Capítulo quatorze:

...🐺Iana Urrea:...

—Cala a boca!—Tampo meus ouvidos, como uma criança mimada.Não quero escutar.—Eu não quero ouvir nada do que tem a me dizer, que saco Talles. Me deixa em paz.

—Até parece uma criança agindo assim,sabia Iana?—Talles me lança um olhar nada bom.Bufo e destampo meus ouvidos,cruzando os braços.—Há quantos dias você nem olha na cara dele?Pelo amor de Deus.Estamos preocupados com nosso Alfa,e você parece que não está nem aí nem chegando.Ele está morrendo aos poucos por dentro,você é a única que pode ajudá-lo e fica aí como se nada tivesse acontecendo. Reage Iana. Seu macho está ficando um caco.

—Ele querer somente transar comigo Talles.Eu mesma vi ele com a Eleonor e com a Mirian,e os três pareciam bem animados juntos.—Faço uma careta ao me lembrar.—Ele não está sofrendo igual você está dizendo. Está exagerando, e eu não vou ceder as investidas dele. Comigo não vai conseguir nada.

—Você não se preocupa nenhuma pingo com ele não é?Se ele morrer pra você não fará diferença.—Meu coração erra uma batida ao pensar na possibilidade.Ele não pode morrer.—Sabe que sempre há os invejosos na alcateia,que sonham em ser um Alfa.Se perceberem a fraqueza do nosso Alfa,pode surgir um desafio pela liderança,e você sabe que ele não pode negar. Entende o que eu estou querendo dizer?

—Claro, eu não sou burra.—Uno meus dedos uns nos outros.—Você acha que ele quer algo comigo mesmo? Seja sincero Talles.

—E você ainda tem dúvidas?—Ele ri sarcástico.—Todos os dias chega um ramalhete de flores pra você,com um cartão,ele implorando pra você falar com ele.Você acha que ele não quer ter uma família com você?Pelo amor de Deus!

—Eu preciso trabalhar agora.—Aviso,pois estou no meu horário de trabalho.—Depois nós nos falamos. Eu não quero papo agora.

—Até quando irá fugir como uma lobinha indefesa?—Pergunta e não espera pela minha resposta.

Eu não sou uma lobinha indefesa.

Eu sou valente.

Há mais de uma semana que ocorreu o episódio do beijo e eu não quis nenhum contanto com Apollo depois disso.Andam dizendo que ele não está conseguindo se concentrar na administração da alcateia,e esse motivo sou eu.Talles me avisou que ele está morrendo aos poucos por não ter sido aceito por mim.Até o nosso Beta veio falar comigo.

Depois do beijo eu pensei e tomei a decisão de me dá uma chance e tentar ser feliz com meu companheiro. Já estava até pensando no que falar para ele, e pedir desculpas por tudo que eu havia falado. Durou muito? É claro que não. A fantasia idiota foi logo ao chão, quando contestei que na verdade ele não estava nem aí para mim, era tudo cena.

Estava a caminho dele ,mas logo mudei de ideia e mudei a rota, quando o vi sorrindo e bem acompanhado. Eles estavam bem felizes, e até demais.

Eleonor e Mirian são consideradas as lobas mais bonitas e sexy da nossa alcateia,e elas aparentam querer meu Alfa.Senti um incômodo no peito,e desisti de falar com ele.O sofrimento dele não o impediu de sair com elas,e só Deus sabe o que eles não fizeram depois.

Até parece que ele não cederia as claras investidas das duas.

É claro que Apollo não ficaria sofrendo.

Não quando se tem lobas aos montes, disponíveis para ele. Basta somente um estalar de dedos, que Miriam e Eleonor estarão na casa dele bem receptivas.

Agora eu não quero saber de nada.

Que a Deusa da Lua me amaldiçoe, mas em breve estarei renegando meu companheiro destinado.

Não estou dispostas a me entregar para alguém que me fará sofrer, e irá desejar outra. Eu ia tentar falar com ele, eu juro que ia. Mas desisti no meio do caminho.

Posso estar cometendo o maior erro da minha vida, o injustiçando. Mas o que eu posso fazer? Foram anos de traumas, psicoses que destruíram os meus sentimentos e coração. Coisas que ninguém sequer imagina, e eu tive que passar. Enfrentar sozinha, ainda bem pequena.

Eu vivi no meio de uma guerra doméstica.

Até hoje quando eu me deito, fecho os olhos, minha mente viaja e as lembranças me inundam, me deixando sufocada. Os gritos, o barulho de coisas sendo quebrado, o choro compulsivo que tomava conta de mim quase todas as noites, o cheiro forte se sangue a cada final de agressão. Eu nunca vou me esquecer disso, nunca.

E o que me perturba ainda mais: Eu não fiz nada. Não me esforcei para tentar mudar a nossa realidade. Fui omissa. Por muito tempo.

Essa omissão custou a vida de quem eu amava. De quem me criou e me protegeu por anos.

Me desculpe tia. Por favor.

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