#4 continuação...

Dias atuais...

Giulia:

Já faz uma semana que fui enxotada por Diogo, por isso decidi que está na hora de voltar para a academia, eu não posso fugir a vida toda e nem vou mudar de unidade, essa é a melhor academia da Asa Norte e fica exatamente no percurso entre o trabalho e minha casa, o que me permite vir direto após o expediente. Chego na academia e vou para o banheiro trocar de roupas quase correndo, não quero dar de cara com Diogo.

Depois de correr na esteira por 30 minutos, desço e começo a fazer meu treino. Vejo que Diogo vem ao meu encontro e começo a me levantar para mudar de aparelho, é quando ele segura meu braço.

- Giulia? Olha, eu sinto muito se te deixei chateada, mas eu não poderia ir, eu precisava descansar – olho para sua mão que segura meu braço sem acreditar na ousadia.

- Não, não sente! Essa foi só mais uma das suas desculpas Diogo – faço uma pausa enquanto afasto sua mão vagarosamente – e eu estou tão cansada de viver assim. Você procura desculpas para nos afastar, a gente se afasta, eu passo um mês mal e quando começo a seguir a vida você ressurge, manda presentinhos pelo marido da minha prima porque sabe que eu não aceitaria. Eu sou tão idiota que faço exatamente como você quer, te mando mensagem perguntando sobre o presente e você aproveita para puxar assunto, quando eu vejo meu coração já está todo derretido. E daí acontece tudo de novo, você me afasta e quando vê eu me distanciar me puxa de volta – dou um longo suspiro enchendo os pulmões de ar e de coragem. – Se for para ser assim, eu não quero mais Diogo, eu não consigo. Se você quiser a gente tenta e faz tudo direito, mas se for para viver assim, eu não quero mais que você me procure – digo com um peso no coração, mas em tom firme para que pareça que estou decidida, enquanto por dentro me sinto despedaçada ao pensar que isso possa significar o nosso fim.

Diogo não diz nada, ele apenas se vira e sai andando. Então é isso? Esse é de fato nosso fim? Sem nenhum último adeus? Dou risada de mim mesma por pensar que seria diferente dessa vez, que Diogo diria que iriamos tentar e que daria certo. Decido ir embora. Passo no mercado e compro tudo que vou precisar para essa noite, sorvete e chocolate, ligo para a minha pizzaria preferida no caminho. Chego em casa e vou direto para o chuveiro, deixo a água cair em meu corpo enquanto as lágrimas caem de meus olhos. Não sei quanto tempo passa. Ouço o interfone tocar e saio as pressas pegando a primeira roupa que vejo pela frente, atendendo enquanto me visto.

- Giulia, a sua pizza chegou! – Diz o porteiro do outro lado da linha.

- Oi seu Felipe, o senhor pode pedir ao rapaz para esperar 3 minutos? Eu acabei de sair do banho, mas já estou descendo!

- Tudo bem Giu, eu pedirei para ele esperar um minuto.

- Obrigada seu Felipe.

Chamo o elevador e desço as pressas, quando chego a portaria peço um milhão de desculpas ao entregador pela demora e ele diz que está tudo bem, que a minha pizza era a última entrega da rota. Pago-o, cumprimento seu Felipe e volto para meu apartamento. Procuro por um dorama que possa me fazer chorar ainda mais e encontro Trinta e Nove na Netflix. Nem preciso dizer que a minha noite foi longa e chorosa, o dorama me fez chorar a cada episódio, e quando eu lembrava de Diogo eu chorava ainda mais por ter sido tão idiota. Não me lembro quando peguei no sono, mas acordo às 7 horas com Mel me ligando.

- Oi Mel – digo sonolenta.

- Oi Mel? Giulia estou te mandando mensagem desde ontem e nenhuma delas foi recebida por você! – Mel diz em um tom preocupado e só então me recordo que desativei o wi-fi e a rede móvel do celular com medo de que Diogo me mandasse mensagem e eu caísse em sua lábia mais uma vez.

- Mel, eu sinto muito! Eu e Diogo colocamos um ponto final em nossa história ontem e daí eu cheguei em casa e desliguei a internet para me isolar dele, comecei a ver um dorama e não sei quando dormi – digo apressadamente, despejando as palavras em cima de Mel enquanto me levanto do sofá.

- Você e o Diogo o quê? Como assim Giulia? Fale mais devagar e explique-se! – Conto tudo para Mel – Amiga, eu estou indo para a Delegacia agora, mas se você quiser eu passo na sua casa no final do expediente – Mel é policial civil, desde que começamos a cursar direito minha amiga dizia que queria ser policial, tentei convencê-la de que os melhores concursos eram para tribunais, mas esse era o sonho de Mel e eu não poderia deixar de apoiá-la.

- Amiga, eu sinto que quero enfrentar isso sozinha, mas não vou te afastar de forma alguma, eu só não quero ficar me lamentando pelo Diogo enquanto estiver com você, quero curtir minha amiga. O dorama que assisti me fez pensar sobre isso, a vida é uma só Mel!