Capítulo 5

Domingo passou tão rápido quanto qualquer domingo na história e segunda-feira de manhã chegou tão rápido que não sei bem o que estava esperando. Tipo, será que eu realmente achei que teria 1% de ânimo para acordar três horas da manhã e entrar em um carro abarrotado de pessoas com minha cara amassada de sono?

Pelo menos eu estava no carro do meu irmão, que foi chamado para ir junto para dar carona pras pessoas da minha sala... Aparentemente, Pedro também foi convidado para ser motorista, sendo assim pelo menos sete pessoas da minha sala estão indo com os dois, sem contar comigo.

Provavelmente as que estavam no carro de Juan pareciam ter notado desde o começo que a minha cara de morte não era um convite para conversar, então ninguém falou comigo e eu dormi depois da metade do caminho, acordando renovada quando chegamos, ao meio dia.

-Que lugar é esse? - Perguntei olhando para o casarão enorme em que estávamos estacionados, o resto da turma estava entrando com a bagagens e tudo.

-A casa de praia do Pedro. - meu irmão respondeu me dando minha mala.

Eu já tinha ouvido que ele tinha uma casa de praia que herdou do tio rico mas havia transformado em pousada para ganhar uma grana e arcar com as despesas. Ele deve ter pechinchando com o pessoal e dado um desconto para alugar o lugar todo pra gente, normalmente ele não parece ser muito inteligente mas quando quer ele é esperto.

Entramos junto com o resto do pessoal e aparentemente os quartos estavam divididos por ordem de chegada, estamos em vinte e sete pessoas e acabou que eu precisei ficar em um quarto com outras duas pessoas, sendo elas Natanael e meu irmão.

Pelo menos não preciso me preocupar em ser assediada já que Natanael é muito certinho e namora, já Juan é meu irmãozinho. Arrumamos nossas coisas pelo quarto e os dois se trocaram para sair, enquanto eu ainda enrolava fingindo não ter terminado minha mala..

-Quando descer me manda uma mensagem, tá? - Juan depositou um beijo na minha testa e saiu com Natanael, finalmente me deixando sozinha.

O que é que uma garota preguiçosa faz quando está na praia? Sim, ela agradece por ter uma sacada no quarto e senta para ler enquanto bebe um bom chá.

Faz muito tempo que eu não leio um bom romance, então foram as quatro horas jogadas fora mais bem aproveitadas que eu tive. No fim só precisei parar por que me lembrei que tinha um trabalho importante para escrever.

-Mana, você veio até aqui para estudar? - Juan fechou meu notebook repentinamente.

Eu estava tão focada que nem notei que eles já tinham chegado e aparentemente até tomado banho para dormir, olhando no relógio dá pra ver que já são nove horas da noite. Definitivamente eu aproveitei muito bem meu tempo, eu estava apenas revisando quando Juan fechou meu computador e ele só fez isso porque sabe que eu sempre deixo o armazenamento automático ligado, então não perdi nada.

Claro que se eu tivesse perdido, estaria surtando e não pensando em por que diabos os garotos tem que dormir sem camisa. Sério gente, tem uma garota no quarto e os dois agem como se estivessem sozinhos... O que só reforça a ideia de que eles me vêem como um "cara".

-Eu posso relaxar pelos próximos dias agora que acabei o trabalho do Breno. - dei de ombros me esticando na cadeira, quem precisa de um banho agora sou eu.

-Tinha trabalho do Breno? - Natanael me olhou confuso e começou a olhar o celular desesperado, provavelmente olhando a sua agenda minuciosa. - Meu Deus, todas as minhas anotações sumiram.

Ele estava pálido e começou a andar de um lado para o outro. Eu riria mas entendo o quão tenso deve ser, por isso compartilhei minha própria agenda com ele por um link no whatsapp, tudo o que falta é ele perceber, depois que terminar de surtar. Não tenho as anotações pessoais dele mas as do curso estão todas marcadinhas.

Fui para o banheiro bem plena, ao som de Natanael murmurando que precisava recuperar tudo e quase abrindo um buraco no chão. Sinceramente, tomar banho depois daquela cena é como estar tomando banho nas lágrimas do meu "inimigo", o que é bem satisfatório.

Essa matéria com certeza eu vou me dar muito bem... Ops, acho que acabei de soar uma pessoa péssima que gosta do sofrimento alheio.

Saí do banheiro revigorada, com uma toalha na cabeça e um roupão por cima das roupas íntimas porque derrubei meu pijama na água e precisava de outro enquanto aquele secava.

Juan estava jogado na parte de cima da beliche que vamos dividir e Natanael estava na escrivaninha, fazendo o que? Sim, uma chamada de vídeo com o pesadelo ambulante. E adivinha que porta fica atrás da escrivaninha? Pois é.

-O que essa vagabunda está fazendo aí?! - Julie gritou, não sei como os falantes do celular de Natanael aguentaram.

-Ju, não é o que você tá... - Natanael foi interrompido com os gritos de Julie que me insultavam de todas as formas possíveis.

