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_ Não viemos negociar, apenas avisar que o aumento é inquestionável _ O CEO da empresa chinesa afirma.

Hoje é quarta feira, nos reunimos com eles as seis da tarde para tentar negociar.

Sebastian não demonstra nenhuma emoção.

_ Sendo assim, a partir de agora considere fora de cogitação as renovações de contrato de todas as substâncias químicas que compramos de vocês.

Ele está blefando. Eu sei, mas os dois chefes chineses não. Eles se entreolham desconfiados.

Está claro que ninguém quer ceder. São homens de negócios experientes e que buscam lucro acima de qualquer coisa.

_ Se prefere desse jeito não podemos fazer nada _ um dos chineses fala.

_ Ótimo _ Sebastian responde _ Reunião encerrada, tenham uma boa noite _ Ele se levanta e eu o sigo.

Percebo que os chineses ficam totalmente perplexos com o que está acontecendo. Eles não esperavam que Sebastian cumprisse a ameaça de forma tão tranquila.

Eles estão tentando descobrir, qual é a carta na manga que meu chefe tem para interromper abruptamente uma parceria que já vem de anos.

Dentro do carro, o motorista nos leva de volta a empresa, estou inquieta.

Tivemos três reuniões, com possíveis colaboradores e fechamos contrato com todos, mesmo assim, o total não equivale a todos os produtos que compramos dos chineses. Como Sebastian cancela o que importamos sem que tenhamos outra fonte que abasteca toda a produção?

_ O que foi Ana? _ Ele parece que lê minha mente.

_ Senhor, precisamos das químicas dos chineses _ sou sincera. _ Nossa produção sempre foi com cem por cento dos produtos deles. Fechamos os novos contratos, mas, falta por volta de trinta por cento para igualar as contas _ expresso minha preocupação.

_Isso está acontecendo porque passou do momento em que a empresa teria que desmonopolizar parceirias. Precisamos estar sempre um passo a frente. Se eu tivesse mais tempo teria resolvido isso há alguns anos atrás. Fica tranquila Ana, eles entrarão em contato conosco em breve _ Ele fala tranquilo.

_ Como tem tanta certeza?

_ Muito simples, eles dependem de nós do mesmo jeito que dependemos deles. Eles querem aumentar os preços porque estão vendendo bem para o mundo todo, mas eu cortei todos os contratos. Acha que a empresa deles vai resistir diante de um corte de entrada de verba do tamanho do que eu fiz? O que farão com as outras substâncias que provavelmente já estão prontas para entrega?

Pensando por esse lado, ele tem razão.

_ Você está certo _concordo.

_ Quero que finalize os contratos com os colaboradores recentes, certifique sobre todos os produtos que oferecem e permuta a preferência. Quero ser o primeiro da lista em pelo menos dez anos. Especifique isso. Precione _ ele fala e confirmo. _ Eu sei que os chineses vão voltar atrás dessa vez, mas, dá próxima terão muitas empresas interessadas e vão aumentar o preço de qualquer jeito. Temos que nos precaver. Continue pesquisando possíveis colaboradores para o futuro, vamos precisar.

_ Sim senhor _ falo admirada em como ele é astuto e inteligente.

Fico surpresa quando percebo que estamos seguindo para a casa dele. Mesmo curiosa me controlo e permaneço calada.

Quando entramos na sala somos recepcionados pela mãe de Sebastian, seu pai e seu irmão.

_ Boa noite _ Digo educada e todos respondem.

A senhora Serkan me abraça com um beijo no rosto, seu marido aperta minha mão e Lourenço me envolve em seus braços. Todos me tratam muito bem desde que os conheci. É como se eu fosse mais do que uma simples funcionária.

Talvez porque meu cargo foi criado exclusivamente para estar ao lado de Sebastian.

_ Você está a cada dia que passa mais linda Ana, não é mamãe? _ Lourenço fala quando nos afastamos um do outro.

