Capítulo 4

Bianca

Continuamos subindo o morro e eu não sei aonde vamos parar subindo tanto, mesmo depois do momento de terror que passei eu estou determinada a encontrar o meu pai e agradeço a meu salvador Ezequiel por chegar no momento exato em que aquele tal se Piauí ia fazer a maldade comigo.

Enquanto subimos o morro não pude deixar de notar a arquitetura do local, as casas são feitas passando a impressão de estarem um por cima.da outra, e o espaço de rua entre elas é mínimo.

Eu não esperava que o Morro do Alemão fosse assim, pois nas reportagens que passavam na televisão mostravam a imagem do helicóptero então passava a impressão de ser um local até bem distribuído, mas olhando de perto eu vejo que a diferença é gritante.

Observo a casa e as pessoas, os homens me olham e abaixam a cabeça e as mulheres me olham com admiração, as crianças me vêem como uma princesa de conto de fadas e eu me divirto com isso, pois sou apenas uma menina comum que está a procura de um pai que nunca viu.

— Tia você tem um real para me dar eu estou com fome?

Olho para minha direita e vejo um garotinho com a expressão sofrida abro a minha bolsa e tiro um pacote de torradas e entrego para o garotinho.

Verifico meu bolso e encontro uma nota de dois reais e dou para ele.

— Não sei se é o suficiente para te ajudar pequenino, mas compre um pão para você comer.

O pequeno me agradece e corre saltitante e feliz.

Observo a rua em que estamos passando e noto que agora estamos passando por uma viela muito estreita.

— Ezequiel onde estamos indo?

— Estou te acompanhando ao endereço que me deu Bianca e por favor docinho, não me chame de Ezequiel, aqui no coração da comunidade eles me conhecem por Fantasma.

Sorrio, Fantasma, é um apelido apropriado já que o Ezequiel é um jovem de pele bem clara e cabelos escuros, os olhos são de cores indefinidas, ora estão verdes, hora estão azuis, entoa acredito que conforme muda a luz do ambiente em que ele estão seus olhos mudam também.

— Meu pai não mora se esconde.

— Bianca a sua mãe não lhe deu mais informações sobre o seu pai antes de te mandar vir procurá-lo, você quase foi abusada hoje.

— O que a minha mãe disse é que meu pai era de família humilde e que sempre morou aqui no Rio de janeiro — Que meus avós não aceitavam o relacionamento e para separa-los mudou com ela para a região dos Jardins São Paulo.

— Entendo, a diferença social o pai pobre e a mocinha rica e os pais da mocinha não aceitam e separam a mocinha do herói.

Não me contenho e dou risada o Fantasma resumiu o que falei de uma maneira divertida.

— Bem é isso Fantasma, eu não tenho nenhuma foto, como referência só tenho o endereço e o colar cravejado que eu estou usando com as iniciais dos nomes dele M e A.

Continuamos descendo e depois viramos a direita e eu me espanto com a enorme casa que estava escondida por trás de tantas outras e que não dava para ver.

— Chegamos Bianca aqui e a casa de seu pai.

Olho ao redor e vejo três homens armados com fuzis e já não me assusta essa visão, pois compreendi que aqui no Alemão os malacos estão preparados para uma guerra de polícia e bandido.

Fantasma abre o portão e me conduz para dentro.

— Fantasma o que está havendo está louco é por que trouxe essa bandida para cá?

— Essa bandida é assunto do Angelo, Michelangelo.

— Oh! O ngelo está la dentro podem seguir.

Finalmente após passar um susto no começo de ser quase estuprada por três marginais e salva por Fantasma vou conhecer o meu pai.

Entramos e para a minha surpresa tem mais dois homens armados com fuzis dentro da casa, não sei o que deu em mim, mas por instinto não sei abracei o Fantasma que me ampara.

— Angelo essa jovem está a sua procura, ela veio de São Paulo a pedido da mãe dela te procurar.

— Pode se aproximar pequenina eu não mordo.

Ainda com medo me aproximo de ngelo Garcia.

— Você me lembra um grande amor de minha vida do passado, fomos separados pela família dela — A semelhança é incrível é a Mariana todinha.

— Ela é minha mãe papai.

Falo isso já puxando o colar que está escondido embaixo do sobretudo de Fantasma que eu estou usando.

— Minha filha?!

— Eu também achei estranho chefe mais essa jovem veio de São Paulo para procurar o pai que ela nunca viu e tudo indica que esse pai é você.

Observo aquele homem troncudo e cheio de tatuagens e sinto que a minha vida vai mudar da água para o vinho.

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