(Madelyn Bailey)
Eu deixo o papel em cima da mesa e desvio os olhos para que ele não os veja marejando levemente. Meu deus, eu quis tanto isso um dia! Quis tanto me sentir segura dentro de um relacionamento para realizar o meu maior sonho, que é ser mãe.
As lembranças da forma como Nicholas me fazia sentir quando agia de forma ofensiva e agressiva me atingem em cheio. Toda vez que eu achava que tudo estava indo bem, e que talvez eu pudesse finalmente pensar em engravidar, ele tinha uma recaída e voltava a agir como um imbecil de novo.
E eu jamais traria um bebê ao mundo para o deixar crescer em um ambiente tóxico e destrutivo. Respiro profundamente, recuperando a postura para não deixá-lo perceber meu momento de fraqueza. Johan estava desenterrando um sonho que me esforcei por muito tempo para esconder no fundo da minha alma e o oferecendo para mim em uma bandeja de prata.
Não há relacionamento amoroso, por isso, também não haveria instabilidade. Não teria que lidar com as complicações de tentar amar novamente, poderia me dedicar 100% a maternidade. Teria toda estrutura financeira para oferecer conforto e bem estar ao meu filho.
Johan ajeitou a postura, puxando sua cadeira para mais perto da mesa. Ainda com a caneta, ele vira a folha e circula algo, indicando o que está escrito no papel. Meus olhos quase saltam das órbitas para o valor que é mostrado a mim.
Cinco milhões de dólares.
Busco os olhos dele em uma pergunta silenciosa para saber se aquilo é mesmo sério, mas o que encontro em Johan é um olhar tímido e envergonhado que me intriga.
— Estou lhe oferecendo esse valor, caso aceite a proposta. – Ele larga a caneta, está claramente apreensivo e franze o cenho para algo que parece estar pensando. — Só... Por favor, não quero que se sinta ofendida de forma alguma, ou que pense que estou tentando comprá-la. Isso é apenas uma forma de garantir alguma tranquilidade e segurança para você durante o período da gravidez, caso aceite.
Cinco milhões de dólares.
Com esse dinheiro eu poderia fazer muito mais do que passar alguns meses tranquila. Essa quantia resolveria todos os meus problemas no momento, eu poderia ajudar minha mãe a operar, além disso, poderia ajudar a Agnes investindo ao menos uma pequena quantia no restaurante. Também poderia alugar uma casa pequena ou um apartamento no centro e sair da casa do meu pai.
Só depois das palavras de Johan é que entendo o motivo de sua apreensão. Confesso que acho fofo vê-lo ficar sem jeito ao tocar no assunto do dinheiro, o cuidado que ele tem em não me ofender é tão novo para mim que não consigo deixar de pensar que é provável que só esteja sendo cuidadoso porque deseja ouvir uma resposta afirmativa.
— Eu... Meu Deus, isso é muito. Eu... Isso é loucura! – Deixo um riso incrédulo escapar depois de colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha timidamente. Ele está tão atento a minha expressão que também sorri em reflexo.
— Eu sei. – Concorda. — Mas estou certo do que quero, srta Bailey.
Seu olhar é tão certeiro que sinto minha nuca arder. Johan tem uma aura magnética, e um timbre de voz suave que é naturalmente sensual. Sinto arrepios só de imaginar sua voz em meu ouvido, um alerta soa estridente na minha cabeça. Não posso me deixar levar pelo momento e por tudo que ele está oferecendo, sei exatamente onde coisas que parecem boas demais para serem verdade podem me levar.
— Eu não posso. – Me levanto em um impulso repentino, me obrigando a quebrar aquela sensação hipnótica do momento. Minha respiração beira o descontrole e de repente eu me sinto confusa e acuada. Johan se levanta lentamente, seus olhos estão em mim de forma incisiva. — Me desculpa, eu... Eu tenho que ir.
Eu me viro e vou em direção a porta, sem me importar com o fato de que estaria perdida tentando me locomover pela aquela casa sozinha, e que, mesmo se encontrasse a saída, ficaria ensopada mó instante em que pudesse os pés do lado de fora.
É uma atitude inconsciente e desesperada, sinto que preciso fugir.
— Não, Madelyn. Espere, por favor. – Sentir o toque dele em minha pele me faz paralisar, sua mão quente segura suavemente em meu braço, me induzindo a fitá-lo.
Johan é alto na medida certa, preciso erguer um pouco o queixo para encará-lo diretamente nos olhos. É a primeira vez que tenho qualquer contato físico com ele, meus olhos escapam dos seus e descem até a forma como a palma de sua mão envolve meu braço. É um toque macio e gentil.
Johan recolhe a mão ao perceber meu olhar, e eu gosto tanto da forma como ele recua ao menor sinal de que eu poderia estar me sentindo desconfortável, que meu coração se aquece. Eu não quero me afastar, não quero partir, apesar de saber que é o certo a fazer agora.
— Por favor, pense melhor no assunto. Podemos conversar, eu estou totalmente disposto a ouvir e considerar suas condições. – Johan parece tão desesperado quanto eu, mas diferente de mim, seu desespero se deve a incerteza da minha resposta. — Tome o tempo que julgar necessário, eu não me importo.
Ele esfrega o rosto nervosamente, volta até a mesa e escreve algo em um pedaço de papel antes de voltar a mim e me estender o objeto junto com um cartão. Hesitante, aceito a anotação, vendo que se trata de um número de telefone.
— Esse é meu número de telefone pessoal. Me ligue a qualquer hora, sim? Vou responder todos as suas dúvidas e questionamentos, até que se sinta segura o bastante.
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Atualizado até capítulo 53
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