_ Com certeza _ a senhora Goreth sorri.

_ Obrigada _ não me controlo e fico vermelha ao receber um olhar de censura do meu chefe.

_ Para de dar encima da minha assistente Lourenço _ fala de meu humor.

_ Não estou dando encima dela meu irmão, apenas elogiando. Mulheres gostam de receber um elogio sincero. Você devia saber disso porque é mais velho que eu _ Lourenço retruca rindo.

_Tenho certeza que Ana dispensa seus elogios, então se contenha _ insiste na discussão.

_Não seja tão ciumento _ seu irmão fala e pisca os olhos para mim

Morro de vergonha por escutar essas palavras. Estou muito embaraçada e não sei como me comportar com os dois me olhando. Lourenço sempre sorrindo, já Sebastian totalmente irritado.

_ Ana querida, não dê ouvido a esses dois. Discutem por tudo e por nada sempre que estão juntos, com o tempo você se acostuma _ a senhora Goreth me salva de mais constrangimentos. _ Parem vocês dois, Ana vai pensar que não soube criar meus filhos direito.

_Está certa mamãe _ Lourenço concorda, seu irmão não se dá ao trabalho de responder.

Oh gênio difícil o desse homem. Esse comportamento deveria esfriar qualquer sentimento que pudesse pensar em ter por ele. Me apego a esperança de que um dia isso aconteça.

_ A Clara está querendo falar com você Ana. Ela está repousando no quarto porque você sabe, depois de amanhã é a Cesária. Venha comigo que te acompanho até lá _ a senhora Goreth diz e me apresso em obedecer.

Assim, fico bem longe daqueles dois.

Sigo com ela até o quarto.

_ Que bom que veio Ana, quero muito conversar com você _ Clara fala quando me vê.

_ Oi Clara, como está se sentindo? _ pergunto e me aproximo da sua cama para cumprimentar ela. Clara está com uma barriga gigante e muito linda, como sempre. Noto uma sombra em seus olhos, tento analisar para saber o que pode ser. Não entendo.

Aceno para a enfermeira.

_Estou bem, na medida do possível, ansiosa para que a Cloe chegue logo _ Ela responde e sorri para Goreth que a abraça.

_ Está chegando a hora minha filha, aguarde só mais um pouco _ a mãe de Sebastian incentiva.

_Eu sei sogra, é que esses últimos dias estão sendo os piores _ ela justifica.

Percebo um cansaço tanto na sua voz quanto na expressão do seu rosto. Não está sendo fácil para ela. E Sebastian por todos esses meses sempre trabalhando exautivamente, não deve estar ajudando ela.

A folga que dele começa amanhã, espero que apoie Clara o tempo todo.

_ Você precisa manter a calma, essa semana falei com sua enfermeira e fiquei sabendo que está muito nervosa e sem paciência _ falo com carinho. Eu acompanho a gestação dela desde o início, tudo de que ela precisou em questão de médicos eu agendei. Fazendo isso eu marcava na agenda de Sebastian e ele a acompanhava. Sei que ela gosta de mim, não somos amigas, mas ela sabe que sou de confiança e que meu trabalho ao lado do seu marido não é fácil.

Fui a conhecendo aos poucos, entendo porque Sebastian casou com ela. Não tem como não gostar da Clara. Ela parece um raio de sol em um dia frio e sombrio. Alegre e extrovertida, humilde e sincera.

_ Você fica me monitorando dia após dia Ana, não é justo _ ela brinca e sorri.

Continuamos batendo papo mais algum tempo. Consigo que ela sorria muitas vezes e me sinto bem por isso.

_ Sogra, eu quero falar com a Ana a sós por favor _ ela fala, não entendo o motivo.

Comigo? Logo eu? Tem algum tempo que nem olho para Sebastian direito, desde que chegamos da viagem ao Brasil. Não é possível que tenha descoberto minha paixão platônica por ele. Mas se não for isso.

