Giorgia:
Faz três dias que fui a cidade. Ainda tô feliz demais por ter meu documento. Quem fica feliz apenas por ter tirado um documento? No meu caso era motivo para comemorar.
Passei a noite toda pensando naquele homem bonito. Queria vê -lo de novo. Mamã me ensinou tudo sobre a vida, eu sou simples, tenho uma vida simples, não tenho contato com muita gente, mas não sou leiga ao ponto de não saber o que é relações sexuais. Mamã é estudada e não me deixou por fora de nada, o problema é só me proteger demais.
Um dia eu preciso saber como é ser tocada por um homem, queria que aquele príncipe me mostrasse.
Hoje ela vai passar o dia na plantação da vizinha, ajudando ela na colheita. Eu tenho que ir a cidade novamente, ainda tenho dinheiro suficiente para o metrô.
Não sei o que pode acontecer, mas preciso encontrar aquele homem de novo. Me arrumei com meu vestido simples florido, passei hidratantes e perfumes. Mamã nunca deixa faltar, não é porque moramos fora da cidade que não podemos nos cuidar.
Me arrumei e sai. Fui seguida pela minha intuição, vou ficar no mesmo lugar do outro dia. Eu não conheço muito da cidade, o que fiquei sabendo foi por andar e perguntar as pessoas que via pela frente. Agradeço a minha boa memória.
Desço do metrô com o coração um pouco acelerado, que loucura eu tô fazendo. Ando alguns passos para voltar, mas volto a andar novamente e paro em frente a uma loja que parece de ternos.
Quem faz isso na vida, vir ao lugar onde encontrou uma pessoa para tentar a sorte de encontrar de novo?
— Que loucura eu fiz. Claro que ele não iria tá aqui.
Já fazia mais de meia hora que tava parada na frente da loja andando de um lado para o outro. Começo a ter noção da burrada que eu fiz, minha barriga começa a roncar eu não almocei para sair.
— Procurando alguém pequena? — a voz grossa que se tornou familiar na minha cabeça, ecoa atrás de mim. Me viro me deparando com meu príncipe encantado.
— E.eu..
Minha voz parece que tinha sumido, nada que imaginei falar saiu.
— Você aceita sair para passear comigo? — ele é tão gentil.
— Sim, mas tenho hora para voltar. — ele olha naquele relógio que eu imagino ser muito caro.
— Quanto tempo você tem?
— Preciso voltar antes de anoitecer. — ele sorri para mim. Meu coração está acelerado.
— Vamos?
Ele anda alguns passos e vejo seu carro estacionado. Paro no lugar, o que eu tô fazendo? Como vou entrar no carro dele?
A voz da Mamã começa a se repetir na minha cabeça como se fosse um disco arranhado: " Os homens nunca são o que parece"
— Desculpa, eu não posso. Preciso ir embora.
Eu me viro andando rapidamente no caminho de volta. Ele me alcançou e segurou meu braço me virando de frente para ele.
— Não tenha medo, eu nunca vou fazer nada para te machucar, não vou fazer nada que não queira também. Só quero conhecer mais de você.
Sua voz saiu tão calma, seu toque no meu braço é tão suave que fez meu medo quase desaparecer.
— Eu não conheço você. Não posso confiar.
— Venha comigo, é só um passeio.
Ele olha nos meus olhos, parece querer ver o que se passa dentro de mim. Ele já tinha soltado meu braço, em nenhum momento ele me puxou ou me forçou entrar no seu carro.
— Não sei...
— Se preferir, podemos andar a pé.
Minha barriga faz um barulho estranho, saindo alto demais. Ele dá risadas, um homem desse não se interessaria por alguém como eu. Um homem importante não gostaria de uma mulher que não tem onde cair morta.
— Pelo visto tá com fome.
— Não almocei antes de sair.
— Tem um restaurante ali, dá pra ir a pé.