Já falei que sou muito adulta, não é? Então é óbvio que eu não abri o roupão bem na frente da câmera.

-Eu nem tô pelada, ó! - falei no silêncio que se seguiu enquanto Julie me encarava perplexa, Natanael evitou olhar para o celular para não me ver.

-Louise, pode nos dar um minuto por favor? - Natanael falou com uma voz um pouco trêmula, ele deve estar muito bravo por eu ter colocado lenha na fogueira.

-Mas esse quarto também é meu...- fechei o roupão, dando um nó na faixa.

-Saia daqui, pelo amou de Deus, Louise. - Natanael me olhou direto nos olhos, ele foi tão firme que sua voz sobrepôs os gritos e o choro histérico de Julie.

Eu olhei para Juan em busca de apoio mas ele sequer estava ouvindo, já que estava de fones de ouvido e passando call para o time dele. Suspirei e sai do quarto contrariada, me encostando contra a porta pelos cinco minutos seguintes, onde eu ainda podia ouvir a voz de Julie chorando.

O corredor estava bem iluminado e as poucas pessoas que passaram por mim só fizeram caretas ou ignoraram a louca de roupão do lado de fora do quarto quase dez horas da noite.

-Luluzinha? - Pedro chamou com um bocejo entediado. - O que você tá fazendo aí?

-Eu estou esperando Natanael confortar a namorada dele. - simplifiquei, ele riu ao supor o que tinha acontecido.

-Mas você sabe que tem muito homem aqui hoje né? A gente não tá na faculdade, vai se vestir antes que aqueles idiotas achem de fazer alguma merda. - ele se aproximou e fez uma careta, ele estava a uns dois metros da porta onde estou encostada mas com certeza podia ouvir o grito da morte.

-Você acha mesmo que posso entrar agora? - suspirei como se a culpa não fosse quase toda minha.

-Bom, então vem comigo que eu te faço companhia. - ele estendeu a mão e eu não vi o porquê não aceitar. - Acabei de voltar do quarto de algumas garotas, elas me acordaram para dizer que tinham um problema com o quarto só para tentar me arrastar para uma festa.

Ele se lamentou com outro bocejo, provavelmente mesmo que quisesse ele não podia simplesmente mandar elas irem cagar no mato porque era o responsável pelo lugar e nós tecnicamente estamos pagando por um bom serviço.

-Já chamei a gerente de volta, pensei que daria conta sozinho mas se isso voltar a acontecer eu prefiro não ter que sair.

Ele passou seu braço pelo meu ombro e me direcionou para uma porta no fim do corredor, um pouco mais afastada que as outras são umas das outras, talvez o quarto seja maior.

-Você tá com sono porque não dormiu no meio do caminho, como eu. - comentei orgulhosa do meu feito.

-Se eu dormisse estava eu e o pessoal que veio comigo num sono eterno, né gatinha. - ele riu e destrancou a porta.

-É um preço pequeno a se pagar pela paz, gatinho. - entrei no quarto primeiro, já que ele me deu passagem.

Assim que ele ascendeu a luz, a revolta do proletariado tomou conta da minha mente e deixou várias frases de indignação passarem pela minha cabeça enquanto eu admirava a beleza incomparável do quarto de Pedro com os outros.

O quarto é realmente maior e além de uma cama de casal muito grande, tem sofás aveludados lindos e vários móveis que parecem muito caros.

-Pedro Almeida, acho que eu estou alucinando. - murmurei me jogando na enorme cama.

-Louise Scott, você apenas está no meu quarto, fica tranquila. Ainda não batizei a bebida. - ele trancou a porta e ergueu a chave no alto. - Está aqui em cima da cômoda, caso queira sair.

Ele deixou a chave lá e se jogou ao meu lado, se encolhendo em posição fetal já preparado para dormir. Sério, eu ainda sou uma garota e mesmo assim não sinto nenhuma ameaça vinda desses caras, será que eu sou mais feia do que imagino?

-Você vai dormir e me deixar sozinha? - sentei na cama, ele está a uma distância considerável de mim e não parece nem um pouco disposto a sair de onde está.

-Óbvio. Aproveita o que quiser aí... a Netflix já está logada na TV, tem bebidas e algumas comidas no frigobar e tem alguns jogos para o X-box também.

Eu fiquei quieta por alguns minutos, refletindo sobre a humilhação que seria esse pouco caso que ele fez de mim, se eu não tivesse uma experiência de quarto de hotel para desfrutar. O sono de Pedro é pesado, eu sei porque sempre que os meninos iam dormir em casa Juan me chamava para zoar a cara deles com maquiagem enquanto dormiam. Uma vez eu derrubei a maleta de maquiagens na cara dele (ele estava dormindo no chão), mas ele apenas resmungou e continuou a dormir.

Quanto esforço as garotas tiveram para o acordar? Devem ter sido muito insistentes. Só sei que o sono pesado dele me dá liberdade para andar por aí sem medo de o acordar.

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