ILSA

Eu não conseguia respirar.

Isso tinha que ser alguma piada doentia e distorcida que Roman

estava fazendo, talvez até uma tentativa de me irritar para que

pudéssemos fazer sexo de reconciliação com raiva.

Ele não poderia estar dizendo a verdade.

Mas enquanto eu olhava para ele, naqueles olhos que eu tinha

visto milhares de emoções se filtrarem em nosso curto tempo juntos, eu

sabia no fundo que mesmo ele não faria uma façanha como essa.

Só podia significar que ele estava dizendo a verdade, e doía.

Não, mágoa não era o sentimento que eu tinha. Foi uma dor de

partir a alma, como se alguém estivesse me esfaqueando repetidamente

sem parar.

— Eu sinto muito — disse ele, sua voz quase um sussurro. Havia

tortura em seus olhos, tortura que eu nunca pensei que veria em um

homem como ele. Ele é Roman Marchetti, um Don que tinha um poder

inimaginável com base em suas conexões.

No entanto, ele conseguiu arruinar minha vida com uma única

bala e, por isso, eu nunca poderia perdoá-lo.

Meu estômago revirou com o pensamento de como eu deixei ele

me tocar, deixei ele tomar as liberdades da minha vida e minha

inocência. Eu tinha beijado aqueles lábios, tocado as mãos que

seguravam a arma que arruinou minha vida.

Mais importante, ele sabia o tempo todo quem eu sou e o que ele

tinha feito, mas isso não o impediu de fazer todas essas coisas e muito

mais.

— Foda-se, Ilsa — Roman respirou, pressionando sua testa na

minha enquanto eu lutava internamente. — Eu queria te dizer tantas

vezes, mas eu sou um covarde do caralho.

Eu realmente não sei o que ele é neste momento para mim ou para

qualquer um. Ele havia tirado tudo de mim, tudo o que significava uma

boa vida para mim, não, uma ótima vida para mim, e todo esse tempo,

enquanto eu lamentava a tentativa de encontrar o assassino, ele

permaneceu em silêncio.

O assassino que eu procurava estava bem na minha frente.

Ele havia assassinado meus pais. Não havia maneira de contornar

isso.

Oh Deus. Eu ia ficar doente. — Saia de perto de mim! — Eu disse,

as palavras parando. Eu não sabia se ficava com raiva ou se gritava e

chorava.

Ou implorar para que isso não seja real. Eu não queria que fosse

real. Este era o homem com quem eu pensei em ter um relacionamento,

um que ontem à noite, eu pensei que estava me apaixonando.

— Não — disse Roman asperamente. — Eu não vou. Não até

conversarmos sobre isso.

Soltei uma risada torturada. — Falar de quê? Sobre como você

arruinou minha vida?

Ele se encolheu, mas eu estava começando a sentir a raiva

aumentar mais do que o desespero. — Você matou meus pais — eu fervi,

mantendo as lágrimas sob controle. Eu não ia chorar na frente dele.

Especialmente não ele. — Você tirou tudo de mim.

A mandíbula de Roman tremeu como se ele estivesse tentando

encontrar as palavras certas. Eu odiava dizer a ele, não havia palavras

certas. Ele poderia se desculpar mil vezes e ainda não seria o suficiente.

Isso nunca aconteceria.

— Eu não posso ter de volta o passado — ele finalmente disse. —

Mas posso ajudar com o presente, o futuro.

— O que você poderia fazer para consertar isso? — Eu perguntei,

minha garganta entupida de emoção. — Você não pode, Roman. Não há

nada que você possa fazer para melhorar isso. — Balançando a cabeça,

eu resisti contra ele. — Você sabia, não é?

— Eu não sabia até chegarmos aqui — ele soltou, sua mão me

segurando contra a parede. — Eu não sabia até você deixar cair sua

identidade.

O que foi antes de fazermos qualquer coisa remotamente sexual.

Ele sabia o tempo todo que dormimos juntos, a data, tudo.

Ele tinha feito tudo isso de alguma forma doentia para me

compensar?

— Não — ele disse como se pudesse ler minha mente. — Não vá

lá, Ilsa.

Comecei a bater em seus ombros e peito então. — Me deixe ir!

— Não! — ele gritou quando eu dei um bom golpe em sua

mandíbula. — Porra, Ilsa, apenas pare!

Se eu tivesse uma arma agora, estaria enchendo-o de chumbo.

Todas as vezes que sonhei em vingar meus pais, nunca pensei que seria

alguém próximo a mim, alguém com quem comecei a me importar, e isso

doía. Aquele sonho que tive algumas noites atrás não estava errado

então. —Você apontou a arma para mim naquela noite? — Eu perguntei,

minha voz grossa com lágrimas não derramadas.

