Por duas semanas Sophia e Vicente se encontraram na praia, evitando os conhecidos e se divertindo juntos, com provocações e conversas aleatórias, apenas para se conhecerem, sem detalhes sobrenaturais, para evitar entrarem em território proibido, não apenas para Vicente, mas para seus amigos também. Sua lealdade era a eles, e Sophia entendeu isso rapidamente quando o viu conduzindo as conversas para temas mais tranquilos.
Vicente jamais admitiria, mas estava gostando do tempo que passava com Sophia, principalmente quando estavam sozinhos na casa dele, apenas falando bobagens e rindo. Era quase como ser alguém normal de novo, mesmo que nunca tivesse sido de verdade. Não tinha conflitos, não tinham ideias para se desviar do caminho de lobisomens, não havia nada que realmente o desestabilizasse.
E ele havia sido capaz de fazê-la rir de novo. O olhar morto que havia aprendido a reconhecer, não existia mais. Um brilho, que mostrava que Sophia estava viva e que fazia mais do que existir, estava no lugar, e ele a achava irresistível demais para o seu próprio bem naquela forma, principalmente ao perceber que ela não tinha ideia daquilo.
Sophia realmente acreditava que por ser uma mulher pequena, deveria passar despercebida para todos, mas era justamente o contrário. Vicente já tinha visto olhares masculinos a acompanhando até sumir de vista o suficiente por aquelas semanas.
- Fico feliz que a partida dos vampiros tenha ao menos servido pra alguma coisa. - disse Sophia\, depois que Vicente contou como as novas mudanças tinham acontecido no pequeno bando.
Ele tinha sentido a necessidade de contar, pelo menos, aquele detalhe. Era bom poder ser honesto com alguém que não interpretaria como apenas raiva por eles serem o que eram.
Vicente segurou a mão da humana, sorrindo ao ver sua pele arrepiada.
- Serviu pra que você finalmente fosse livre de novo também. Sophia\, você pode fazer o que quiser agora\, sem medo de ter olhos dos bebedores de sangue em cima de você o tempo inteiro… ou melhor\, no tempo que eles podem sair na rua.
Vicente riu, debochado como sempre era ao falar dos problemas que os vampiros tinham para sobreviver, a fazendo suspirar, escondendo o sorriso de quem gostava das provocações.
- Nem tudo. Eu ainda me sinto sozinha. - contou\, se sentindo à vontade o suficiente ao lado do lobo para lhe contar aquele detalhe.
- Eu estou aqui.
Sophia o encarou, parecendo enxergá-lo pela primeira vez.
- Está não está?
Ele sorriu, apertando sua mão.
- Sim e... se quiser\, posso oferecer uns benefícios a mais.
Eles riram, embora Vicente soubesse que aquela não era uma proposta furada ou de brincadeira.
- Obrigada Vicente. - disse Sophia\, ainda sorrindo\, até realmente olhar nos olhos dele e ver apenas verdade.
E naquele momento o ar pareceu mudar entre eles. A vendo daquele jeito, tão tranquila, bonita e ainda irresistível, Vicente se deixou levar pelo momento. Sophia viu o beijo chegando, mas depois daqueles bons momentos e do desejo que sentia sempre que estavam muito perto um do outro, não tentou evitá-lo. Era tentador demais e ela queria saber como seria.
Foi quente, como tudo com Vicente parecia ser. Ela sentiu a mão grande se enroscar em seu cabelo, que a puxava para ele. Suspirando, Sophia se deixou levar também e logo estava no colo do lobo, retribuindo o beijo como nunca tinha feito antes, suas línguas se enroscando e as mãos se explorando, se conhecendo.
Ao se afastarem ambos estavam ofegantes.
- Nada mal garoto lobo. - provocou ela\, sorrindo ao encontrar seus belos olhos cinzentos a encarando\, parecendo surpreso\, antes de rir de volta para ela.
- Digo o mesmo\, garota lobo. - sussurrou Vicente\, antes de Sophia quebrar a pequena distância entre eles e o beijar rapidamente.
...
- Tenho que ir para casa - disse Sophia\, enquanto Vicente distribuía beijos por seu pescoço\, parecendo divertido e fascinado ao mesmo tempo.
Ela soltava pequenos suspiros sempre que ele mordiscava seu pescoço, o deixando excitado e com vontade de vê-la gritando seu nome enquanto a fazia gozar.
- Só mais um minuto - disse Vicente\, ainda a sentindo entregue em seu colo.
Ao mesmo tempo que tinha aquele desejo intenso de fazer tudo com Sophia, também não tinha pressa, como se ambos tivessem todo o tempo do mundo. O que mais importava era tê-la ali, em seus braços que a seguravam, não com força, mas com proteção.
- Não... Vicente!
Sophia, reunindo coragem, saiu de seu colo, rindo de seu rosto emburrado.
- Tudo bem! Eu vou com você até o carro. - disse Vicente\, voltando a sorrir para mostrar que estava apenas implicando\, embora os dois soubessem que se Sophia quisesse\, ele não reclamaria de tê-la ali com ele\, por quanto tempo fosse possível.
Eles seguiram em silêncio, relembrando os beijos trocados.
- Você…
- Mesma hora amanhã?
Os dois falaram juntos e sorriram timidamente.
- Até amanhã. - disse Vicente\, lhe dando um último beijo antes de Sophia ir para casa.
Ela não estava tão feliz quanto demonstrava, ao estar longe de Vicente, mas não podia deixar de sorrir. Estava seguindo em frente de verdade, com um cara que, apesar de ser um metamorfo, era de sua idade e lindo o suficiente, de um jeito que não a fazia se sentir inferior.
Já Vicente, sorria sozinho ao arrumar a pequena bagunça que tinham feito em sua modesta sala, se sentindo aquecido por dentro ao relembrar seus momentos juntos. Só desejava que tudo continuasse bem, depois que Lucas se controlasse o suficiente para ficar perto de sua melhor amiga.
Os dois já tinham conversado sobre aquilo e pretendiam revelar que Sophia sabia sobre o que eles eram. Vicente teria que dividi-la com os outros e temia o que poderia acontecer, principalmente com Lucas por perto, que era mais familiar a ela, do que ele talvez nunca pudesse ser, a menos que a humana deixasse.
A insegurança que surgiu após o abandono de Raquel então voltou com tudo e, embora não soubessem, Vicente e Sophia agiram em sincronia.
Ambos jantaram em silêncio -, até mesmo Sophia que tinha a companhia dos pais na mesa -, tomaram um banho ao mesmo tempo que deixavam lágrimas teimosas escapar, e ao se jogarem na cama, lamentaram tudo de ruim que tinha acontecido em suas vidas, que os faziam ter aquela angústia que os impedia de seguir em frente sem medo.
Ambos desejaram ser finalmente felizes, com uma certa humana e um certo metamorfo. Talvez o destino os atendesse daquela vez.
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Atualizado até capítulo 70
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