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A sexta feira amanhece nublada, chego cedo no trabalho como sempre.

Os problemas aparecem junto comigo. Vários e-mails do banco querendo marcar uma reunião e reclamando do seguro da filial do Brasil.

Minha cabeça lateja quando penso que provavelmente houve mais um roubo na carga de nossos produtos naquele país. Isso vem acontecendo de tempo em tempo. Precisamos melhorar a forma de envio, mas parece que lá transportar mercadorias em caminhões é o meio mais usado.

No e-mail eles pedem urgência, mas preciso analisar tudo para apresentar ao Jack e pensarmos numa contra proposta.

Os relatórios me consomem a manhã toda. Almoço no escritório mesmo. Estou envolvida com tantas coisas para agilizar que me lembro as 12 horas que a cesária de Clara estava marcada para as 9. Já era para eu ter notícias, ninguém me enviou mensagem alguma.

Devem estar envolvidos com a novidade e nem pesaram em me comunicar.

Jack está em reunião fora da empresa, ocupado, não vou atrapalhar ele para perguntar como Clara e Cloe estão.

Sebastian poderia pelo menos ter a consideração de me falar que tudo correu bem. Me sinto magoada.

As horas vão passando, vou ficando mais angustiada. Um aperto invade meu peito, ninguém me liga para avisar sobre o estado delas.

Onde está a consideração dessa gente? Estou quase ligando para meu chefe, mas, tenho medo de ultrapassar a linha que eu mesmo me impus.

Decido foca no trabalho, o que mais tem é serviço para fazer.

Estou na minha sala analisando algumas propostas quando meu telefone toca.

Levo um susto quando vejo que é o senhor Gilbert.

Aconteceu alguma coisa, minha mente grita.

Senhor está tudo bem? atendo no primeiro toque e me adianto perguntando.

Não Ana, não está nada bem. A Clara acabou de falecer ele fala com a voz emocionada e eu paraliso.

Não, isso não pode estar acontecendo.

Não, é só um pesadelo. Isso, um pesadelo. Clara não pode morrer, não é? Isso é loucura.

Está me ouvindo Ana? fala e volto a realidade sinistra desse momento.

Sebastian está louco e quebrando tudo, ninguém consegue parar ele e não quero os seguranças, nem a polícia envolvida nisso. Venha para cá imediatamente e pára ele exige.

E a Cloe? Ela está bem? Indago apavorada. Não sei o que pensar. Minha cabeça está confusa.

Sim Ana, nossa neta está bem e saudável. Vem pra cá, rápido sem mais desliga.

Estou em choque, começo fazer tudo ao mesmo tempo. Junto todas as folhas, coloco dentro da minha bolsa. Peço um carro de aplicativo, vou atrás da Mary pedir socorro para resolver o que está pendente. Desorientada esqueço momentaneamente de onde ela está? De repente, dá um branco na minha mente.

Quando o carro chega, estou aguardando quase no meio da rua. Entro nele automaticamente.

Tenho que me esforçar para manter a respiração regular.

As lembranças da conversa que tive com Clara passa na minha cabeça. Sinto quão cruel o destino pode ser.

Sem que eu perceba, choro silenciosamente o caminho todo.

No hospital está a maior confusão, a recepção térrea não tem ninguém além de dois seguranças assustados. Entro no elevador e quando chego ao sétimo andar, onde fica a ala da maternidade, passo por dois médicos feridos e uma enfermeira desmaiada. Pessoas tentam ajudar de alguma forma.

Parece que houve uma guerra no lugar. Todo mundo conversando ao mesmo tempo.

Não é difícil encontrar o senhor e a senhora Serkan, estão numa ante sala depois da recepção. Ela não pára de chorar sentada em uma cadeira, sendo medicada por uma profissional. Ele anda de um lado para o outro com o resto vermelho e sombrio.

Quando ele me vê, vem me encontrar no meio do caminho.

\_ Ana, rápido ele está na sala de cirurgia é por ali. Vai até lá e fale com ele.

Eu? Eita.

Vou falar o quê numa hora dessa?

Quase choro de desespero.

Onde está Lourenço? Pergunto, se foi Sebastian que fez toda essa confusão, eu não posso simplesmente aparecer na frente dele. Ele pode querer me matar já que está tão fora de si.

