ROMAN

Uma hora depois, Ilsa estava vestida com uma calça de ioga e uma

camiseta comprida que consegui encontrar em uma das gavetas,

deixada por quem diabos seja. Sua perna balançava para frente e para

trás enquanto ela saboreava um hambúrguer da lanchonete da rua,

fazendo gemidos que deixaram meu pau duro como uma pedra contra

minhas próprias calças. Eu já tinha jurado não tocá-la até que ela

quisesse, mas porra, ela estava dificultando. — Deus, isso é bom — ela

disse, limpando a boca com um guardanapo. — Eu não sabia como

estava com fome.

Encostei-me no balcão, cruzando os braços sobre o peito. —

Estamos na merda, Ilsa.

— Eu sei — ela respondeu, pegando sua bebida. — Mas isso não

significa que devemos parar só porque as probabilidades estão contra

nós.

— Eu não tenho nenhuma intenção de desistir — eu respondi

calmamente. Seria um dia frio no inferno antes que eu deixasse Stanislav

escapar impune do que ele fez à minha família, à minha máfia.

Ilsa comeu o resto do hambúrguer antes de se sentar na banqueta.

— Nós iremos? Qual é o plano, então?

Essa era a pergunta de um milhão de dólares. Eu tinha mais

inimigos do que amigos agora, e eles poderiam vir de todos os ângulos a

qualquer momento, e eu seria incapaz de manter Ilsa segura. Ela é minha

principal prioridade agora, alguém que eu não posso perder.

— Acho que devemos ir atrás de Stanislav primeiro — continuou

Ilsa, batendo com o dedo no braço. — Ele é quem tem mais a perder.

Ela não estava errada sobre isso. Se eu derrubasse Stanislav, não

o deixaria com sua máfia. Não, eu ia levar tudo.

Mas Orlov não foi o único que me enganou. Guzman tinha me

traído pessoalmente, e eu não ia esquecer isso. — Guzman também.

— Concordo — respondeu Ilsa, franzindo a testa. — Não vai ser

fácil, Roman.

Eu sabia. Eu teria que cavar fundo para descobrir essa merda. Eu

não tinha mais nada à minha disposição, nem mesmo a porra do meu

nome. Stanislav tirou tudo.

Mas se eu fosse à guerra contra Stanislav, seria o fim do meu

tempo na vida da Máfia. Não sobraria ninguém para reconstruir. Eu

estaria lutando contra meus próprios homens, aqueles que deram sua

lealdade à minha família, apenas para virar as costas em um piscar de

olhos.

Eu não teria nada. — Será isso — eu forcei. — O fim da Máfia para

mim. — As palavras azedaram meu estômago. Nunca fiz outra coisa,

nunca conheci outra vida que não fosse a máfia. O que diabos eu teria

então?

O que haveria para mim?

Ilsa deslizou para fora da banqueta e eu enrijeci quando ela se

aproximou, sem saber ao certo o que ela planejava fazer. Fosse o que

fosse, eu sabia que merecia.

Quando ela segurou minha bochecha, estremeci sob seu toque. —

O que você está fazendo? — Eu murmurei, achando difícil colocar as

palavras para fora.

Seus dedos acariciaram minha bochecha com a barba por fazer.

— Estou deixando você saber que o que quer que você escolha fazer,

Roman, será a resposta certa. Nenhum de nós esteve nesta posição antes

e temos que confiar em nossos instintos.

— Meus instintos querem matar os dois — eu disse com raiva.

Nada me deixaria mais feliz do que enfiar minha faca em seus corações

traidores, depois de fazê-los sofrer pelo que fizeram à minha família.

Ilsa deu um pequeno sorriso. — Em algum momento, todos nós

temos que fazer escolhas. Algumas delas serão difíceis.

Eu lutei para não alcançá-la, querendo puxá-la contra mim. — Que

escolhas você fez, Ilsa?

Os olhos de Ilsa encontraram os meus, e vi dor ali,

arrependimento. Ela estava arrependida de ter se amarrado comigo? Eu

não poderia culpá-la. Eu praticamente arruinei sua vida, sua carreira,

tirei sua família dela. Eu sou responsável por cada lágrima que ela

chorou, cada dor que ela sentiu.

Por minha causa, sua vida foi muito diferente da que ela deveria

ter tido.

— Eu fiz uma escolha recentemente — ela disse finalmente,

deixando cair a mão. — Fiz uma escolha quando atirei em Pena. Era

minha vida ou minha carreira, Roman, e não foi uma decisão fácil de

tomar.

— Era a porra certa — eu resmunguei. Ela nunca saberia o

quanto fiquei apavorado ao chegar naquele armazém e encontrar aquele

babaca morto.

— Talvez — Ilsa respondeu suavemente. — Mas desde que fiz

isso, não posso voltar para minha antiga vida. Só posso seguir em frente,

e isso significa novas decisões, novos caminhos. É o mesmo para você,

Roman. Não é o fim do mundo, ainda não.

Eu esperava que nunca. Ilsa estava certa no fato de que eu teria

que tomar algumas decisões em relação ao meu futuro e se poderia

salvar algo do que estava em minha família há gerações.

Ou mesmo se eu quisesse. O pensamento me atingiu no peito

enquanto eu olhava para a mulher forte na minha frente. Eu poderia

pensar em uma vida com Ilsa se pudéssemos sair dessa merda.

É o suficiente? Eu seria feliz sem os negócios, o poder, o dinheiro?

Eu poderia encontrar uma vida sem todos eles?

Limpando a garganta, me afastei de Ilsa para colocar alguma

distância entre nós. Ela me fez querer ser um homem melhor pelo menos

por ela, por qualquer futuro que eu pudesse ter com ela, mas isso não

significava que eu estava destinado a escolher esse caminho.

Inferno, eu não sabia que caminho queria, mas queria que

terminasse com sangue em minhas mãos.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!