Capítulo 3

Hannah Taylor.

Chego em casa suada e ainda com os pensamentos todo voltado ao Rodrigo.. eu ainda acredito que tudo foi alucinação da minha cabeça e que na verdade eu não vi ele!

- Filha! Já chegou? Ah não.. E essas roupas todas aqui? Você não conseguiu vender nada? Nem mesmo uma pecinha?

Minha mãe fala com um semblante de desânimo no seu rosto, olhando para mim.

E como eu vou ter coragem para dizer para ela, que um homem passou por lá e comprou absolutamente todas as coisas do bazar e até o que não tinha? E ainda por cima, não quis levar nada? Ela com certeza não vai entender e ainda vai achar que eu endoidei.. pois ninguém dá e compra nada de graça. E isso que me assusta ainda mais.. não faz sentido o Rodrigo ter sido tão bom assim! Sei que ele é muito milionário e isso pode ter sido apenas uma migalha para ele, mais para nós e principalmente para mim, é muito! Talvez até mais do que eu nunca recebi em toda a minha vida.. que foram só humilhações, ovos no cabelo, cartas, chamando eu de gorda e que a minha "raça" deveria ser extinta do planeta ou que eu era um "câncer" só por existir. Chega a ser triste, mais sempre fui muito alvo de Bullingy em todo o meu colegial.. por isso que eu peguei ranço de ter que voltar a estudar novamente, a enfrentar salas de classes cheias, professores! Terminei o meu ensino médio com muito esforço, não só mental, mais como fisicamente também. Pois não foi fácil aturar todo dia uma piadinha inofensiva contra mim, contra o meu corpo.. E eu nunca se quer nunca fiz mal a ninguém.. Sempre fui na minha! Aliás eu sempre fui muda.. eu era apelidada como a "Bicha muda" ou, troca o "Bicha" para gorda. Morria de medo de falar.. pois se as pessoas já me odiavam e me descriminavam, sem ao menos eu abrir a minha boca, quem dirá se eu falasse? Já vi tantas coisas erradas, macabras e nojentas.. mais eu nunca falei! Pois o medo me consumia muito.. e depois que eu terminei, nunca mais pisei os meus pés em um solo escolar! Ou nada do tipo que me lembra isso. Corro da faculdade, igual um diabo foge da cruz.. minha mãe insiste toda hora ou quase sempre, para eu prestar vestibular, pois embora eu não gostava do ambiente escolar, eu sempre tirava notas altas na matérias, sempre tive muita facilidade para aprender qualquer coisa. Era sempre eu, a aluna nota 10 de todos os bimestres e isso inclusive aumentava ainda mais o ódio das pessoas sobre mim. Mais minha mãe ainda insiste para eu tentar pois é bem provável de eu passar em uma dessas universidades públicas ou melhor dizendo para pessoas pobres e de interiorzinho que nem eu. Mais eu nego, dizendo para a minha mãe, que eu sou bem mais feliz ficando aqui em casa! Cuidando dela, fazendo meus produtinhos caseiros que eu aprendi muito e continuo aprendendo vendo esses vídeos de Internet. Acho que se fosse para eu ser blogueira, seria de dona de casa! Ou até se fosse para escolher uma profissão, seria de cuidar da minha casa.

E sim, minha mãe me chama de maluca até hoje.. por eu ter esses pensamentos sendo tão nova assim, inclusive ela me chama de alma de gente velha.

Mais eu troco mil vezes, pessoas chatas, por uma novela, por uma série que eu tanto gosto, meu brigadeirinho de panela e meu cabertor quentinho e cheirando a amaciante.. hm, confesso que para mim não tem coisa melhor.

Mais minha mãe não entende! E acha que eu sou antissocial, que eu sou infeliz e triste! E que eu preciso me divertir, conhecer pessoas da minha idade, namorar muito igual ela faz.. mais não! Eu não vejo graça nisso e nunca foi minha praia.. Sempre fui muito fora da realidade e sempre gostei de fantasiar muito, ou pelo menos sonhar com uma vida que eu sempre quis ter... e ainda continuo sonhando, só que acordada.

- Hannah! Acorda minha filha. Novamente nesse mundo de fantasia? Aposto que nem ouviu o que eu falei.

Olho para a minha mãe, me despedindo de todo o meu pensamento alto.