Roman não desviou o olhar, uma emoção cruzando seus olhos que

eu não consegui decifrar. — Eu não estou falando com você sobre isso

agora.

Meu coração afundou ainda mais. No fundo, eu sabia que ele era

o único naquela noite. Era como se meu subconsciente o tivesse

colocado exatamente onde ele estava quando o conheci.

Eu odiei isso. Eu odiava ter me permitido me preocupar com ele.

— Deixe-me ir — eu rosnei, empurrando com força seus ombros. Eu

estava tão cansada disso, de tudo. Era bom que ele estivesse me levando

de volta para casa. Nunca mais queria vê-lo, porque se o fizesse,

provavelmente o mataria. — Te odeio.

A expressão de Roman escureceu. — Você está chateada.

— Não, eu não estou! Te odeio! — Eu estava gritando agora, mas

não me importava. Ele pensou que poderia controlar sua parte de mim,

que eu iria apenas me curvar à sua vontade e esquecer o fato de que ele

havia arrancado meu mundo inteiro naquela noite.

Estava errado. Tudo estava errado.

— Eu não posso consertar isso — Roman continuou enquanto eu

batia no peito dele com meus punhos, sem me importar que eu estava

machucando minhas próprias mãos. — Eu não posso, mas, porra, Ilsa,

eu quero.

— Suas palavras não significam nada para mim! — Eu ataquei. —

Deus, como você pôde fazer as coisas que fez sabendo o que fez comigo?

— Não é assim — ele começou, mas eu terminei de falar.

Eu tinha que sair agora.

Então eu levantei meu joelho rapidamente, acertando seu volume.

Roman caiu com um gemido, e eu me segurei antes de cair no chão,

lutando para me manter de pé para poder fazer meu caminho até a

porta. Eu não sabia para onde estava indo, mas não ia ficar aqui com ele.

Eu não podia. Meu coração torturado não aguentou. Quase me

apaixonei por um homem que era mais do que meu inimigo.

— Ilsa! — Roman rugiu quando eu agarrei a porta, pronta para

correr pelo corredor.

Eu não fui longe. Roman me agarrou pela cintura e me levantou,

levando-me para a cama antes de me jogar nela. Caí entre os cobertores

e travesseiros macios, mas antes que pudesse me recuperar, Roman

estava cobrindo meu corpo com o dele. — Por favor — ele murmurou,

seu rosto ainda contorcido de dor. — Não era assim que eu queria te

contar.

Eu parei de lutar e olhei para ele, meus olhos borrados com

lágrimas. — Você deveria ter me contado no momento em que soube.

— Você está certa — ele disse calmamente, vergonha e remorso

refletindo em seus olhos. — Eu deveria.

O silêncio desceu sobre o quarto enquanto nos olhávamos, meu

peito arfando de raiva e outras emoções que não consegui decifrar.

Fiquei magoada, chateada, arrasada por Roman ter matado meus pais.

Mas havia essa dor abrangente do que eu havia perdido que doía

mais do que tudo, e eu não estava falando sobre meus pais.

Os olhos de Roman deixaram os meus, e eu percebi na luta que

minha camiseta tinha subido sobre meus quadris, expondo minha nudez

para ele ver. O calor familiar se espalhou pelo meu corpo e meus lábios

se separaram. Mesmo em minha raiva e mágoa, eu ainda o queria.

Seus olhos se desviaram para os meus ao mesmo tempo em que

sua mão deslizou para baixo para acariciar meu quadril nu. — Ilsa — ele

respirou, com as pupilas dilatadas. — Você é linda pra caralho.

— Não — eu engasguei, embora meus membros se recusassem a

se mover.

Sua mão pairou perigosamente perto da junção das minhas coxas.

— Seu corpo está me dizendo algo diferente — ele murmurou.

— Não faça isso para me distrair.

Os olhos de Roman se arregalaram. — Eu não estou — disse ele,

mágoa em sua voz. — Eu nunca faria algo assim.

Deus me ajude, eu acredito nele. Engoli em seco quando seus

dedos roçaram minhas regiões inferiores levemente, forçando-me a não

reagir, mesmo que meu corpo estivesse me traindo. — Roman.

Ele respirou fundo. — Eu adoro quando você diz meu nome assim.

— Seus dedos traçaram minha fenda, e eu reprimi um gemido, tentando

desesperadamente lembrar o que tinha acontecido entre nós. Meu

coração estava dilacerado, dilacerado por sua traição e meus

sentimentos por ele. Eu não poderia ter os dois.

