Capítulo 14

Quando Cecília voltou a si, estava em sua cama, sozinha. Deus graças a Deus por isso. Suas lágrimas inundaram seu rosto. Como pudera ser tão idiota esse tempo todo. Depois de conhecer a verdade sobre o casamento da mãe, de tudo que ela passou jurou a si mesma ser esperta e não se iludir com promessas vazias. Mas Caio foi um excelente ator. E ela baixou a guarda. Mas sairia dessa. Nunca deixaria de tentar sair. Ela sabia que não poderia bater de frente. Finalmente entendeu o significado do "mundo" de Caio. Ele era um traficante poderoso. Era o rei. Tinha controle absoluto de muitos pontos de tráfico e não era só de drogas. Tráfico de mulheres gerava ainda mais dinheiro. Ela estava numa tremenda enrascada. E sozinha. Escuta vozes e fecha os olhos, fingindo estar desacordada ainda.

_ Ela ainda não voltou a si doutor. Examine_a aqui mesmo.

_ É melhor irmos ao hospital.

_ É surdo?_ Examine_ a aqui e agora.

O médico suspira. Mas obedece. Depois de examinar, passa álcool no nariz de Cecília que não tem alternativa a não ser abrir os olhos.

_ Boa noite senhora. Não se assuste. Sou o doutor Téo. A senhora teve um desmaio. Tem se alimentando bem? Sente alguma dor?

_ Não. Estou bem. Estou cansada somente.

_ A senhora já teve esses desmaios antes?

_Quando era criança sempre que via sangue desmaiava. Mas agora não mais.

O médico disse a Caio que Cecília estava bem. O desmaio pode ter sido causado por stress.

_ Ótimo Obrigado doutor. Eu cuido dela agora.

Cecília não queria que o médico fosse embora. Mas se viu sozinha com seu pior inimigo. Ela olhou para outro lado, o ignorando.

_ Muito bem. Você pode escolher como será nossa convivência querida. Eu não tenho interesse em você. No entanto eu quero um herdeiro. Só virei procurar você no seu período fértil. Que Ana já sabe quando é. Você claro que pode ir trabalhar. Com seguranças meus. Se tentar alguma coisa, eu não penso duas vezes. Mato sem piscar

Como Ana podia saber quando era seu período fértil? Aí se lembra que ela fez questão de ir com ela na consulta pré nupcial. Mas ficou feliz por saber que poderia trabalhar.

Cecília viveu um inferno por um tempo. Aturando seu pai e a ordinária da esposa dele que zombavam dela na frente da "família" de Caio. Era uma família grande. Mas a pior parte foi suportar seu período fértil. Ele agia como um predador. Ela se sentia estuprada sempre. E na verdade era. Muitas vezes levava bofetadas pois ele ficava com ódio dela se manter imóvel. No próximo mês Cecília não menstruou e teve vontade de morrer. O Dr Téo confirmou sua gravidez. Caio ficou radiante. Deu a ela um conjunto de colar e brincos de brilhantes. Ana não ficou nada satisfeita. Ela não era idiota como Caio pensava Sabia que ele estava realmente apaixonado por Cecília. Quando a procurava depois que estuprava Cecília, ele a chamava de Cissa. Ela reclamou uma vez, mas levou uma bofetada e se conformou. Ele lhe deu jóias também para agradecer por controlar sua esposa. No entanto, Ana começou a mudar de atitude. Ela se lembrou de como Cecília foi boa com ela. E mesmo sendo traída até por ela, ainda era carinhosa com Ester. Na verdade,  pedia permissão para que a deixasse brincar com sua filha. Cecília era uma pessoa de coração bom. Não merecia o que estava acontecendo. Por amar Caio,  ela aceitou fazer tudo o que fez. Mas agora começou a gostar de verdade de Cecília. E ainda mais sabendo que ela seria separada da criança. Ela começou a tratar Cecilia com mais carinho, tentando amenizar seu sofrimento.

Cecília estava mal com os sintomas da gravidez. Ficou fraca, pois tudo que comia, ela vomitava. Teve uma forte anemia e precisou ser internada para tratar. No hospital, Caio se mostrou um marido amoroso e preocupado. Em casa, segura forte seu braço e rosna entre dentes que sabe o que ela está fazendo. Ela olha surpresa para ele

_ O que estou fazendo? Tenho culpa se estou fraca?

_ Você não se alimenta da forma certa para intensificar os vômitos. Fica com anemia e mata meu filho

_ Só um idiota como você pode chegar a essa conclusão. Eu o odeio. Mas amo meu filho. E se não o amasse, só o fato de saber que se tiver um aborto terei que te suportar novamente me estuprando. É um motivo forte para desejar ainda mais que meu filho fique bem.

_ Eu... não sabia que você vê como estupro. Eu faço amor com minha esposa.

_ Não seja ridículo. Você faz é tortura comigo. É estupro. Nem com Ana você faz amor. Faz sexo. Você não tem capacidade de amar ninguém além de si mesmo e de dinheiro.