- Mamãe.. É que.. um homem bem bondoso comprou todas as roupas, acessórios e no final não quis levar nada.. e bom, eu não podia obrigar o homem se ele não quisesse levar né, por mais que eu tenha insistido.

- Hannah.. isso é sério? Em toda minha vida e por anos que eu trabalho naquele lugar, isso nunca me aconteceu! Isso parece coisa de filme, de novela e de livros! Hannah.. já falei, sai desse mundinho! E para de ficar inventando essas histórias para me deixar maluca e mais confusa ainda da cabeça.

Eu sabia que ela não iria acreditar em mim.

Então eu abro a minha pequena bolsa de pano de lado e pego todo o dinheiro e mostro para ela, e vejo ela arregalar os olhos com o que ver.

- Isso é muito dinheiro minha filha! Nem no mês conseguimos faturar isso tudo! Vai dar para pagarmos todas as nossas contas, e ainda sobrar um pouco. Então é verdade! Mais quem foi esse homem Hannah? Ele é daqui? Com certeza não deve ser.. pois aqui só tem pão duro.. deve ser um gringo né? Aposto! Ele te falou o nome dele? Eu quero agradece-lo pessoalmente. Vai ver que ele deve está por aqui ainda.. olha, hoje á noite teremos a festa do caldo na praça central aqui no nosso viralejo, como todo ano tem. Com certeza esse homem bondoso deve estará lá! E você irá comigo, para me amostra quem é! Quero agradecer ele junto com você.

E eu engulo seca, quase me engasgando com a minha própria saliva.. minha mãe surtou.. só pode! Se eu ver o Rodrigo novamente, acho que eu desmaio de tão frio na barriga que eu vou sentir e de tanto que o meu coração irá acelerar. E com certeza, essa festa típica e toda caipira do nosso vilarejo não combina nem um pouco com o tipo de pessoa que ele é! Onde os olhos de um CEO milionário, todo elegante e todo bem-sucedido irá se atrair por pessoas simples? E principalmente com esses caldos, que diga-se de passagem não tem nem a capacidade de ser comparadas com as comidas super finas e elegantes que ele faz ou que o mesmo serve nos seus multi restaurantes por todo o mundo. Não que eu não gosto de caldo verde, caldo de abóbora, de feijão e milhares de outros que o nosso povo daqui faz.. mais isso me dá um certo nojo, pois não sei muito o que eles colocam dentro dessas panelas enormes. Por isso que eu nunca gosto de ir com a minha mãe, sempre prefiro ficar em casa.

- Mamãe.. um homem como aquele, rico. Jamais vai perder tempo com gente pobre igual a gente! Sabe o que atrai eles? Um vinho de marca boa! Lagosta, salmão.. essas comidas caras sabe? E nada de segunda mão que vocês compram aqui.. oh, isso nem se compara! Acho que nem vivendo aqui por anos, eu conseguiria comer um filé miom.

- Hannah! Não gosto quando você fala assim com desprezo pelo nosso povo e pelo lugar que você mora! Fique sabendo que esses caldos que te encheram muito a barriga quando você era criança! E essas carnes de segunda mão, que te alimentava muito! Então para de falar com desdém e nojo. Eu não gosto disso, você sabe! E se quer comer filé-miom, minha filha, terá que ter uma profissão boa. Porque ser dona de casa, como você quer, não sei se vai te garantir isso!

Eu fico chocada, porque eu só falei o óbvio e também á realidade, mais ela se nega em aceitar isso e ainda fala que eu estou com desprezo.

- Mamãe.. não falei com nenhum desprezo.. a senhora sabe que eu amo esse viralejo, mais isso não quer dizer que eu tenha que passar o resto da minha vida morando nesse lugar..

- Então acho melhor você rever esse conceito de ser apenas dona de casa.. E começar a enfiar a cara nos estudos para conseguir ter uma profissão para sair desse lugar que você tanto despreza.

Ela fala pegando o dinheiro da minha mão e sai andando até a pequena cozinha que nos temos e eu sigo ela, tentando contradizer a fala dela.

- Mamãe, eu não desprezo esse lugar! Para de ficar repetindo isso.

- Despreza sim! Você despreza o lugar que vivemos Hannah, quando você nem se quer aceita participar de uma festividade que o nosso povo prepara e faz com muito amor no viralejo em que moramos! Você despreza esse lugar, quando não dá o devido valor e importância! Prefere ficar presa nessa casa, do que aproveitar as coisas belas que o nosso lugar tem!

