Capítulo 04

Lohan Caccini

Enquanto eu tava ali, sentado naquela cadeira, um filme se passava na minha cabeça.

Acontecimentos da minha infância até os dias atuais.

Em câmera lenta eu via cada momento, cada segundo.

Mas o porque disso agora?

Por que tô tão nervoso de repente?

Tô sentindo um frio na nuca.

Saio dos meus devaneios com o Doutor chamando minha atenção.

- Senhor Caccini? O senhor ouviu oque eu lhe disse? — Pergunta olhando pra mim com uma sobrancelha levantada.

- Desculpa. Poderia explicar de novo. Tava pensando em um problema da empresa e não o ouvi.

- Como eu disse anteriormente. O estado da jovem foi grave. Ela teve duas costelas quebradas e uma fraturada. Teve um pequeno deslocamento no ombro direito, creio que tenha sido pelo impacto com o chão. Pelo que avaliei, o carro que a atingiu estava em alta velocidade, pois com isso ela teve um baque forte em sua cabeça, que fez com que a levasse imediatamente ao desmaio. Com esse baque, ela perdeu bastante sangue e foi levada diretamente a cirurgia, e lá pude vê que se formou um coágulo sanguíneo, nesse caso, ela teve um TCE.

- Desculpe interromper. Mas o senhor poderia ser mais específico sobre esse TCE? Oque isso significa?

Perguntei preocupado.

- Significa que ela teve um Traumatismo Cranioencefálico, foi com que a fez entrar em coma. Durante o procedimento, ela teve três paradas cardíacas, ela foi uma guerreira. Bom, tenho uma ótima notícia, ela teve um GCS 4. E antes que me pergunte, GCS significa A Escala de Coma de Glasgow, é uma ferramenta utilizada para avaliar e calcular o nível de consciência do paciente. O traumatismo dela foi leve, significa que logo logo ela irá acordar, não sabemos o dia e nem a data, mas pelo que os exames mostraram, esse dia não irá demorar. Enquanto isso, ela ficará na UTI, hoje e amanhã irá respirar com a ajuda dos aparelhos, será somente esses dois dias, a noite iremos retirar os aparelhos e veremos como ela se sairá sem a ajuda deles.

Cada palavra dita era como se eu recebesse várias alfinetadas na pele. Ela sofreu muito. Mesmo sem conhecê-la, irei ficar responsável por tudo que precisar. Desde os tratamentos aos remédios. Posso ser esse brutamontes, mas ainda assim, sou um ser humano.

- Bom, doutor, obrigado por fazer de tudo pra salva-la.

- Não precisar me agradecer meu jovem. Esse é o meu dever. Só tem uma coisa que me preocupa.

Disse entrelaçando seus dedos enrugados um no outro.

- O que é doutor? O senhor esqueceu de me falar mais alguma coisa? –Perguntei com receio da resposta.

- Não. Não é isso. Bom, se não conseguimos entrar em contato com nenhum familiar. Quem irá se responsabilizar por ela e pelos seus gastos?

- Eu irei. –Falei convicto de minha decisão.

- Então está resolvido. Passe na recepção, assine todos os papéis necessários e pode pegar os pertences da jovem.

Falou já se pondo de pé e me estendendo a mão para se despedir.

- Irei fazer isso.

Saí da sala me sentindo uma pedra. Leone que estava sentado levantou vindo em minha direção.

- E então? – Perguntou ele curioso.

- Ela teve costelas quebradas e fraturadas, o ombro deslocado, um traumatismo craniano, três paradas cardíacas e entrou em coma. Mas pelo que o médico disse, logo ela irá acordar. Ela tá respirando com ajuda de aparelhos.

- Pesado cara! Nós vamos ser responsáveis por ela? – Perguntou me fitando com um olhar indecifrável.

- Nós? Não, meu irmão. E sim, eu! – Falei saindo em direção a recepção.

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