O que ela quer comigo?

_ Claro querida, vamos dar privacidade para vocês _ a senhora Goreth fala e chama a enfermeira, juntas saem do quarto.

Passa uns segundos de silêncio, encaro Clara sem ter a mínima noção do que ela quer comigo.

_Eu vou morrer Ana _ solta essa frase que quase me mata do coração. Que absurdo é esse agora?

_ Não diga bobagens Clara _ a repreendo. _ Sua cirurgia vai ser no melhor hospital do país, está tudo programado há meses, você está se preocupando desnecessariamente _ digo rápido, me aproximo dela e seguro sua mão.

_ Estou com uma sensação ruim. E se alguma coisa der errado? _ Ela pergunta fragilizada.

_Não vai dar nada errado _ garanto. _ Você está nervosa e ansiosa, eu entendo é sua primeira filha, isso é normal. Tudo vai passar e depois vamos rir desse momento _ falo convicta. Ela precisa se animar e ficar tranquila.

De repente ela agarra minhas mãos, a encaro sem entender nada.

Nos olhamos intensamente.

_ Eu quero que me prometa que se algo acontecer comigo você vai ajudar Sebastian a cuidar da Cloe _ descarrega essas palavras em mim e fico perplexa. Não consigo dizer mais nada. _Você é uma das pessoas que mais conhece meu marido, ele confia plenamente em você, eu também. Sei que só você pode ajudar ele se algo grave acontecer comigo, então preciso que me dê sua palavra. Me prometa Ana _ insiste, eu continuo muda.

O que está acontecendo aqui? Parece que estou num pesadelo. Nada disso pode ser real. Ela está com medo, nao está apavorada e estou começando a ficar também.

_Clara você está muito nervosa esses ultimos dias, não diga bobagens, tudo vai ficar bem. Não tenha medo, Cloe e voce vão estar juntas depois de amanhã _ asseguro sentindo uma leve dor no coração. Ignoro e aperto suas mãos com carinho, passando uma segurança que estou longe de sentir.

_ Ana, você é a pessoa que mais conhece meu marido. Agiliza a vida dele inteira e sempre obedece o que ele fala. Observo vocês trabalhando desde o começo. É incrível que mesmo sendo tão diferentes consigam se dar bem _ estranho seu comentário. Não é bom ela ir por esse caminho. Penso com certo receio.

Não sei onde ela quer chegar com isso.

_ Clara, acho melhor você repousar, já não está falando coisa com coisa mais _ digo amavelmente.

Ela agarra meus braços o nos encaramos novamente. Vejo uma melancolia em seus olhos e uma lagrima descer pela sua face.

_ Ana, me prometa que vai estar ao lado de Sebastian se algo acontecer comigo _ repete essa promessa ridícula.

Abano a cabeça e suspiro impaciente. Ela está ruim da cabeça para ficar falando a mesma coisa.

_ Você não sabe o que está dizendo _ desconverso.

Ela segura meu rosto e nos olhamos mais uma vez. Está me pressionando para responder.

_ Me prometa Ana, que você vai estar ao lado de Sebastian no que ele precisar _ continua, percebo que começa a ter dificuldade para respirar. É devido a ansiedade, constato. Agora, as lágrimas são muitas.

_ Claro que sim Clara, não chore por favor. Estarei ao lado de vocês dois sempre que precisarem _ concordo para aquietar ela. _ Fica tranquila sempre estarei aqui para o que precisarem.

_ Vai estar ao lado de Sebastian para sempre? _ pergunta ainda segurando firme meus braços.

_ Sim, vou está ao lado dele sempre que ele precisar de mim _ afirmo.

Ela fica satisfeita e me abraça apertado. Nesse momento, entendo que ela está vivendo insegura e com medo do medo futuro.

