Você Era O Que Me Faltava
Oi gente! Então, estou aqui pra começar mais um livro. É o seguinte, o protagonista desse negócio aqui é um estúpido. Boçal mesmo. Então vocês precisam entender que ele vai passar um tempo agindo e falando como tal. Outro ponto importante aqui é que a protagonista teve que virar adulta muito cedo, por tanto, não vai ter muita paciência com ele em vários momentos.
Dito isso, quero lembrar aqui alguns pontos que quem me acompanha já sabe.
1°: Nada do que eu escrevo aqui é por acaso. Tudo se conecta depois. Então por favor leia com atenção pra evitar a fadiga. Ah, os detalhes, TODOS OS DETALHES, vão estar aqui porque tem motivo de estar aqui. Então pelo amor do Todo Poderoso só leiam. Minhas obras são descritivas, DES-CRI-TI-VAS, foquem nisso.
2°: Se você é do tipo que gosta de mulheres passivas e que aceitam tudo caladas, e faz questão de criticar cada passo, fala e linguajar das personagens femininas achando que só os homens falam palavrão e podem sair tr*nsando sem compromisso, esse livro, assim como todos os meus outros, não é pra você. Já está aqui avisado, mais uma vez vou pedir atenção.
3°: Eu tive muitos problemas durante os últimos meses e não mantive a atualização regular dos meus livros, então todos os outros vão ter bastante capítulos escritos com antecedência pra evitar isso acontecendo outra vez. Mas quero que saibam que a atualização é de um capítulo por dia, porque não gosto de diálogos idiotas pra encher linguiça.
4°: Meus livros não tem fotos, mais uma vez eu digo, é tudo descritivo. Gosto de vocês usando a imaginação.
É isso! Beijo e boa leitura meus amores 😘
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Estou sentada em uma cadeira de plástico vagabundo enquanto olho pro caixão na minha frente contendo o corpo inerte da minha mãe.
💭Isso é um pesadelo, só pode ser. Aliás, tem que ser💭
Respiro fundo enquanto não consigo desgrudar meus olhos, é quando sinto uma mão no meu ombro esquerdo.
Um copo descartável com café aparece na minha frente.
- Peguei pra você meu amor.
Pisco saindo do transe e quando olho pra cima vejo Lucas abrindo um sorriso sem mostrar os dentes. Somos namorados há dois anos e meio e ele está me ajudando agora nesse momento ruim, muito embora nós tenhamos vários arranca rabos e eu tenha uma vontade louca de matar ele por várias vezes.
- Obrigada.
Corro os olhos pela pequena igrejinha evangélica na comunidade onde moro, minha mãe frequentava aqui e o pastor fez questão de arrumar de um jeito bonito pra despedida dela. As paredes são de um cor de rosa e o chão é de ardósia, bem lustrado e limpo. Dou um sorriso de canto lembrando das vezes que mamãe vinha limpar isso daqui.
É como se pudesse ouvir as palavras dela.
-" A casa do Senhor tem sempre que estar limpa e em ordem."
Bom, pelo menos algo está em ordem, porque minha vida, ah... essa está um caos!
Mamãe me criou sozinha, meu pai foi comprar cigarro e nunca mais voltou, se é que vocês me entendem. Estou com vinte e cinco anos agora, mas sempre trabalhei vendendo as coisas na rua pra ajudar em casa, enquanto minha mãe sofria todo tipo de humilhação possível sendo diarista. Eram poucos os patrões gente boa que ela conseguia. Três anos atrás eu consegui um emprego na área da limpeza em uma indústria alimentícia, que pertence a um bilionário de origem armênia e há cinco minha mãe descobriu um câncer de mama, contra qual lutou muito. Foi nessa época que eu me abstive de todos os meus sonhos. Não haveria tempo pra mim, pra faculdade, uma carreira, ou seja lá o que fosse. Conheci Lucas porque ele é operador de máquinas onde trabalho, se não fosse por isso, nem ele teria.
Dou um gole no café já sentindo que começou a ficar morno. Reprimo a careta por causa disso e ajeito uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.
Estou cansada.
E muito.
Os últimos meses foram um tormento. Mamãe passou os últimos três internada na Santa Casa, e era sempre alguma amiga dela aqui da igreja que ficava no hospital durante o dia já que eu só podia ir a noite depois do trabalho.
De repente um ruído se faz ouvir, o pastor pegou o microfone.
