Ponho uma roupa normal e saiu dali, naquela hora não teria mais aula. Fui pegar minhas coisas na sala que parecia vazia, organizei a mochila e a puis nas costas pretendendo ir embora.
— Sempre fugindo de alguém! — o som mesmo baixo era conhecido, Kiara.
Me virei para encara-lá, por que ela gostava tanto assim de tentar me tirar do sério? Ela era assim, tão linda e tão chata mesmo?
— Só pode é tá de brincadeira comigo! — resmungo, vendo ela me encarar de volta.
— Não preciso fugir de ninguém, não sou ladrão, e aliás pode gritar felicidade pelo resto do dia, já estou indo! — falo, me virando para seguir.
— Infelizmente nao é bem assim! — Kiara chama minha atenção com suas palavras.
— O que quer dizer? — pergunto me virando impaciente.
— Temos um trabalho de história pra fazer! — responde pondo suas coisas na bolsa.
— Desde quando? — pergunto, sabendo que não ouvi isso de ninguém.
— Desde a hora que você saiu pra visitar seu amigo! — diz, pondo a mochila nas costas.
"Visitar meu amigo na minha linguagem significa ir ao banheiro."
— Tá, e o que quer que eu faça? — pergunto sem paciência, sério que logo ela seria minha dupla para um trabalho de localização de antiguidades? Pelo menos foi a parte que ouvi. Isso vai demorar meses.
— Quero que consiga pra mim os matériais que vamos precisar pro trabalho! — ela fala séria.
— Beleza, daí minha parte acaba? — sacaneio ela.
— Sonha garoto! — fala passando por mim.
— E eu não vou pra sua casa para fazer o planejamento não! — avisa.
— Que garota chata! — resmungo.
— Então, lá chega pombo correio? — pergunto.
— Am? — Kiara me encara caminhando ao meu lado, a gente não se matou ainda.
— É a única forma de conversa mais rápida pra quem não tem o número de alguém! — explico.
Ela me olha feio, mostrando a língua feito uma criança.
— Garota infantil!
— Toma chato! — me entrega um pedaço de papel que tinha no bolso, e sai andando mais rápido.
— Que gentil criança, já tinha feito pra mim! — tiro onda
— Sonha garoto! — Kiara diz sem se virar.
Por que ela me chama assim, se sou mais velho que ela alguns meses? Deve ser para me irritar, vou andando sem esperar Iago.
Assim que saí da escola comprei cartolinas, folhas para imprimir o planejamento e marcadores, logo levei tudo para casa, estava faminto.
Assim que chego, já vou pondo a mão nos pratos, as reclamações de Luíza começam, vou lavar as mãos como ela pediu e volto rapidamente.
Tinha que passar na casa daquela chata chamada Kiara, antes do fim do dia, não queria que ela inventasse algo, então ia dá uma rápida passadinha lá.
(...)
Termino o almoço indo para o meu quarto, decido pesquisar sobre o assunto, olhando para tudo aquilo que tinha comprado, penso; ela não vai me deixar pra trás, muito menos vou deixar que ela se sinta inteligente as minhas custas.
Anoto tudo que é importante em meio à tantas histórias antigas e faço um resumo em outra folha separada atrás das anotações, deixando as fotos para ela cuidar do resto, está pronto para mim.
Termino tudo, satisfeito com o resultado, decido tomar um belo banho.
Saiu do banheiro ouvindo meu celular apitar com várias mensagens, enxugo os cabelos o pegando na cama, logo em seguida abro as mensagens.
Desconhecido.
Ei seu idiota, está atrasado!
Vai estragar o trabalho se não chegar à tempo.
Mandei o endereço faz uma hora.
Cadê você??
Eu mato você se não aparecer.
— Ela tá mesmo brava.
Sorrio adorando aquilo. Quando ela ver que li suas mensagens pelo íconezinho que dedura ✔️✔️, já aparece digitando...
Sabe que horas são?
Apenas olho, deixo o celular de lado e vou procurar uma roupa.
Saiu de casa com tudo aquilo em uma mochila, logo estou no meio do trânsito matando tempo com a velocidade que estava indo, não costumo andar devagar e tão calmo, mas se é para irritar uma certa pessoa, eu começo até à adorar o trânsito.
