"Tio"
Queria poder dizer que minha vida é muito organizada, na verdade...hoje é. Mas nem sempre foi assim. Minha vida já foi bem complicada, principalmente depois que conheci Henrique Duarte, tio da minha melhor amiga, o qual eu chamava de "tio".
Bem, eu não era já nenhuma garotinha, tinha 19 anos e estava no terceiro ano de direito há 5 anos atrás. Eu não cresci muito, sabe. Tenho 1m e 60cm, e caso alguém pense, vou dizendo. Não sou nenhuma Demi Moore. Nem mesmo meus olhos são azuis ou verdes, são pretos. Mas contrariando as espectativas de alguns, sou alva como a neve, cabelos negros petróleo e longos, e muito muito lisos! Tenho muita raiva quando coloco uma presilha no cabelo e ela simplesmente escorrega. Então, gosto de pôr um lápis, após enrola-lo. Ah, meu nome é Letícia ou só Tici.
Minha vida era bem pacata, como minha família é mais ou menos, não precisei ficar compartilhando quarto com colega de faculdade. Eu ia e voltava da faculdade para casa, todos os dias. Até que um dia...
- Tici, liga a tv! Falou minha amiga Samanta, que carinhosamente chamo de Sam.
- Não! Sam, não quero ver jornal pleno domingo! Eu falei.
- Não é isso, Tici! Seus pais estão no noticiário. Gritou ela, pegando o controle da tv.
- Mas o quê eles fazem na tv? Perguntei.
- " Voltamos com mais notícias do casal que foi empurrado para fora da estrada, assim dizem algumas testemunhas. E as novas não são muito boas, meus amigos telespectadores! A mulher, chamada Maria Fernandes acaba de falecer no hospital e seu esposo está em coma, o senhor Pedro Fernandes. Os médicos ainda não sabem se ele irá acordar tão cedo. Obrigada pela companhia, voltaremos com mais notícias a qualquer momento." Anunciou o jornalista da tv.
- Não é verdade! Minha mãe não morreu! Gritei em prantos, vendo Sam abrir os braços para me confortar.
- Sinto muito, Tici. Não sei nem o que dizer neste momento, sua dor deve ser imensa! Pode chorar, Estou aqui. Falou ela me abraçando.
- E meu pai, preciso vê-lo. Afirmei.
- Calma! Iremos ligar para a equipe de reportagem e saberemos em qual hospital está. Primeiro se acalme. Depois iremos. Disse ela.
- E eu, como vou ficar?! Não posso ficar sozinha aqui. Falei preocupada.
- Você ficará comigo até seu pai voltar para casa. Afirmou ela.
Sam tira o celular da bolsa e liga para a equipe de reportagem.
- Vamos! Já consegui o endereço do hospital. Afirmou ela.
- Vamos! Disse eu, pegando minha bolsa.
NO HOSPITAL
Falamos com o médico responsável por meu pai. Soubemos que tiveram que fazer uma cirurgia de emergência na cabeça dele por ter sofrido uma pancada muito forte durante o acidente. Ao menos agora, eu sabia que meu pai não morreria, mas nem mesmo o médico soube me dizer por quanto tempo meu pai ficaria em coma.
- O quê vai ser da minha vida agora, Sam?! Como vou cuidar do meu pai? Terei que trancar meus estudos, meu pai precisa de mim! Falei com muita preocupação.
- Calma, amiga! Não precisa largar os estudos. Podemos contratar uma enfermeira para cuidar dele. E você vai morar comigo. Minha mãe está num evento fora do Brasil, mas meu tio chega amanhã, ele ficará conosco por um tempo. Me tranquilizou Sam.
- Desculpe dizer, amiga! Mas acho que não temos mais idade para babá, temos 19 anos. Somos maior de idade. Eu disse a Sam e ela riu.
- Já estou vendo que você se recupera rápido! Está até me dando bronca. Eu sei, Tici. Meu tio vem passar férias aqui. Ele trabalha muito e por um milagre, resolveu tirar férias. Confesso que me sinto bem mais segura com uma figura masculina por perto, depois que o pai se separou da mãe. Sinto muita saudade dele! Desabafa Sam com os olhos lacrimejados.