- Amados irmãos e irmãs, quero dedicar algumas palavras à memória de nossa irmã Madalena. Sei que nada do que eu disser aqui vai suprir a falta que ela nos faz, mas sei também que um conforto é sempre bom...
Depois que o pequeno discurso acaba, junto com a oração, eu me levanto pra receber o conforto das pessoas. Na hora do enterro é o pior momento pra mim, sinto meu corpo pesado e choro sem conseguir mais segurar enquanto vejo a terra sendo jogada no túmulo. É o adeus definitivo, nunca mais vou ver minha mãe.
*********
Bato a mão no despertador e solto um gemido de desgosto. São quatro horas da manhã, eu moro em uma favela próxima ao centro de uma cidade e meu trabalho fica perto de um centro de abastecimento e distribuição de alimentos de outra. Tenho que me levantar nesse horário pra conseguir bater cartão as sete. Um inferno!
Se não fosse por minha mãe, e a necessidade de trabalho, acho que já teria largado essa porcaria há muito tempo. Agora eu tenho uma pilha de dívidas, que surgiram junto com o agravamento da doença dela, e que infelizmente não foram enterradas há quatro meses atrás junto com ela. Me levanto e me obrigo a ir pra debaixo do chuveiro, tomo um banho rápido, me arrumo e engulo um iogurte antes de sair. Tenho que pegar um ônibus e ir até um ponto de embarque onde o especial da empresa passa. O lugar é tão longe que o ônibus que vai lá passa uma vez na vida e outra na morte.
Assim que chego pra pegar o especial avisto uma amiga.
- Bom dia, piriguete velha!
Lucia, que também trabalha na empresa na área da limpeza, me dá bom dia. Ela tem quarenta e sete anos e uma história de vida sofrida demais, mas mesmo assim sempre tem um sorriso no rosto. É uma mulher baixinha e que fala alto.
- Bom dia, piriguete nova! Pronta pra mais um dia de luta?
Retorço uma careta.
- Não, mas eu penso é nos boletos e no aluguel do barraco.
Ela me estende um pacote com pães de queijo e eu nego a oferta, mas abro minha bolsa e mostro uma vasilha com alguns biscoitos.
- Vou passar na portaria e selar, aí lá dentro a gente surrupia um bolo de milho pra tomar o café de nove horas.
É proibido comer dentro da indústria, principalmente os alimentos fabricados nela, mas aquele velho mão de vaca do Barsamian tem que nos compensar por todo o estresse dentro daquele lugar. Sempre que se leva algo de fora tem que ser selado na portaria, que é pra se algum fiscal pegar, já saber que você trouxe de casa.
*********
Estou andando pela indústria e dando graças a Deus por ser um lugar climatizado, o uniforme do lugar é um moletom. O pessoal da produção usa branco e nós usamos azul. Trago meu carrinho sendo puxado por uma mão, e na outra uma vassoura e um rodo. Entro na expedição e cumprimento o pessoal.
- Bom dia, flores do dia!
Recebo sorrisos amarelos e um ou outro bom dia desanimado.
- Tá legal, o que foi que aconteceu ontem aqui enquanto eu estava de folga?
Meu horário de trabalho é de terça a sábado.
Me viro pra Kennedy assim que o ouço me respondendo.
- Não sabemos, nosso horário é o mesmo do seu. Se esqueceu Olívia?
Ah, é.
Ele ajeita os óculos no rosto e depois a touca na cabeça. Como é um lugar que manipula alimentos, todo mundo tem que trabalhar com os cabelos cobertos, mesmo quem não tem contato direto com o produto sem embalar, como é meu caso e o deles.
- Tá bom, então porque essas caras?
Rodrigo, um cara alto, magro e negro, a quem os meninos apelidaram de Faro, puxa uma pilha de embalagens de pão de forma. Um caminhão acabou de encostar na doca pra levar carga até um supermercado.
Ele me responde enquanto leva a torre de produtos até o baú do caminhão.
- Não é nada, só sono.
A indústria abastece aos dois que são de propriedade do senhor Fuad Barsamian. Ele tem um supermercado gourmet, voltado pra pessoas de mais posses e que só está localizado nos melhores bairros, e um outro mais popular com opções também de atacado. O velho tem várias lojas dos dois pelo país.
Kennedy puxa uma torre de tortas floresta negra, que é pra colocar em outro caminhão. Esse é refrigerado.
Enquanto eu observo a movimentação deles estreito meus olhos.
- Uhum, sei...
