...Volume 01...
Já fazia algum tempo desde que os povos compatíveis estavam se preparando para uma nova viagem para as masmorras, durante muito tempo aprimorando a superfície e renovando o mundo ao seu tempo, as pessoas pareciam felizes e satisfeitas com suas vidas por aqui. Todavia, mantinham a crença na profecia que dizia que chegaria o dia em que o escolhido traria de volta para todos a luz do sol. Então alavancando a coragem dos exploradores, eles partiram ainda cedo, entre eles, encontrava-se Emily Durand: Uma garotinha de sete anos de idade de pele clara, longos cabelos loiros que eram radiantes como o sol—usando como penteado um rabo de cavalo—e olhos azuis ciano das cores do mar cristalino. Levando consigo uma bolsa com itens valiosos para os exploradores.
A garota pertencia a uma família de ferreiros renomados, e era a jovem prodígio dentre eles. Sua capacidade e intelecto para com criações de armas e armaduras eram bastante elogiadas entre os povos. E por conta disso ela estava ali como um suporte, somente para reparar os equipamentos caso fosse necessário.
Ela costumava se vestir com roupas bem simples, como uma camisa branca e um short lycra preto, acompanhada de seus sapatinhos das cores azul e branco. Entretanto, o que mais se destacava na garota eram suas manoplas. Eram as únicas armas dentre todas que não era cortante, e servia tanto para defesa quanto para ataque. Mas ela só o usava para lhe dar um reforço a mais na hora de forjar. A garota também tinha um colar em formato de Ruby polido que pertencia a sua mãe, além de um diário escrito por ela. Emília Durand era seu nome. Uma mulher forte, vigorosa e destemida. Era assim que ela era conhecida. Todavia, Emily nunca chegou a conhecê-la ou sequer ter uma ideia de como ela poderia ser, apesar das pessoas alegarem que elas duas eram extremamente parecidas.
A única família que a garota tinha era seu avô, que faleceu devido a uma forte doença no peito. Como a medicina no mundo da superfície ainda era muito primitiva eles nada puderam fazer para salvá-lo. O que resultou na garota ficando sozinha. Claro, todos se comoveram com a situação mas não podiam simplesmente adotá-la. Segundo eles, estavam com dificuldades até mesmo de alimentar seus próprios filhos, e uma boca a mais só tornaria a situação ainda mais complicada.
Porém, dentre todos ali, houve alguém que estendeu a mão para a garota quando ela mais precisou. Seu nome é Otto Kallen: um jovem rapaz de nove anos de idade com longos cabelos negros tão escuros quanto a noite, olhos azuis que parecem cintilar como o reflexo da lua no mar, e uma pele tão alva quanto a de um albino. Ele era bastante maturo para sua idade, e usava isso como pretexto para ensinar a Emily tudo o que ela precisava saber para seu amadurecimento.
Era muito protetivo e não permitia que a garota fizesse algo que a machucasse no processo. Mesmo sabendo que era difícil segurá-la quando estava animada ele ainda tentava seu melhor. O que resultou na garota se apegando tanto a ele ao ponto de não conseguir mais ficar sem sua presença, pois ele querendo ou não, era sua única família. Otto também se vestia com roupas simples como uma camisa branca e um jaleco preto, uma calça Jogger também preta e sapatos da mesma cor que os da garota.
Ele era como um irmão mais velho, sabia exatamente quando ela precisava dele e sabia exatamente o que fazer quando era necessário. Foi ele quem a ensinou a ler e a escrever, e foi ele quem a ensinou a falar. Sua família adorava a garota, e a tratavam como sua filha de sangue. Mas nem isso foi o suficiente para saciar o desejo dela de reencontrar seus verdadeiros pais.
Que haviam saído para explorar as masmorras mas simplesmente não retornaram. Seu avô ficou anos e anos esperando por eles mas nenhuma notícia era dada. Mas era impossível afirmar que estavam mortos uma vez que eram compatíveis, então o que poderia ter ocorrido? Ninguém sabia. Quando Emily aprendeu a ler a primeira coisa que fez foi dar uma olhada no diário de sua mãe. Lá ela encontrou registros sobre as masmorras que remetiam a criaturas gigantes, animais hostis, cidadelas e até mesmo humanos.
Entretanto somente ela e Otto sabiam disso, eles até cogitaram falar para mais alguém mas sabiam que se o fizessem poderiam causar uma baita confusão, uma vez que os povos da superfície se consideravam únicos, saber que outros humanos existiam poderia acarreta numa procura por eles, e talvez estes mesmos seres pudessem ser hostis, já que o diário não especificava como exatamente eram esses humanos que viviam nas masmorras.
E havia uma lenda que rondava os moradores da superfície que dizia que aqueles que caíram com o sol se transformaram em monstros deformados que se disfarçavam de humanos para devora humanos reais. Mas isso era só uma lenda, e todos tiravam sarro dela. Então mesmo que dissessem algo a respeito do que leram ninguém acreditaria.