Seguindo as instruções do GPS, chego em frente à uma casa bem diferente das casas de conjuntos que vejo por aí, era maior, apesar de ter dois andares como a maioria.
Deixou minha moto na calçada de sua casa e vou logo tocar a campanhia, mal ponho o dedo a porta já se abre com violência, revelando uma Kiara bem bravinha, linda até.
— O que eu disse sobre se atrasar garoto? — me fuzila com o olhar.
Sorri antes de responder, à fazendo parecer que quer pular em cima de mim e me encher de tapas.
— Não tenho culpa se você não tem coisa melhor pra fazer. — finjo não notar seus dentes cerrados.
Por que mesmo ela fica tão brava com a minha indisciplina? Não ficaria surpreso se Lisandra fosse sua mãe, mas também não adoraria à idéia de entrar no covil da coordenadora e sua cria.
— E aí, vai entrar ou não vai? — Kiara bate o pé impaciente.
— Depois a criança sou eu! — sorrio entrando em sua casa.
Ela me pede para sentar no sofá perto do notebook, vários livros e um caderno com anotações, tiro a mochila das costas e sento, já retirando as coisas de dentro.
— Isso serve? — pergunto apontando para tudo que acabava de espalhar pela mesinha de centro.
— Serve! — Kiara responde observando bem a cor da cartolina.
(...) Minutos depois estou recolhendo informações dos livros enquanto ela usava à internet e anotava.
Minha parte tinha acabado rápido pois só peguei o que ia acrescentar, Kiara não gostou.
— Só isso não serve! — Kiara cruza os braços, em frente a sua camisa tão masculina, de uma banda de roque.
Encaro aquilo como normal, até uma voz bastante conhecida soar no topo da escada, me fazendo encarar a pessoa que decia cada degrau, sem camisa.
"Só podia ser, claro, na casa dela, o que eu mais encontraria?"
Olho para ela que pouco se importou com meu incômodo, assim como ele, pois o que fez foi sorrir para mim.
"Ela é igual à todas, uma garota com escolhas erradas, onde ela se entrega fácil pra qualquer um."
Uma sensação estranha de pura decepção começa a amargar meu ser, o que seria exatamente, eu não sabia, mas não gostava, não esperava outra coisa dela, esperava?
O pior é que não tinha resposta para isso. Jonatas se se sentou do outro lado do sofá, pondo o braço ao redor dela, me cumprimentado, tava na cara que ela era só um brinquedo, um tipo de troféu para aumentar o ego ou coisa do tipo, será que ela não percebe isso, ela deve mesmo gostar, já que está com esse tipo.
— Fazendo trabalho de História? — Jonatas pergunta o óbvio, vendo a capa do livro a sua frente.
Kiara responde nada preocupada, ou incomodada, como eu estava, eu estava à caminho de um efeito químico drástico, mau feito e mau misturado, a mistura que devia dá errado era desses dois...
Parei de pensar tanto quando Jonatas começou à acariciá-la. Sério que ele ia fazer aquilo na minha frente? E por que eu me importo?
Dei importância ao que faltava, então minutos depois me levantei, pegando minha mochila.
— Onde pensa que vai? — Kiara me olha confusa.
Jogo as anotações que fiz em casa, com a pesquisa do livro na mesa, dou as costas para ela, que fica com a cara de boba por ver que eu estava à frente dela e não o contrário, já havia terminado tudo. Ela não pode me comparar ao tipo de cara que ela gosta, esses tipos parasitas, de estudantes de verdade, porque são sem cérebro.
— Ei cara, ainda tá cedo! — Jonatas fala, me fazendo parar de caminhar, não só por que já tinha chegado na porta.
Olho para eles, me sentindo amargo.
— Tenho mais o que fazer! — respondo, abro a porta e me mando.
Ele é o reflexo do homem perfeito? Ou não... não, ele é o reflexo canalha que ela preza.
Saiu em disparada para casa, com certeza com aquela arrancada eles ouviram.
Um carro aparece do nada me fazendo frear de uma vez...
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Atualizado até capítulo 88
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