JOLIE
O verde da natureza de Santa Catarina é realmente lindo, mais lindo ainda é o azul do céu beijando o verde azulado do mar. O que está do lado de fora dessa janela me enche os olhos, é uma imagem que quero guardar na memória. Sinto que meus sentidos estão aguçados, são cores, cheiros e uma sensação na pele de aconchego. Lá fora o mar agita-se tombando ondas que finaliza seu movimento em bordas brancas de espuma. Já se passaram três meses da morte de papai e sair de nossa casa em São Paulo, a mansão dos Serat, será bom para o meu desapego e a nova realidade que me espera ao fim desta viagem, quando irei para um internato.
Realmente foi uma boa ideia essa viagem, a única parte ruim foi Yani que está hospedada no quarto ao lado, como que grudada em mim. Na saída do aeroporto, me avisou para eu não sair sem ela, para lado nenhum. Só em relembrar a sua pose ou voz me dá repulsa. Mas, como bem me preparou Henrique, preciso manter a paciência e deixar o perfil baixo, para que tudo corra bem.
O local onde estamos, a casa da família do Guilherme -Gui, fica na praia Matadeiro. Seu acesso é um pouco restrito e a princípio eu não estava gostando muito da ideia, porque aqui não possui estrada de acesso para carros. O único acesso é a pé pelo canto direito da praia da Armação. Para chegarmos até a casa, Guilherme nos guiou, fazendo atravessar uma pequena ponte e uma trilha. Eu tinha vontade de matar os meninos
que não pensaram que carregar malas, seria algo difícil para mim. Deu uma trabalheira e muita reclamação, ainda mais com o calor e o sol forte.
Mas agora, olhando a vista posso dizer que valeu a pena, realmente um lugar paradisíaco, não tem muitas casas, e percebo como são privilegiados por estarem bem perto do mar. Nós temos uma casa aqui em Santa Catarina, ou tínhamos... agora não temos mais acesso, pertence a Ricardo e deve estar alugada ou fechada. Fica no outro extremo de onde estamos, na praia de Daniela. É bonito lá, mas é uma praia tipo mais de família, com aquele movimento mais caótico, com a orla cheia de crianças. E, detalhe, como as casas ficam num bairro residencial, não se tem vista para o mar, como esta aqui. De repente em meio a meus pensamentos, escuto batidas na porta, me viro e vou atender.
-E aí... muito cansada? Já me perdoou pelo perrengue que teve que passar? (Bem a minha frente, inclinado se apoiando com um braço na porta e outro na cintura, está Gui.)
-Nossa Gui... vocês garotos não tem noção né? (Rimos juntos por que sei que ele me trata como um menino, por causa de nossa proximidade nos jogos on-line.)
-Não senhorita... vocês meninas é que não sabem carregar menos tralhas e curtir mais as coisas simples para aproveitar a natureza! (Torci a cara para ele e apenas fiquei bufando fininho.)
-Vem Jolie. Meu irmão chegou e quero que você o conheça. Ele será o seu advogado também.
-Eu soube pelo Henrique.
-Ah... ele trouxe algo para gente fazer, para comer. Vocês devem estar cansados e com fome. (Apontando para o quarto ao lado ele continua falando alto.) -Chama a tua babá também! (Gui sai de fininho como que se esquivando para não apanhar, descendo as escadas rapidamente.)
Eu não a chamo, porque acho que ela já deve saber do movimento na casa. Lavo o meu rosto, coloco um short e um camisetão, prendo os cabelos em um rabo de cavalo e coloco um chinelo confortável. Descendo as escadas já escuto as vozes e gargalhadas em alto e bom som. Na sala estão Henrique e Gui de pé, contando algo engraçado, gesticulando e fazendo poses. Sentados não sofá, prestando atenção e rindo, estão Brunão e Aninha, que não estavam aqui quando chegamos, e são filhos do senhor Dr. Vito Mecenas, nosso advogado principal.
Do outro lado da sala, sentado em uma banqueta junto à bancada no serviço de bar, está um cara muito lindo, tipo So Ji Sub (ator Coreano). Ele observava os meninos com um esboço de sorriso, porém me parece mais um sorriso de descrédito do que falam. Do outro lado está Yani, numa poltrona dando risadinhas disfarçadas, como previ ela sabe de toda movimentação, pois a sua tarefa é vigiar-nos, mas também está se divertindo.
Me aproximando deles e logo Aninha se levanta para me alcançar e me abraça forte, beijando meu rosto desce suas mãos segurando as minhas:
-Que bom que você decidiu vir passar as férias comigo. Vamos nos divertir muito juntas. Tenho certeza! (Fala Aninha, alinhando uma mecha solta do meu cabelo, que não prendi direito.)
-Ooh! Oh! Para de paquerar minha irmã Aninha... ela não é desse time não!!! (Aninha fica brava, vai até o sofá, pega uma almofada e joga em Henrique que se esquiva, todos caem em uma risada só.)
-Nem eu Henrique, seu chato! Meu time é o memso da Jolie. Só queremos homens e não moleques ou pivetes como vocês! (Disse Aninha apontando para seu irmão Brunão, Gui e Henrique, tirando onda dos meninos. Foi uma zoada total.)
-Bom... Então o único que pode estar na mira de vocês é meu irmão Gabriel! (Gui fala isso apontando para o bonitão sentado no barzinho, que agora o indentifico - o meu advogado. Ele ri, se levanta e vai saindo de fininho, entrando em uma porta, que acredito ser a cozinha.)
-Nossa Gui ele é tímido, encabulado ou Gay? (Fala Brunão sussurrando. A risada foi geral, sendo cortada quando notamos que Gabriel estava bem parado na porta.)
-Só para ficar claro.... eu não sou nenhuma dessas três coisas, o que não seria um problema. E, eu gosto muito de "gatas", mas por enquanto as "gatinhas" aí eu tenho que respeitar. (Virou as costas sorrindo e sumiu de vista.)
-Eh! Eh! Ré! Ré! O ouvido dele é de morcego? (Fala Brunão envergonhado. Riram todos de satisfação, pois a resposta do irmão do Gui além de divertida, também foi respeitosa.)
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Atualizado até capítulo 118
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