- Bom, vamos mudar de assunto. Eu acho que tenho uma mala para arrumar e daqui a três dias, pegar meu pai no hospital, é isso? Perguntei, mudando de assunto.
- Sim. Arrume, que o motorista já está vindo nos buscar. Disse ela.
Subi ao meu quarto e joguei rapidamente as roupas na mala e numa pequena maleta, coloquei meus livros da faculdade. Quando desci, minutos depois o motorista chegou.
A QUÍMICA
Depois de um dia triste e cheio de coisas para arrumar no meu novo lar daqui para frente, finalmente sento no sofá com minha melhor amiga. Passamos o final da tarde assistindo um filme e resolvemos pedir uma pizza para o jantar.
- Agora que moramos juntas, podemos ir dançar qualquer dia desses, o quê me diz? Me convida Sam.
- Não Sam. Não estou com clima para festa! Eu respondo.
- Amiga, você precisa se distrair. Além disso, você só fica enfiada nesses livros o dia todo. A vida não é só livros, precisa interagir com as pessoas, se divertir um pouco. Vamos? Pede ela.
- Ok. Vou pensar no convite. Não prometo nada. Daqui a pouco tenho que deitar, tenho que acordar cedo. Tenho que procurar emprego. Eu falei.
- Tici, não precisa disso. Você é a irmãzinha que não tive! O que é meu é seu. Disse Sam.
- Não. Não quero abusar. Já estou morando aqui, além disso, ainda ter que ser sustentada por você?! Não posso mexer na conta dos meus pais, tenho que trabalhar para me sustentar. Disse eu.
- Tá bem! Já sei que não adianta tentar te convencer. Sam falou desanimada.
- Que bom! Ainda bem que sabe disso. Afirmei.
Dia seguinte...
Meu celular despertou as 6hs e logo levanto para fazer minha higiene e ir a procura de algumas propostas de emprego. Primeiro fui a um prédio no centro da cidade, onde precisam de secretária. Fica no quinto andar, onde trabalha um casal de advogados. Acho que são irmãos, namorados ou coisa assim. Bom, seja o que for, gostei deles e acho que eles também gostaram de mim. Apesar de eu não ter experiência, sou boa em gramática e redação, sem falar que minha matéria predileta na escola sempre foi português e literatura. E gosto muito de ler. E talvez eu tenha despertado o interesse deles quando disse que iria fazer o terceiro ano da cadeira de Direito. O resultado é que ficaram de me ligar.
O outro é uma empresa de cosméticos, precisam de uma atendente. Quando mostrei meu currículo, mal me olharam, embora me tivessem tratado com educação, percebi o desinteresse. Mas sabe, não gostei mesmo do lugar, mesmo sendo luxuoso. Prefiro o escritório dos advogados.
Indo fazer um lanche, percebi que bem perto da lanchonete tem um restaurante muito conhecido e frequentado pelas pessoas mais ricas da cidade. Na parede, do lado de fora tinha uma placa escrita " Precisa-se de garçonetes, tratar na recepção a frente". Bem, não era o emprego do futuro nem o mais bem pago do mundo, mas no momento, era a possibilidade de poder me sustentar sem depender da Sam.
Entrei porta a frente e perguntei sobre o cartaz da parede. A recepcionista me deu uma senha e mandou esperar. Meia hora depois, fui chamada na recepção para entrar numa sala a minha esquerda.
- Bom dia! Disse eu.
- Bom dia, senhorita! Disse um senhor de cabelos grisalhos, de mais ou menos uns 50 anos.
- Dê-me seu currículo. Pediu-me o senhor. E olhando meu currículo, me observou de cima abaixo.
- Vejo que não tem experiência em nada, mas tem muitos cursos e está fazendo faculdade de direito, exato? Indagou ele.
- Sim, senhor. Respondi. Mas olhou-me novamente e sorriu maliciosamente, levantando-se de sua cadeira atrás do computador e rodeando-me.
- Mas podemos dá um jeito, tudo só depende de você. Depois disso, senti sua mão na minha cintura e a outra tentando abrir o botão da minha blusa. Diante dessa situação, me virei rapidamente e o dei um tapa, saindo correndo dali. O ouvindo dizer palavrões e juras de que não conseguiria emprego em nenhum lugar que eu fosse, fui para longe daquele lugar.
