Capítulo 5 Perfume de Rosas

Mag

A luz apagou e ficou só um foco sobre o palco. O alfa pegou o microfone e avisou que iniciaria o combate para passar o cargo de alfa para seu filho. Se transformaram e seus lobos magníficos assumiram. Fizeram uma encenação e Jonathan mordeu o pescoço do pai, recebendo assim, a transferência da autoridade do alfa. 

Quando o alfa passou o cargo, foi estranho, não sei o que fizeram, mas uma névoa saiu do mais velho e entrou no mais novo, que, na mesma hora, seu enorme lobo cinza cresceu, se tornando maior e mais forte, líder dos lobos da Alcateia Lua de Prata.

Meus pais estavam entusiasmados, pois David assumiria o cargo de meu pai e eles poderiam viajar em uma nova lua de mel, embora isso não existisse para lobos. Minha mãe estava ansiosa para que tudo acontecesse e ela pudesse se vangloriar.

Todos estavam na expectativa. O novo alfa uivou e voltou a sua forma humana ainda vestido, pelo visto o lobo dele também tem magia, como Rose. Anunciou seus cooperadores: como beta direto, chamou o Luís, isso foi uma surpresa, mas a maior ficou pro final. Ao invés de nomear David para o cargo do meu pai, ele manteve papai no cargo, até que Daniel, meu irmão mais novo, estivesse apto para assumir seu lugar.

Procurei David e o vi sair correndo pela porta em sua forma lupina. Ponto para o novo alfa, mostrou ser mais maduro do que eu imaginava. De repente, ele levantou o rosto, aspirando o ar com força.

— Rosas! Perfume de rosas com sangue! — Exclamou.

Quando olhei de novo para o palco, ele estava olhando para mim com a testa franzida, pulou do palco e veio ao meu encontro, senti o perfume dele, cheiro de eucalipto na neve.

— Meu companheiro!

— Minha companheira!

Ele sorriu, pegou minha mão e subimos no palco. Ele pegou o microfone e anúncio:

— Mag, filha de meu beta Leonel, é a minha companheira. Nos conhecemos desde pequenos e por ainda não enxergá-la como fêmea adulta, vou esperar ela amadurecer mais um pouco, afastada da Alcateia, só depois, então, acasalaremos e farei dela, a minha Luna.

Na mesma hora que ele falou que não nos uniríamos  naquele momento e que me afastaria da Alcateia, senti uma dor profunda em meu coração, era Rosa, absorvendo todo o impacto daquela rejeição.

— Você entendeu, Mag? Não estou te rejeitando, estou apenas adiando nosso acasalamento, você compreende? — perguntou ele, sem entender que já havia me rejeitado.

Balancei a cabeça concordando, ele me deu um beijo de titio na testa e autorizou a festa a continuar. Soltei minha mão da dele, virei as costas e desci daquele lugar de humilhação.

Fui até a mesa onde minha mãe estava com os olhos cheios de lágrimas. Meu pai vinha atrás de mim.

— Sinto muito filha — disse meu pai, segurando em meus ombros.

— Tá tudo bem, pai, se vocês não se incomodarem, gostaria de ir para a Alcateia da vovó — pedi.

— Quer ficar com minha mãe? Mas, porquê? Você não pode deixar o alfa sozinho, agora. — Minha mãe parecia sem juízo e sem noção.

— Mãe! Cai na real, foi ele quem mandou eu sair da Alcateia. — expliquei, pra ver se ela entendia.

— Sim querida, é melhor ela ficar um tempo lá, fará bem pra ela. — disse meu pai, para minha mãe. — Quem sabe, David vai também, ele poderá treinar lá e se fortalecer, quem sabe o alfa mude de ideia?

— Nem pensar que vou pra lá com David a tiracolo, pra me perturbar lá também? Não mesmo. — expressei minha opinião com bastante ênfase.

— Não seja egoísta, minha filha, pense que seu irmão também foi rejeitado. —  disse meu pai.

— Mas ele encontrou sua companheira, não creio que ele vai querer ir agora. — falei.

— Ele também foi rejeitado por ela, filha. — confirmou meu pai, o que eu já imaginava.

— Pare de falar que o alfa rejeitou nossa filha, ele só pediu um tempo, porque ela é muito nova — reclamou minha mãe.

— Tem gente que tem olho e não quer ver. Mãe, vamos deixar isso quieto, tá? Vou pra casa, o "Meu companheiro", já está desfrutando de sua liberdade. Já vou indo. — falei, olhando para a pista, onde Jonathan dançava com Débora se esfregando nela, sem nenhuma vergonha na cara.

— Vou contigo filha, precisamos conversar — disse meu pai.

— Vou esperar e voltar com Daniel, que está todo feliz. — disse minha mãe, salvando um pouco de sua alegria. 

— Ok mãe, boa noite — me despedi dela, lhe dando um beijo no rosto, mas que ela nem fez caso.

Saímos, meu pai e eu e fomos andando, em vez de seguirmos para casa, pegamos o caminho da floresta.

— Eu não esqueci não, minha lobinha, embora você não tenha compartilhado o momento com seu velho pai, agora você não vai fugir de mim. Quero conhecer sua Loba. — disse ele, embora não tivesse feito caso de me acompanhar para ajudar na transformação.

Parei de andar e ele percebendo, também parou e ficou de frente para mim.

— O que foi minha filha? Você não conseguiu? — perguntou preocupado.

— Consegui sim, pai, mas ela é muito diferente de todos aqui. Tenho medo de me rejeitarem. Até o alfa se tivesse me visto, teria me rejeitado logo, em vez de dizer que iria esperar.

— Preciso ver primeiro, filha. Vamos mais para dentro da floresta. — Ele estava sério, como se guardasse um segredo.

Chegamos numa clareira, bem dentro da floresta e ele parou, esperando, chamei Rose e ela assumiu. Dessa vez não doeu tanto, foi mais tranquilo e ela ficou de pé toda se exibindo.

— Mas que loba linda!!! Você é uma alfa filha, como é seu nome Loba garbosa?

"Rosa, meu nome é Rosa." Respondeu ela, mentalmente, usando nossa ligação lupina.

— Você é linda Rosa! É um verdadeiro prazer conhecê-la, rainha. —  Meu pai reverenciou-nos e eu fiquei de queixo caído.

— Feliz aniversário, minha filha, você não poderia ter tido presente melhor. Pode voltar a forma humana e  te contarei uma história no caminho para casa.

É, acho que ele terá uma história boa pra me contar, tomara que finalmente fique explicado o porquê de eu ser tão diferente e até minha mãe me rejeitar. Preciso muito dessa explicação, para não sentir vergonha de ser quem sou, pois sou muito diferente de todos aqui. Minha liba parece mais uma raposa do que uma loba.

" Eu tô ouvindo isso, heim, você ouviu ele dizer: somos rainhas! "

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