Capítulo 4 - Não posso dizer não

Beto não podia acreditar na proposta que aquela linda mulher fazia-lhe. Se fosse em outra ocasião, ele jamais aceitaria, mas a oportunidade de olhar mais para aquele lindo rosto, além do fato de ele estar a precisar de dinheiro, foram fatores determinantes para ele dizer sim, para uma proposta tão absurda.

— Claro!

O coração de Dulce falhou uma vez, ao ouvir uma voz tão sedutora e quando ela levantou o rosto para ver quem era o dono de tal voz, ela deparou-se com um homem tão bonito como um anjo, embora a sua mente soubesse que não existem homens anjos, eles são todos demônios.

Quando o olhar dos dois encontraram-se, parecia que o mundo havia parado e eles só queriam ficar presos nesse momento.

Foram tirados desse momento, por Tom, que consertou a garganta e perguntou:

— Você está bem? Este homem fez-lhe algum mal?

Logo em seguida, Tom aproximou-se e com todo o cuidado, como se eles já fossem íntimos, continuou:

— Vem, você está machucada, eu vou cuidar disso...

Ele tirou o seu casaco e o estendeu em direção aos ombros de Dulce, mas nesse momento, ela sentiu o perfume dele, que estava impregnado em toda a peça e ia dizer para ele ficar longe. Mas, o rapaz, pegou o casaco da mão de Tom e colocou nos ombros dela, Dulce até esqueceu do aroma infeliz de Tom. Estava hipnotizada por aqueles olhos castanhos.

Logo em seguida, o rapaz passou a mão na cabeça dela e disse:

— Não se preocupe querida, vai ficar tudo bem. Vamos até à enfermaria ver como está este tornozelo.

Tom ficou furioso, como aquele pirralho ousa se meter nos negócios dele.

— Querida? Quem pensa ser para tratá-la com tamanha intimidade?

Beto respondeu sem nenhuma cerimônia.

— Sou o namorado dela.

Até Dulce acreditou, tamanha a convicção que ele expressou.

— Namorado? Isso é impossível.

A certeza de Tom quanto ao fato de Dulce estar solteira, não passou desapercebido nem por ela, nem por Beto, ambos ficaram um pouco desconfiados.

Beto segurou a mão de Dulce, ele percebeu o quanto estava gelada, num gesto de carinho e íntimo, ele colocou as mãos dela, no seu rosto e soprou o vapor da sua boca em cada pulso.

Dulce realmente não esperava que este rapaz fosse ser um tão bom ator.

— Querida, você precisa de atendimento. Sabe o quanto fica manhosa quando fica doente, eu adoro mimar-lhe, mas não precisa ficar doente para isso.

Num movimento involuntário, devido a sua timidez, Dulce puxou as suas mãos, mas ela arrependeu-se imediatamente, ao ver um pequeno sorriso surgir no canto da boca de Tom.

Mas, o modo como o rapaz falava com ela, até mesmo a fez ficar vermelha como um pimentão, mais um pouco e ela estaria a implorar para ele cuidar dela, da maneira como ele falava.

O cheiro de Tom no casaco ainda a incomodava e foi isso que a fez sair do seu transe.

Ela tirou o casaco, mais um segundo e ela iria vomitar. Antes, ela já odiava esse perfume, no entanto, ela suportava, para não magoar os sentimentos de Tom, dessa vez, ela não tinha porque suportar isso. Após ela entregar o casaco para Tom, disse:

— Obrigada, eu não vou desculpar-me por sujá-lo porque você foi o causador deste desastre.

Assim como o rapaz havia feito nela, Dulce passou a mão pelo cabelo do rapaz, como ele havia feito com ela, claro que foi um esforço gigante para vencer a sua timidez, no entanto, ela precisava, para afastar Tom.

— Você não se machucou? Eu quase caí em cima de você.

— Como posso machucar-me, quando foi um anjo que caiu em cima de mim?

— Certo, leve-me agora.

No maior estilo príncipe encantado, Beto a pegou no colo e a carregou até a enfermaria. Eles passaram por Tom, que tentou dizer mais algo, no entanto, Beto o parou, dizendo:

— a minha namorada machucou-se por culpa da sua estupidez, apague essa foto, ou vai se arrepender de toda a sua existência.

O modo como Beto falou com Tom, foi completamente diferente, muito frio e rígido. Até mesmo Tom ficou atordoado.

Beto a levou até a enfermaria, ele depositou-a lentamente na maca e antes que ele saísse para ela ser atendida, Dulce disse:

— Obrigada! Eu nem sei como agradecer.

Tom estendeu o telefone e disse:

— Aqui, pode fazer a transferência agora.

Nesse ponto, ele não estava mais interessado no dinheiro, ele queria o contato de Dulce.

Dulce não se sentiu ofendida, pois, ela havia realmente prometido isso para o rapaz.

Se passaram alguns segundos e a tela do telefone de Dulce apagou. Ela ficou um pouco sem graça e disse:

— Deve ter estragado na queda, mas, você pode adicionar-me no Instatoon, assim que eu comprar outro eu mando-te.

Dulce não sabia se o rapaz ia aceitar isso, ou não.

— Sem problemas, o meu nome lá é @betoempreendor se precisar de ajuda novamente, basta mandar um direct.

Sem palavras, Dulce deu um sorriso sem graça e disse:

— Penso que não vai ser preciso. Eu vou apenas mandar o pagamento.

Algo dentro de Dulce, lamentou esse fato, ela nunca mais iria ver este rapaz, mas não havia nada que ela pudesse fazer.

Beto achou essa mulher realmente muito enigmática.

— Você conseguiu contratar-me, mas não consegue receber a minha atenção?

Nesse momento, Beto deu um espirro.

— Talvez esteja constipação, aceita um banho quente, antes de ir embora?

No momento em que aquelas palavras saíram da sua boca, Dulce queria procurar um buraco no chão para se enterrar.

Ela não sabia o que acontecia, o seu cérebro parecia gelatina. Ela não conseguia pensar direito com Beto tão próximo.

— Eu aceito tudo vindo de você, vamos?

Dulce ficou ainda mais atordoada, ela não podia estar a ouvir direito. Como ela pôde dizer uma coisa dessas e ainda pior, como ele pode responder uma coisa dessas, ela não é essa categoria de mulher.

Beto disse:

— Por que você me fez essa proposta e agora não responde?

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