Ele está fazendo exames. Sebastian desmaiou ele com um murro e parece que ele quebrou o maxilar fala exasperado.

Jesus, o homem está fora de controle.

Vamos lá Ana por aqui ele pede e não me movo. Ana, depressa Me repreende.

Seja o que Deus quiser.

Ninguém conseguiu impedir ele de entrar na sala, depois ninguém conseguiu tirar ele de lá. Os médicos estão todos com medo, ameaçando chamar os seguranças ou a polícia ele vai andando e falando enquanto o sigo.

Ao chegar, a porta está entreaberta e consigo ver alguns equipamentos no chão.

Sebastian o senhor Gilbert chama.

Fora daqui Ele urra lá de dentro e ouço alguma coisa batendo na porta. Ele jogou algo para atingir o pai dele?

O que ele vai fazer comigo então?

Olho para o senhor Gilbert, ele toma a bolsa das minhas mãos e me empurra porta adentro. Pega de surpresa eu praticamente caio na sala.

Recupero rápido, me apoio em um carrinho de instrumentos que está tombado no chão.

Encaro Sebastian e tomo o maior susto. Ele está transformado, todo despenteado com o rosto e os olhos vermelhos, a blusa rasgada e com muito sangue. Há sangue em seus braços e mãos também. Fico em choque quando ele direciona sua fúria para mim.

Eu disse fora daqui ele berra e vem na minha direção.

O que eu faço meu Deus? Estou apavorada, quando ele está perto o suficiente, o envolvo em meus braços e coloco meu rosto no seu peito. O abraço apertado, ouço seu batimento cardíaco acelerado.

Uso toda a força que tenho para envolver todo o corpo dele. Pego de surpresa ele fica parado, rígido feito uma rocha. Não me afasto ou diminuo o aperto dos meus braços.

Aos poucos, sinto seu corpo começar a tremer incontrolavelmente. Tão intenso que o meu treme junto.

Quando penso em me afastar para saber se ele está bem, sinto seus braços me envolverem de um jeito decidido, escuto seu choro.

Nesse instante, desabo e começo a chorar também. Abro o maior berreiro que já tive desde minha infância. Nem por um momento, afasto meu rosto do peito dele.

Ficamos assim, chorando feito crianças até as lágrimas secarem em nossos rostos. Aos poucos, percebo que apenas soluço, já ele está calado. Não sei o que falar, ou como agir. Nunca passei por um momento como esse na minha vida, nao sei o que fazer.

Ele se adianta e se afasta sem me encarar, vira de costas para mim, de cabeça baixa suspira.

Meus braços estão dormentes, minhas roupas sujas de sangue, não ligo.

Começo a analisar ao redor. Está tudo quebrado, monitores, aparelhos, o braço mecânico, os vidros da janela. Simplesmente, não tem nada inteiro.

Quando vejo que Clara está na cama não me seguro, corro até ela e volto a chorar sem controle.

Não falo com a voz embargada. Passo a mão pelo seu rosto, está frio. Morta. Essa palavra é como uma lança entrando no meu coração.

Sinto uma dor intensa dentro de mim.

Ela sabia. De alguma forma ela sabia.

\_Como isso foi acontecer Ana? \_Ouço a voz baixa de Sebastian, percebo que estou quase deitada encima dela. Tento me recompor e cessar o choro. Não é fácil. Minha cabeça parece que vai explodir de tanto latejar.

Não sei sussurro, olho para ele. Sua tristeza é palpável.

Eu perdi tudo Ana sentencia.

Não Sebastian, sua filha está viva nesse momento, me encara e vejo um brilho doloroso em seus olhos.

Minha filha afirma, identifico um sinal de esperança.

Sim, sua Cloe \_ incentivo. Ela vai precisar muito de você.

Por minha culpa, ela não vai ter a mãe ao seu lado se martiriza.

Não diga uma bobagem dessa. Você não teve culpa de nada, absolutamente nada. Foi uma fatalidade o que aconteceu falo, olho para Clara, me entristeço. Preciso tirar ele daqui para deixar que a equipe entre e faça o seu trabalho.

