| Um motivo para seguir

Tudo parecia e estava desmoronando. Eu não tinha motivação para me levantar, para seguir. Meus dias eram vazios, e os pensamentos ruins rondavam a minha mente, de forma insistente.

Comecei a faltar no trabalho. A carreira que construi com tanto esforço. Essa conquista era mérito do que queria construir para minha família, e agora eu não tinha mais.

Bateram na porta de forma insistente.

— Lewis eu sei que está aí cara.

Fiquei em silêncio, mas como sabia que Will não desistiria facilmente então eu me levantei e atendi a porta.

— Lewis.

Ele encarou o amigo, a barba por fazer e sabe-se lá a quantos dias ele estava usando a mesma roupa. Garrafas de bebida estavam por toda parte do lugar.

— Sinto muito irmão, mas não vou deixar você se destruir. Precisa voltar.

— Não tenho por que seguir.

— Então encontre um novo motivo para seguir. É melhor pensar rápido, vá se barbear, e se arrume. Teremos uma visita importante no departamento.

— Will...

— Não cara, eu de fato entendo sua dor. Mas se afogar na bebida ou na culpa, não vai fazer as coisas melhorarem.

Ele estava certo. Me levantei e tomei um banho, me barbeei e coloquei a farda, provavelmente receberiamos a visita de um inspetor chefe. Essas ocasiões requeriam trajes mais formais.

Quando sai Will havia feito uma omelete, e um suco de laranja.

— Lavou as mãos Will?

Eu o encarei com uma sobrancelha arqueada.

— Coçei o saco e depois preparei seu omelete, qualquer corpo estranho é mera coincidência.

Ele gargalhou alto, me fazendo rir, coisa que não tinha feito a muito tempo.

— Eu lavei as mãos idiota. Coma.

Depois do café seguimos para o trabalho, tudo estava agitado, e as pessoas me cumprimentavam.

Quando nossa visita chegou eu fui chamado a uma sala. Fod*eu eu pensei. Estou demitido.

— Sr. Miller, estava ansioso para conhece-lo.

Disse a figura imponente cujo uniforme era cheio de medalhas de condecorações.

— É uma honra conhece-lo senhor Flynn.

— Tem sido bem recomendado Sr. Miller. Estou aqui para discutir a sua promoção.

Promoção? Era um péssimo dia para isso. Eu estava literalmente, no fundo do poço, o pessimismo me abraçava. Além do que ser promovido não era bem o que queria. Chefe de departamento? Talvez eu sonhasse com isso. Não mais.

— Senhor, me sinto honrado. Mas gostaria de recomendar William Fletcher para a função de chefe de departamento.

— Isso é incomum Sr. Miller. É sua decisão final?

— Sim senhor.

Conversamos mais algum tempo e depois William foi chamado na sala dele.

E depois de um tempo ele saiu da sala, estava feliz. O próprio Sr. Flynn anunciou a promoção dele. E todos estavam comemorando com ele, inclusive proporam um happy hour depois do expediente.

— Ei irmão, eu sei que foi você.

Ele disse me abraçando.

— Você merece Will, além do que é uma responsabilidade que não quero assumir. Na verdade, eu fiquei pensando no que disse hoje. Sobre encontrar um novo motivo para seguir. Eu quero sair do departamento de homicídios. Quero trabalhar em algo diferente. E principalmente quero reconquistar a minha mulher. Will, eu amo a Ísis e não vou desistir.

— Eu estou torcendo por você irmão. De verdade.

Naquela noite fomos para o bar, comemorar a recente promoção do Will, eu estava ali,mas minha cabeça estava na Ísis. No que poderia fazer para reconquistar a minha mulher.

No dia seguinte segui para casa dos pais dela, Ísis estava sentada na varanda, estava na cadeira de balanço, com uma manta jogada no corpo, e uma xícara de café ao seu lado. Linda, era linda, e eu a amava. Ela parou de ler e olhou para mim, não encontrei o olhar que ela costumava ter para mim. Ela estava indiferente.

— O que esta fazendo aqui Lewis?

— Isis, vamos conversar.

— Você não entende Lewis? Eu disse que não era para você me procurar.

— E o que eu deveria fazer Isis? Você virou as costas para mim. Foi embora sem olhar para trás. Temos uma história juntos Ísis.

— História que eu quero esquecer Lewis. Não entendeu isso ainda?

— Ísis...

— Não Lewis, eu já tomei a minha decisão. Eu estou quebrada Lewis. Eu não consigo aceitar o que aconteceu. Não consigo. Vá embora! Não volte aqui.

Ísis se levantou e virou as costas para mim, eu corri na direção dela, segurei o seu braço, o meu coração estava acelerado. Quando tentei beija-la Ísis virou o rosto.

— Não. Se eu fizer isso você terá esperança de que tudo pode ser como antes. E não da Lewis. Não dá.

— Ísis eu te amo tanto.

— Lewis, não faz isso.

Ísis soltou o braço e entrou na casa. Eu fiquei naquela varanda sentado em um dos degraus. Depois me levantei e entrei no carro.

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