CAPITULO 5

— Nossa Ivy! — Lucas pigarrou recuperando o ar — você está maravilhosa!

Ela sorriu em troca do elogio, realmente estava deslumbrante.

Com um vestido vermelho um pouco acima dos joelhos decotado realçando ainda mais os seus seios e de costas livres formando um delicado V prendendo apenas em seu pescoço, ela não usará colar, mas estava com uns brincos de brilhantes enormes, com os cabelos presos em um perfeito rabo de cavalo e para realçar lindos saltos agulha prata. A maquiagem era leve apenas a ponto de realçar seus lindos olhos claros.

Ivy entrou na BMW de Lucas sem dizer nada, ela havia reparado nele claro, lindo como sempre, o cabelo muito bem penteado, as roupas feitas sob medida, se ela não o conhecesse poderia dizer que se apaixonaria somente pela sua beleza.

Sorriu ao perceber que ele estava nervoso em levá-la para jantar.

"Será que tentar com ele seria tão ruim assim?".

— Sério, você está linda — ele a olhou novamente enquanto cruzava o trânsito com o carro — É até um pecado o que eu vou te propor agora, já que você está deslumbrante!

Ele mantinha o olhar sério, fixo no caminho a sua frente, suspirando-a se manteve preparada para a mudança de planos que provavelmente teríamos.

— O que houve? — Ela o olhou, ele realmente parecia nervoso e sem pensar colocou a mão sob a sua coxa

e deu seu melhor sorriso para ele — vai, me fala!

Todo aquele olhar de preocupado se foi e ele sorriu, para Ivy foi ótimo e satisfatório ver aquele sorriso.

— Ivy, eu sei que combinamos de ir jantar, mas teve um compromisso de última hora, gostaria de te levar comigo se não tiver problema - antes mesmo que ela o respondesse continuou - eu sei, me pegou de surpresa também, e acredite, se eu pudesse não iria, mas eu realmente não posso simplesmente não ir.

Os olhos de Lucas transmitiam toda a tristeza que ele estava sentindo em realmente perder a oportunidade de impressionar aquela garota por quem ele é apaixonado a anos.

— Eu acho que não tem problema se você não liga em me levar, eu topo – ela sorriu em resposta, fitando voltando a se recostar no banco, tirando a mão da sua coxa — Mas se achar que é muito pode me deixar em casa, não tem problema, marcamos outro dia.

A expressão dele ficou rude. Em segundos ele conseguiu mudar.

— Não! Eu tenho um compromisso contigo hoje e vou cumpri-lo, é só uma reunião em família, e eu não posso perder essa chance com você que eu espero a anos? — Ele a olhou de canto, dando um pequeno sorriso, o que a fez ruborizar, olhando novamente para frente, continuou — aliás, seus pais estarão lá também.

A careta seria inevitável, e tão logo Ivy já estava reclamando.

— Sério? — levantou as sobrancelhas — se é em família, o que estão fazendo lá?

— Eu não sei — suspirou apertando as mãos no volante — parece que meu irmão pediu para eles. Afinal ele que marcou a reunião em última hora.

A expressão de Lucas mudou, havia alguma coisa aí que o incomodava.

"Irmão. Mas quem seria? Ela nunca ouviu sua mãe dizer que o Lucas teria um irmão, mais novo ou mais velho? E o que ele queria afinal para poder chamar seus pais!"

— Entendo. Não sabia que tinha um irmão.

— Tenho um, mais velho — Lucas respondeu tão ríspido que ela sabia que não iria obter mais nada sobre o

assunto.

Ela não soube o porquê mais sentiu seu estomago se apertar e o corpo todo se arrepiar, pelo jeito ele também.

— Se estiver com frio, pode usar meu casaco — ele estava sério, olhando para o trânsito cortando todos os carros.

— Obrigada, mas não precisa — ela sorriu de volta.

A casa dos pais de Lucas não era tão longe da casa de Ivy, mas o trânsito era denso, então iria demorar um pouco mais do que o normal.

Ambos estavam quietos em seus assentos, ela olhando fixo pela janela e ele olhando para o trânsito em sua frente e às vezes desviava o olhar para ela, depois de um suspiro pesado Lucas finalmente quebrou o silêncio.

— Me desculpe se eu fui grosso ou ríspido demais com você, não foi minha intenção — ela olhou para ele e pode ver o quão estava triste consigo mesmo pela maneira que falou com ela, dando um sorriso e estendendo a mão para ele, que logo a segurou, respondeu.

— Está tudo bem, é um assunto delicado para você, e está tudo bem.