Posso? Eu estava guardando rancor contra ele sem saber toda a

verdade?

— Eu sei que você quer isso — ele murmurou, seu dedo

mergulhando dentro da minha entrada já molhada. — Eu posso dizer

que você quer isso, Ilsa.

Eu não queria sentir, mas ele estava tornando difícil para mim não

sentir nada. As coisas que ele fez, a maneira como ele as fez; Eu nunca

poderia esquecer seu toque.

Roman deslizou um dedo, então dois dentro de mim,

mergulhando sua cabeça para tocar sua língua em meu clitóris. Meu

corpo se apertou em torno de seus dedos e eu mordi meu lábio inferior,

desejando não arquear em seu toque. Ele estava tornando muito difícil

para mim lutar com ele, pensar que eu poderia ficar parada e não reagir,

mas minha mente racional estava me dizendo para deixar ir. Sexo de

vingança era tão bom quanto qualquer coisa. Eu poderia permitir que

ele pensasse que havia se safado de alguma coisa, que eu iria perdoá-lo

rapidamente.

O problema é que eu não sairia como uma pessoa inteira. Roman

estava me dominando como sempre fez, e eu não sou mais aquela

pessoa.

Então eu o empurrei, levantando-me da cama. — Não — eu disse

com firmeza. — Se você quer isso, você fará o que eu disser. — Ele queria

que fodêssemos até que não pudéssemos nos lembrar do que havia

acontecido entre nós? Ok. Eu estava pronta para isso.

Não importava. Eu estava arruinada de qualquer maneira.

— Tudo bem — disse ele cautelosamente, com os braços ao lado

do corpo. — O que você quer, Ilsa?

O que eu queria? Eu queria que isso fosse um relacionamento

normal. Eu queria que ele não fosse a pessoa que matou meus pais, a

mesma pessoa que eu deveria odiar. — Eu quero que você se submeta a

mim — eu forcei, escondendo a dor no fundo por enquanto. — Deite-se

na cama.

Surpreendentemente, Roman fez o que eu pedi, esticando seu

corpo longo e magro sobre a cama. Eu me abaixei e puxei o cinto em sua

cintura, forçando-o a abrir até que seu pau grosso saltasse para fora. Ele

estava duro e pronto, assim como eu pensei que estaria, e quando o

agarrei, ele estremeceu ao meu toque. — Pare — ele rosnou enquanto

eu corri meu dedo sobre a cabeça protuberante. — Assim não.

— Sim, assim — eu respondi, abrindo meu manto e montando

nele. Eu queria que ele fosse usado como eu me sentia, machucado como

eu.

Eu queria que ele sentisse.

— Ilsa. — Sua voz veio como um aviso, mas eu o ignorei,

deslizando sobre ele até que ele estivesse totalmente dentro de mim. Ele

me esticou imediatamente e eu tive que segurar outro gemido, cravando

minhas unhas na frente de seu peito. Eu não conseguia esconder o fato

de que estava encharcada, mas pelo menos podia me sentir indiferente

sobre isso.

Quando comecei a balançar contra ele, Roman gemeu, arqueando

os quadris para atingir o ponto mais fundo que me faria inundá-lo. Eu

não queria sentir, mas meu corpo estava me dizendo o contrário, e

quando cheguei ao orgasmo, gritei o nome dele.

— É isso — ele insistiu, suas mãos grandes encontrando meus

quadris e me guiando contra ele. — Só assim, Ilsa.

Choramingando, eu o montei por tudo que valeu a pena, de

alguma forma me perdendo na maneira como ele me preenchia. Quando

fechei os olhos, quase pude imaginar que era apenas mais uma sessão

de sexo entre nós e não uma maneira de nos machucarmos.

Mas no momento em que meus olhos se abriram, a realidade veio,

e eu mordi meu lábio inferior enquanto o montava com mais força.

— Eu vou enlouquecer — ele rosnou, seus dedos cavando em

minha pele. — Se você continuar assim.

Eu fiz isso de qualquer maneira, e ele gritou meu nome enquanto

se derramava em mim. Eu resisti a descansar minha cabeça em seu peito

como normalmente faria, sentindo as lágrimas arderem em meus olhos.

O que eu estava fazendo? O que nós fizemos? A evidência eram as listras

vermelhas em seu peito e abdômen, os fluidos vazando de mim.

Esta não sou eu.

Roman estendeu a mão e tentou acariciar meu rosto, mas senti a

raiva voltar e, antes que percebesse o que estava fazendo, dei um tapa

nele, o som ecoando no quarto.

