CAPÍTULO 9- amigas.

O meu fim de semana foi monótono, mamãe e Micaela no clube, papai foi arrastado para lá, eu escapei fingindo estar indisposta. Papai insistiu um pouco, mas quando mamãe me apoiou,ele desistiu e eu pude ficar com a casa todinha para mim.

Agora, estava eu na frente de casa comendo uma maçã, esperando a carona para a faculdade. De longe se ouvia o barulho do fusca . Lá estava a bolinha vermelha que chamava a atenção por onde passava.

— Entra logo, a gasolina tá cara, bora mulher. Dá uma mordida aí, não comi nada,estou faminta.

Enfiei a maçã na boca dela pra ela morder.

— Vou deixar a sacola com o vestido monstro no banco de trás.

— Não se preocupa, você ficará um

espetáculo. Tive mil idéias para ele.

— Tika, por favor ,vê se não faz besteira, não tenho outro.

— Amiga, entenda uma coisa: ele não pode ficar pior do quê já é.

— Agora tenho que concordar com você. Não tem como piorar.

Rimos a valer daquele monstro, como Micaela usou aquilo?

Eu e a Tika éramos assim, pensávamos igual, uma entendia a piada da outra. Tinha um elo nos unindo desde o primeiro dia de aula,eu calada,com medo de tudo e de todos e ela com o cabelo vermelho, batom mais vermelho ainda, chegou perto de mim no intervalo, deixou os seus livros na mesa a minha frente:

— Cuida, já volto. — me deu as costas e saiu rebolando rumo a máquina de refrigerante.

Pegou dois copos e voltou entregando um pra mim.

— Qual o seu nome ratinha?

— Tenho cara de rato? — perguntei com voz inexpressiva.

— A rata fala...

— Melhor sumir, seu tico de gente.

— Kkkkkk... eu que pensava que você era uma pobre alma indefesa. Ela tem garras.

— Eu tenho irmão, aprendi me defender dos seus amigos.

Ela estendeu a mão e se apresentou:

— Pode me chamar de Tika, nem precisa explicar o porquê...

Falou enquanto rodava , ela era menor que eu ,mas tinha todas as curvas necessárias.

— Eu sou Luca...

--Com esse nome ,você foi criada por um bando de moleques mesmo...

Desse dia em diante ficamos amigas ,estávamos na mesma turma ,tínhamos as mesmas opiniões e vontades , viramos confidentes. Três anos unidas.

Ela tinha vinte dois anos, um ano a menos que eu e desde os dezenove é dona de si. Sem família, vivia me chamando para morarmos juntas, como irmãs , mas eu não trabalhava, não poderia viver as custas dela.

Mamãe não gostava dela , dizia que não era do nosso nível social, com isso, nunca pude convidar minha amiga para ir em casa.

Tika era admirável, tinha uma auto estima e uma segurança invejável. Sem contar que era linda , apesar de pequena era de assustar quando ficava brava.

Ao término das aulas, saímos como sempre, juntas e rindo muito. Já no estacionamento, o fusca resolveu que não iria cooperar. Engasgou,enroscou e nada.

— Bora princesa, prova que as pernas estão boas.

— Oi? Tá louca ,né?

-- Vamos Luca, eu piloto ,você empurra.

Lá fui eu empurrar o rapazinho que resolveu dar problema essa noite. Mas eu já estava acostumada com o humor daquele fusca.Era até divertido ver a Tika com cara de brava e reclamando do pobre do carango.

Após uns poucos metros de sofrimento, ela pisa fundo e segue em frente alguns metros, depois volta de ré gritando:

— Rápido Luca! Esse imbecil tá engasgando, quero chegar em casa ainda hoje.

Abri a porta e pulei pra dentro em gargalhadas. Não troco os perrengues com aquele fusquinha pelo Mercedes blindado da mamãe. Isso era vida.

— Você fica rindo porque não sabe a fortuna que irá me custar arrumar esse beleza aqui.

— Vou arrumar um emprego, aí rachamos o concerto, afinal ele é um pouco meu...

— Aceito a ajuda, mas essa belezura é minha. Nem vem.

Tika tinha muito ciúmes daquele fusca. Ele foi sua primeira conquista, a única coisa além dos poucos móveis que ela podia chamar de seu. Eu gostava de írrita-la, e se tinha algo que a fazia espumar de raiva era alguém pensar em tirar aquele carrinho dela.

— Luca , já ia me esquecendo , adivinha o que tenho na minha bolsa?

— Absorvente, camisinha...

Ganhei uma cotovelada:

— Já te pedi para não me deixar nervosa quando estou dirigindo.

— Você se irrita fácil meu pequeno ‘pinscher’.

— Você é boba. Escuta essa: eu tenho duas entradas para a boate Zero e não é só isso, é para a noite com um Dj internacional.

— Sabe que não sou de ir em balada.

— Você nunca foi Luca, como vai saber?

— Isso é verdade, mas...

— Para com isso de ficar arrumando desculpas, será na sexta, bem no dia que não teremos aula. Será como um esquenta para a festa na sua casa.

— Não vão me deixar ir...

— Para. Já chega de agir como uma adolescente. E, além disso, ninguém precisa saber que não vamos para a faculdade.

Primeiro foi papai querendo me ver como adulta , agora minha própria amiga vem com a mesma crítica. Hora de mudança.

— Certo . Eu irei. Você me pega em casa?

— Oi? tá louca é? Nunca que meu fusca maravilha vai com a gente

nessa aventura. Já pensou você empurrando ele e eu gritando" bora Luca, força , ele tá quase pegando".

Rimos muito só de imaginar a merdä que seria chegarmos de fusca num lugar cheio de riquinhos .

Éramos assim , amigas ,quase irmãs O engraçado era que com Micaela não era assim, depois que ela completou quinze anos , não falava mais comigo. Bem , mas antes também pouco ficava perto de mim e mamãe já a levava , parecia que eu tinha alguma doença contagiosa. Difícil de entender quando eu era uma criança, mas ainda eu continuava a não entender aos vinte e três anos, apenas não fazia mais diferença .

Paramos na frente de casa e eu desci rápido, como sempre pro fusca não morrer e mamãe não brigar com o barulho dele.

--Tchau ,não esquece do vestido.

-- Não esquenta, você terá uma surpresa.

Já fiquei preocupada com essa conversa ,minha santa das moças ansiosas, ajuda a eu não ter um treco.

💥💥💥

AMADINHAS , ESTAMOS AQUI DE NOVO. POR FAVOR CURTAM CADA CAPÍTULO DANDO UM JOINHA, ESSA OBRA É PARA O CONCURSO QUE ACABA DIA DEZ DE MARÇO.

BJS DE Luz 💓💓💓

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