Ele aponta na direção. Sinto o cheiro de carne assando, meu estômago ronca demais, parece que quer me sacanear.
Aceitei que ele me levasse ao restaurante, mesmo com vergonha ainda.
Fizemos o pedido, nunca comi essas comidas chiques. Fiquei em silêncio o tempo todo, não sabia o que falar.
—Não nos apresentamos. — falei para tentar quebrar o silêncio e o olhar penetrante dele me observando o tempo todo.
— Com certeza você já deve ter ouvido falar sobre mim, saio nos jornais e notícias e nas redes sociais quase sempre.
Sei que ele não falou por mal, ele não me conhece, mas fiquei totalmente constrangida. O que me fez ter ainda mais noção de que eu não deveria tá aqui. Ter um celular ou computador para ele deve ser fácil demais, enquanto para mim seria um milagre.
— Eu não uso rede sociais.
— Desculpe. Me chamo Martino, sou Ceo de uma empresa de segurança, sua vez.
— Me chamo Giorgia.
— Só isso?
— Você também me disse apenas seu nome. — ele arqueia uma sombrancelha. Se fomos começar a fazer perguntas um do outro eu vou sair perdendo em todas.
— Ok, Giorgia de que? E no que trabalha?
Uma voz na minha cabeça me faz lembrar de como aquela mulher me tratou quando fui tirar meu documento. Alguma coisa me diz que não posso falar meu sobrenome original, então usarei o de Mamã.
— Giorgia Ferrari. No momento eu trabalho com vendas de alimentos e carnes. — menti mas não totalmente.
— Interessante, qual o nome dos seus pais?
Fui salva pelo prato que chegou. Isso tá parecendo mais uma entrevista de emprego. Não respondi e ele também não perguntou mais.
Comi a comida, ele não pediu nada, disse que já tinha almoçado. Tentei esquecer que ele me olhava parecendo me analisar inteira.
Depois de terminar, ele pagou tudo. Ainda me sinto estranha perto dele.
Sai para ir ao banheiro, no caminho como uma distraída que sou, acabei esbarrando em um garçom que vinha com uma bandeja cheia de taças de vinhos, derramando totalmente no meu vestido que era amarelo claro com florzinhas.
— Você não olha por onde anda? Vai ter que pagar por todo esse prejuízo.
— Desculpe senhor, eu estava distraída não vi. — fiquei desesperada, estou toda encharcada de vinho, me abaixei para pegar os cacos de vidro e acabei cortando meu dedo.
— O que tá fazendo? Vai colar os cacos? Tá na cara que não tem como pagar. Seguranças!!
O homem grita e tenta me segurar pelo braço. Antes dele encostar, ele se afasta com medo, olho para trás.
— Se tocar nela eu dou seu coração para o meu cachorro.
— Desculpe senhor, não sabia que ela era sua acompanhante.
— Levante-se Giorgia!
Martino falou tão grave que me levantei em um pulo.
— É para ela que você deve desculpas. — ele fala para o rapaz que está suando igual um cuscuz.
— Perdão senhora!
— Não tem problema, eu estava errada.
— Venha!
Martino me segura pelo braço me levando para a saída. Ainda sem soltar meu braço andamos até um hotel que tinha do lado do restaurante.
— Mesmo quarto de sempre.
Ele pega a chave e eu estou sem entender nada.
— O que estamos fazendo aqui?
— Precisa de um banho, fazer um curativo no dedo e vou providenciar outra roupa para você.
— Ah não, não...não precisa.
— Por favor eu insisto, não posso deixar você voltar para casa assim.
Olho para a minha roupa, e com medo mesmo eu aceito.
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Atualizado até capítulo 22
Comments
Marcia Patette
Eitaaaaa
2024-11-09
0
Daiane Alves
amando/Heart/
2024-10-21
0
Expedita Oliveira
Meu Deus 😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱 Estou quase infartando aqui 💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔💔 Que ele não faça nada com ela 🤭🤭😢
2024-10-01
0