03

Susy

—Já tivemos muito sofrimento no ultimo ano, sei que foi esgotador para você tanto quanto foi para mim, esse dinheiro é tudo que tenho na conta, e é o máximo que posso fazer por você.

Larissa

— Tia , eu não estou entendo .

Susy

—Você precisa ir Larissa.

Larissa

— E para onde quer que eu vá ?

Susy

— Eu não sei, eu te criei nos últimos onze anos , mas esse é o máximo que pude ajudar você querida, agora você precisa viver sua vida, eu não tive filhos, não vou dizer que é culpa sua, pois não foi, mas ver todos nessa cidade me olhando como se eu fosse uma bactéria não dá mais , eu tive que procurar emprego em outra cidade por que aqui todos me ignoram.

Larissa

— E acha que isso é culpa minha? Eu fui abusada e essa gente me culpa, esse mundo é muito distorcido .

Susy

— Eu sei, mas é assim que é.

Larissa

— Tudo bem então tia , eu já te causei muitos problemas, eu vou arrumar minhas coisas.

Susy

— Eu já fiz isso .

Larissa

— Entendo , obrigada .

Larissa pega a mochila com suas coisa e o envelope que sua tia te deu, quando ela passa pela caixa de correio ela coloca o dinheiro de volta ali e sai, ela anda pela cidade e como sempre a pessoas viram a cara ou a xingam ela caminha em direção a um parque perto dali tem uma ponte onde a galera sempre se reúne nos finais de semana, mas como hoje era segunda estaria vazia e ela teria um pouco de paz , Larissa se senta ali agarrada a sua bolsa , tudo passando em sua mente como uma tortura constante , ela passa tanto tempo ali remoendo tudo que já perdeu na vida, e no quão injusto isso era já que desde sempre a única coisa que ela fez foi ficar na dela e deixar a vida seguir seu curso, sua cabeça naquele momento doí tanto que ela não consegue nem mesmo pensar.

— Por que tudo de ruim acontece comigo? Por que sou eu que tenho que sair ferida sempre? Estou tão cansada de tudo isso.

Não muito longe dali um homem esta de pé na frente de uma lapide, com um buque de flores na mão, ele se ajoelha e com um pano que ele tira do bolso ele limpa um vidro já embaçado da poeira e pelo tempo, atras dele a foto de uma garota em seus 18 anos com um sorriso inocente.

— Oi, sei que é estranho eu vir até essa porcaria de cidade todo ano para ver você, mas não podia evitar , perder você me destruiu de tal forma que eu nem sabia como seguir em frente.

Ele para de falar e olha em volta suspirando antes de voltar a falar novamente.

—Talvez não se orgulhe do que me tornei, mas foi a forma que encontrei de seguir sem ter você do meu lado, Alice ? O que vim até aqui dizer é que essa será a ultima vez que venho ate essa merda de cidade , sempre que coloco meus pés aqui é como se a vida tivesse rebobinado tudo e eu te vejo morrendo de novo e de novo, e eu não posso mais lidar com isso, eu sinto muito.

Ele se levanta colocando as flores no arranjo ali do lado , olha uma vez mais para a foto e depois vira as costas e sai dali, indo até o carro, na volta para o aeroporto ele corta caminho pela ponte onde tudo aconteceu , aquele seria o seu adeus, ele não pensava em colocar os pés naquela cidade nunca mais, Larissa que estava ali de pé seu coração angustiado e cheio de dor olha para baixo, e vê ali sua chance de acabar com todo o sofrimento , seria apenas um salto e tudo acabaria , ela sobe tentando se equilibrar na estreita barreira que separa seu corpo do vazio, o vento balança seus cabelos , Larissa fecha seus olhos e respira fundo,

— Tudo isso vai acabar em breve .

Ela abre os olhos tomando coragem e está prestes a pular , um carro se aproxima e quando o homem vê aquela garota de pé naquela mesma ponte onde ele perdeu o amor de sua vida, ele nem pensa duas vezes antes de parar o carro e correr na direção dela, Larissa se joga e ele consegue segurar o braço dela no ultimo segundo .

—O que você pensa que esta fazendo?

Larissa

—Tudo vai acabar em breve, precisa me soltar.

—Não, você é doida?

Ele puxa ela com toda a sua força e ele acaba caindo batendo as costas no chão e Larissa cai por cima dele , ela esta prestes a levantar, mas sua exaustão mental não permite e ela acaba desmaiando .

— Ei garota? Acorda .

Mas é em vão, ele suspira deixando seu corpo cair naquele asfalto e olha para cima, no céu as primeiras estrelas já começam a surgir.

— Isso só pode ser uma piada cruel da vida.

Ele se levanta colocando ela no chão , ele caminha na direção do carro limpando suas roupas sujas da poeira , ele está prestes a entrar no carro quando vê a garota ali jogada no chão desacordada , ele suspira .

— Mas que merda.

Ele caminha até ela a pegando e a coloca no banco de trás e pega a bolsa que estava jogada ali perto e joga dentro do carro também , quando ele entra no carro e olha para a garota pelo retrovisor ele nem sabe para onde levá-la , a intenção era sair daquela cidade hoje mesmo , mas acaba indo até o único hotel que tem ali na cidade , ele pega Larissa no colo e entra .

— Oi, eu preciso de um quarto, para ela , essa garota desmaiou e eu não sei para onde levá-la .

Gerente

— Essa garota não pode se hospedar aqui .

— Como é ?

Gerente

— Ela não é bem vinda aqui .

— Poder me dizer o por que ?

Gerente

— Olha só não vamos aceitar ela aqui isso é tudo que digo.

Irritado ele encara o gerente com seu olhar frio e o gerente da um passo atrás .

— Então eu quero um quarto para mim .

Gerente