Rosas
Passou uma semana depois do ocorrido, depois disso não teve mais rugidos, luzes piscando e sensações estranhas de estarem sendo observados. Agora todos os alunos estavam ansiosos para daqui a duas semanas, um baile de inverno estava sendo feito como boas vindas pelas férias que agora tinham acabado.
Kaya
Eu não sei, precisa de par e você sabe que eu não quero convidá-la.
Kaya estava com o seu melhor amigo, Gabriel, um ruivo de olhos âmbar puxados para o mel. Eles estavam conversando sobre quem convidar para o baile.
Gabriel
Mulher, você é o que? Uma rata ou uma sapatona?
Gabriel
Você tem que convidar ela! Eu já tenho a garota dos meus sonhos para convidar.
Kaya
A Maria? É, eu seria rápido se fosse você.
Kaya aponta para Maria junto com John e Antônio. Depois do acontecimento de uma semana atrás, os três ficaram um pouco mais próximos, pessoas ao redor acham esse trio meio estranho.
Gabriel
Isso é bom..Ela finalmente tá tendo amigos, mas.. Tinha que ser logo homens?
Kaya
Para de ser ciumento. Você pode convidar ela ainda.
Gabriel começou com os seus monólogos dramáticos dizendo que tinha perdido o amor da vida dele. Enquanto os três ainda conversavam.
Maria
Agradeça. Teve um mês inteiro daquelas coisas rugindo sem parar.
Maria
Foi um inferno pra mim, só eu escutava.
Antônio ficou quieto, vendo uma tatuagem em Maria, era uma rosa branca que tinha detalhes em espinhos que apareciam no pescoço dela e provavelmente desciam até seu ombro ou peito, mas por conta das roupas só dava para ver uma parte visível.
Antônio
Eu não sabia que você tinha uma tatuagem.
Maria tocou seu ombro, seu olhar dizia que nem ela sabia que tinha uma tatuagem.
Maria saiu andando em direção ao banheiro feminino. Antônio e John ficaram sem entender nada, mas não seguiram. Antônio se virou para John.
Antônio
Já sabe quem vai chamar pra esse tal baile?
John
Eu não conheço ninguém, então... Eu vou ver isso daí direito. Ainda temos duas semanas pra isso.
Enquanto conversavam, o sinal tocou, estava na hora das primeiras aulas do dia. Alunos começaram a se movimentar, mas estranhamente uma sensação de algo pior se aproximando estava emanando no ar.
Depois das aulas da manhã, chegou finalmente a hora do recreio. Alunos saiam falando o quanto não aguentavam mais ter aquelas aulas chatas. Antônio saiu junto com John, por mais que ele o fizesse passar raiva, gostava da sua companhia.
John
Eu não aguento mais nenhuma aula hoje.
Antônio
Eu espero que seja alguma coisa gostosa pra comer no refeitório.
Enquanto eles conversavam, as luzes piscaram e ambos pararam na hora de andar. Antônio tentou olhar pra ver se achava Maria por alguns dos cantos, mas não.
Antônio
Eu acho que ela voltou lá pra cima.
John
Ela não avisaria? Ou evitaria? Já que ela ainda está com as costas ferradas.
Antônio
Não sei, vamos ver.
Os dois seguiram andando até às escadas novamente, aquela sensação estranha e ainda mais pesada. John foi o primeiro a avançar, porém uma voz fez eles pararem.
Richard
O que vocês acham que estão fazendo?
O líder do conselho estudantil, estava na frente deles, provavelmente fazendo uma ronda nos corredores.
Richard
Não escutaram o que eu disse?
John
Nós só queríamos ver uma coisa, só isso.
Richard
Está fora de cogitação! Não viram o aviso? Não podem subir.
John suspirou, não sabia o que iria fazer pra convencer ele. Ele olhou Antônio como se falasse pra dizer alguma coisa, mas era a mesma coisa que nada. Alguém se aproximou dos três, era Daniel e isso fez Richard corar de forma involuntária.
John
Ah.. É está. Só que.. A gente..
John ficou com certo receio de falar, Daniel olhou as escadas, depois o aviso e por último para Richard vendo que estava só fazendo o "trabalho" dele. O rapaz suspirou e se aproximou um pouco de Richard.
Daniel
Deixa eles. Prometo que recebo a responsabilidade.
Richard
O que?! Você ficou maluco? Se virem, eu que vou receber a culpa.
Daniel olhou para trás e viu que os dois já tinham subido, nem pra esperar ele, babacas.
Daniel
Prometo pagar o café do curso dessa semana, compro o que você quiser.
Richard não olhou nos olhos deles, pensando se era uma boa ideia ou não, mas poderia finalmente...
Richard
Tá! Mas não vai se achando não! Eu só estou aceitando porque já estava na hora de você ser cavalheiro. Idiota!
Richard saiu dali irritado, achando ele completamente idiota. Daniel riu daquela reação dele, já estava acostumado com aquilo e ficaria ainda mais. Sua visão se fixou em algo brilhante em um canto um pouco escuro do corredor, brilhando em rosa.