Foi constrangedor, nunca havia passado por um assédio desse nível! Então não pensei duas vezes, fui a delegacia e denunciei o assédio. Se depender de mim, ele nunca mais fará isso de novo!
Voltando para casa, resolvi entrar num hotel onde precisava-se de uma recepcionista.
- Bom dia! Disse a atendente da portaria.
- Bom dia! Aqui estão precisando de uma recepcionista? Perguntei.
- No hotel não, senhorita. Mas no 5° andar, o Dr. Duarte está precisando de uma recepcionista. Me respondeu a atendente.
- Ok. Obrigada! Agradeci e logo entrei no elevador a minha direita.
Ao parar no 2°andar, as portas do elevador abrem e entra um homem de mais ou menos 35 anos, cabelos grisalhos, olhos azuis, e de aproximadamente 1,70 m. Ele sorrir ao me ver e passa a mão no cabelo. Mas não vem se engraçar comigo. Menos mal, ou seria bom? A questão é que o cara é um gato!
- Vai subir? Me perguntou ele.
- Sim. Vou para o 5°andar. Respondi.
- Também irei para o 5°andar. Me falou ele. Mas de repente, as luzes se apagam e o elevador pára. E ficando apavorada, sem perceber, me vejo nos braços daquele homem lindo!
- Calma! Já as luzes vão acender e Irão mandar alguém para nos tirar daqui. Embora não esteja tão ruim assim! Me disse ele, e acho até que pude ouvir um leve sorriso maroto.
- Não está ruim, está péssimo! Trancada num elevador com alguém que nem conheço! Ainda mais depois de ter sido assediada por um velho babão mais cedo! Quem me garante que ele não mandou você me seguir?! Falei aborrecida, saindo rapidamente dos seus braços.
- O quê?! Eu tento acalmar você e é assim que me agradece?! Você é uma mal agradecida! Este seu nariz empinado ainda vai lhe causar problemas, garota! Disse ele rispidamente.
- Eu não sou nenhuma garotinha! Você se aproveitou da situação para me agarrar! Esbravejei.
- Eu?! Não se sinta! Você que praticamente pulou nos meus braços. Pensei que estava nervosa e com medo, então fui compreensivo. Mas já percebi que você quem queria está nos meus braços. E que também tem uma língua bem afiada! Ele retruca, me deixando presa por seus braços no canto do elevador.
Sinto o hálito de hortelã dele a minha frente e de repente... nós dois ficamos num silêncio avassalador, onde sinto meu coração bater como se quisesse sair do peito. Então...
As luzes se acendem, e nós nos olhamos por um segundo a mais. E não sei porque, mas desejei tocar no seu rosto. Mas claro, logo me dei conta do devaneio e nos distanciamos.
- Espero que não demorem muito a consertar este bendito elevador! Disse eu.
- Pensei que fosse dizer o oposto desta palavra, já que é tão ruim assim ficar ao meu lado! Retrucou ele.
- É mesmo, pena que não me dei conta disso! Falei sarcasticamente.
- Você é mesmo muito corajosa. Me falou ele, vindo em minha direção.
Meu coração acelerou vendo-o sorrir ao se aproximar. E ao chegar bem perto, ele sussurra no meu ouvido...
- O que foi? Tem medo de não resistir?Ele me fala se aproximando dos meus lábios.
- Por quê não admite que quer um beijo meu? Do que você tem medo? Ainda continua ele a me falar.
Então, o elevador começa a funcionar novamente até o próximo andar. Eu me encolho num canto do elevador, o homem tenta segurar minha mão, mas eu dispenso de imediato sua ajuda. E por sua vez, ele se distância de mim.
E chegando no próximo andar, imediatamente eu saio quase correndo do elevador, descendo as escadas. Queria sair dali o mais rápido possível. E esperava nunca mais ter que ver aquele homem de novo.
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Atualizado até capítulo 38
Comments
Isabel Barbosa De Melo Batista
eita será que é o tio da amiga dela
2023-10-08
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Adriane
mais vai ver pq acho q ele vai ser seu chefe
2023-09-10
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