Capítulo 04- Um Alerta Confuso

...Volume 01...

A paisagem destroçada acompanhava eles aonde quer que eles fossem, o sinal de que algo ruim aconteceu só ficava mais evidente. De olhos atentos eles precisavam ficar, e bem espertos para qualquer sinal de movimento suspeito também. A marcha só precisou andar ainda mais para uma zona segura. Se é que existia uma. Seu foco era entrar no primeiro andar, mas para isso acontecer, vivos precisavam ficar, e sinceramente tudo o que sentiam era uma mórbida sensação de pavor. Temiam pela suas vidas, e não conseguiam pensar em outra coisa a não ser serem os próximos da lista da enorme coisa que estava fazendo todo aquele estrago.

E como se não bastasse, Emily viu algo entre às poucas árvores que ainda estavam intactas. Era como uma sombra, um ser metamorfo preto com apenas os longos olhos brancos destacados. seu formato lembrava uma menina, lembrava Emily. Era como se sua própria sombra estivesse ali a observando.

O mais estranho de tudo isso era que somente ela podia vê-la, pois ao contatar Otto, o mesmo alegou não ter visto nada, apesar da sombra está logo a sua frente. Emily a princípio achou estranho, não podia está louca ao ponto de alucinar e tentou tirar a prova disso.

Chamando um dos exploradores o mesmo alegou que também não estava vendo nada, mas ainda sim, a sombra permanecia ali. “Por que só eu a vejo?” se perguntava a garota. Mas não podia ficar ali parada tentando entender a situação, eles tinham que achar um lugar seguro para ficar antes mesmo do anoitecer, então agilizar os passos era o essencial para aquele momento. Emily porém, ainda conseguia ver a coisa, que a acompanhava com a cabeça. Quando olhou para o chão e viu a sua sombra, notou que não era coincidência, era literalmente sua, ela estava ali, agindo por conta própria. “Que fenômeno estranho!” indagava a garotinha.

Mas aquela foi a única vez em que viu sua própria sombra metamorfa, depois disso não teve mais nenhum sinal dela ou coisas do tipo. Otto até achou estranho ver a garota inquieta procurando por algo que não era capaz de achar.

Depois de muito tempo andando eles finalmente resolveram parar para descansar e beber água. Era um lugar cheio de árvores então a sombra era favorável. Enquanto se hidratavam também preparavam às fogueiras para esquentar as carnes, e montavam as barracas para passarem a noite. Era mais do que merecido aquele descanso, andaram por quilômetros sem nem mesmo parar. Até às duas crianças foram elogiadas por esse feito, resistiram muito bem e conseguiram suportar o calor e a dor nas pernas. Então também eram vitoriosos.

Mas claro, ainda tinha o perigo iminente, então precisavam ficar espertos. Já estavam até mesmo combinando quem seriam aqueles responsáveis pelas patrulhas noturnas. Emily por sua vez fez questão de ajudar a montar as barracas, e distribuía água para todo mundo. Sua bondade era cativante. Ela até mesmo ajudou os adultos quando precisavam de alguém para ligar as fogueiras. Não é que não conseguissem, só precisavam dela por ter consigo um acedendo bem pré-histórico. Porém útil e funcional.

Durante a noite todos já estavam dormindo, a exaustão era tanta que o sono era pesado. Só havia uma única pessoa inquieta, e era Emily. A garota não conseguia dormir mesmo se quisesse.

Ela se sentia inquieta e não entendia o porquê. Ela também se sentia esgotada e até mesmo suas pernas doíam devido ao sangue esfriar, mas ela não conseguia dormir. Vendo que isso não levaria a lugar nenhum ela resolveu sair de dentro da sua barraca. Os únicos sons que podia ouvir além dos pássaros eram as brasas das fogueiras estralando. Até que por fim viu novamente a sua própria sombra. O mais esquisito é que não parecia haver mais alguém além dela ali, até mesmo quem deveria estar no patrulhamento não estava. Emily tentou chamar pela coisa, ela porém apenas seguiu em frente, parecia querer que Emily também o fizesse.

A garota queria chamar por Otto, mas sabia lá no fundo que ele a mandaria voltar a dormir, pois não acreditaria nela. Então apenas tomou a iniciativa de seguir a sombra por conta própria. Fazendo isso ela seguiu pela estrada de terra em direção ao ser metamorfo, até de repente ver tudo começa a se clarear de uma forma inexplicável. Ao redor, havia um parque, tipo aqueles de praça. Com escorregadores, cadeiras de balanço, gangorras e bastante espaço para correr. Tinha uma cerca ao redor em tom azul, e o sol estava bastante forte, o céu completamente azul e haviam árvores logo ao fundo. Tudo tinha um efeito granulado, sem nenhuma explicação.

