...Uma folga nada Agradável...
Mais uma manhã de segunda se iniciava depois de um longo final de semana de plantão na delegacia.
O sábado e o domingo haviam sido barra.
Respirei fundo mais uma vez terminando de preencher as últimas papeladas do fechamento de um caso.
Fechei a pasta e me escorei na cadeira.
Olhei na direção do relógio no canto da minha mesa.
6:00 a.m
Haviam mais copos de café na minha lixeira do que no Starbucks.
— Por Deus, você está horrível. — ouvi a voz de Jack mencionar parando a minha frente.
— Bom dia para você também. — o respondi juntando minhas coisas.
— Sabe que existe uma vida fora desta delegacia não sabe? — pergunta me olhando.
— Sim, eu sei. — digo me levantando.
— Mas prefiro ficar aqui e solucionar crimes. — murmuro dando de ombros.
— Sei que servir e salvar vidas é muito importante. Mas não mais do que ter uma vida Kate. Você pega todos os plantões durante a semana e nos fins de semana. — começa a me chamar atenção.
Jack era como um irmão mais velho.
Ele se preocupava comigo e em como eu deixava a minha vida pessoal em último plano.
— Gosto assim. — respondo.
— Não, não gosta. Só faz isso por que não tem uma razão eminente para querer estar longe daqui. Precisa arrumar alguém Kate. — me adverte.
— Sabe o que eu acho sobre relacionamentos. — digo indo na direção da sala do capitão para entregar os relatórios.
Bato na porta.
— Entre. — responde.
Giro a maçaneta e adentro sua sala.
— Bom dia chefe. — digo o cumprimentando.
O mesmo sorri.
— Bom dia Katherine. Pelo visto madrugou mais um plantão. E já terminou toda a papelada da semana. Você sim é um exemplo de detetive. Quem me dera todos os funcionários desta delegacia fossem assim. — me cumprimenta elogiando meu trabalho.
— Obrigado chefe. Mas não fiz mais do que minha obrigação. — respondo colocando as pastas sobre sua mesa.
— E faz muito bem. — afirma. — E como bonificação considere o resto do dia de hoje e de amanhã como folga. — completa.
— O que, não. Não precisa. — tento remediar aquilo.
Não precisava de folga.
— Precisa descansar Kate. — afirma.
— Não, não preciso. — reluto.
Ele arqueia uma de suas sobrancelhas.
— Sua cesta de lixo parece a lixeira de uma cafeteria. Mas no seu caso, tem mais copos de café do que na própria. Está usando o mesmo casaco a dois dias, deve estar fedendo. — menciona.
Arrega-lo os olhos ao ouvir suas palavras.
— Não estou fedendo. Tenho um kit de higiene no meu armário e na minha bolsa. E o senhor acabou de dizer que queria que o batalhão fosse como eu. — o respondo.
— Sim, eu disse que queria. Mas graças a Deus não é. Se não com quem eu iria gritar quando passasse um dia de cão com a minha esposa. Vá para casa Kate. Está de folga, e eu espero que entenda o significado de folga. É na sua casa, fazendo qualquer coisa menos solucionando casos. — diz dando por fim a nossa conversa.
Reviro os olhos.
— E não revire os olhos para mim mocinha. Nos vemos na quarta de manhã. — fala e lhe dou as costas saindo da sua sala.
Caminho até a minha mesa pegando minhas coisas e desligando meu computador.
Jack vem até mim novamente.
— Que cara é essa? Levou bronca? — brinca comigo.
— Ah, que engraçadinho. — digo irônica. — Acabei de ser dispensada por fazer um ótimo trabalho. — completo.
Ele sorri.
— Folga de dois dias? — menciona.
— Sim. — afirmo nem um pouco feliz.
— O chefe sabe dar bons castigos. Bom que você pode usar estes dois dias para tomar um banho e cuidar da sua vida. E quando digo sua vida, me refiro a sua vida pessoal. Aquela que todos nós temos fora daqui. Sabe qual é? — diz ironizando e tirando sarro de mim.
— Você me paga Jack. — o advirto cheia de raiva.
Termino de juntar minhas coisas e saio da delegacia.