E eu reviro os olhos, pois de novo ela com o seu drama clássico, mais hoje eu não estou afim de discutir com ela.

- Mamãe, quer saber? Se ir nesse bendita festividade, vai fazer a senhora tirar esse pensamento que eu desprezo o nosso vilarejo, eu vou com você hoje! Satisfeita? Mais não reclama quando eu quiser vim cedo para casa.

E ela sorri largo para mim, comemorando por dentro por ter conseguido o que queria e eu começo a caminhar até o meu quarto, que é tão simples como todo o resto dessa casa.

Olho para as bonecas de panos e sem graça, que a a madrinha da minha mãe fez para mim, ainda quando eu era criança.

E eu me deito na cama e seguro uma delas para o alto.

- Acho que no fundo..eu sou igual vocês.. sem graças e feita para ser invisível ao lado de grandes barbies lindas.

Falo colocando elas de lado, e acabo indo até o meu computador velho, quase caindo aos pedaços e por uma curiosidade fora de mim, eu pesquiso o nome do Rodrigo.. vai que pode ter uma noticia do aparecimento repentino dele aqui nesse vilarejo? Será que ele veio aqui para instalar um dos seus restaurantes? Oh.. sentirei pena dele se isso for verdade.. pois aqui só tem gente pobre comparado ao restaurante dele, que é super erudito e caro.

O nosso vinho é da pior marca e ainda todo aguado Rodrigo..

Falo sorrindo, mais fico seria e com um coração desapontado, quando eu vejo algumas fotos dele com modelos diferentes. E elas são lindas e toda escultural, altas e esbeltas.

Não sei porque isso está me dando tanta importância.. É claro que um homem como ele, só vai andar e atrair olhares de mulheres como essas. E até parece que um homem lindo desse, está solteiro.. com certeza ele veio com alguma acompanhante. Acho que até eu, se fosse a namorada dele.. morreria de ciúmes de deixar ele sozinho assim.. acho que não deixaria ele nem respirar, ficaria toda insegura... E perguntaria se ele está comigo por pena? Pois só se for isso né...

Passo mais algumas fotos adiante.. E clico em uma que ele está sozinho, mais tão lindo e seduzente. Seus olhos azuis refletem por toda a tela do meu computador.. sua boquinha carnuda e toda rosada.. faz a minha boca formigar..

- Rodrigo Trattori? Esse homem é mesmo um pedaço de mal caminho né minha filha?

Tomo um susto quando vejo minha entrar sem bater na minha porta, e eu apago o computador na hora e morta de vergonha.

- Calma minha filha! Pode continuar stalkeando ele.. como diz hoje em dia né. A beleza desse homem tem que ser contemplada e por um lado me alegra em ver a minha filha toda corada olhando para a foto de um homem muito mais velho do que ela né! Não sei se isso me assusta também..

Ela fala, colocando as minhas roupas dobradas no chão guarda-roupa.

- Mamãe.. a senhora está interpretando mal.. foi apenas um anuncio que apareceu aqui no meu computador e deu direto na foto dele.

Falo, fingindo descaradamente.. acho que nem eu acreditei no que eu acabei de falar.

- Minha filha.. não precisa ter vergonha da mamãe. E mais.. quem diria né? Que ele veio para o Texas só por causa da júlia!

Ela fala se sentando na minha cama.

- Por causa da júlia?

- Sim minha filha.. o Rodrigo era completamente apaixonado por ela.. não sei se ainda é. Creio que não.. pois a Júlia sempre amou o Jensen e agora que os dois estão morando juntos novamente e felizes com o filhinho deles, não faria sentido ele perder tempo com um sentimento que nunca foi e nunca será correspondido. Infelizmente ele se apaixonou pela mulher errada..

- Ah Mamãe.. E qual homem não se apaixonaria pela Júlia? Ela é linda demais e tem um corpo de arrastar multidões.