E o mais bizarro era o fato de Emily ver várias dela.

Estavam brincando, pareciam se divertir bastante, nem mesmo davam trela para Emily. Era como se ela nem mesmo existisse. Tudo aquilo era tão estranho e confuso e não fazia sentido algum, como podiam haver várias dela em um único só lugar? Era um sonho? Não tinha como ser a realidade, mesmo assim ela tinha total ciência de que estava bem acordada. Nem mesmo se mexeu ou tentou conversa com alguma daquelas Emilys, o que iria perguntar afinal? Se nem mesmo ela sabia por onde começar? O mais bizarro era que a garota tinha a sensação de já ter estado naquele mesmo lugar, só não sabia quando esteve, ou se tudo não passava de somente uma impressão.

—Você as vê? Fiquei meio receosa se conseguiria ou não.

—....??? É você!

—Olá Emily, não sabe o quão prazeroso é poder revê-la! Não que eu não soubesse que você viria. Estive esperando isso por muito tempo.

—O que quer dizer? Estava me esperando pra quê?

—Esse... É um assunto complicado. Tem tanta coisa que eu quero falar, mas estou limitada a falar mais do que o necessário. Eu apenas vim alertá-la do que estar por vim, para prevenir o pior. Sabe por que parece calma? Por aqui é meu mundo, posso fazê-la sentir o que eu quiser. Das últimas vezes que esteve aqui, você entrou em um alto nível de pânico que eu nem mesmo pude controlar. Então desta vez vim preparada.

—Você disse... Das últimas vezes? Quando eu já estivesse aqui? Eu não lembro, não tenho nenhuma recordação deste lugar!

—Basta olhar para elas, elas são você! Sei que é complicado, mas por hora, eu quero que você foque no que vou te falar. Me acompanhe, vamos sair daqui.

A sombra encapuzada parecia saber de muitas coisas, até mesmo acontecimentos passados aos quais não queria compartilhar com Emily. Talvez por medo de antecipar as coisas, talvez por não querer assustá-la. A impressão que o ser passava não era hostil, não parecia mesmo querer fazer mal a garota que estava consigo. Mas suas palavras eram confusas demais para que Emily as entendesse. Não fazia nenhum sentido, nada daquilo fazia. Porém a garota somente decidiu que iria segui-la, para ver aonde a sombra pretendia levá-la.

Então andaram por uma estrada estranha onde o céu era amarelo e haviam pequenas casas flutuantes. A sombra então disse que Emily não precisava ficar refletindo sobre tudo o que viu e ouviu. Tudo o que a garota precisava fazer era seguir em frente e fazer o que quisesse. Porque chegaria o dia em que ambas as duas tornariam a se reencontrar e quando isso acontecesse, ambas se tornariam uma só, e colocariam um fim a esse tormento.

—Agora me permita voltar ao assunto principal, era exatamente o que eu queria te falar. Essa será uma de minhas últimas dicas.

A sombra então estalou os dedos e a garota pôde ouvir um som que lembrava bastante uma cobra. Foi quando sentiu uma leve sensação de que havia algo em suas costas. Quando virou para trás, viu uma enorme serpente. Tinha por volta de quatro metros e meio, e estava encarando-a. A garota por outro lado ficou petrificada sem saber o que fazer, estava sendo mantida no mesmo lugar pelo réptil que até então não estava oferecendo nenhuma ameaça para ela.

—Escute com atenção, quando a tragédia tiver inicio e vai ter! Chegará uma hora em que se verá sem saída. A muralha que é a porta de entrada para o primeiro andar é protegida por uma barreira imbuída em magia arcaica. É impossível passar por lá sem a chave, e é impossível sair uma vez que se entra. Entretanto, quando a serpente aparecer siga ela, ela vai te levar para o lugar certo. Mas não garanto que será possível voltar. Quando acordar estará no meio da floresta, então não se mova. Seus amigos vão te achar. Dito isso, até mais ver. Emily Durand.

A garota então acordou, confusa e como dito pela sombra, perdida no meio da floresta. Ela até tentou entender o que havia acabado de acontecer mas não conseguia mesmo se quisesse. Foi tudo confuso demais. Ela tinha muitos porquês para pergunta, só que para sua infelicidade aquela que teria essas respostas não estava mais ali. Emily ficou com medo, ainda nem era dia direito e ela mal sabia onde estava. Porém se lembrou do conselho da sombra e permaneceu parada no mesmo lugar. Mesmo que ouvisse barulhos estranhos ela não se moveu, e bem lá no fundo torcia para que fosse achada logo.

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