Capítulo 2 Descriminação

Cheguei em casa bem depois de David, toda dolorida e com um olho roxo. Abri a porta e a família estava toda reunida na sala e me olharam com espanto, não sei se pelo estado ou pela demora em chegar.

— Filha, o que houve com você, seu irmão disse que você entrou na frente de uma briga e acabou levando um soco na cara? — Minha mãe sempre acreditando em tudo que meu irmão diz.

— Bom, mãe,  não foi uma briga, foi só o David sendo idiota como sempre, dessa vez ele ficou feliz em socar meu olho na frente de todo mundo e ser o herói da semana. Pobrezinho, quando encontrar sua companheira, tomara que te rejeite. — Roguei a praga novamente, tomara que pegue.

Ele veio pra cima de mim, mas meu pai entrou na frente.

— Parece que um soco não bastou, né? — disse ele, todo pavão.

— Idiota, idiota, idiota! Você só acertou por causa do meu azar — disse eu e corri.

Corri pro meu quarto, até esqueci da fome, mas tenho que descansar para curar as feridas, pois ainda não tive minha transformação e demoro mais a me curar. Entro no meu quarto insuportavelmente rosa. Pedi vermelho e minha mãe resolveu pôr rosa. Isso é  muito irritante, nunca consigo ter minhas vontades atendidas. Fui ao banheiro e tomei banho, saí e vesti um dos poucos shorts que tenho. Meu pai quer que eu vista roupa de menina, vestido ou saia e blusa. Não sei porque implicam tanto comigo.

Quando terminei de me vestir, mamãe entrou no quarto com uma bandeja.

— Coma querida, sei que prefere descansar para curar logo, mas precisa se alimentar pra isso. — diz ela, parecendo uma grande mãe fofinha e zelosa pela filhinha.

— Obrigada, mãe. — Agradeço, afinal, ela teve o trabalho de trazer comida pra mim.

Ela sai do quarto e fico pensando se a ideia de trazer a bandeja foi dela mesma. Ela é  uma mãe até boa, mas muito fria comigo. Sempre dando preferência para os meus irmãos. Ao ponto de ter só três bifes e ela pedir pra eu não comer pra deixar pra eles, que são machos. Aff!

Presentes de Natal? O deles era sempre um robô legal, um carrinho de controle remoto, um vídeo game e pra mim, era um tecido quadriculado cinza, uma boneca de plástico, uma presilha de cabelo horrorosa. Afff!

Nossa casa é  boa, meu pai é um dos betas do alfa, responsável pela segurança. Quando o alfa passar o cargo para o filho, quem deve assumir o cargo de meu pai é o David. Coitado do Alfa, com aquele idiota. 

Meu pai é  muito machista, pra ele, quem cuida da casa e cozinha é a mulher. Então,  tem dias que sou eu que tenho que lavar o banheiro que eles emporcalham e já  ganhei broncas homéricas, por causa dos pentelhos deles no chão. Só  que eu não enxergo e estou ansiosa pela minha transformação, pois daí, ficarei boa das vistas e não precisarei mais usar esses óculos horrorosos, agora quebrados.

Não entendo porque é  assim!  Tudo eu! Tudo eu! Tudo eu!

Deito para descansar depois de comer a comida natureba que minha mãe trouxe, nem uma carne, pois com certeza os machos comeram tudo. Como se não bastasse, vem o bonitão pedir ajuda pra paquerar a Denise. Gosto dela, mas ela é eclética, tem várias amigas e não se dedica a nenhuma. Bela amiga!

***

Quando acordei, já era noite e vesti minha roupa de treino,  pulei pela janela e fui encontrar meu pai na floresta reservada para a Alcateia. Meu pai já  me esperava. Apesar de machista, ele sempre me chamou para treinar, não sei porque essa dedicação em que eu aprenda algo que ele acha tão machista. Praticamente já não tenho mais o que aprender, então é só treino mesmo. Depois, meu pai caçou, comemos e tomamos banho de rio. Não me incomodo de comer carne crua, até gosto, é melhor do que a comida de casa, que não sobra carne pra mim. 

