Cláusulas Contratuais

Alice e Evan sustentaram um intenso olhar por um momento, em meio à tensão e o desejo (dele) que pairavam no ar.

— Vamos para o meu carro e lá conversamos. Não quero mais confusão por hoje — disse ele tentando se controlar.

— Não temos mais nada para falarmos. Boa sorte com o seu casamento!

Alice deu um passo para ir embora.

No entanto, Evan segurou firmemente seu pulso, deu um passo adiante e se aproximou dela de maneira soturna. Falou em um sussurro, próximo ao seu ouvido:

— Pare com esse joguinho. Você não poderá fugir novamente, por dois motivos. Primeiramente, vamos nos vingar daqueles dois imbecis. Você deseja o mesmo tanto quanto eu. Em segundo lugar, caso nos casemos, estou disposto a fazer um investimento substancial na empresa de seu pai. Você, mais do que ninguém, sabe que precisam de mais capital neste momento.

Alice, desolada, abaixou a cabeça diante das palavras de Evan. Sentia-se magoada por ele sugerir que poderia comprá-la, algo tão depreciativo que jamais imaginaria vindo dele. Sempre foi contra a casamentos arranjados, por interesse ou por contrato, principalmente, quando envolvem o motivo financeiro como condição. Para ela, era mais como a compra e a venda de alguém em troca de dinheiro.

— Quem disse que quero me vingar? Está muito enganado... Você em apenas tão pouco tempo após nos reencontrarmos, decepcionou-me mais uma vez... — balança a cabeça negativamente continua: — Está querendo me comprar? É isso que pensa de mim? Como pode me tratar assim? Acha que sou interesseira como a sua noiva? Ela estava chamando o Roger de amor, ou seja, provavelmente estava com você pelo seu dinheiro.

Ela não queria reconhecer, mas as palavras dele eram fundamentadas em fatos incontestáveis. Há cinco anos, quando a empresa da sua família enfrentou dificuldades financeiras, o seu pai havia contado que Evan, altruisticamente, se ofereceu para ajudá-los. No entanto, ela já havia usado todas as suas economias da vida inteira para liquidar a dívida no mesmo dia.

Ela ergueu o rosto e olhou profundamente nos olhos de Evan, demonstrando a força de sua determinação.

— Alice, nós dois crescemos imersos no mundo dos negócios, e sabemos muito bem que ainda a sua empresa precisa de um respiro financeiro. Desde o seu retorno, tenho acompanhado de longe os seus esforços diários para evitar que a empresa caia em ruínas. É inegável que precisa de mim, assim como eu preciso de você. Por que não nos ajudamos mutuamente?

Alice o encarou novamente, semicerrou os olhos, lendo nas entrelinhas de suas palavras...

"Sabe mesmo como jogar o jogo sujo, Evan," pensou com cautela antes de tomar a sua decisão.

Finalmente, Alice suspirou e, com uma determinação renovada, pronunciou sua resposta.

— Vamos para o carro — disse ela, sua voz carregada de determinação.

Alice e Evan seguiram em silêncio até o veículo, o peso das palavras trocadas entre eles ainda pairava no ar. Evan gentilmente abriu a porta para que Alice entrasse, um gesto que ela aceitou sem dizer uma palavra. Ambos se acomodaram em seus lugares, pronto para continuar a conversa.

Antes que qualquer palavra fosse proferida, Alice decidiu que era preciso esclarecer as coisas. Ela olhou nos olhos de Evan, buscando entender a situação em que se encontravam.

— Evan, nós dois sabemos que eu não deveria ser a sua escolha neste momento. Não sei o que aconteceu entre você e Melinda, mas...

Evan interrompeu, cortando o assunto antes que pudesse ser explorado novamente.

— Alice, por favor, não fale da sua prima. Já lhe disse antes, e repito, ela jamais foi ou será a minha escolha. Hoje e agora, eu quero e preciso de você.

Os sentimentos de Alice estavam divididos, mas a determinação em seu olhar permanecia intacta. Ela sabia que havia mais em jogo do que podia compreender no momento.

Os dois voltaram a se olhar, um silêncio tenso preenchendo o ambiente enquanto a decisão final pairava no ar.

Cada qual, lembrou em particular de como eram quando discutiam na adolescência, se um deles não cedesse a discussão duraria horas.

— Ok. Vamos ser práticos, então. Caso-me com você mediante um contrato de um ano.

— Cinco anos.

— Não. Apenas um.

— Pelo investimento que vou fazer, valerá o seu sacrifício. Ficará comigo por cinco anos.

— Enlouqueceu? Sem chances de ser cinco anos. Dois anos e meio, e não se fala mais em prazo. É pegar ou largar. Você escolhe.

Evan sorriu, admirando a firmeza de caráter de Alice, que não hesitou em deixar claro o que desejava.

— Você não mudou nada, Alice.

— E nem você. No entanto, acredito que você deve mudar para um ano, porque tenho uma condição que não abro mão. — Alice enfatizou.

Ele suspirou.

— Qual a condição? Mas saiba que colocarei a minha também.

— Você não está em condições para isso — disse ela.

— Tenho que tentar. Fala qual é a sua condição primeiro.

— Durante a vigência do contrato, não poderá ter relacionamento com nenhuma outra mulher. Nem mesmo jantares e almoços exclusivos com clientes ou funcionárias do sexo feminino. Se não tiver como evitar, terei que estar presente.

Evan gargalhou, ele não queria outra mulher, e sim, Alice. Em seguida perguntou apenas por curiodidade:

— Porquê desta condição?

— Não quero me deparar com escândalos na internet, onde o meu "marido", — fez sinal de aspas com os dedos, — apareça com as suas amantes. Cansei de ser traída, a corna da história. Então, é melhor um ano, pois, o seu único alívio sexual será as suas preciosas mãos.

Evan olhou para as mãos, imaginou a cena no seu quarto...

"Vou ter você, bem antes disso acontecer," pensou e sorriu.

— Ok. Será por dois anos e meio, mas o mesmo valerá para você. No entanto, permitirá que eu tente reconquistá-la. Essa é a minha única cláusula — falou Evan.

Alice ficou incrédula com a cláusula mencionada por ele. Ao mesmo tempo, sentiu um leve calor no seu coração. Com a respiração mais rápida e uma sensação estranha, perguntou:

— Evan, não posso acreditar no que acabei de ouvir. Enlouqueceu? Acabamos de sair dos nossos antigos relacionamentos, você é uma pedra de gelo ou ser um humano? Como pode pensar...

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