Daniel se aproximou intrigado querendo saber o que poderia ser. Aquilo brilhava e quando viu...
Uma rosa cor de rosa brilhava no cantinho mais escuro, algumas pessoas passavam mas não pareciam ver a tal rosa brilhante no chão. Daniel então curioso pegou com cuidado a tal rosa, mas acabou furando o dedo com um dos espinhos soltando um pequeno grunhido de dor, mas algo fez ele não sentir essa dor por muito tempo. A rosa desapareceu de sua mão e por algum motivo, ele viu em seu antebraço uma tatuagem de uma rosa cor de rosa com espinhos em volta.
Daniel
Mas o que é isso?..
No terceiro andar, Antônio e John andavam com cautela pelo lugar. Não viram a menina de novo, então decidiram explorar o local. Os dois estavam em um lugar que parecia uma biblioteca abandonada, onde os livros estavam mofados e empoeirados. John estava em um outro setor daquele lugar até ver um corpo morto, que estava em decomposição lentamente.
John
Caralho.. Antônio vem isso daqui.
Antônio parou de prestar atenção na prateleira que estava vendo e foi direto onde foi chamado. Ao ver o corpo morto tomou um susto, John estava com as mãos na frente da boca.
Antônio
Isso é um corpo de verdade?!
John
Como que a escola não sabe disso?
Antônio
Parece que está aqui há muito tempo, mas.. Ao mesmo tempo não.
Antônio
Já teria virado um corpo irreconhecível.
Os dois ainda olhavam para o corpo como se aquilo fosse um pesadelo, não imaginavam ver um corpo. John desviou o olhar para uma escrivaninha onde havia um papel ali. Suas pernas se moviam por conta própria e quando chegou perto viu que era uma ficha escolar.
Nome do Aluno: Antônia Oliveira
Idade que ingressou: 15 anos
Informações Adicionais: Antônia tem uma condição chamada nanismo, ela tem uma estrutura um pouco infantil para seu corpo, ou seja, não parece uma adolescente em desenvolvimento.
John
Esse nome não me é estranho...
Antônio
A garotinha que a gente viu! É ela.
Eles olharam a foto que tinha na ficha e sim, era verdade, a garotinha era a mesma da foto.
John
Então vimos um fantasma?
Antônio
Eu não sei, eu não acredito nisso, mas sei que a gente não deve ter inventado tudo da nossa cabeça ao mesmo tempo.
Os dois olharam para o corpo morto se decompondo lentamente, vendo que ele tinha semelhanças com a garotinha que viram a uma semana atrás. Estava com o uniforme, tinha uma presilha de rosa vermelha em sua cabeça, sua pele era clara mas não pálida e seus olhos estavam entreabertos mostrando que morreu infeliz.
Antônio
Puta merda.. É um fantasma mesmo.
John
Devemos contar isso para a diretora?
John
Como não?! Tem um corpo morto aqui! Provavelmente alguém mal intencionado veio aqui pra cometer esse assassinato!
Antônio
Não tem como! Se a garota nos alertou, tem que ter um motivo.
Antônio
Não podemos sair falando.
Antônio
Ou vamos passar de malucos!
John
E daí?! Tem a porra de um corpo aqui! Não tem como ignorar essa situação.
Antônio
John! Calma! Olha só, a Maria me falou que esse lugar é traiçoeiro e tem uma mulher por trás disso, ou seja, não podemos sair falando.
John
Mas.. O que fazemos então?
Antônio
Vamos falar pra Maria. Ela deve ter uma solução, eu acho.
John apenas aceitou, estava muito atordoado para falar qualquer coisa. Ele seguiu Antônio até as escadas com cuidado, porém Antônio teve sua visão tomada por algo brilhante.
Antônio
Vai descendo, eu não vou demorar.
Ele disse sem nem olhar John, Antônio se aproximou e viu uma Rosa vermelha que brilhava como a luz do sol.
Quase hipnotizado, Antônio pegou a rosa, pela primeira impressão não tinha espinhos em seu caule e quando pegou sentiu algo espetar seu dedo, obviamente um espinho que não tinha visto. A rosa sumiu de sua mão.
Antônio olhou para John em um susto e um pouco zonzo fez que sim com a cabeça. O rapaz se levantou e seguiu para a escada para finalmente sair dali, mas se sentiu estranho.
Novamente no alto daquela escola, Antônia estava com a cabeça deitada no colo de uma mulher enquanto recebia carícias que estavam despertando o seu sono.
???
Senhora, eu acho isso uma péssima idéia.
???
Não julgue meus métodos, querida.
???
Dois ratinhos já morderam as iscas.
???
Além do mais, eu só vejo os novos agindo, os meus antigos nem sequer estão fazendo alguma coisa.
???
Não querem mais ter envolvimento com isso, é o pensamento mais válido, senhora.
???
Esse é o problema deles. Eu não dei opção de escolha.
Todos os "escolhidos" agora não podem escapar do seu próprio destino.
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