- Minha filha.. aprende uma coisa.. a beleza importa sim, mais ela é passageira em cinco minutos de conversa! Não adianta você ser linda no aspecto físico, e não ter nenhum conteúdo por dentro. Não é só a beleza que se ponhe em mesa! O caráter também. E o que torna a Júlia tão bela, é principalmente por ela ser tão linda por dentro também. E talvez o que fez o Rodrigo se apaixonar por ela, não deve nem foi pela beleza.. E sim pela forma de como ela negava as investidas dele! Isso meio que fez ele cair para trás, já que estava acostumado á ter sempre todas as mulheres que o atraia em seus pés. A beleza pode até atrai, mais ter a capacidade da pessoa se apaixonar logo de cara.. acho impossível, pois isso se dará por outros fatores. Nunca ceda e nunca aceite de primeira as investidas de um homem! Aprende com a mamãe. Não que você tenha que se fazer de difícil, mais tem que se valorizar primeiro e entender que você não é uma joia de uso e descarte e que está em qualquer esquina. Você tem que ser uma joia rara, difícil de encontrar.

Minha mãe fala sorrindo, apertando as minhas bochechas gorda e eu fico um pouco aliviada.. pois eu não aceitei a sair para jantar com ele.. não por charme, na verdade, foi por algo lógico. Eu mal conheço ele, para aceitar a sair com ele! E mais, quem me garante, que ele não falou isso de zoação com a minha cara?

Mais minha mãe tem razão.. não adianta eu querer ter a beleza dessas mulheres lindas e modelos que eles já saíram, se eu tiver um caráter podre. É claro, se for pela beleza, eu sei que ele nunca irá se apaixonar por mim.

- Mamãe, eu gosto muito da júlia, ela é tão simples e me deixou tão à vontade na casa deles e o filho dela é tão fofo e lindo. E ela só tem 25 anos! Muito nova..

- Sim, ela engravidou cedo minha filha... mais eu me lembro dela quando ainda nem sonhava em ter o filho.. há três anos atrás.. era uma jovem apaixonada, ciumenta e ingênua. Hoje, está com a aparência mais madura. E parece que ela quer voltar a estudar.. pois ela teve que trancar a faculdade dos sonhos por causa do filho e tudo que ela passou com a separação dela e do Jensen por três anos..

- Ain mamãe! Pra que ela quer voltar a estudar? Se tem um homem rico apaixonado por ela!? E que inclusive pode dar sempre o que ela sonhou? Eu se fosse ela, ficaria cuidando da casa, do filho e ainda daria mais filhos para ele.

Falo sonhando acordada. Mais é sério.. porque eu pensaria em estudar, se eu tenho um homem milionário que estaria disposto a me tirar de uma vida pobre, para me dar tudo que eu sempre quis, do bom e do melhor? E eu seria a melhor esposa para ele. Cuidaria da nossa casa com muito amor e carinho, dos nossos filhos.

- Hannah! Acontece que nem todas mulheres pensam igual á você. E eu já te disse e volto a repetir, não é bom depender totalmente de um homem! Na verdade não é bom sermos dependentes emocionais de ninguém! Você precisa ser independente e construir a sua independência! Para de ficar sonhando com esse mundinho cor de rosa e de pônei! Se quiser sair dessa pobreza que você tanto odeia, faça você mesmo! Mais não usa ninguém para sair dela.

- Ain mamãe.. porque a senhora enxerga tudo que eu falo com mal olhos? Eu só falo o que é lógico e óbvio. Eu não sou malvada e muito menos interesseira! Mais é que eu não gosto desse...

- Chega Hannah! Nem mais um pio. E quer saber? Não precisa ir mais na festividade hoje comigo! Não quero te forçar a ir em um lugar que você odeia!

- Eu não odeio mamãe!

Falo alto, mais ela sai do quarto, pensando o pior.

E eu frusto irritada.

Eu não gosto esse lugar por questões financeiras.. E sim porque ele não me traz lembranças tão boas.. me traz lembranças de uma infância triste e solitária.. me traz lembranças de piadinhas e Bullingy comigo, com o meu corpo, com a minha aparência. Me traz lembranças de pessoas rindo de mim, porque cada mês que eu passava, eu engordava ainda mais.. É disso que eu não gosto! Mais minha mãe não parece me entender. Ela acha que eu desprezo isso daqui, pelo fato de ser um povo pobre e ignorante. Mais não é isso.. É claro que não vou falar, que não amaria morar em uma casa super enorme e toda moderna na cidade do Texas? Porque sim, amaria! Principalmente em passear, viajar para o mundo afora.. experimentar vários tipos de doces bons e de marcas boas! Seria hipócrita, se eu dissese que isso não enche os meus olhos.

