O quanto se pode amar uma pessoa? Dulce poderia dizer que muito, até o momento de não se reconhecer mais.
Em outro momento da sua vida, ela nunca estaria a essa hora da manhã fazendo compras para a sua casa e pior, compras que ela realmente não precisa. Esta é a quinta vez no último ano que ela se dedica a trocar toda a decoração da casa.
Ela constatou os olhos das vendedoras brilharem assim que ela colocou o pé na loja.
O seu marido Tom, sempre diz que ela não tem do que reclamar, pois, agora, ela podia passar os seus dias fazendo o que quisesse, pois, ele cuida de tudo. Ela estava apaixonada por Tom desde o primeiro dia em que se conheceram, então, ela nunca conseguiu dizer não a ele.
A bajulação na loja era grande e a horda de vendedoras elogiavam a todo instante o bom gosto dela.
— A senhora tem um bom gosto invejável, nem todas as senhoras da alta sociedade tem bom gosto como você.
Dulce, apenas sorria simpaticamente para elas e disse para a que atendia:
— Separe toda a coleção deste e mande entregar na minha casa.
Não havia muito o que se questionar, afinal tudo ali era feito pelos estilistas mais famosos, então tudo era de muita classe, elegante, assim como a casa da família que Dulce construiu.
Nada mais, nada menos, que apenas ela e o marido Tom nunca questionou os seus gostos, ele sempre elogia.
— Sente-se na nossa melhor poltrona Sra. Cally eu vou efetuar a sua compra e já efetuo a compra.
Quando Dulce sentou-se, veio outra moça e entregou-lhe uma taça de champanhe, ela agradeceu e assim que ela ficou sozinha, levantou a taça no alto e disse:
— Um brinde ao amor e ao dinheiro, pois tenho a ambos muito bem estabelecidos na minha vida.
Nesse momento, o celular dela começou a tocar e era do diretor financeiro da empresa, ela achou muito estranho, pois tudo o que se referia à empresa agora é Tom quem resolve.
— Olá Sr. Alves.
Dulce estava na direção do caixa e todas as vendedoras amontoaram-se ali e olharam de maneira hostil para ela.
— Sra. Cally eu nem sei como lhe dizer isso, mas todo o seu dinheiro sumiu.
Ela deu uma risada, pois isso não é possível.
— Deve ser um engano Sr. Alves, pergunte ao Tom o que acontece.
— Lamento Sra. Cally, mas tudo sumiu, tanto o seu marido, quanto o dinheiro da empresa, o seu dinheiro pessoal e todos os seus investimentos. Até mesmo os seus imóveis foram todos vendidos e nenhum dinheiro foi depositado por eles na sua conta.
O homem não parava de falar e continuou:
— Estamos três meses sem pagar fornecedores e funcionários, as suas obras de caridade foram fechadas ontem e eu não se o que vamos fazer.
Um pouco irritada, pois o Sr. Alves sempre foi muito desconfiado em relação a Tom. Ela saiu em defesa do marido.
— Por que tenta colocar-me contra o meu marido Sr. Alves?
— Eu queria muito que esse fosse o caso senhora, mas além de tudo isso, ele ainda fez dois empréstimos na casa dos dez milhões no seu nome e em nome da empresa. O banco entrou com um pedido de falência esta manhã.
Por não querer ouvir mais nada daquilo, Dulce desligou o telefone, ela ainda não pode acreditar em tudo o que ouviu nesse minuto.
— Só pode ser um engano.
Ela não teve tempo de raciocinar, a vendedora aproximou-se e com uma expressão desdenhosa disse:
— O seu cartão foi recusado.
Mesmo pálida, ela engoliu em seco, ela só podia sair com um pouco de dignidade daquela loja, então ela disse:
— Eu tive um pequeno problema no banco, mais tarde eu volto para pegar o que eu comprei.
As vendedoras atrás ficaram apenas comentando, como essas pessoas que não tem dinheiro, mas, querem manter a pose se ferram ao entrar naquela loja.
Antes de sair, Dulce ainda pôde ouvir as risadinhas de desdém delas.
Assim que pisou fora da loja Dulce passou a ligar incessantemente para Tom, mas o celular dele estava desligado. Ela ligou para o escritório e para casa, porém os funcionários disseram que ele não estava em nenhum lugar.
Ela dirigia por todos os lados da cidade, contudo, ela não fazia a menor ideia de onde encontrar o seu marido, a sua esperança era ainda encontrá-lo e esclarecer tudo isso.
Se Tom tivesse de fato feito algo mau, ela tinha certeza de que eles conversariam e tudo seria esclarecido.
Como último recurso, Dulce lembrou-se dos pais dele. Ela sabia o endereço deles, porém, Tom sempre a proibiu de encontrar-se com eles. A justificativa era de que eles não aceitavam o fato de ele estar com uma mulher mais velha que ele, mesmo que fossem apenas dois anos e o fato de eles não terem um filho.
No entanto, essa era uma emergência, essa regra não deve valer para momentos como esse.
A família de Tom morava num bairro pobre e afastado da cidade. Dulce sempre lhe ofereceu dinheiro para manter a sua família mais perto, no entanto, ele recusa e fica irritado diante de todas as suas ofertas.
Ela ligou o rádio para tentar acalmar-se, pois tinha consciência de que dirigia acima da velocidade.
No meio do caminho, começou uma chuva fina, que ficou forte gradativamente, porém, ela não parou, queria saber o que acontecia o mais rápido possível.
De repente, no rádio começaram a falar sobre a empresa dela. O radialista disse que Tom havia sido fotografado a pegar um jatinho rumo a Dubai esta manhã.
Quando ela pisou no freio foi tarde demais, o seu carro deslizou pela pista e caiu num precipício.
Enquanto ela sentia os impactos da queda, Dulce não podia acreditar que esse seria o seu fim.
A última coisa que ela disse foi uma prece, sincera e do fundo do seu coração:
— Meu Deus, por favor, que tudo não acabe assim. Se eu tivesse a chance de fazer tudo diferente...
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Atualizado até capítulo 82
Comments
Erlete Rodrigues
vc não pode confiar nem no marido 😡😡😡😡😡😡😡😡😡😡😡😡😡😡😡
2024-05-18
0
Marcia Ramalho Mecias
coitada caiu no golpe
2023-06-24
1