Mas Emily não estava no grupo de exploradores há muito tempo, ela teve que provar seu valor, provar, que realmente sua presença valeria a pena. Por ser uma criança não era permitida fazer parte do grupo de exploração, e mesmo que fosse a ferreira mais experiente dentre todos ali, era sempre negada quando pedia para participar. Até mesmo Otto não aprovava a ida dela para as masmorras, mas a garota estava focada até demais em ir para lá. Ela sempre tentava convencer o pai do menino a deixá-la ir, mas como líder até mesmo ele negava, sabia que era arriscado e não poderia simplesmente permitir a ida dela.
Mas o motivo pelo qual ele a permitiu ir, foi pela existência do minério Mileinea, que era extremamente difícil de ser utilizado, não era algo que se usava para fazer armas, armaduras ou escudos. Era um minério que se fundia a estes materiais, e por ser um minério de fusão, dava muito trabalho para os ferreiros conseguirem fazer esse processo. Somente Emily conseguiu, graças ao seu avô, ela tinha a capacidade de trabalhar com qualquer minério, até mesmo um de fusão.
Por conta de sua brilhante mente todos os viajantes a queriam na equipe, até mesmo chegaram a fazer uma votação para ver quem estava de acordo com aquela proposta, e surpreendentemente 97% dos exploradores estavam. Todos a queriam, a equipe precisava de um ferreiro experiente e Emily já tinha provado que era uma. Assim, seu primeiro e longo trabalho foi pegar as armas e armaduras de todos e fazer essa fusão. Um trabalho que levou dois longos meses para ser terminado.
Nesse meio período de tempo, Emily percebeu que também precisava de algo para usar e se defender. Todavia não gostava de nada cortante pois tinha pavor de sangue, mesmo que vesse diariamente exploradores voltando feridos e até mesmo mortos, ela não havia se acostumado. Sempre vomitava quando via o líquido vermelho. Pensando nisso ela ficou se perguntando o que poderia fazer para usar, até encontrar a grande luva de seu avô que ele usava para não machucar as mãos.
Então pensou que talvez uma arma que poderia ser usada somente para empurrar, bater, segurar ou se defender, tudo ao mesmo tempo, poderia ser como uma luva. E foi a partir desse momento que ela passou mais dois meses projetando seu primeiro protótipo de manopla, que recebeu esse nome pois na linguagem dos povos da superfície “Mano” que vem de “Manovi” quer dizer: mãos ou punhos. E “Pla” que vem de “Plavka” quer dizer: fúria ou caos. Unindo esses dois nomes ela obteve o Manovi Plavka. Mas o abreviou para Manopla que quer dizer: Punhos da fúria.
Uma armadura ao mesmo tempo uma arma, em forma de bracelete banhada a ouro e forrada de couro. Era grossa e bastante pesada, mas nas mãos de Emily a manopla era extremamente leve, pois ela havia posto um pouco do seu sangue na arma, como um pacto para que a manopla fosse usada somente por ela ou por alguém de seu sangue. Com isso a garota estava pronta, mas Otto ainda parecia inseguro a respeito daquela decisão precipitada da garota. Ele afirmava que ela nem mesmo tinha experiência com aquele tipo de ambiente então o que faria caso precisasse lutar? Mas quando ela lhe mostrou as manoplas ele ficou surpreso, ao mesmo tempo, não botou tanta fé na arma, pois segundo ele, como ela usaria aquilo para se defender?
—Isso é simples, é só eu empurrar a pessoa pra longe, minhas manoplas tem um mecanismo que pode engrossá-las. Com isso, basta eu apenas empurra qualquer coisa que tente me machucar.—Ela explicou inocentemente.
—Por favor, me fala que isso é apenas uma brincadeira.
Suas palavras só deixaram o garoto ainda mais recluso, tanto que ele decidiu que iria com ela, pois não poderia deixá-la ir sozinha sabendo que o pensamento da garota não era nada hostil. Como apenas empurraria? Se em um caso de confronto a defesa e o ataque são a primeira opção. Se algo grande ou forte viesse com tudo para cima dela, somente empurrar não garantiria nada. E ele estava certo, ela entretanto ainda permaneceu com sua ideologia. Mas já estava esperando ele dizer que iria junto. Sabia que ele o faria de um jeito ou de outro. Por isso havia preparado para ele a katana de seus sonhos. Com uma lâmina branca com detalhes dourados nas laterais e uma empunhadura que também era banhada a ouro. Porém tinha cores variando de um preto a um verde lima. Com uma caricatura de dragão com olhos azuis.
Ele ficou extremamente chocado, era idêntica com a do livro que ele costumava ler. Emily havia o feito pensando nisso, ela sabia que Otto ficaria extremamente feliz quando o visse. Mas ainda havia mais uma coisa. Ela pegou uma pequena agulha e furou o dedo do rapaz, assim quando o sangue coagulo entre o rosto do dragão, se fundiu a Katana. Segundo Emily, agora o dragão estava alimentado, igual o herói do livro fazia. Ela disse também que a katana viria até ele sempre que chamasse por ela, mais ainda era uma fase de teste, não sabia o quão longe poderia chegar, então sua primeira tentativa seria ali mesmo.
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Atualizado até capítulo 33
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