A gravidez toda ela ficou mais sozinha, eu só trabalhando dia e quase todas as noites. Ela não estava se sentindo bem esses dias, eu deveria ter feito alguma coisa. Sim, a culpa é totalmente minha lamenta e olha para sua falecida esposa. Sua dor é palpável.

Sebastian, precisamos sair daqui. Venha, vamos encontrar seus pais peço delicadamente.

Não \_ ruge, categórico. Não quero ver ninguém Ana. Não quero me sentir mais culpado do que estou.

Tudo bem, vá para outro lugar, vou falar com eles afirmo.

Olha se meu irmão está bem por favor Ele pede, concordo com a cabeça.

Vou ao encontro os pais dele, eles se assustam com o meu estado.

Ana, o que ele fez com você? Senhor Gilbert fala, vem na minha direção rápido.

Não fez nada senhor. Estou bem. Esse sangue não é meu tranquilizo ele.

Graças a Deus a senhora Goreth exclama chegando junto ao marido.

Como ele está? \_ Ela quer saber. Estou tão preocupada.

\_ Ele acalmou um pouco. Por isso estou aqui, ele quer que vocês vão para casa agora, ele vai agilizar tudo por aqui.

Não vou a lugar algum o senhor Gilbert nega.

Eu também não vou \_ a esposa acompanha a fala do marido Ainda tem o Lourenço, não sei como está.

Isso mesmo. Ana, ficaremos aqui e falaremos com os nossos filhos. Posso ajudar a ajeitar tudo o senhor Gilbert parece irredutível.

Não se preocupem, é por isso que estou aqui uso o mesmo tom de voz que falo no trabalho para fazer as pessoas mudarem de ideia. Vou resolver tudo, mas preciso que vocês me ajudem. Sebastian está mais tranquilo, não quero que ele se altere de novo falo com uma calma que não sinto. Me escutem, por favor, ele está muito triste, se culpando o tempo todo, precisam dar um espaço para ele. Vão para casa, assim que agilizar tudo por aqui, entro em contato com vocês. Dou minha palavra digo firme.

Eles aceitam a contra gosto. Pego de volta minha bolsa e praticamente os expulso do hospital.

Após a saída deles, observo o quão suja estou. Ligo para minha mãe, falo o que aconteceu e peço que ela me envie uma muda de roupas. Tenho algumas na casa dela. Entro em contato com a governanta da casa de Sebastian, peço que alguém traga peças para ele também.

Ando, sem saber direito para onde ir, encontro uma enfermeira, peço que me leve até onde Lourenço está.

Entro, ele está de olhos fechados, quando me aproximo desperta.

Oi Ana diz com dificuldade. Quando vê minhas roupas sujas se assusta.

Não é meu \_ afirmo. Estou bem.

Ele tenta dizer alguma coisa, vejo que não é fácil.

\_ Não fale nada, estou aqui para verificar como você está depois dessa confusão. Está sentindo muita dor?

Essa dor não chega nem perto da que sinto pelo falecimento de Clara não esperava por essa resposta, volto a chorar.

Não sei o que dizer Lourenço falo com a voz embargada.

Não há o que dizer Ana a tristeza dele é imensa.

Nesse instante, um médico e uma enfermeira entram interrompendo o momento doloroso.

Como se sente? O homem pergunta para ele.

Está com dor, doutor me intrometo e o médico sorri.

\_ Sim, vou prescrever mais analgésicos. Olhei seus exames, as notícias para você são boas, seu maxilar não quebrou, apenas teve uma forte contusão. Com os remédios, alimentação adequada e repouso vai ficar bem.

Isso é ótimo falo agradecendo mentalmente. Lourenço estar bem, tira mais um peso na consciência de Sebastian.

Obrigado doutor. Já posso sair daqui? Ele indaga com a mesma dificuldade.

\_ Ainda não, vai tomar os analgésicos e ficar algumas horas em observação, depois te libero.

A pedido do médico, a enfermeira aplica os remédios e eles saem. Permaneço ali fazendo companhia para ele e em poucos minutos, ele está dormindo.

Saio da sala e vou até a recepção pegar as roupas com o motorista de Sebastian e as minhas com um moto boy.

Rapidamente começo a procurar por meu chefe.

Encontro uma auxiliar que me explica onde ele está. Sigo apressada para a sala.