Passamos mais um tempo abraçadas. Depois ela começa a comentar da festa de batizado da Cloe marcada para o proximo mês no mês que vem. Sorri com entusiasmo e tento esquecer da conversa absurda que tivemos.

Só consigo respirar aliviada quando a senhora Goreth aparece junto com a enfermeira.

Fico mais um tempo com elas, uma funcionária aparece e avisa que o jantar está servido.

Não é minha intenção jantar aqui, mas, hoje tudo está fora do comum, desço e sigo para a sala de jantar sem reclamar.

Apenas torço para que esse dia acabe logo.

Clara permanece no quarto em repouso.

_ Agora que a Ana chegou podemos jantar _ Lourenço fala quando entro na sala.

_Sim, vamos porque estou faminto _ senhor Gilbert apoia o filho.

Sebastian apenas olha para mim por um momento como se quisesse me perguntar alguma coisa, mas, logo toma seu lugar à mesa.

O jantar transcorre tranquilo, todos estão animados pela proximidade da chegada da Cloe.

Em dado momento, meu celular apita informando um novo e-mail. Confiro discreta.

Um colaborador recenter está disposto a dar um desconto para uma remessa maior. Isso é ótimo. Penso. Rápido envio uma resposta agendando uma reunião com Jack para a próxima semana, na quarta feira. A partir de amanhã, Sebastian está de folga e estou de posse da agenda do vice presidente para resolver qualquer contratempo.

_ Ana eles estão falando com você _ escuto Sebastian dizer e volto a atenção para todos.

Não sei o que falar. Me distraí com os e-mails e agora estou em apuros.

_Desculpe por isso, estava resolvendo algo urgente. Sinto muito mesmo _ falo com a voz baixa.

_ Não se preocupe Ana, sei que Sebastian exige muito de você e que acaba fazendo trabalhos extras diariamente _ Lourenço fala e prevejo a discussão.

_Porque você não cuida da sua vida Lourenço? Ao contrário de você, eu tenho uma empresa, quatro filiais aqui e seis internacionais para administrar _ a resposta dele é ríspida.

_Aprenda a delegar tarefas que o fardo não será tão pesado meu irmão _ provoca o outro.

_ Não briguem meninos, estamos com uma convidada para o jantar. Cadê a educação que eu dei a vocês? _ Intervém a senhora Goreth e eu a agradeço mentalmente.

O tempo passa e o jantar transcorre bem. Não me demoro, após a sobremesa vou embora.

Chego em casa, faço dois relatórios para entregar a Jack, preciso utilizá-lo de muitas coisas devido a ausência de Sebastian nos próximos dias.

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_ Agora somos só eu e você Ana _ Jack fala quando entro em sua sala as sete da manhã.

_ Exatamente _ respondo rápido e sorrindo. Ele sempre foi muito carinhoso e atencioso comigo.

_ Mal posso acreditar que Sebastian delegou tantas tarefas para mim.

_ Você é confiável e competente senhor Jack. A melhor escolha que ele fez foi deixar você a frente de tudo _ afirmo.

_ Ana sem esse senhor Jack, me sinto um velho de quase cem anos _ fala rindo.

_ Tudo bem, vamos começar a reunião.

As horas passam rápido e pedimos almoço porque são muitas coisas para deixar em dia.

Como Sebastian falou, os chineses entram em contato e retiram o aumento de preço para o próximo contrato. Expecifico que quero um ano com esse valor congelado, eles concordam. Sorrio, Sebastian realmente sabe das coisas.

Renovo todos os contratos e diminuo a compra das outras substâncias, agora estamos com novos colaboradores, os chineses não terão nosso monopólio.

O dia passa rápido, eu e Jack ficamos até mais tarde atualizando tudo.

Ele fica exausto coitado, não está acostumado a resolver tantas coisas. Mas, não vou facilitar o lado dele, se eu aguento, ele tem de aguentar também.

Em casa envio mensagem para minha mãe, para Beth e Daniel.

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