De repente uma moça que é novata passa com outra mais velha de casa, elas trabalham no setor de frios e é uma parte diferente da indústria, então não sei o nome das duas. Acontece que elas parecem saber o meu, passam por mim e cochicham algo, depois dão uma risadinha.
Encosto minhas coisas em um canto e dou dois passos em direção delas pra saber o porquê disso, meu pavio é curto, aprendi a me defender sozinha e cedo.
Sinto uma segurada no meu braço direito, me viro e vejo Kennedy me segurando.
- Não, Oli. Não vale a pena.
Tiro meu braço da mão dele.
- Se vocês são meus amigos vão me contar agora o que está acontecendo.
É quando João aparece, ele é encarregado dos meninos. Ele usa uma touca azul clara e é assim que diferenciamos quem é chefe e quem não é.
João me olha e comprime os lábios.
- Eu vou te falar, mas não quero você procurando briga por aqui. Se lembra que precisa do emprego.
Já sinto um comichão pelo meu corpo.
- Desembucha, João!
João cruza os braços e inspira fundo antes de soltar:
- Lucas levou um balão de dois dias e assinou uma advertência depois de ter sido pego beijando uma garota do corte suíno aqui dentro.
COMO É?!
Pisco meus olhos umas três vezes tentando assimilar a notícia. Sei que a gente briga de vez em quando, que temos algumas diferenças e que fazemos muita raiva um no outro, mas nunca me passou pela cabeça trair ele e muito menos que Lucas me trairia.
Sinto minha boca amargar em uma mistura de raiva e vergonha. Tantos lugares pra fazer isso, ele vai e faz justo onde trabalhamos?
Eu agora sou a chacota da indústria.
Sou interrompida nos meus pensamentos.
- Olivia, será que você pode limpar a câmara fria da Rotisseria?
Balanço a cabeça de leve fazendo minha capacidade de falar voltar pra responder Fernando, meu encarregado. É um cara baixinho, branco que chega a ser transparente, e deve ter uns quase quarenta anos.
- Claro! Já vou.
Engulo em seco o que estou sentindo e sigo no meu dia de trabalho.
Quando bato cartão de novo às quatro e quarenta da tarde, ando até o vestiário e finjo que não estou percebendo os olhares na minha direção.
Encontro com Eliete, outra mulher da limpeza, mas que cuida do banheiro e do vestiário feminino.
Ela tem um jeito todo particular, e não mede as palavras.
- *Fica assim não, zé. Lucas é um c*zão, ele não vale a pena*.
Abro meu armário que fica próxima ao dela e de Lúcia, e enquanto tiro minha jeans e minha camiseta de dentro, eu abro um sorriso amarelo.
- É, se fez isso comigo não vale mesmo. Só achei que fosse ter pelo menos um pingo de consideração por mim e pelo menos fazer isso longe.
Nossa, que merda. Eu estou triste de verdade com isso.
Troco de roupa rápido e ajeito meu cabelo. Saio com tanta pressa que nem espero por minhas amigas, só quero me enfiar no ônibus e chegar logo em casa.
Assim que me acomodo em um das poltronas do especial eu mexo no meu celular depois de um dia inteiro sem pegar nele. Vejo uma mensagem de Lucas.
📲 - Sei que você já deve ter ouvido comentários por aí. Quero conversar com você, nós precisamos disso.
Aperto o celular com tanta força que tenho que me controlar pra não estragar. Não estou podendo gastar com um novo agora. Digito de maneira rápida.
📲 - O que nós precisávamos, leia bem, no passado, era de respeito nessa relação. eu mantive o meu Lucas, mas você cagou pra mim e para os meus sentimentos.
A resposta dele vem de maneira quase que imediata.
📲 - O que eu posso fazer? Fui fraco, eu errei, me perdoa Oli. Eu te amo.
Respiro fundo e fecho os olhos segurando a lágrima.
📲 - *Você pode ir tomar no meio do seu c*! É isso que você pode fazer! Me esquece Lucas, faz esse favor*.
Quando desço do ônibus a noite já está começando, subo a escadaria imensa e paro no boteco que fica na esquina do bêco de casa. Pego uma cerveja e encerro meu dia deletando todas as fotos e qualquer outro rastro que possa existir de Lucas na minha vida.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Naizete Bezerra
começando 21 11 24 /Rose//Rose/
2024-11-22
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Fatima Gonçalves
começando 03/10/24
2024-10-04
0
Marilene Lena
Começando 29/09/24 e é o primeiro livro dessa autora que leio
2024-09-29
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