Lucas levou sua mão até os seus lábios, dando um leve beijo entre os nós dos seus dedos... talvez ele não fosse tão ruim assim quanto Ivy imaginava.

Voltando sua atenção no trânsito a sua frente, mas sem soltar a mão de Ivy, ele continuou.

— Eu só não quero estragar nada, eu esperei muito tempo por essa chance com você para ficar falando do meu irmão.

Ivy apenas concordou e o resto do caminho foi quieta, com os pensamentos a mil, ela sentia que Lucas não seria tão ruim assim quanto todos e até mesmo ela imaginava, até pensou em porque não tentar com ele uma vez.

Ela se virou para a janela e observou as ruas, as casas, os prédios enormes em frente à praia, como era lindo, como ela amava aquele lugar, sorrindo sozinha para a janela, ficou ali contemplando cada parte da paisagem, sentindo uma calma maravilhosa por aquele lugar.

Lucas andou mais um pouco e logo chegou na frente de seu prédio, ela sabia que era o prédio onde ele morava e seus pais também, porque, primeiro, já veio aqui em reuniões com o Sr. Crestwels algumas vezes e segunda, seu pai era o dono do local.

O edifício era maravilhoso, ela podia dizer cada parte décor, cada canto, cada parede, cada detalhe nas mesas do restaurante, das bancadas da recepção, durante toda a obra e projeto do grande edifício ela esteve presente, adorava fazer parte dessas coisas e também era o único local que a sua mãe não colocava limites, ela podia ir e vir nas construções que sua mãe não ligava.

Algum tempo após tanto ver projetos ou se intrometer no meio deles, seu pai a escalou na empresa para tomar conta de todos os arquitetos e engenheiros, ela ganharia uma boa quantia só para supervisionar projetos. Amava o que fazia, e esse prédio era o seu preferido.

— Vamos Ivy.

Lucas abriu a porta do carro para ela, um pouco sério demais e estendendo a mão para ajudá-la a sair, o mau-humor dele não a afetou, ao contrário ela segurou a sua mão e sorriu, foi inevitável e ele sorriu de volta.

Guiando Ivy pela entrada do edifício com uma das mãos atrás nas suas costas, bem ao final na sua coluna, as pontas dos dedos dele tocavam a sua pele que estava exposta, era frio, uma sensação estranha invadiu Ivy que a fez estremecer, seus pensamentos pulavam em sua cabeça com a sensação do toque do Vinicius em seus braços, como era bom e quente, ao contrário de Lucas, seu toque a fazia queimar.

Balançando a cabeça jogando esses pensamentos para longe, se concentrou mais em andar ao lado de Lucas, afinal ele era o seu companheiro da noite, e ela tinha decidido a tentar com ele, a lhe dar uma chance, nem que seja mínima.

— Boa noite Senhorita Willians — João tocou seu quepe a cumprimentando — Sr. Crestwels — olhou para  Lucas e ele apenas assentiu com a cabeça.

— Boa noite João — Ivy sorriu.

João sorriu de volta. Ela adorava conversar com ele, antes ele cuidava do prédio onde ela morava, até ser transferido para esse.

Lucas a guiou pelo elevador, ainda quieto, nem ao menos um suspiro, "o que será que tanto ele pensa?", queria conversar, saber mais sobre esse irmão misterioso, queria rir, saber mais dele, tirar essa primeira impressão ruim que tinha dele, mas Lucas nem ao menos se esforçava para tentar ser mais simpático, ele era bem instável.

O arrependimento de tentar com ele já começou a bater, cada minuto de silêncio e sem emoção tinha mais certeza que havia cometido um grande erro, ainda tentava entender como a sua mãe a convencerá a sair com ele, suspirou.

— Estou entediando você, Ivy? — finalmente ele abre a boca e é para repreendê-la

— Se estivesse, eu já teria ido embora — respondeu ríspida e com o olhar fixo nas portas do elevador.

— Alguma coisa me diz que daqui a pouco você irá sair correndo — os dedos na sua coluna se apertaram um pouco deslizando pela sua pele, ela arrepiou e se afastou.

O nervosismo que Lucas sentia naquele momento era nítido, está irritado por ter finalmente tido uma chance de sair com ela para o seu irmão vir e acabar com o encontro perfeito que tinha programado.

— Por quê? — ela questionou e os olhos de Lucas fixaram nos dela e por alguns instantes Ivy pode sentir a

angústia que ele tinha.

— Espere até conhecer meu irmão e saberá.

" Qual é a sua preocupação com seu irmão?"

Ela pensava tentando entender porque de suas preocupações e como ele ficava tão instável só de pensar nele.

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