Um novo começo
Um novo dia começa em Roses School, uma escola onde todos podem ser o que quiserem, ou não. Alunos novos estão chegando depois das férias de inverno. E parece que tem um deles resmungando.
Antônio
Droga… Por que justo eu?…
Esse daí é o Antônio, filho do zelador da escola. Ultimamente ele foi colocado na escola em que seu pai trabalhava por conta de uns probleminhas.
Antônio
Cadê também essa maldita sala?!
Nesse aumento de voz, Antônio esbarrou em uma garota que tinha uma aparência parecida com a dele, única diferença era que ela era mais baixa. Ambos tinham cabelos pretos, olhos pretos, peles pálidas e jeitos góticos de se vestir.
Kaya
Tá reclamando logo cedo?
Kaya
Não esperava te ver aqui, o que tá rolando grandão?
Kaya era um ano mais nova que Antônio, irmãos de sangue, compartilham a mesma vocação para encrencas, a diferença era que Kaya não deixava ser vista brigando.
Antônio
Eu não queria estar aqui.
Antônio
Aquele panaca do Kaique, ainda me paga..
Kaya
Bem feito. Já falei pra ser mais sigiloso.
Kaya
Mas, eu acredito que você vai se dar bem aqui. Não estou falando que é obrigação.
Enquanto Kaya brincava com a cara de Antônio. Ele pensava no maldito rapaz que o provocou em sua antiga escola, queria ter terminado o serviço, mas não deu tempo.
Antônio
Tá, eu já entendi. Agora... Onde está a sala do nosso pai?
Kaya pegou seu irmão pelo pulso e o levou sem muito esforço pelos corredores à frente. Os alunos olhavam a pessoa nova sem muita preocupação, ainda mais por ser Kaya levando ele.
Não demoraram muito para chegar na sala do zelador, onde na frente tinha algumas vassouras e um balde com um pano sujo dentro com água.
Um barulho de algo caindo foi escutado do lado de dentro, logo um palavrão ecoou e isso fez Kaya rir. Logo um homem ruivo, olhos verdes e gordinho, saiu de lá com um sorriso estabanado no rosto.
Robertão
Minhas crianças! Que bom ver vocês.
Kaya
Oi pai. Olha com quem eu acabei esbarrando na entrada.
Robertão
Eai Guri, tá tudo bem? Você não se machucou na briga e...
Antônio
Não. Eu estou bem, foi só uma brigrinha..
Robertão
Uma briguinha? Você literalmente quebrou o braço do outro guri!
Robertão
E ainda foi expulso no meio do ano letivo. Isso não é coisa que se faça!
Antônio
Mas ele que me provocou, falou umas poucas e boas de você e da..-
Robertão
Guri, isso não é desculpa.
Robertão
Você tem que aprender a lidar com suas emoções.
Robertão
A vida não é fácil pra quem se deixa levar.
Robertão
Eu só não quero que você se machuque, filho.
Robertão se aproxima de Antônio e bagunça seus cabelos mostrando preocupação. O fato dele ter feito o que fez em sua antiga escola, fez Robertão negociar com a diretora do seu emprego para colocá-lo ali, o que acabou funcionando.
Kaya
Que fofo, parece um cachorro quando domado.
Antônio
Cala a boca, cretina!
Kaya
Você me chamou do que?!
Robertão
Aí aí.. Crianças.
Robertão riu da situação, chamando eles de crianças, sendo que estavam na adolescência.
Não muito longe dali, no refeitório, onde todos estavam tomando café da manhã, tinha um rapaz comendo um sanduíche, seu nome é John, loiro dos olhos azuis acinzentados, estava tranquilo quando avistou duas garotas olhando para ele.
Olívia
Garota, ele é lindo! Certeza que é um dos novos alunos.
Suzane
Ah... É bacana. Não faz o meu tipo.
Olívia
Me diz o que faz o teu tipo em Suza!
Suzane
Eu só não acho ninguém bonito! Não é nada anormal, não.
Olivia e Suzane eram a dupla mais popular daquela escola. Olívia era parda, puxada um pouco mais escura, olhos castanhos claros e seus cabelos castanhos e volumosos. Suzane tinha cabelos loiros, olhos azuis como gelo e pele clara. Diferentes, mas amigas.