Já  estávamos voltando, quando encontramos o alfa e seu filho Jonathan, o parceiro de idiotices do meu irmão idiota.

— Olá, Leonel, passeando com sua filha? — Que pergunta estúpida, não tá vendo eu aqui?

Ai que ódio! Porque as fêmeas, na cabeça deles, só servem pra trabalho doméstico e diversão? Afff! Já deu pra notar que estou no meu limite, né mesmo?

O Jon se aproxima de mim.

— Como você está? — pergunta, até que simpático.

— Bem, porquê? Tá com remorso? — perguntei com grosseria.

— Porque eu teria remorso? Foi você que saiu destrambelhada e tropeçou no meu pé. — respondeu ele, se irritando.

— Tá bom. Vamos esquecer isso, tá legal? — Não adianta mesmo reclamar, ele nunca vai reconhecer.

Ele balançou a cabeça e ficou me olhando esquisito, chegou mais perto como se quisesse me cheirar.

— Você já se transformou? — Perguntou ele.

— Não,  só faço dezesseis daqui duas semanas. — Respondi o óbvio.

— Ah tá,  você faz aniversário junto comigo, é  mesmo, esqueci.

— Na verdade é só no mesmo dia. — Rebati o "junto", dele. Junto uma ova.

— Você é muito marrenta garota. Quero ver quando eu for seu alfa. — Pareceu até uma ameaça, o que ele faria?

— Caio fora daqui - respondi na lata.

— O que? — Ele perguntou sem entender 

— Jonathan, vamos embora! Boa noite pra vocês, tchau Margarida? — Ainda bem que ele é o Alfa, se não ia receber uma "bela" resposta.

— Tchau, alfa, boa noite. — respondi, querendo dizer outra coisa por ele ter me chamado pelo nome completo.

 — Se livrou por hoje, ômega marrenta! — falou, Jonathan, no meu ouvido.

Foram em direção a mansão do Alfa e meu pai e eu fomos pra casa.

— O que tanto conversaram, pai? — perguntei curiosa.

— Eu podia perguntar a mesma coisa. — disse ele com um sorriso, insinuando alguma coisa que não entendi.

— Ah, fala, vai! — Insisti.

— Tá bom. Ele estava me contando que o supremo está visitando as Alcatéias e matando os alfas que não estão obedecendo as regras dele. Acho melhor lermos o livro de regras em família,  para não perdermos a cabeça, literalmente. — disse ele, sério.

— Mas ele não tá matando só os alfas? — perguntei, achando até bom, se matasse o Jonathan.

— Sim, mas as vezes a culpa é do povo que desobedece, por nem conhecer as regras básicas de comportamento. — explicou ele.

— Tendi…

— Fala direito, menina, fica comendo parte das palavras!

— Desculpa, pai.

— Assim está melhor. Estamos chegando, sua mãe deve estar furiosa porque perdemos o jantar. — Sempre querendo agradar a mamãe.

— É só dizer que encontramos o alfa e a culpa fica sendo dele. Ela não vai lá tirar satisfação mesmo, eu garanto. — sugeri.

— Meninaaaaa!!! — Ele me chama a atenção.

— Mas é verdade, mesmo, o que que tem?

Ele não respondeu e continuamos andando, calados, até chegar em casa e mamãe nos chamar a atenção pelo atraso e ele responder exatamente o que eu sugeri.

— Então tá tudo bem, querido. Se encontraram o Alfa, tinham mesmo que parar. — disse ela, adorando saber que o alfa dava atenção pro papai.

Adoro quando eu tô certa, embora ninguém lembre de me dar o crédito.

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Comments

Expedita Oliveira

Expedita Oliveira

❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️❣️

2025-04-25

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Luluzinha

Luluzinha

sera que ela vao aer a companheira do supremo kkkk to chando qie sim e qiando ela se transformar vai ser aiela surpresa to loica pra ver no qie isso vai dar .

2024-06-28

2

Joselia Freitas

Joselia Freitas

Eu acho que a mãe dela não deixa,😞

2024-04-22

1

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