(Madelyn Bailey)
Estiloso e versátil, Johan foi a razão para várias loucuras que eu tinha feito quando adolescente na tentativa de vê-lo. Consegui uma vez em uma premiere, Johan se aproximou da barreira de segurança e autografou meu poster. Mas eu fiquei em choque e não consegui me mexer, me senti uma tremenda idiota, mas pelo menos consegui a assinatura. Natasha quase me matou por não ter pedido um autógrafo para ela também.
Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, e eu já estava certa de que nunca mais o veria pessoalmente de novo. Quando eu fui convidada para uma festa de fim de ano de uma amiga em comum que tinha com Nick, resisti a idéia de ir no primeiro momento, achando que poderia encontrá-lo. Afinal meu ex é um agente de publicidade e tem amizades importantes, onde há um evento ou pessoa importante, lá estaria ele.
Ivy é modelo, ela insistiu para que eu fosse a festa. Eu esperava ver qualquer um ali, menos Johan. Ele estava lindo e me observava enquanto bebia vinho sentado em uma mesa.
Não me atrevi a me aproximar, minhas pernas viraram gelatina só de saber que estávamos no mesmo ambiente. Ele tinha olhado para mim. E não apenas olhado rapidinho, ele me observou com atenção, o que quase me fez desmaiar.
Naquela noite eu fui embora sem nem sequer me aproximar dele, segui a vida normalmente nas últimas semanas até esse cara bater na minha porta dizendo que Johan deseja me ver. Uma pessoa normal iria agradecer gentilmente e voltar a dormir, mas eu nunca fui normal, então voltei para dentro e tentei me arrumar descentemente.
Penteio os fios longos dos meus cabelos e visto uma blusa justa de mangas longas e gola alta antes de sair no meio da noite para um lugar que eu não sei qual, na esperança de vê-lo. Minha única reação diante dele era paralisar, e agora que eu tinha a chance esperava mudar isso.
O trajeto foi feito em silêncio, o homem foi ao meu lado sem dizer uma palavra. Eu estava nervosa, massageava meus próprios dedos no caminho e tentava olhar o caminho do lado de fora para saber se era alguma enrascada. Mas logo entramos em uma área luxuosa da cidade, cheia de mansões e casarões que nem pareciam reais.
Quando paramos em frente a uma delas, o homem desceu primeiro e abriu um enorme guarda-chuva para mim. Fui conduzida para dentro da mansão, assim que o homem fecha o guarda-chuva uma mulher uniformizada aparece para tirar o objeto de sua mão.
— Obrigado, Sandra. – O ouço dizer, não reparo na feição da mulher, estou ocupada demais reparando no quanto a casa é grande e cheia de glamour. Naquele primeiro cômodo há um lugar para pendurar bolsas e casacos, a sala de estar é ridiculamente grande. Tem um lustre de cristal pendurado no teto e cada detalhe parece caro.
— Me acompanhe, por favor. – O homem me indica o caminho.
Caminhamos até uma grande e larga escadaria. Eu o sigo ainda receosa até pararmos em frente a uma porta de madeira escura.
O homem bate na porta, os segundos de silêncio que se seguem parecem os mais longos da minha vida.
— Entre. – Aquela voz. Eu reconhecia aquela voz em qualquer lugar. Meu coração bate mais forte e minhas mãos começam a suar. Johan estava mesmo dentro daquele cômodo, a única coisa que nos separava era uma porta de madeira.
Encarei o homem, ainda meio sem saber o que fazer. Ele parece achar graça da minha reação porque tenta esconder um sorriso. Quando não faço nada ele mesmo gira a maçaneta e deixa a porta entreaberta para que eu possa entrar.
Me sinto estranha quando o homem faz menção de se afastar.
— Espera. – Peço, fazendo-o se virar para mim. — O que eu faço agora?
Dessa vez ele não esconde o sorriso.
— O que achar apropriado fazer, senhorita.
Engulo seco, enrugando o espaço entre as sobrancelhas e assentindo, ainda não muito segura.
— Obrigada por... por me trazer até aqui. Foi tudo tão inesperado que eu nem perguntei o seu nome.
— Hugh. Hugh Backer.
— Agradeço, Sr Backer.
— Disponha. – É a última coisa que ele diz antes de sair. Eu não sei se ele é segurança ou algo do tipo, mas parece tão chique quanto qualquer um pareceria ali naquela casa.
Respiro fundo, ao longe ouço apenas o som da chuva caindo forte lá fora.
“Vai, Madelyn. Abre logo essa porta e vê se não paralisa feito uma estátua de cera bem na frente do seu ídolo. Você consegue, não pode ser tão difícil assim.”
Eu tento encorajar a mim mesma um milhão de vezes, ameaço tocar a maçaneta, mas minha garganta parece secar e eu recuo. O ciclo se repete por várias vezes, até eu me obrigar a entrar de uma só vez. Para minha sorte, não dou de cara com Johan de primeira. Para falar a verdade o cômodo até parece estar vazio.
Ando cautelosamente para dentro do cômodo que mais parece um tipo de escritório.
Tem quadros, pôsteres e uma prateleira cheia prêmios que ele tinha ganhado durante toda sua carreira bem sucedida. Johan não é nem um menino, ele já tinha completado 47 anos há alguns meses e mesmo assim continua sendo um dos homens mais bonitos do mundo, segundo inúmeros sites e revistas.
Reparo que tem uma varanda, e ao erguer os olhos para ela eu tenho uma visão que parece ter sido criada pelos anjos. As cortinas estão abertas e Johan observa a tempestade, de costas para mim. As mangas de sua camisa social escura estão dobradas até os cotovelos, ele está todo de preto, social e irresistível. E eu ainda nem vi seu rosto.
Eu reconheço suas costas largas e porte atlético. Johan tem uma tatuagem em um dos braços, o desenho começa um pouco acima da mão e se espalha pelo antebraço até terminar no bíceps. Aquela casa é tão surreal que levo um tempo para entender o motivo de Johan não estar completamente molhado estando do lado de fora da varanda. Há um aquário, a varanda está protegida por paredes de vidro.
O cheiro dele domina todo o lugar, é o melhor perfume que eu já senti minha vida. Eu sou uma apreciadora de perfumes, e me deliciando silenciosamente, posso identificar os toques suaves de menta e alecrim, além do sândalo como nota amadeirada de fundo.
Me aproximo de sua mesa, sem me atrever a tocar em nada, Johan parece não ter me visto ali ainda e as palmas das minhas mãos estão suando frio. Não sabia qual seria minha reação quando ele finalmente olhasse nos meus olhos.
Johan virou somente o rosto, olhando para trás por cima do ombro. Ele acomodou uma das mãos no bolso da calça, enquanto a outra segurava um copo com algum bebida que parecia alcoólica.
— Esperava que fosse recusar o convite.
Aquela voz. Cada célula do meu corpo reage ao timbre aveludado de sua voz firme. Minhas pernas imploram para ceder, mas eu me obrigo a me manter firme.
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Atualizado até capítulo 53
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