"Os lobos podem perder seu dentes, mas jamais sua natureza."
Vermelha
Pensamentos me levavam de volta para Wolf Cite o tempo todo.
fleches de memórias dilaceravam minha alma.
Minha matilha, meu irmão, os olhos de Rony.
— Não sei como acreditar em você. Em nada disso. O que mais há para saber? Isso é o que somos.
Disse Rony desesperado.
— Não é certo fazer isso. Você sabe que eu nunca abandonaria minha matilha se não fosse por necessidade.
Falei em voz baixa.
— Se essa não fosse a única forma de ajudá-los.
Nossos olhos se encontraram; meu olhar era confuso e inseguro.
— Não temos muito tempo.
Disse a ele.
— Como conseguiu chegar antes dos outros?
Ele olhou na direção de onde tínhamos vindo.
— Houve um alvoroço quando descobriram o corpo de Ana, mas senti seu cheiro e saí primeiro. Os outros estão se reagrupando, a matilha do meu pai. Os Liosgate veteranos.
Ele ficou tenso e meu corpo foi tomado por uma onda gélada.
— E os Yakimas?
Perguntei.
— Estão sendo interrogados.
De volta ao presente.
— O que aconteceu em Wolf Cite?
Precisei me desvencilhar de Deni para
conseguir me reestruturar.
Ninguém me respondeu e afugentei um calafrio igual ao que senti no dia da fuga.
Nesse instante não poderia me permitir ser consumida pelo medo do que poderia ou não ter acontecido a minha matilha.
Coragem inabalável e nervos de aço eram minhas melhores, não, as únicas, chances de salvá-los.
— E a luta? Como descobriram onde estávamos? Mataram Darth Andros?
Lary riu.
— Matar Darth Andros. Ninguém consegue matar aquela coisa.
— Coisa?
Deni ergueu as sobrancelhas.
— Como assim, coisa?
— Ninguém é capaz de matar Darth ainda.
Disse Lary, olhando para Deni antes de se dirigir a mim.
— Ainda estamos tentando avaliar o que está
acontecendo em Wolf Cite.
— Vocês nunca sabem de nada?
— Olha o tom de voz, lobinha.
Disse Trice, ajustando a alça da balestra
no ombro.
— Se não fosse por nós, teria sangrado até morrer naquela biblioteca.
— Por sua causa estava sangrando na biblioteca!
Parti para cima dela, ainda na forma humana, agarrei Trice pela jaqueta e o joguei em cima da mesa.
Inclinei-me para ter certeza de que ela olhava diretamente para minhas presas.
— Nunca mais chame minha atenção sobre o meu tom de voz. Não tem ideia de com quem está se metendo.
— Vermelha!
Lary foi para o meu lado e me arrancou de cima de Trice.
— Por favor, isto não é necessário.
Trice deu um salto.
— Que droga é essa? Precisa domesticar seu cachorro, Lary.
Sorri com desdém.
— E você precisa aprender a não me chamar de cachorro.
A garota que havia estado ao lado de Deni quando cheguei começou a rir:
— Legal.
— Vai para o inferno, Rubia.
Trice permanecia arisco.
— Olha a boca.
Rubia estalou a língua.
— Precisamos de Vermelha.
Disse Lary, impassível, apesar do olhar de
Trice.
— Isto não vai mudar.
— É verdade, além disso, ela tem razão.
Acrescentou Martin, com um olhar severo para mim, mas com um sorriso de admiração.
— Você a acertou com um monte de flechas.
— Isto é ridículo.
Disse Trice.
— Primeiro, negociam com este garoto e
agora com um lobo. Nós somos melhores que isso.
— Este garoto é o progênito.
Lary conteve Trice com um olhar severo.
— E uma alfa pode ser a chave para ganharmos essa guerra.
Trice bufou:
— O progênito nunca fez nada por nós, e não existe a menor chance de os lobos ganharem essa guerra. Essa é a nossa luta e eles estão do outro lado!
— Estou certo de que vai ser diferente agora que Vermelha se uniu a nós.
Lary ergueu uma das sobrancelhas e olhou para Deni, com expectativa.
Deni enfiou as mãos nos bolsos.
— É, pode ser.
— Esta resposta não é boa o bastante, Deni.
Um vestígio de irritação sombreou o rosto de Lary.
— Do que ele está falando?
Perguntei.
Deni parou de encarar Lary e demorou um pouco até olhar para mim.
— Eu disse que não contaria nada sobre Wolf Cite ou o que descobrimos na biblioteca até ver você. Sã e salva.
— Ah.
Não sei como consegui não corar, apesar da onda de calor por todo o corpo.
Trice tinha os punhos fechados e começou a andar de um lado para o outro, próximo a Lary.
— Não me importa que ele seja o progênito. É praticamente um bebê no nosso mundo. Precisa obedecer ordens, e não impor condições.
— Posso ir embora se quiserem.
Resmungou Deni.
— Se acharem que estou abusando da hospitalidade.
— A porta da rua é ali.
Trice apontou para a saída.
— Chega! É assim que as coisas são, Trice.
Interrompeu Lary.
— De agora em diante. Está claro?
