Capítulo quinze:

A noite está mais escura que o normal.A lua está de um tom quase vermelho,as estrelas estão apagadas.Sinto o frio da noite bater com força contra o meu corpo. De forma automática,abraço meu próprio corpo,e continuo a caminhar sem rumo,só seguindo os meus instintos.

De repente uma lufada de ar gélido bate no meu rosto,e minha visão fica turva,quase me levando a inconsciência.Um vento forte começa a me rodear,me deixando com medo.

-Para agora!-Grito,mas é em vão.O vento continua a me circular,e cada vez aumentando a velocidade.-PARA!

-Querer não é poder.-Sopra uma voz, bem perto do meu ouvido,como se estivesse atrás de mim.Me viro no mesmo instante e não vejo absolutamente nada,a minha visão turva também não me ajuda em nada.-Veja como ele morrer aos poucos por sua culpa.

Olhando pro que eu acho ser a direção que a voz se refere.Meu peito é esmagado sem dó e sem piedade.As lágrimas brotam dos meus olhos e caem sem controle nenhum.

Apollo está deitado num monte de pedras e folhas.Uma luz o ilumina,e eu consigo ver perfeitamente todo seu corpo.O sangue banha seu corpo todo,seu rosto é um misto de dor e de agonia.Seus olhos se voltam pra mim,e ficam parados,sem esboçar nada.Choro igual uma criança,o vendo daquela maneira.Abaixando o olhar consigo ver que há um ferimento muito grande em sua costela,está em carne viva e o sangue jorra da ferida sem parar.

-Apollo...-Chamo seu nome baixo.Tento me aproximar,mas alguma espécie de muro me barra e eu não consigo me aproximar.

-Saia de perto dele sua maldita!-Alguém grita,e sinto um impacto no meu corpo,me jogando longe.-Por sua causa mataram nosso Alfa!Você é a única culpada.

Só agora eu percebi que seu peito não se mexe mais,seus olhos estão parados olhando pra mim,e com meus sentidos de loba eu não consigo ouvir as batidas do seu coração.

Ele está morto.

-Está feliz agora?Era isso que você queria desde o início,parabéns sua vadia burra.-Uma mulher grita pra mim,se colocando na frente do corpo sem vida de Apollo.-Ele morreu aos poucos e você não deu a mínima,agora engole esse choro e se prepare pra morrer também.

-Eu...eu não queria...que ele morresse.-Consigo dizer em meio ao meu choro histérico.-Ele é meu Alfa...

-Muito tarde minha querida.-A voz sussurra mais uma vez bem perto do meu ouvido.-O Alfa genuíno se foi.

-Não!Não!Não!-Grito e entro em desespero.-Você não pode morrer,você não pode me deixar.Você não pode!

-Acabou!-A voz volta a sussurrar no meu ouvido.-Está feito.

Umas sombras tomam o corpo sem vida de Apollo e ele começa a se transformar em folhas e o vento começa a levar pra longe.Meu desespero aumenta ainda mais.

-NÃO!-Grito em desespero e bato com força no muro,o mesmo nem se abala com o impacto do meu corpo.-Trás ele de volta pra mim.Por favor!Por favor.

-Seu arrependimento não irá trazê-lo de volta.

-POR FAVOR TRÁS ELE DE VOLTA!-Grito ainda batendo no muro.O corpo dele se transforma 100% em folhas e some junto com o vento.Caio de joelhos no chão e continuo chorando,chorando sem pausa.-Volta pra mim,por favor.Por favor!

-Mude o seu destino,ou será assim.-A voz sussurra mais uma vez e some,levando consigo o muro,o vento,a Lua e as folhas.

Acordo suada e ofegante.

Olho pela janela sem cortina do meu quarto,e vejo a lua brilhar acima de nós.As estrelas estão no céu.

Eu não posso deixá-lo morrer.

Eu não posso permitir que isso aconteça.

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