5• Quarto de Perla

 

**Capítulo 5 –

O Dragão e o Coração**

Os irmãos estavam em casa, caminhando de um cômodo para o outro, conversando sobre as travessuras do dia. Foi quando Eduard parou, franzindo a testa.

— Você ouviu isso? — perguntou ele, baixinho.

— Ouvi o quê? — respondeu Dylan, curioso.

Eduard apontou na direção do porão. De lá, vinham vozes abafadas, quase sussurradas.

— Tem alguém lá embaixo — ele murmurou, pegando a mão do irmão. Com o dedo nos lábios, fez um “psiu”. — Vamos devagar.

Eles se esgueiraram na ponta dos pés até a entrada do porão. Agachados ao lado da porta, os dois irmãos observavam surpresos: sua irmã Perla estava sentada no chão, conversando animadamente com duas bonecas.

— Ela tá falando com as bonecas? — Eduard cochichou, incrédulo.

— Pois é... tem tanta coisa mais legal pra fazer — respondeu Dylan.

Eduard balançou a cabeça, reprovando o comentário:

— É o que ela gosta de fazer, deixa ela.

Antes que pudessem decidir se saíam ou ficavam, algo inesperado aconteceu. As bonecas... levantaram.

— O quê...? — Dylan sussurrou, arregalando os olhos.

Ambos se entreolharam, o medo tomando conta. Não sabiam se corriam ou ficavam parados. Foi quando Perla virou a cabeça e os viu.

— Ah, vocês também estão aqui! Venham, quero apresentar minhas amigas — disse ela, sorrindo como se tudo fosse normal.

Dylan e Eduard hesitaram, mas foram se aproximando.

— Essa é Flor Mágica — disse Perla, apontando para uma das bonecas. — E essa é Sívia. Elas têm poderes incríveis!

Os meninos ainda estavam tentando entender o que estava acontecendo quando piscaram... e perceberam que já não estavam mais no porão. O ambiente ao redor tinha se transformado em uma vasta geleira.

Flocos de neve caíam suavemente, o chão brilhava como cristal, e o ar era puro e gelado. Era mágico.

— Vamos brincar! — gritou Perla, jogando uma bola de neve em Dylan, que riu e revidou.

Eles correram e riram, rolando no gelo como crianças que nunca tinham conhecido o frio. Até Flor Mágica começou a cantarolar uma melodia que fez o ar vibrar, e Sívia rodopiava sobre o gelo como se fosse parte dele.

Depois de muita diversão, Sívia se aproximou, com um sorriso no rosto:

— Vocês querem fazer um passeio? Posso levar vocês para ver as estrelas mais de perto.

— Sim! — responderam os três ao mesmo tempo.

Ela trouxe uma folha enorme, pediu que se deitassem juntos sobre ela e tocou-a com o dedo indicador. Lentamente, a folha flutuou para o alto, balançando suavemente no ar como uma pluma.

— Uau! — Dylan exclamou, sentindo o vento no rosto.

Do alto, podiam ver rios brilhantes, montanhas majestosas e florestas intermináveis. Era como um sonho.

Enquanto sobrevoavam um rio, Sívia começou a descer. Eles pousaram suavemente na margem de um riacho cujas águas brilhavam como estrelas. Peixes coloridos nadavam alegremente, e Dylan percebeu algo familiar.

— Ei, aquele peixe ali... ele é o Nemo?

— Isso mesmo! — disse Sívia, rindo. — Ele está um pouco mais velho, mas é ele!

Nemo se aproximou e cumprimentou os visitantes, contando histórias de suas aventuras no oceano. Dylan ficou encantado, mas antes que pudesse fazer mais perguntas, ouviu um som distante.

— O que é isso? — perguntou ele, virando a cabeça.

De longe, viram uma caverna. Enormes asas batiam suavemente na entrada. Dylan sentiu um misto de medo e curiosidade.

— Podemos ir até lá? — perguntou ele.

Sívia hesitou:

— Tem certeza? Pode ser perigoso.

— Eu vou sozinho, então — respondeu ele, determinado.

Sívia suspirou e o deixou descer próximo à caverna. Dylan caminhou lentamente, sentindo o ar ficar mais pesado e quente. De repente, um clarão de fogo iluminou tudo.

Ele congelou no lugar, encarando a enorme criatura que surgia à sua frente: um dragão de olhos profundos e melancólicos.

— O-o-oi... — gaguejou Dylan. — Eu... eu só queria saber quem você é.

O dragão suspirou, sua voz grave e arrastada ecoando pela caverna:

— Quem eu sou... não importa mais. Já fui um guerreiro, mas agora... sou apenas uma sombra do que já fui.

Dylan sentiu um aperto no peito.

— Você parece triste. O que aconteceu?

E o dragão começou a contar sua história.

Ele falou de seu antigo companheiro humano, o mais nobre que já conhecera. Contou como lutaram juntos para proteger seu povoado contra forças das trevas e como, no momento mais desesperador, o humano arrancou seu próprio coração para salvar o dragão.

Dylan estava com lágrimas nos olhos quando o dragão terminou de falar.

— Isso é... tão triste.

— Triste... mas é a verdade. Agora você sabe por que eu vivo aqui, longe de todos.

Dylan se aproximou, ignorando o aviso para manter distância.

— Você está ferido. Por que não deixa eu te ajudar?

O dragão bufou, soltando uma pequena chama.

— Não preciso de ajuda.

— Precisa, sim! — Dylan insistiu, determinado. — Não vou te deixar assim.

Ele correu para fora, gritando por Sívia. Ela veio rapidamente e, embora hesitante, aceitou ajudar. Com seu toque mágico, ela fechou a ferida do dragão.

Algo mudou naquele instante. O dragão começou a sentir... alívio. E pela primeira vez em muito tempo, sorriu.

Dylan, emocionado, abraçou a perna do dragão.

— Você vai ficar bem agora.

O dragão soltou uma gargalhada profunda.

— Obrigado, garoto. Você me devolveu mais do que a vida. Me deu esperança novamente.

Enquanto Dylan e Sívia se afastavam, o garoto olhou para trás e gritou:

— Eu volto amanhã, prometo!

E o dragão, pela primeira vez em anos, sentiu-se acompanhado.

 

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