Bato duas vezes e entro.

O quarto está cheio de flores, presentes, o berço do hospital além de algumas fotos Sebastian junto com Clara grávida. Ele está segurando uma delas com os olhos cheios d' água.

Estremeço, é o quarto que Clara ficaria após a cirurgia. Mais lágrimas descem pelo meu rosto.

Ele está com os braços e mãos limpas, apresenta vários curativos, resultado do seu ataque de fúria, com certeza. As roupas permanecem sujas.

Me aproximo dele, vejo que na foto estão ele e Clara, ela com a barriga de gestante a mostra. Uma foto linda, admiro.

Seus pais foram para casa e Lourenço está bem, terá alta em algumas horas falo baixo.

Ótimo, entrei em contato com a equipe funerária da família, estão organizando tudo para o enterro sua voz sai inexpressiva. Vazia de sentimentos.

Não foi culpa sua não recebo resposta.

Entrego a ele as roupas limpas e indico o banheiro para se trocar.

Quando ele volta, observo que lavou o rosto e aparenta muito mais sua tristeza.

Entro no banheiro para mudar minha roupa e faço como ele. Jogo todas as peças que estava usando no lixo, lavo minhas mãos e meu rosto também.

Quando retorno, ele está olhando pela janela, lá fora apenas o escuro da noite.

Continuo ali com ele, ambos em silêncio cada um de nós, perdido nos próprios pensamentos.

Meu estômago começa a dar sinal de vida com um ronco alto. Constrangida entro em contato com a lanchonete do hospital, peço um lanche antes que eu desmaio de fome.

Ele se recusa a comer qualquer coisa, entendo.

Se você não tomar pelo menos o café vou ligar para seus pais e pedir que venham para cá ameaço. Ele me olha furioso, mas aceita a xícara que entrego a ele. As horas que ele vai ter a pela frente serão as piores, precisa estar com o corpo forte.

Continuamos naquela sala por mais algum tempo, depois, uma enfermeira entra com um embrulho nas mãos seguida por outra com uma mamadeira.

Ficamos imobilizados, eu de surpresa, ele parece que de medo.

Boa noite fala a primeira. Trouxe sua filha para a primeira mamada. Ela dá um passo para perto de Sebastian e ele dá dois para trás.

A mulher pára, me encara sem entender o que há de errado.

Não olha para mim porque eu também não sei. Fecho a cara para ele tentando censurar sua atitude. Ele está com os olhos fixos no embrulho nos braços da funcionária e nem nota minha expressão.

O que ele pensa que está fazendo? É a filha dele. Não pode rejeitar a menina. Ela perdeu a mãe, agora, o pai corre dela. Que absurdo!

Pegue ela que vamos te instruir de como deve ser a amamentação de agora em diante ela insiste, ele não se move e nem desvia os olhos. Parece apavorado.

Tento compreender o que há de errado, não consigo. É apenas uma bebê. Porque ele está com medo de um ser que tem apenas alguns centímetros? Não faz sentido.

A segunda enfermeira me olha pedindo ajuda.

O que posso fazer? O homem, parece que enlouqueceu de vez. Permanece parado igual uma estátua olhando para a filha nos braços da enfermeira.

Ele está com receio, não sei porquê. O jeito é elas mesmas fazerem o que tem que ser feito. Meu chefe não parece que vai sair do lugar e a menina deve está com fome. Outro dia discuto com ele sobre sua atitude desprezível.

Nesse instante, me lembro da conversa que tive com Clara há dois dias atrás. Um sentimento de culpa vem em cheio em mim.

Ela me fez prometer que estaria ao lado de Sebastian e que o ajudaria no que precisasse.

Porque fiz essa promessa? A situação fica pior quando a enfermeira demonstra impaciência.

Agindo por impulso coloco minha bolsa aos pés da cama e me aproximo pegando a bebê no colo com todo cuidado do mundo.

Faço isso meio desajeitada porque não tenho experiência alguma com crianças. As duas enfermeiras sorriem em agradecimento.

Sente ali na poltrona que vamos te passar as instruções a que está com a mamadeira fala, eu obedeço imediatamente.

Quando me ajeito, olho para o embrulho no meu colo, afasto a manta do seu rosto para vê-la direito.

