
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Atualizado até capítulo 83
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