Trice ficou olhando para Lary em silêncio e finalmente virou-se e caminhou para o lado oposto do salão.
— Pois bem.
Disse Rubia.
— Pelo que entendi, não podemos falar
sobre Wolf Cite até a chegada de Tessa, então poderíamos passar às apresentações.
Ela começou a caminhar harmoniosamente pelo salão, sorrindo como se a tensão no ambiente sequer existisse.
Lary franziu a testa.
— Apresentações?
— Claro. Parece que você se esqueceu da minha grande estreia. Estavam todos tão alvoroçados com Deni que ninguém se importou. Mas recebi ordens
de me reportar a você, Lary.
Ela empurrou um maço de papéis contra o
peito de Lary.
— Acredito que esteja satisfeito com a conclusão do meu treinamento na Academia. Estou pronta para minha missão com o grupo de Hunter.
Ele suspirou ao pegar os documentos.
— Estou, Rubia. Parabéns pela conclusão dos exames. Não poderíamos estar mais orgulhosos de ter você a bordo.
Ela lhe lançou um falso sorriso.
— A partir de agora é só Rub.
Murmurou.
— O nome todo é longo demais.
— Se prefere assim. Você concluiu o curso numa velocidade impressionante, além de receber as mais altas recomendações de seus professores.
Comentou Lary.
— Vai poder escolher suas missões.
— Eu sei.
Respondeu, com olhos semicerrados.
— Não precisa trabalhar com Hunter.
— Eu sei.
Seus dentes estavam trincados.
— Já era, tá? Vai ter que me engolir.
— Sabe que não é isso que quis dizer.
Protestou Lary, mas ela balançou a cabeça.
— Desista.
Ela tirou a franja escura dos olhos e lançou um sorriso genuíno para Lary.
— Feliz em me ver? Está no posto avançado há quanto tempo... Uns três meses?
— Que tal seis?
Respondeu ele.
— E, obviamente, você já me esqueceu.
Vi como dava em cima do nosso progênito quando entrei. Uma verdadeira sedutora.
— Não estava dando em cima dele.
Disse ela, mas vi quando seu rosto ruborizou e ela olhou de canto de olho para Deni.
— Sabe perfeitamente onde eu estava e por que precisei estar aqui. Não abandonei você.
Cravei as unhas nas palmas das mãos quando Deni me encarou com cara de culpa. Quem era essa garota?
— Um homem sabe quando leva um fora.
Lary levou a mão fechada ao coração.
— É assim que você tem se intitulado ultimamente?
Perguntou ela com sorriso malicioso.
— Um homem? Pensei em palhaço... ou talvez poser.
— Não.
Disse Lary.
— Acho que ficaremos com homem. Gostaria de tirar a prova?
— Agradeceria se dissesse que não, Rubia.
Apesar do rosto contrariado, reparei que Lary escondia um sorriso por trás da expressão
irritada.
O sorriso disfarçado sumiu quando ela retrucou:
— Nem preciso perguntar se você sentiu minha falta.
— Bem, estou exultante em vê-la.
Disse Lary rapidamente, enquanto fazia uma careta, e se meteu entre os dois. Inclinou-se e a beijou no rosto.
— Martin e Silas estão sempre fora. Trice é mal-humorada demais para ser divertida. E não tem a metade da sua beleza para servir de colírio para os meus olhos.
Voltei a observar a nova garota. Era bonita… bonita até demais. Será que tinha dado em cima de Deni enquanto eu estava inconsciente?
— Ele está brincando.
Disse ela, olhando para Deni enquanto se virava de costas para Lary.
— Não, não estou.
Disse Lary.
— Sem querer ofender, Trice.
— Estou devastada.
Respondeu trice, entediada.
Rubia me encarou com um sorriso.
— E essa é a menina-lobo? Deni fala de você o tempo todo.
Sorri para ela. Mesmo que ela estivesse dando em cima de Deni, ele continuava com os pensamentos focados em mim. Que bom. Como eu queria.
— Esta é Rubia.
Disse Deni.
— Ela tem me mostrado como funcionam
as coisas por aqui.
— Pode me chamar de Rub.
Pediu ela.
— Meu nome é Vermelha.
Respondi, esticando-me para acentuar os
centímetros a mais que tinha sobre ela. Mesmo que Deni não estivesse interessado, queria que a garota soubesse o que havia entre nós.
Seus olhos brilharam de contentamento.
— Foi o que ouvi. Uma Guardiã chamada Vermelha… nascida na lua de sangue. Um detalhe de bom gosto.
Não pude conter um gemido que brotou da minha garganta.
— Uh-huh, filha da lua.
Esta era exatamente a impressão que eu não queria passar.
— Simplesmente fantástico.
Murmurou ela, um sorriso apareceu em
seus lábios.
— Bem, muito prazer em conhecê-la, Red. Se estiver realmente do nosso lado.
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Atualizado até capítulo 75
Comments
Pollyanna Dias
Tantos personagens no início que fiquei perdida sem entender nada.
2024-01-24
1
Pedro Henrique
livros muito bom
2023-10-12
3
Sintia Oliveira de castro
isso mesmo
2023-09-01
6