A casa da júlia é simplesmente linda e enorme! Mais ainda falta traços femininos.. Ela até me chamou para ajudar ela depois a decorar a casa, ou cuidar do Theo e das crianças, enquanto ela faz isso. Mais com certeza ela se esqueceu de fazer isso.. E apesar dela ter me dado o número dela para eu ligar para ela á qulquer momento que eu precisar, eu fico com vergonha de incomodar ela e acabo nem ligando. E também porque a enteada dela, que é a filha do Jensen, não gosta de mim e nem eu vou com a cara dela. Ela como outros adolescentes fúteis e mimados da idade dela, adoram me humilhar e pisar nas pessoas. Eu não entendo, como pode ser filha de um homem tão legal, simpático e moralmente ético e educado, e ser um ser totalmente arrogante e que se acha melhor que todo mundo? Não sei se é pelo fato, dela ser bem bonita e filha de um ator super famoso. Mais ainda bem que os irmãos dela são uns amores de pessoas.

(...)

Minha mãe já saiu tem uma meia-hora. A noite já caiu e eu me encontro aqui fazendo um arroz para mim.

Ela saiu, e nem falou comigo, ainda está chateada e pensando o pior de mim.

E eu largo a colher de pau na panela.

- Quer saber? Eu vou ir, só para ela ver que eu não desprezo esse lugar. E eu detesto ficar brigada com a minha mãe!

E mesmo sem ânimo, eu tomo um outro banho e me arrumo.

Coloco uma calça preta, porque essa cor é o que mais esconde as minhas gorduras localizadas e molda o meu corpo, deixando eles com uma aparência até bonita e curvilínea.

Quero colocar uma blusa preta também, mais não estou afim de ouvir minha mãe falar que eu estou parecendo um morta-viva.

Ou; " Você por acaso está de luto Hannah?"

Então eu coloco uma blusa rosa, que infelizmente deixa os meus peitos que já são enormes, super decotados.

E eu pego um casaquinho para tentar disfarça.

Passo apenas um pente no meu cabelo, já que eu não uso creme, de tão liso que ele é. Pelo menos essa sorte eu tive..

Passo um batom bem rosinha fraquinho só para tentar tirar essa cara de pálida.

Coloco a minha fiel e preferida bota.

Só faltou o meu chapéu.

Pego a minha bolsinha de lado e finalizo.

Saio da casa, já ouvindo a música caipira de perto.

E eu começo a caminhar e quando eu chego na praça central que está cheio de gente, dançado, conversando e com uma música que chega a doer os meus ouvidos..

Sabe quando você chega em um lugar, e se arrepender por ter saído de casa? Comigo sempre acontece isso.. principalmente nesses lugares.

Mais eu preciso pelo menos fingir que eu estou gostando para a minha mãe.

Avisto ela sorrindo e toda alegre, conversando com uns vizinhos nossos.

E eu caminho até eles, ainda sem jeito e com as mãos cruzadas.

- Mamãe..

E ela arregala os olhos ao me ver.

- Eu acho que eu acabei de ver o fantasma da minha filha! Porque não acredito que ela veio até aqui, caminhando com as próprias pernas.

E eu reviro os olhos.

- Mamãe, é claro que sou eu! E eu vim... porque eu achei que a senhora iria gostar de me ver aqui.

- E eu gostei e muito! Mais eu quero que você também goste! Olha.. vai dançar! Se divertir, conhecer pessoas novas.. olha só, como tem cheio de jovens da sua idade!? Inclusive vários gatinhos lindos para você! Mais oh! Juízo. Tô de olho hein.

Ela fala rindo, e só agora eu percebo que ela está também bebida.. E era só o que me faltava..

- Sua filha está enorme Tininha e muito linda! E nossa, como ela é farta e abudante rss.

A nossa vizinha fala olhando para o meu decote, me fazendo ficar sem graça e vermelha.

- Hahahaha! Ah dona Emilia, minha filha é uma gordinha cheio de curvas e ela sempre teve esses peitões aí.. mais calma.. não é de leite materno não. Ela que nem pense em engravidar cedo, não quero que ela tenha o mesmo destino que euu.

E ela fala gritando e toda bêbada.