Caminhei até meu carro no estacionamento o abrindo e entrando no mesmo.
Jogo minha bolsa no banco do passageiro e solto meus cabelos do coque bagunçado.
Ligo o som e adiciono minha playlist de mulher empoderada.
A primeira música a tocar era Shakira, Whenever.
Abro os vidros do carro e giro a chave dando partida e saindo da delegacia.
Dirijo pelas ruas movimentadas de Miami e quando me dou conta já estava cantando a letra da música.
Paro no sinal do trânsito esperando o mesmo abrir.
Continuo cantando enquanto esperava.
Era minha música preferida. Além de uma letra maravilhosa a vibe que ela passava era de uma mulher desbravando o mundo.
Claro que a letra não era sobre isso, mas eu imaginava ser.
Enquanto isso do outro lado da cidade....
Desembarquei no aeroporto de Miami depois de uma longa viagem do México até os Estados Unidos.
Estava exausto.
Mas feliz por enfim voltar a ativa depois de tanto tempo.
E a proposta para me juntar a equipe do FBI em Miami novamente fora uma grande alavanca.
Era como um bônus por toda a tragédia que passei.
Só pensava em voltar a campo, conseguir um caso e me ocupar.
Entrei no táxi que estava a minha espera e pedi que me levasse até meu antigo apartamento na avenida central.
— Primeira vez em Miami amigo? — o motorista me pergunta quando paramos no sinal.
— Não, na verdade estou voltando para cá. Já morei aqui algum tempo. — o respondi.
O mesmo sorri.
— Então seja bem vindo de volta. Miami realmente é uma cidade maravilhosa. — diz voltando a atenção para as ruas.
Abro um fraco sorriso.
Sim, Miami era uma cidade maravilhosa. Mas haviam lembranças nela que eu ainda lutava para esquecer.
Meu acidente era uma delas.
Mas eu não o via como um ato ruim na minha vida. Pelo contrário, ele tinha sido um prêmio. Pois assim eu pude ver quem era de verdade ao meu lado.
Quem estaria comigo em qualquer situação ou momento.
Olhei para a rua vendo o grande movimento. E ainda era começo de semana.
Pessoas corriam com suas coisas para não se atrasarem para seus respectivos serviços.
Mas algo me chamou atenção.
Um carro ao lado do que eu estava.
Uma mulher estava no volante e a mesma cantava e dançava sobre o mesmo.
Continuei a observa-la quando então ela se virou na minha direção.
Imediatamente lembrei do seu rosto.
— Vai ficar tudo bem... — sua voz ecoou em minha cabeça.
Era a mulher que havia estado comigo no dia do meu acidente.
O anjo que segurou na minha mão até o socorro chegar.
Eu achei que a mesma não existia por todos esses anos.
Mas parecia que enfim ela era real. Não fora uma alucinação minha como a maioria disse.
O sinal então abriu e a mesma deu partida em seu carro.
— Pode seguir aquele carro? — perguntei ao motorista.
O mesmo me olhou confuso.
— Sim, mas por que? — me indagou.
— Digamos que foi aquela mulher que salvou a minha vida. — o respondo.
— Deixa comigo. — diz e então o segue.
A seguimos durante um tempo até um bairro calmo da cidade.
Ela então estacionou seu carro em frente a um apartamento de estrutura antiga mas elegante. Desceu do mesmo pegando suas coisas e se dirigindo para as pequenas escadas que davam para a porta de entrada.
Fiquei dentro do carro a observando.
Retirou as chaves da bolsa e as colocou na fechadura da porta.
Abriu a mesma e quando adentrou o apartamento ela se virou para fechar a porta, foi então que seu distintivo brilhou a luz do sol.
Ela era uma Policial.
— Então, não vai falar com ela? — o motorista me pergunta me tirando do transe.
— E o que eu diria ? — respondo.
— Não, sei. Você disse que ela salvou sua vida. Talvez “ Oi, eu sou o cara que você salvou. Se lembra de mim?” — menciona.
Bem, parecia um bom começo.
Mas não sabia se naquele momento seria uma boa hora. Muito menos se ela se lembrava de mim.
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Atualizado até capítulo 28
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