Minha mão ardeu onde colidiu com seu rosto, e eu engasguei

quase imediatamente. — Você quer assim? — ele rosnou, raiva

aparecendo em sua expressão. Antes que eu percebesse, ele me rolou

para o lado e depois de costas, nunca se separando de mim. Minhas

pernas pressionadas contra seus ombros e ele entrou profundamente,

fazendo-me arquear para fora da cama com o contato.

Oh Deus, eu estava me partindo ao meio! Ele estava duro e pesado

dentro de mim, mas onde poderia haver dor, não havia nada além de

prazer no que ele estava fazendo. Roman nunca tornaria o sexo doloroso

para mim, não importa o que eu tivesse feito.

Meu orgasmo veio forte e rápido, e senti o edredom ficar molhado

debaixo de mim. — Dê-me isso — ele rosnou, com a mão ao lado da

minha cabeça, cavando mais fundo do que nunca. — Dá para mim, Ilsa.

Eu não tinha mais nada para dar. Nosso acoplamento foi rápido e

furioso, minhas pernas tremiam no momento em que Roman deu um

grito rouco, mas ele não desabou sobre mim, mantendo-se ereto

enquanto os últimos fios de prazer deslizavam pelo meu corpo.

— Ilsa — ele respirou, sua pele escorregadia de suor.

— Saia — eu disse com firmeza, mal me controlando. — Saia

agora!

Roman olhou para mim por um longo momento antes de se

desembaraçar e agarrar as calças, deslizando-as. — Isso não está feito.

Meus dedos tremiam quando puxei o roupão, envergonhada por

tê-lo deixado ir tão longe. — Acabou, Roman. Eu quero ir para casa. —

Eu não conseguia nem olhar para ele, ao mesmo tempo zangada comigo

mesma por ter escorregado tão facilmente nisso com ele e devastada por

ser realmente isso entre nós.

Ele não é meu, não mais, embora eu achasse que ele nunca tinha

sido realmente meu.

Agarrei o roupão com força enquanto Roman caminhava até a

porta, trabalhando em seu cinto enquanto o fazia. — Você irá para casa

amanhã — ele rosnou antes de sair.

Correndo para a porta, eu a fechei, indo tão longe a ponto de

trancá-la atrás dele antes de deslizar pela madeira até o carpete. Como

algo assim pode ser tão ruim para mim?

Eu havia derrubado minhas barreiras, deixado alguém entrar, e

esse era o castigo. Eu tinha dormido com meu inimigo.

Um soluço escapou de mim, e eu não tentei controlá-lo. De que

adiantava? Havia muita coisa para eu chorar.

Então deixei as lágrimas rolarem, um fluxo constante de soluços

que vinha crescendo há meses. Chorei pela morte de meus pais

novamente, pelo homem que havia segurado a arma e pelo

relacionamento perdido que nunca aconteceria.

Eu estava indo para casa e, embora devesse estar feliz com a

perspectiva, tudo o que ela trouxe foi dor e medo de como minha vida

seria depois que eu deixasse este pedaço do paraíso.

Uma vez que a coisa era certa; eu não ia esquecer esse tempo aqui

tão cedo. Minha vida, minhas opiniões sobre Roman mudaram

irrevogavelmente, e isso doeu.

Ah, doeu.

Quando finalmente me levantei do chão, deixei a porta trancada

para a noite. Desta vez, não haveria visitas noturnas de nenhum de nós.

***

Na manhã seguinte, acordei com o sol, me sentindo um lixo. Meus

olhos estavam vermelhos e doloridos, mas isso não era nada comparado

à dor no meu peito. Eu senti como se tivesse perdido meu melhor amigo

e não sabia o que fazer sobre isso. Como as pessoas superam um coração

partido? Antes, eu teria rido de alguém se tivesse feito essa referência,

mas agora entendi perfeitamente.

Eu estava com o coração partido.

Não, eu fui destruída.

Vesti uma camisa preta e jeans, a roupa mais simples que pude

encontrar, e respirei fundo enquanto ia até a porta. Roman tinha tentado

entrar ontem à noite?

Será que ele tentou abrir a porta?

Não havia Don taciturno do lado de fora, mas Isotta estava, com a

boca em uma linha firme. — Roman disse que você vai para casa hoje.

— Eu tenho que ir — eu ofereci, conseguindo dar um pequeno

sorriso. — Está na hora.

Ela fez um som cacarejante, pressionando uma pequena bolsa

estilo carteiro em minhas mãos. — Vim dizer que as suas coisas estão na

mala e o carro está à tua disposição quando estiveres pronta. Ele

mandou um recado ao aeroporto para preparar o jato.

Meus lábios se separaram. Roman não estava me aceitando de

volta? Eu não sabia como me sentia sobre isso.

Realmente acabou.

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