E a vergonha só cresce ainda mais em mim..

Tá vendo? É por isso que eu não gosto de vim para essas "festividades."

- Mamãe, eu acho melhor a senhora ir para casa.

- Ir para casa? Oh minha filha.. Eu só irei quando o sol raiar!? Né dona Emilia? E eu quero outro caldo! Está uma delicia. Minha filha, poderia pegar para Mamãe lá na discoteca?

- Mamãe.. não! A senhora já está toda fora de sí..

- Hannah, se você veio aqui para reclamar, era melhor nem ter vindo.

- Vai lá minha filha, aproveita e pega um para você também. Os caldos da dona Rosita está uma delícia.

A mulher que está com ela, sorri para mim.

E eu faço uma careta para a minha mãe e eu vou até a cantina onde eu vejo a Rosita de longe.

E quando ela me vê, me dá um sorriso amarelo e gentil.

— Minha doce Hannah! Estou tão feliz em te ver aqui. Você quase nunca sai de casa, aposto que isso tem um dedinho da sua mãe.

— Rosita, qual a graça que tem, de ver a minha mãe toda bêbada e fazendo eu passar vergonha? Por isso que eu prefiro ficar em casa.

— Oh minha filha, mais sua mãe está feliz! Aproveita e faz campanhia para ela. Olha, vou colocar um pouco de caldo de ervilha para você.

Ela fala pegando a concha e indo para a panela e enche praticamente quase a vasilha inteiro de esopo.

E eu fico sem graça de não aceitar, mais se bem que a Rosita sempre fez comidas muito deliciosas e nela eu confio.

— Rosita, não precisa ter enchido muito.

— Claro que precisava! E não se preucupe daqui a pouco você irá gastar toda a sua energia dançado.

E eu quase me engasgo, e eu olho para os consideráveis "jovens" da minha idade dançado em casal e todos alegre e claro, com uma música caipira que não pode faltar.

E eu me viro para ela.

— A senhora sabe que eu não sei dançar e nem gosto também.. e não tem nada de interessante para mim nesse lugar.

— Não fala isso minha filha! Já pensou você encontrar o seu príncipe encantado logo hoje? E aqui nessa festa?

E eu solto uma risada, pois a Rosita sempre vem com essas "profecias" dela.

— Ain dona Rosita, mil desculpas. Mais o príncipe dos meus sonhos jamais iria frequentar uma festividade parecida como essa.

E a imagem do Rodrigo vem na minha cabeça, quando eu falo isso.

— Oh minha querida, quem gosta da simplicidade, independente de qual classe ou grau for, está aqui é como se estivesse no paraíso. Você não deveria desprezar isso.. chegará um dia, que você irá chorar para voltar para esse lugar, para voltar para a sua gente e aproveitar cada oportunidade que você negou.

E suas palavras me causa um arrepio na pele de forma perturbadora e estranha.

— Ain dona Rosita, eu não desprezo esse lugar.. só não quero viver para sempre aqui , que mal tem isso?

— Nenhum mal minha filha, olha segura bem essa vasilha porque ela está cheia e bem quente. Tenha cuidado ao andar! E se quiser mais é só vim aqui buscar. Agora, preciso atender essa gente enorme e faminta aqui.

Ela fala piscando para mim e da janelinha ela me dá a vasilha cheia de caldo, que eu seguro com muito cuidado.

E eu agradeço ela e caminho de volta para a festa.

Porém um barulho de fogos me assusta e me faz estremesser toda. Eu nunca gostei desses fogos de artifício, morro de medo.

E eu olho para o céu distraida e quando eu caminho para frente, eu simplesmente me esbarro com um corpo grande e másculo e quando eu olho para aquele olhar azul e gélido que eu conheço muito bem, eu perco as forças nas mãos e a vasilha com o caldo suja toda a blusa dele.

E eu fico desesperada, pois ela está toda quente.

— Ain meu Deus me desculpa.. você deve ter se queimado.

Falo soprando, tentando abafar a dor.. mais ele mesmo não soltou nenhum gemido de dor.

Ao contrário seu olhar ainda me fita e penetra toda a minha alma, como se fosse me devorar.

Nota~

E eu mal sabia, que era nessa noite que ele colocaria o seu plano em ação! E me usaria como inustrumento para atingir e se vingar do meu pai.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***