John sabia que estavam olhando para ele, mas estava interessado na Suzane, uma beleza angelical e fria. Ele tomou coragem para ir até elas, pegando em sua bolsa um pouco de carta.
John
Licença senhoritas, eu poderia roubar a atenção de vocês?
Olívia
Se quiser pode me roubar inteira.
John riu sem graça e Suzane revirou os olhos enquanto Olívia sorria de uma forma maliciosa para o rapaz.
John
Eu posso começar por você?
Suzane por um instante ficou chocada, mas decidiu aceitar aquela proposta.
John, sem muita cerimônia, começou a embaralhar as cartas com facilidade, parecia que ele fazia aquilo o tempo todo.
John
Quando eu terminar de embaralhar, eu vou pedir para você pegar uma carta e ler. Assim eu vou ter que adivinhar o que você pegou. Ok?
Ela disse sem muita expectativa. John fechou os olhos e deixou que ela pegasse a carta, logo ele fez sinal para que Suzane colocasse a carta no meio das outras. John abriu seus olhos embaralhando tudo de novo, logo pegou uma carta, obviamente a errada, mas estava escrito." Seu sorriso ilumina todos os cantos do meu coração. Continue com o seu sorriso."
Suzane
Tá bom, você me pegou.
Ela riu, não esperava que fosse uma cantada, mas... Também não esperava que ele faria isso em um truque mágico. John sorriu como um galanteador.
John
Então, tenho o seu número, senhorita?
Suzane
Acho que sim. Foi surpreendente.
Suzane pegou o telefone dele e começou a discar seu número para salvar nos contatos dele.
Olívia
E eu? Não vai fazer esse truque comigo?
John
Eh... Talvez mais tarde.
John estava desconfortável ali com a Olívia, agradeceu a Suzane e saiu do refeitório, deixando Olívia com uma inveja profunda de Suzane.
Ainda não tinha começado as aulas, Antônio andava tranquilamente, já que não se importava com aquelas matérias, por mais que agora tivesse que ficar enfurnado na sala por conta de seu pai. Quando chegou para descer as escadas do segundo ao primeiro andar, viu John no meio do caminho. Antônio já começou a ficar estressado, mas tentou manter a pouco paciência que tinha.
Antônio
Licença. Eu preciso passar.
Antônio
Garoto, eu tenho que passar. Eu não quero ter que pular não.
John ignorou mais uma vez.
Antônio
Seu idiota! Eu não vou avisar de novo!!
John olhou pra ele... E adivinha? Ele ignorou mais uma vez.
Antônio
Seu filho de uma-...
Antônio em um movimento rápido o pegou pela gola do casaco, sacudindo ele com certa agressividade enquanto John não expressava nada no seu rosto. Porém, uma mão delicada segurou o pulso de Antônio.
Antônio
O que?... Sai daqui, garota!
Angela
Não! Larga ele! Não agrida!
Antônio
Quem você pensa que é pra falar assim?!
Antônio estava quase se virando pra largar ela novamente, quando escutou a voz do seu pai se aproximando do corredor. Antônio claramente com medo largou John no chão com cuidado e saiu dali sem nem olhar os dois, Angela não entendeu nada.
Angela
Que rapaz maluco...
John estava maravilhado com a garota em sua frente, cabelos ruivos avermelhados, olhos pretos como o abismo e sua pele era bronzeada. Ela sorria com uma criança genuína.
Angela
Eu espero que ele não te provoque de novo!
John
Ah.. Mas quem provocou fui eu.
John
Enfim, depois eu peço desculpas.
Angela
Angela, muito prazer!
???
Angela! Vamos! A aula vai começar!
Uma amiga de Angela interrompeu John justo no momento que iria pedir o telefone dela também, um suspiro frustrado saiu dos lábios do rapaz.
Angela
Enfim, foi muito bom te ver! Até uma outra oportunidade!
Angela saiu dali com euforia, uma pessoa animada e extrovertida, era o padrão todo incluído em Angela.
John escutou o sinal bater, então se movimentou para sua sala. Quando adentrou o local, viu no fundão Antônio sentando encarando a janela e sabia que aquele ano seria puxado demais. Que o mundo tivesse paciência dele.
Mas o mundo não terá.
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