Caio por um momento fica entristecido com essas palavras. Mas logo vira fúria e sem pensar a agarra com força. Ela tenta fugir. Mas ele é forte. Ele facilmente a domina e ela mais uma vez viu o que iria acontecer antes mesmo de chegar ao quarto. É jogada na mesa do escritório e ele a possui violentamente. Sente tanta dor que chora. Ele não se comove. Fica ainda mais furioso por ver a repulsa estampada no rosto dela. No fim ele a pega pelo braço para que ela saia da mesa e ela perde a razão. Começa a bater nele e o acerta com um tapa forte no rosto. Ele dá um empurrão forte nela que perde o equilíbrio e bate a barriga com força na mesa. A dor é tanta que ela desmaia. Caio se apavora ao ver sangue escorrendo nas pernas dela. A pega no colo e corre para o hospital. Mas o bebê se foi. E Cecília precisa ficar no hospital pois teve uma hemorragia que demorou a parar. Precisava tomar sangue. Caio ficou envergonhado e furioso. Mandou Ana ficar com Cecília no hospital e foi para sua boate se divertir com suas garotas.

Cecília ficou internada três dias. Chorou muito ao saber que seu bebê se fora. Mas ela com certeza não iria suportar passar por tudo aquilo de novo. Desejou ter morrido junto com seu bebê. Vê Ana no sofá e olha para o outro lado.

_ Você está bem? Quer que chame a enfermeira?

_ Saía daqui.  Vá correndo avisar seu amante que sua vítima acordou.

_ Cecília eu sinto muito pela sua perda.

_ Não preciso de seus sentimentos. Se é que tem algum.

_ Olha eu me arrependo muito de ter concordado em te enganar. Eu amo muito Caio. Ele foi muito bom pra mim quando meu pai me vendeu para ele. Eu tinha 14 anos. Achei que ele me amasse. E sempre fez tudo para me fazer feliz. Fechei os olhos para o seu lado criminoso. O ajudei a te enganar. Mas convivendo com você, aprendi a gostar muito de sua companhia. Aprecio sua coragem. A admiro muito pois mesmo depois de tudo trata minha filha com carinho. Quero me redimir com você. Se quiser eu a ajudo a fugir.

_ Acha que eu acredito em você? Está me testando para correr e contar para seu amante.

_ Não. Pelo amor que tenho pela Ester e por esse bebê que carrego estou sendo sincera. Vamos planejar como poderá fugir. Pode confiar em mim.

_Está falando a verdade?_ Cecília sentiu um arrepio elétrico renovando suas energias.

_ Sim, pode acreditar. Assim que estiver forte, poderá sair desse tormento. Mas aconselho a você proteger seus bens de forma que tenha como se sustentar longe daqui. Ele sempre se dá bem. No entanto é a primeira vez que lida com o amor. Porque ele te ama de verdade.

_ Ele não ama ninguém Ana. Amor não machuca. Ele é tirano, cruel. Eu aceito sua ajuda Vou lhe dar dinheiro para que se quiser sair dessa vida poderá sobreviver.

_ Eu não preciso de dinheiro Cecília. Agradeço. Ele vai me deixar livre depois desse bebê. Eu sei disso. Ele não queria nem a Ester. E esse muito menos. Eu o ouvi dar ordens a seu segurança que providenciasse os papéis do casamento. Ele vai se casar comigo. Cuidará de mim, dos meus filhos. E eles continuarão a ser herdeiros dele. Mas não me quer mais. E eu também não quero viver com ele depois de tudo isso. Ele foi muito cruel com você. Matou seu bebê.

_ Obrigada Ana. Fiquei muito magoada com você quando soube que fazia parte de tudo. Mas agora sei que agiu sob o domínio dele. Você não o ama também. Sente gratidão por um crápula que abusou de você aos   quatorze anos.

_ Sim. Tem razão. O segurança que irá casar comigo é muito simpático. Sempre me tratou com carinho. Acho que o amor vem depois. Só quero uma vida normal com meus filhos.

_ E vai ter. Vamos começar agora mesmo a traçar minha liberdade, Ana.

Ana dava anticoncepcional para Cecília escondido, que suportava novamente as  tentativas dele de outro filho. Nos dois meses seguintes o plano estava bem traçado. A fortuna de Cecília estava assegurada em um banco da Suíça. A mansão de Cecília foi doada para uma instituição de caridade, sob a condição de anonimato. Quando Cecília estivesse em segurança, ela daria a ordem para a instituição requerer a posse da mansão. E numa madrugada fria de junho, Cecília ganhou sua liberdade. Ana a ajudou a sair vestida como uma empregada. Todos na mansão estavam dopados. Cecília abraçou Ana e colocou um envelope nas suas mãos. Disse que era um presente para Ester. Cecília foi rapidamente para o aeroporto e sumiu em um avião alugado no nome de Clara Albuquerque. Ela morou em vários países, com várias identidades falsas. Ana lhe informava de tudo. Caio enlouqueceu de ódio por ter sido enganado. E quando os papéis de divórcio litigioso chegaram ele quebrou o escritório inteiro. Ele a  procurou incansavelmente. Mas era como se ela nunca existisse. Seu pai levou uma surra e só não foi deserdado devido ao compromisso de família de Caio. Ana se casou com o segurança e estava muito feliz. Tivera mais um filho com ele. Caio nunca desconfiou que ela ajudou Cecilia, pois ela fingiu estar dopada também.  Por fim, Caio deu_se por vencido e casou novamente com uma milionária e parecia que estavam bem. Ele não a maltratava .Depois de quatro anos, Cecília resolveu se estabelecer definitivamente em Nova York.

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