Depois de uma noite louca com Solange, passei o dia imaginando por que fiz aquilo e muito mais. Tenho duas hipóteses: primeira... ou estava a fim mesmo de pegar alguém? Ou segunda... estava tentando fazer ciúmes a alguém que mal conheço. Estudamos juntos faz três anos, mas, ela nunca quis se aproximar.
"Então, Lenon Castiel, por que mesmo você estava preocupado em deixá-la com ciúmes? Raiva por ela não ser diferente da outras?"
Ela namora um popular da escola. Tipo... ela é igual a todas. Ela não tem o espírito diferente daquelas que conheço. Me enganei sozinho. Isso, eu que fui trouxa por dois minutos.
Na realidade não queria mais ficar com alguém por outra. Você não curte o momento, só pensa na outra pessoa — se ela tá olhando, o que ela tá sentindo e até pensando... Sim, pensando. Ela estava do outro lado da piscina e eu estava perto do som estrondoso. Pensando agora, foi injusto. Comigo mesmo. O ouvido zumbi fino... Aperto minhas mãos sobre eles, tentando inutilmente resolver a situação.
— Castiel, estou saindo! — acho que é a voz de minha segunda mãe.
Todas as vozes agora são sussurros, pensamentos foram silenciados, pelo menos até os ouvidos saírem da ressaca. Não tenho ideia de como vou fazer algo hoje. Pelo menos não tem tanta ressaca nessa minha cabecinha.
\*\*\*\*\*
Passei o dia inteiro na cama, assistindo séries — isso depois de estudar um pouco.
À noite, fiquei apenas de casa. Apenas queria tentar tirar aquele maldito zumbido de onde quer que ele estivesse.
\*\*\*\*\*
Acordo com um som estranho, acompanhado do som semelhante a apito.
"É, o maldito zumbido não me deixou ainda. Estava na hora de seguir a vida."
Depois de vestir a roupa da escola e tomar café rapidamente. Caminho em direção à escola.
— Ei, cara, como vai? — pergunta Iago, caminhando ao meu lado. Sua voz sai como um zumbido, bem baixa.
— Vou indo. E você? — o olho animado.
— Bem... Mas me diz, qual é da animação? — Iago pergunta, confuso.
— Vou poder me concentrar nos estudos, se conseguir silêncio na sala. — respondo, sorridente.
— Como assim? — me encara.
— Hoje não posso escutar o pensamento de ninguém! — avisto a escola.
— Então posso pensar tudo que eu quiser hoje? Que legal! — sorri, mas logo franze o cenho, parecendo perceber o que havia de errado.
— Espera... Não vai escutar os pensamentos das gatas pra mim? — pergunta, afetado.
— Desencana, cara!
De repente seu rosto pareceu engraçadi demais. Nada melhor que um pouco de paz. Entramos na escola, começando o dia...
No intervalo, dou de cara com Lisandra.
"Droga! Essa é a parte ruim de não ouvir os pensamentos."
Ela me olha com fúria.
— Desnaturado! — fala enraivecida.
— Como vai a aurora? — pergunto com cara de inocente.
— AINDA TEM CORAGEM DE PERGUNTAR? — ela grita, aumentando o zumbido, me fazendo pôr as mãos nos ouvidos.
— Que mal-educado! Vou te pôr na detenção, tá me ouvindo? — faço careta com o som horroroso que saiu da boca dela, além da voz.
— Não pode me pôr na detenção... — falo, ainda com as mãos nos ouvidos.
— Claro que posso!
— Seu marido pode descobrir seu caso! — ameaço, a vendo fazer cara de afetada.
— Você não ousaria!
— Você ousaria? — repito, irônico.
— Desnaturado! — sai resmungando.
Sorrio ao vê-la sumir, tirando as mãos dos ouvidos.
— Sempre aprontando, não é? — Kiara pergunta, com os braços cruzados na minha frente.
Levo as mãos aos ouvidos automaticamente.
— Quando você apareceu? — pergunto, fazendo careta.
— Esse é o resultado de passar a noite na frente de uma série de caixas de som, com vinte alto-falantes e diversos fones... — ela sorri, irônica.
— Hahaha... — finjo sorrir.
— Olha quem fala! Passou a noite me vigiando! — alfineto.
— Você se acha, não é? — Kiara pergunta, chateada.
— Não me confunda com seu namoradinho! — falo, chateado, tirando as mãos dos ouvidos para me aproximar mais dela.
Chego a encará-la olho no olho. Mesmo com a dificuldade por ela ser baixinha, ela me encara no mesmo nível, séria.
— Não me compare com o seu jogadorzinho! — digo, ainda na mesma distância. Um segundo depois, saio, ela não tinha como contestar, apesar de ter feito a cara de quem estava engolindo algo amargo.
"Quem ela pensa que é para viver me julgando?" bufo, indo procurar Iago.
Kiara me irritou na segunda. A deixei mais irritada ainda, pois ela nem me dirigiu a palavra naquele dia.
Tudo ficou um pouco mais alto no terceiro dia. O som horrível que acompanhava as vozes foi substituído pela falta de audição em um ouvido, mas os pensamentos não. Estava adorando, a parti ruim era ser mouco de vez em quando — quase não conseguia jogar baseball.
Saí do meio do campo para ir me sentar na arquibancada. Tirei as luvas de batedor, as deixando no banco ao meu lado. Fiz o mesmo com o capacete.
— Ei, cara, não tá me ouvindo? — Iago pergunta, se sentando do outro lado, no mesmo banco.
— Não! — respondo, cansado.
— Não vai mais jogar? — Iago insiste.
— Não. Tá difícil jogar tendo que prestar cem por cento da atenção nas bocas dos jogadores pra saber o que estão dizendo. É horrível! — falo, chateado.
— Então vou avisar pro Jônatas! — se levanta. Mas não sai antes de me dar um leve tapa no ombro.
Jônatas era praticamente o dono do jogo. Dava sempre uma de treinador. Me levanto, recolhendo minhas coisas e saindo da quadra.
Assim que chego na porta do meu armário, quem eu encontro bem do lado... ela.
— Tá me perseguindo? — pergunta, atacada.
— Você viaja muito, garota! — tento fingir que ela não é irritante.
Pego minhas roupas e fecho o armário, o trancando.
— Desde quando seu armário é aqui? — Kiara pergunta, fechando seu armário.
Sorrio falso, a encarando antes de sair andando, digo:
— Não sei, talvez ele saiu voando do lugar dele e parou aí!
Dou as costas para ela, maldiz com nomes feios. Mas não dou a mínima, pois não entendi nada mesmo — estou mouco.
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Atualizado até capítulo 88
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