Capítulo II – Reencontro:

Os dias parecem seguir arrastados. Continuei indo para a academia como de costume, Diogo finge que eu não existo e faço o mesmo. O sábado finalmente chegou, decido ir para a academia assim que acordo, afinal, eu e Mel iremos almoçar juntas como sempre fazemos.

Visto meu shortinho de cós alto na cor branca, que faz conjunto com um top de alças duplas que ficam em apenas um dos ombros, calço meus tênis, prendo meu cabelo em um perfeito rabo de cabelo, me olho no espelho e saio de casa.

Estou em um dos aparelhos mais próximos a entrada, quando vejo um belo moreno tatuado entrar na academia, o homem não parece ter mais do que 28 anos, aproximadamente 1.90m de altura, um belo par de pernas grossas e gostosas, bem definidas, braços que qualquer mulher se atiraria só para tê-los em volta de seu corpo, não tenho dúvidas de que por baixo da camiseta há um tanquinho perfeitamente esculpido, o corpo do homem parece uma escultura de Michelangelo, e essa nem é melhor a parte. O rosto! O rosto minhas amigas é tão bem desenhado quanto o corpo, parece uma das obras de Strazza, rico em detalhes, a mandíbula parece que foi cortada na navalha de tão perfeita, o nariz empinado e levemente quadrado, a boca carnuda e um belo par de sobrancelhas grossas e bem feitas que completam os olhos castanhos, cabelos lisos, bem cortados nas laterais e um pouco mais volumosos no topo, o rosto dele me lembra o ator Henry Cavill e me passa uma estranha sensação de familiaridade.

Sigo-o com os olhos enquanto ele cumprimenta as moças na recepção e faz seu caminho até Diogo, então percebo que é o mesmo rapaz que vi acompanhando Jonas no restaurante. A sensação de familiaridade não me deixa por nenhum segundo e não consigo desprender meus olhos dele.

- Diogo meu amigo, faz tempo que não o vejo – diz o belo estranho, que possui um sorriso tão bonito quanto, o homem não parece ter um único defeito.

- Levi? Meu Deus cara, há quanto tempo! – Responde Diogo em tom de surpresa abrindo um largo sorriso ao amigo.

- Quem é vivo sempre aparece!

- Mas você não aparece há muito tempo meu amigo, o que aconteceu? – Vejo o tal Levi dar uma risada triste.

- Minha namorada me deixou cara, então pensei em vir para a academia e descontar isso no corpo, pelo menos assim eu fico bonito e, saudável – ficar bonito? Até parece que ele não sabe que Debret desejaria esculpi-lo.

- Cara, eu sinto muito, – diz Diogo com pesar – eu tinha certeza de que você e Maísa se casariam!

Espera, qual foi mesmo o nome pelo qual Diogo chamou o estranho? Levi? E agora Maísa? Quais as chances de esse ser o Levi? De ser meu primeiro amor? Não! Deve ser só uma coincidência! Levi foi embora para São Paulo há muito tempo, além disso, como Diogo o teria conhecido e saberia sobre Maísa? É impossível, não é?

- É passado agora meu amigo. E você? Da última vez que nos vimos me disse que estava conhecendo uma garota da academia que era diferente das outras, está namorando agora?

- Não. Mais solteiro que eu, impossível! A mulher era um verdadeiro pé no saco, queria namorar, vivia rastejando por mim. Eu tenho boceta a hora que quero meu amigo, não preciso de uma só para ficar cobrando. Mas essa semana deixei bem claro que nunca teremos nada – que mentiroso salafrário! Minha vontade é de ir até lá e dar um bom tapa na cara de Diogo, esse babaca! Que raiva!

- É meu amigo, parece que eu não tenho sorte no amor e você que tem uma mulher doida para estar ao seu lado, é um verdadeiro safado! – Ele dá risada. - Agora, se me der licença, vou começar meu treino, melhor focar no físico do que castigar a mente revivendo o passado.

Embora eu esteja com ódio de Diogo, esse cretino mentiroso, eu tenho coisas mais importantes para fazer, como por exemplo, descobrir se esse é de fato Levi. Pego o celular e procuro pelo perfil de Jonas no Instagram, olho foto por foto, mas nem sinal do belo moreno. Tento traçar o rosto de Levi em minhas memórias, procurando por seus traços que me eram tão familiares, mas não consigo, já faz 12 anos que não o vejo e 10 que decidi esquecê-lo. Vou até a aba de seguidores de Jonas e procuro seu nome, está lá, Levi Flauzino. Clico apressadamente em seu perfil. É ele! O belo estranho é Levi, por isso essa sensação de familiaridade que não me deixa. Estou processando as informações em meu cérebro quando noto uma sombra a minha frente, Levi está parado diante de mim e me encara curioso.

- Oi...é... estranha? Você está parada encarando o nada já faz um tempo e eu gostaria de usar o aparelho. Podemos revezar? Se não te atrapalhar, é claro – ergo a cabeça, procurando desesperadamente seus olhos e implorando para que ele não me reconheça e nem perceba o quanto estou perturbada com sua presença.

- Oi, Giulia – digo quase que como um sussurro – meu nome é Giulia. Eu... é... essa é minha última série, se você puder esperar um pouquinho – digo tentando me recompor.

- Claro, espero sim, Giulia – ele diz meu nome pausadamente, como se também buscasse algo em sua memória.

Começo a fazer o exercício o mais rápido que consigo, para sair dali o mais rápido possível. Mas percebo que não consigo fugir de seu olhar atento que parece me estudar. Termino e saio com as pernas moles do aparelho, tentando desesperadamente não cair por causa da pressa. É quando cambaleio e Levi segura meu braço para que eu não caia. Olho em seus olhos e sinto uma corrente de energia atravessar meu corpo, ele de repente arregala os olhos e faz uma expressão de surpresa, eu fui descoberta.

- Ah meu Deus! Giulia? Giulia Valente?

- Sim e você é? – Finjo que não sei quem é e ele sorri, um sorriso quase diabólico.

- Como você não se lembra de mim Giulia? Como é possível que tenha esquecido daquele que te deu seu primeiro beijo? – Ele pergunta com uma voz rouca e provocativa, o sorriso que dá ao final denuncia que faz de propósito. Mas esse jogo eu sei jogar.