Fico sem ar. Nada no mundo me preparou para o sentimento que brota no meu coração ao ver a perfeição em miniatura tão de perto. Meus olhos não conseguem deixar de olhar para o rostinho mais lindo que já vi na vida. Ela é encantadora. Suas bochechas são cheinhas, estão levemente rosadas, a boca parece um coraçãozinho, os olhos são negros idênticos ao de Sebastian e os cabelos ralinhos, apenas poucos fios.

Me apaixonei e agora eu tô ferrada. Quero ela para mim.

Pegue a mamadeira e encoste na boca dela alguém fala, mas, não ouço nada, estou hipnotizada. Não ouso nem me mover com medo de quebrar a magia desse momento.

Cloe me olha com toda sua atenção, está séria e bem quietinha. Será que ela está bem? Crianças desse tamanho só sabem chorar, não é mesmo?

Senhora está me ouvindo? Estou em uma realidade paralela, nada mais importa além daquele pequenino e lindo ser. Meu coração transborda de amor. Ela mexe a boca, fica parecendo um estranho sorriso, eu rio encantada.

Senhora precisa amamentar ela ainda hipnotizada por diferentes sensações procuro por Sebastian.

Ele me encara totalmente tenso, não entendo. Não estou fazendo nada de errado, pelo menos, não ainda.

Ela é linda digo, pela primeira vez desde que o conheci ele abre um sorriso verdadeiro.

Meu coração se abala, são tantas emoções juntas que perco a respiração por um momento.

É mesmo? Indaga inseguro.

Sim, venha aqui ver peço, ele realmente se aproxima, dá a volta e ao meu lado, inclina a cabeça e vê a bebê de perto.

Passa alguns segundos de suspense, ele não fala nada. A bebê olha para ele com atenção e move mais a boca, a abrindo mais um pouquinho.

Ouço a respiração pesada de Sebastian, viro o rosto para ver sua reação. Estamos bem próximos. Constato. Não posso ultrapassar a linha.

Me surpreendo ao ver ele encarar a filha, todo apaixonado. Perco a noção do tempo admirando a beleza dele tão de perto. Não sei calcular quanto tempo ficamos assim, até que algo se mexe nos meus braços, eu ouço um choro sofrido.

Acordo para a realidade, olho a bebê chorar. Sebastian se assusta e se afasta rápido. Não o recrimino porque também estou apavorada e quero sair correndo.

Ah meu Deus olho para as enfermeiras e entro em pânico. Não fiz nada Me defendo.

Ela está apenas faminta senhora dá o leite para ela ela me entrega a mamadeira e tentando não ser tão desajeitada eu coloco na boca de Cloe. Ela aceita de bom grado e tento prestar atenção as explicações da enfermeira, mas mal escuto o que ela diz. Fico que nem uma boba olhando para aquele anjo, enquanto ela mama.

É muita perfeição em um sersinho só. Ajeito ela nos meus braços, ao levantar a cabeça vejo Sebastian me olhando intensamente. Não faço ideia do que se passa na cabeça dele.

Eu, sua assistente amamentando sua filha. Mas a culpa é dele que parece estar correndo da menina.

Imagina, um homem daquele tamanho com medo de alguém que não pode fazer mal a ninguém.

Depois que a alimento, aprendo como colocá-la para arrotar e a trocar as fraldas. Não é nada tão complicado assim, difícil foram minhas provas na faculdade. E nem se compara com o trabalho que faço diariamente na empresa.

Balanço ela com delicadeza nos meus braços m, ela dorme. Seu cheirinho é gostoso e irresistível. Sebastian está perdendo.

A enfermeira me ajuda a colocá-la no berço.

Espera. Ela vai ficar aqui?

Ela não pode ficar aqui falo antes que me contenha.

\_ Bem, normalmente os bebês passam a noite no quarto para ser alimentado de duas em duas horas pela mãe.

Meu coração dói com essa resposta. Clara não está mais conosco então a Cloe não pode ficar aqui sozinha.

Olho para Sebastian e vejo um novo homem. Ele endurece suas feições, assume uma posição de comando. Saber que sua filha não teria a mãe por perto em seu primeiro dia de vida, moldou uma nova postura nele, isso está bem visível.

Ele me encara friamente.

