Nós não ignorávamos a existência de magia, mas ela significava morte. Toda vez que alguém usava tirava a vida de outra coisa, desde plantas e pequenos animais até grandes criaturas como esse dragão.
Quanto maior a magia, maior a criatura que ela levaria.
- Podemos ir agora\, Moira? Estou congelando.
- Não vamos embora tão cedo\, enquanto não descobrirmos o que houve com esse animal.
- Vão investigar? - Hamish me perguntou surpreso.
- Claro\, eu estou aqui pra isso\, sugiro que fique por perto\, posso precisar de você.
- Corrigindo\, Srta. Clark. Vou estar por perto para garantir que suas intenções não sejam egoístas - ele sorriu com o canto da boca.
- O que quer dizer?
- Humanos vindo até aqui para investigar a morte de alguns animais\, eu entendo que o departamento de criptozoologia queira manter registro\, afinal\, humanos sempre acham que podem controlar tudo\, mas sentinelas é um pouco demais?
- Eles estavam ocupados – respondi ignorando seus outros comentários – mas não lhe devo explicações.
- Sim\, você deve. Esse é o meu reino em Domínio\, tudo que entra ou sai daqui me diz respeito.
- No entanto precisou de mim para descobrir que se trata de feitiçaria.
- Se vocês humanos não tivessem pego tudo o que queriam nas explorações eu teria recursos para cuidar de tudo sozinho.
- Essa é uma discussão milenar. Não vou discutir por algo que foi de comum acordo dos meus antepassados e dos seus.
- Eles enganaram os licantropos e os vampiros\, a diferença é que diferente dos nossos amigos sangue-sugas\, nós somos bons meninos.
A única coisa que pensei foi que Hamish podia ser um bom menino a qualquer hora na minha cama, mas claro que eu não poderia dizer algo assim.
- Moira - Dominic sussurrou em meu ouvido - o Sr. Semyonova nos instruiu a preencher a papelada e voltar.
- Não\, ele me disse para relatar que uma morte não tem ligação com a outra.
- Para descartar uma epidemia que pode afetar nosso gado.
- Tenho que ver o primeiro dragão\, você pode ficar na vila e nos consiga uma estalagem.
- Você vai com ele?
Dom parecia assustado, mas teria que se acostumar rápido se quisesse mesmo ser um sentinela, ainda mais trabalhando comigo.
- Sr. Gallacher\, pode me levar até o corpo do primeiro dragão encontrado?
- Talvez\, ele está sendo cremado no Forte.
- Nesse momento?
- Há dois dias\, é um animal grande\, mas normalmente deixamos as asas por último.
- Ótimo\, preciso vê-lo.
Eu não sabia se me importava tanto assim com os dragões, eram lindos e uma pena que tenham sido abatidos, mas também muito perigosos, minha motivação era outra.
Gallacher me indicou o caminho descendo a colina pelo outro lado.
- É um caminho longo para fazer com esses sapatos.
- Agradeço a preocupação\, mas estou bem.
Foi só eu falar pro meu salto ficar preso entre duas pedras e meu corpo ser lançado para frente, eu teria caído e rolado montanha abaixo se Hamish não tivesse me segurado entre seus braços.
Seu peito rígido abaixo de minhas mãos me causou um formigamento pelo meu ventre, o mais intenso que já senti. Olhei para ele percebendo seus caninos muito brancos salientes nos lábios.
- Consegue se soltar?
- De você?
- Da pedra - ele deu um sorriso mais claro.
- Consigo – engasguei com as palavras e sacudi o pé\, livrando o sapato.
Esse homem me provoca de maneiras curiosas, tenho que me concentrar mais na minha missão, antes que ele me distraia, Hamish olhou por cima do ombro e piscou. Seria muito mais difícil do que eu pensava.
O Forte, como Hamish chamava, era uma antiga construção medieval que parecia prestes a cair a qualquer momento, tanto por sua altura e complexidade quanto por sua localização, no topo de uma colina verde, seu interior era quase inteiramente feito de pedra e madeira e um grande alçapão se colocava no centro da sala de jantar.
Hamish bateu suas botas na entrada e se encaminhou para a mesa no centro onde encheu uma caneca grande com uma bebida caseira, hidromel talvez.
- Aceita? - ele me ofereceu a caneca.
- Não obrigada.
- Tem certeza? Vai te esquentar.
Eu não tinha dúvidas de que aquele homem poderia me esquentar de muitas maneiras e bebida não era uma delas, mas antes que esses pensamentos me distraíssem outra vez eu apontei para o alçapão.
- Para onde leva?
- Para baixo - ele riu\, antes de vislumbrar meu olhar impassível – a masmorra é lá embaixo.
- Não vamos perder tempo.
Hamish deu de ombro e usou a mão que não segurava a caneca para agarrar a argola de ferro e puxar a porta em um movimento rápido, fazendo a madeira bater no chão levantando uma pequena nuvem de poeira.
- Primeiro as damas.
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Atualizado até capítulo 132
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