Capítulo onze:

—Vamos nos aquecer primeiro,daqui a pouco vamos começar.—Talles avisa.Somente confirmo com a cabeça.

Começo me alongando,sentindo meus músculos estalrarem,fazendo um pequeno barulho.

—Abdominais sultra,polichinelos e flexões.—Talles avisa.Sei o que eu preciso fazer.

No início pra fazer esses exercícios meu corpo doeu bastante depois,pois não estava acostumado com o esforço.Agora eu já não sinto mais nada,a não ser o escorrer do suor no meu corpo.Me deito no colchonete disposto,e começo a realizar os exercícios que ele mandou.

Quando estou fazendo um abdominal,meus sentidos se aguçam,e eu sei bem o motivo.Apollo acabou de entrar,a minha loba o reconheceu no mesmo instante.Me sinto nervosa,não sei explicar.Meu coração começa a bater mais rápido.Um efeito normal entre companheiros,que não há como controlar.

Se concentra Iana. Digo pra mim mesma.

Respiro fundo e volto para a minha sequência. Ignorando ou tentando ignorar o fato dele estar bem perto de mim, e me olhando, eu tenho certeza. Apolo nem sequer disfarça.

Após fazer os 20 abdominais restantes,permaneço deitada no colchão,controlando a minha respiração,de olhos fechados.Eu sempre faço isso.

Sinto o cheiro de Apollo cada vez mais perto de mim.Minha loba uiva e se remexe,querendo vim a tona.

Abro os olhos e o vejo parado a minha frente,com um sorriso no rosto.Só agora eu reparei detalhadamente como ele é bonito.Cabelos grandes e revoltos,olhos azuis cintilantes,a barba feita o deixando ainda mais bonito.Vestido numa blusa preta e uma bermuda de moleton,ele veio treinar também.

Sem dúvidas, ele é um homem bonito. Um porte perfeito para se destacar entre os demais, e ser a primeira escolha de qualquer fêmea.

—Eu te ajudo.—Estende a mão.

Engulo em seco,e penso na possibilidade de não aceitar. Engolindo todo o meu medo garganta a dentro,ergo a minha mão e seguro na sua.É mágico o que acontece.A eletricidade passa por nós dois,aquece meu corpo e o meu coração explode de um sentimento que eu não sei qual é.Sei que ele sentiu também,ele demonstra isso,e creio que todos que estão ao redor estão percebendo o que acontece com nós dois.

—Obrigada Apollo.—Agradeço não desviando meu olhar do dele.É algo que mesmo eu querendo eu não consigo desviar,algo invisível me prende.

—Estarei sempre aqui Katniss.— Ele sorri ainda mais.E num ato totalmente impensado, eu acabo sorrindo também,o que faz seus olhos brilharem.—Mesmo você me repelindo.

Sua última frase me acertou em cheio.

Puxei a minha mão devagar da sua,e pensei por cinco segundos.

Eu o repelia!

E eu tenho total certeza disso.

Talvez seja um grande erro meu.

—Vejo que vocês já não estão mais naquela fase chata.—Talles se aproxima, como se estivesse desfilando numa passarela.—Vamos começar o treino Iana,sabe o nosso ritual.

—Sim.Já me aqueci.

—Por que você treina ela?—A pergunta de Apollo me pegou de surpresa.Olhei bem para seu rosto,e vi sua mandíbula travada e os olhos amarelos lupinos.

—Somos amigos,treino ela desde que era uma adolescente rebelde.—Talles sorri de maneira genuína pra mim.E ao mesmo tempo ouço um rosnado vindo de Apollo.—Calma aí meu Alfa!Entendo a sua possessividade,ficaria do mesmo jeito que você.

—Que sorte a minha que você entende.—Ele rosna entre os dentes, encarando meu amigo. Ele já é territorialista.

—Bom,vamos ao que interessa?—Interrompo a pequena briga de olhares dos dois.—Meu corpo está precisando de um treino.

Pareciam até que fariam xixi em mim. Apolo com a possessão típica de um companheiro e Talles com a proteção de amigo/irmão, e também com uma pitada de provocação.

—Te dou as honras Apollo.—Talles diz,antes de me olhar e me virar as costas.Eu já sabia o que aquele olhar significava.

—Será uma honra treinar com você.—Ele volta com o sorriso no rosto.Fico parada,sem dizer nada,só olhando na direção em que Talles acabou de ir.—Ao menos que você não queira.Eu vou entender se não quiser Katniss.

—Não!—Falei rápido e alto de mais.O que me deixou com vergonha depois que todos os olhos se voltaram pra mim.—Eu quero treinar com você.

—Não sabe como eu fico feliz em ouvir isso.—Ele sorri largo, com os olhos brilhando. A felicidade é clara.

E seja o que Deus quiser!

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