Você vai passar a noite aqui cuidando dela ordena.

Fico pasma. Não posso ficar aqui. Tem o enterro de Clara, quero muito comparecer.

Eu... paro de falar quando ele se aproxima de um jeito ameaçador. Melhor não contrariar esse homem. Está instável emocionalmente, não posso causar mais problemas. Tudo bem falo rápido, ele relaxa um pouco, mas ainda exibe um olhar intimidador.

Não demora muito e todos eles saem me deixando a sós com a pequena. Era para eu estar apavorada, mas, não estou. A cada vez que olho para ela meu coração se acalma.

Envio mensagem para minha mãe a tranquilizando um pouco.

As horas não passam. Sem nada específico para fazer e querendo me distrair começo a analizar nos relatórios. Esqueço um pouco onde estou, me concentro no trabalho.

Acesso os e-mails corporativos pelo celular e me ponho a responder todos. Faço uma lista de tarefas e envio para Mary.

Após duas horas a enfermeira volta com mais leite. Ela me explica que é uma fórmula.

Como o pai dela vai fazer quando ela for para casa? Questiono preocupada.

Não se preocupe. O pediatra vai passar o nome de algumas fórmulas, todas ótimas me tranquiliza. Essa que ela está tomando foi instruída por ele e alguém da família comprou. Não sei ao certo quem. Acho que o avô dela explica.

Bem, acredito que o senhor Gilbert resolveu essa pendência logo após o falecimento de Clara.

Cloe que continuava dormindo, acorda quando a tiro do berço. Repito o mesmo processo sorrindo para aquele anjinho.

A enfermeira me observa.

Você sabe se o corpo da Clara já saiu para o enterro? Pergunto.

Não, ela está no salão de despedida aqui do hospital deve sair em pouco tempo ela fala sem jeito.

Troco novamente a fralda sob a supervisão dela, Cloe volta a dormir, coloco ela no berço.

Poderia ficar com ela um instante enquanto dou uma ida até lá? imploro.

Ela parece que vai negar, mas, lágrimas já descem pelo meu rosto. Ela assente.

Me indica onde fica o velório, corro até lá.

Não tem muitas pessoas. Os pais de Clara são falecidos, reconheço apenas duas primas dela e um primo quando chego no salão.

O senhor e a senhora Serkan estão sentados rezando baixo, mais afastado está Lourenço com o rosto inchado e roxo pelo soco levado do irmão. Ao lado dele está Jack.

Sebastian está ao lado do caixão olhando sua falecida esposa sem expressar nada.

Tem mais algumas pessoas, as duas enfermeiras que cuidou dela nos últimos dias, alguns funcionário da casa e da empresa. Todos me olham quando me aproximo e paro ao lado do meu chefe.

Ele me encara, antes que me mata por sair de perto da sua filha, falo.

Ela está bem, em segurança com a enfermeira, vim porque preciso me despedir da Clara \_ quando termino de falar as lágrimas descem pelo meu rosto. Por favor.

Ele demora alguns minutos em que acho que não vou obter resposta, depois assente, volta a olhar para a esposa.

Faço uma prece mental.

Clara eu nunca imaginei passar por um momento como esse na minha vida. É com muita dor no coração que me despeço de você. Sinto que você sabia o tempo todo o que ia acontecer, mas vou cumprir a promessa que te fiz. Estarei disponível para ajudar seu marido em tudo o que ele precisar. Quero que saiba que sua filha é linda e tem seu tom de pele, uma perfeita princesa. Tenho certeza de que Sebastian vai ser um pai maravilhoso e sempre presente na vida dela. Nunca vou te esquecer e fica em paz.

Quando termino estou desabando. Me preparo para sair correndo, sinto os braços de alguém me envolverem, não preciso nem olhar para saber que é Sebastian. Tenho um choro sentido e baixo, com alguns soluços e resmungos.

Ele só me solta quando me acalmo.

Não querendo ficar mais tempo que o necessário longe da Cloe, assim, que ele se afasta, saio dali sem olhar para trás.

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Comments

Edna César

Edna César

sim a culpa é sua

2025-01-04

1

Edna César

Edna César

porque você queria

2025-01-04

1

Edna César

Edna César

está se sentindo culpado

2025-01-04

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